Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Não existe amadurecimento sem crescimento...

Amadurecimento São Paulo, 31 de agosto de 2005. 

Olá, Como está tudo? Sabe, me deu saudades do nosso tempo juntas. Quanto tempo, hein? A distância realmente atrapalha muito. É difícil manter um relacionamento a distância, fica aquele carinho, mas a intimidade realmente vai embora. Realmente sempre te achei muito fechada, de poucos amigos. Quero dizer "reservada", essa é a melhor palavra para definir você. Você sempre se cobrou muito e montou uma ideia de como seria a sua vida ideal. Escolheu tudo, imaginou, planejou e correu atrás do que você acreditava que seria o melhor para a sua vida. E aí o destino te surpreendeu, virou tudo e de uma hora para outra você se deu conta de que o seu mundo, o seu sonho, os seus planos perfeitos tinham sido literalmente enterrados. E de, uma hora para outra, você teve que começar a "cavar" a sua vida do zero, não é verdade? Para alguém que sempre foi o exemplo, para quem tinha tudo certinho, tenho certeza que você se sentiu sem chão. E foi nesse momento que nos aproximamos. E talvez, a nossa aproximação possa até ter sido proposital. Porque lendo o seu e-mail, me dei conta de que muita coisa do que você escreveu e está correndo atrás de aceitar que é assim mesmo, também passou comigo. Eu me surpreendi muito com o seu e-mail, porque achei que muito do que eu vi naquelas linhas parecia comigo. E acredito que você está em uma fase, que muito ou quase tudo já foi dito, já foi analisado, já foi pensado. Você já aceitou toda a teoria, concordou com ela e sabe porque tudo chegou nesse ponto. E o principal, você sabe que precisa fazer alguma coisa, você sabe que precisa de fato colocar a teoria na prática. E aqui, começam os seus problemas. Porque sendo mimada, tendo sido superprotegida sempre, é muito difícil começar a andar com as próprias pernas. Eu não tenho dúvidas disso. Como é difícil sermos responsáveis, e únicos responsáveis, por nossa própria felicidade. A gente se dá conta de que, é mais fácil sermos crianças, ter alguém para decidir por nós tudo, para nos mostrar sempre o caminho a seguir. E mesmo crescendo, muitos pais continuam nos super-protegendo meio escondidinho. A gente finge que cresceu e que toma decisões, mas sabe que o "colinho" está sempre ali para a gente correr. E é o que fazemos, falamos, falamos e falamos como se fossemos donos da nossa vida, mas a qualquer sinal de perigo corremos para casa e pedimos proteção. Mesmo que isso seja se esconder no quarto ou ir visitar aquela tia velhinha que te admira muito e te acha uma super mulher só porque você trabalha fora e sabe dirigir. Isso acalma o nosso coração, mas acaba não resolvendo o nosso problema. Porque mesmo com o calorzinho da superproteção, ainda assim, não conseguimos ser felizes. E o pior de tudo é que vamos nos dando conta que o tempo está passando. E para nós mulheres, isso tem uma conotação pesada. Isso significa que filhos e família estão ficando para trás, que estamos fadadas a solidão e a infelicidade. E nesse momento começa a nossa corrida por fazer amigos e encontrar o príncipe encantado, que nas histórias que a gente sempre ouviu, ele vinha salvar a princesa, então no fundo a gente acredita nisso. E, querendo muito amigos e namorado, a gente começa a aceitar qualquer um. Começa a prevalecer a quantidade em detrimento da qualidade. Porque se nessa altura do campeonato a gente passar a se preocupar com qualidade, aí é que não teremos tempo mesmo. E vamos nos metendo em furadas, uma atrás da outra. Acho que você se lembra bem dessa minha fase. Passamos a achar que vamos conseguir mudar qualquer pessoa para transforma-la em amigo ou namorado. E vamos sobrevivendo às decepções, sempre achando que da próxima, vai dar certo. E acho, que não é bem por aí. Para ser feliz é preciso encontrar alguém e ter filhos. Essa é a base da nossa criação, principalmente na América Latina. Mas não é verdade. Encontrar alguém é ótimo, ter filhos é maravilhoso, mas não são garantias da felicidade que a gente tanto procura. Assim como ter sucesso na vida profissional também não é garantia de nada. Ser feliz está além dessas conquistas. Bom, mas tudo isso era para mim uma perfeita teoria, mas na prática eu queria o meu príncipe encantado e os meus filhinhos. E ponto final. Mesmo sabendo que não era esse o caso, era difícil aceitar na prática, porque eu tinha acreditado a minha vida toda nisso. E, no meu caso, minhas irmãs e irmãos eram exemplos de casamentos perfeitos. Porque só eu estava fadada à infelicidade??? Eu tinha que encontrar alguém e quanto mais eu procurava, mais eu me afundava em relacionamentos nada a ver comigo. Eu cedia, eu acreditava que sapos eram príncipes e pronto. E foi uma fase horrível. Hoje eu tenho clareza disso. A gente vai sucumbindo a isso e passa a não nos dar o valor que realmente temos. Eu poderia ficar aqui falando um monte. Mas nesse momento eu precisava me convencer de que toda a teoria que eu passei a acreditar nas minhas sessões de terapia era realmente verdadeira. Porque mesmo, racionalmente, aceitando isso, emocionalmente eu me comportava da maneira como fui criada. Eu precisava de uma tática, uma estratégia para me convencer disso. Que a felicidade não está nos príncipes encantados, que cada um tem o seu destino, que cada um pode ser realmente feliz sem ter nada disso. Primeiro eu me decidi entre ser uma profissional de sucesso ou ter uma família. O que realmente era importante para mim?!? E era ter uma família que eu queria de verdade. Aí eu montei a minha estratégia: Comecei a avaliar todos os casamentos que eu conhecia. Um a um. Comecei a me dedicar a isso. Analisar o casal, descobrir se eles eram felizes e mais do que isso, se eu seria realmente feliz se eu estivesse naquele contexto. Fui avaliando tudo e todos a minha volta. E foi aí que eu realmente me convenci que não era garantia de nada. Estar casado, ter filhos, encontrar alguém não era passaporte para a felicidade. Vi casais juntos por comodismo. Vi casais desgastados. Vi filhos problemas. Vi casamentos de faixada. Vi maridos com amantes. Vi sogros problemas. Vi falta de respeito. Vi falta de carinho. Vi executivos viciados em drogas. Vi altos executivos com depressão. Vi mulheres sem autoestima, casadas ou não, executivas ou não. E a minha conclusão foi essa: não é só porque aquela mulher encontrou um marido e teve filhos lindos, tem uma casa maravilhosa, viajam todas as férias e chamam os amigos para tomaram vinho em casa, que necessariamente ela é feliz. Não é só porque aquela mulher é alta executiva, cargo invejável, conhece o mundo todo, super assediada, bonita, bem vestida e culta, que necessariamente ela é feliz. E mais: descobri que o objetivo da vida de alguém não está em ter um marido, um excelente emprego ou algo assim. O nosso objetivo aqui é sermos felizes. Ser feliz é ou deveria ser a prioridade de todos. E ser feliz implica em fazer o que nós gostamos e não o que disseram para a gente gostar. Não sei se estou me fazendo clara. Mas eu comecei a correr atrás de ser feliz. Como eu tinha escolhido ter uma família. E eu não podia inventar um marido ou encontrar um príncipe da noite para o dia. Eu comecei a ver que eu poderia ter uma família por minhas próprias pernas. Eu poderia ir a um banco de espermas ou adotar uma criança. Eu mesma podia começar a minha família. Montei o meu apartamento e comecei a investigar como seria um processo de adoção e etc e tal. Foi aí que ele apareceu. Quando eu não mais atribuía a alguém a responsabilidade de me fazer feliz. Quando eu assumi essa responsabilidade. Mas eu te digo, que hoje, independentemente dele ter aparecido, eu teria a minha família. Eu teria o que me faria feliz. De uma forma ou de outra. O que não dá é para forçar situações ou mesmo deixar a vida passar. O fato é: a vida passa muito rápido. E tudo é quando pode ser. Não dá para ficar forçando. E entre uma crise ou outra de depressão, eu me dei conta que eu estava perdendo muito tempo com depressão. E só estava adiando a minha felicidade. Eu sei que cada história é única. Não há receita, nem regras. Mas lendo o seu e-mail, me fez recordar muita coisa que eu passei. E eu precisei apanhar muito para aprender a caminhar sozinha. A parar de me comparar com as outras pessoas ou mesmo com o meu plano de vida perfeita. E eu tive uma amiga maravilhosa que jogou muitas verdades na minha cara. Que bom que ela apareceu naquele momento. E eu estou aqui, se você precisar de mim, se quiser conversar, se quiser passar uns dias por aqui, se quiser apenas chorar ou se quiser encher a cara. Não fuja das pessoas, não se esconda, não espere que a felicidade vá bater a sua porta, vá te buscar em casa. Ela não vai. Você tem que ir atrás dela. Saindo, assistindo um bom filme, comprando uma linda roupa, cuidando de você, de verdade. Pegue o que você tem na mão hoje e comece a trabalhar, não fique esperando encontrar alguém encantado para comer pipocas ao seu lado. Coma pipocas sozinha e, se dê ao luxo de morrer de rir de uma comédia. Sozinha sim, e porque não? A gente tem que, em primeiro lugar, gostar de estar conosco mesmas. Ninguém vai ser mais interessante na sua vida do que você mesma. Eu posso quase que te garantir, que se existir o seu príncipe encantado nesse mundo, nessa vida, ele vai com certeza aparecer. Mas, por favor, não espere por ele. Porque se ele não existir, você terá perdido muito tempo nessa espera inútil. Estar sozinha é o melhor dos mundos? Com certeza não é. Se você pudesse escolher, gostaria de ter alguém ao seu lado, só que a gente não pode controlar tudo. Isso não nos pertence. Faça a sua parte e deixe que o resto, o pessoal lá de cima faça. Entregue isso a eles. Infelizmente ou felizmente não somos nós que decidimos o nosso futuro. Na sua idade, eu jamais acharia que eu teria a vida que hoje eu tenho. Tudo me indicava que seria completamente diferente. E de uma hora para outra, minha vida deu uma guinada de 360 graus. Hoje eu posso te dizer que eu sou feliz, que eu tenho uma família maravilhosa. Mas te garanto que a minha felicidade não vem disso. A minha felicidade está dentro de mim. A minha felicidade está em cuidar de mim, ler muito, me divertir, construir as minhas coisas, cuidar da minha casa, ir ao cinema, escolher os filmes que eu gosto, fazer as viagens que eu sempre quis. Ele e as meninas fazem apenas parte do meu mundo. Eu me sinto feliz ao lado deles, mas minha felicidade não está garantida só porque eles existem. Com eles ou sem eles, eu teria a obrigação de ser feliz. Hoje eu recebi um convite de casamento de uma amiga de faculdade minha. Vamos aí em outubro, faço questão de estar lá. Ela nunca teve uma paquera, nunca namorou e jamais pensava em se casar. E de uma hora para outra apareceu uma pessoa na vida dela e, sem mais nem menos, vão se casar. Ela tem 35 anos e me disse que quando ela realmente desistiu de seguir o padrão, quando ela começou a cuidar dela mesma, sem esperar príncipe encantado. Apareceu uma pessoa e que hoje ela acredita que vale a pena investir. Ela me disse que quer viver dia a dia, que ela se cansou de projetar a felicidade dela nos outros. Tenho uma amiga que também veio para cá. E hoje está com 10 anos de casamento. Casamento esse planejado desde os 15 anos de idade. E disso eu me lembro muito bem. Com 15 anos, a gente estudava juntas e ela já tinha encontrado um cara para cumprir o papel de marido nos planos dela. O cara ideal. Mas simplesmente hoje, ela não é feliz. Ela me disse que perdeu a melhor fase da vida dela porque se fechou para o mundo porque planejou demais a sua vida e se esqueceu de viver. Hoje eles estão em fase de separação (a gente sempre conversa). Ela nunca foi feliz com a vida que ela tanto planejou e colocou em prática. Hoje ela conseguiu o primeiro emprego dela aos 33 anos e vai morar sozinha. Ela me disse que sempre pinta depressão, porque para ela é começar aos 33 anos de idade e a sensação de tempo perdido dói muito. Mas vale a pena tentar ser feliz. Eu gosto muito de você. Sei que você é muito reservada. É difícil furar o seu bloqueio, talvez eu tenha sido corajosa demais desde a época que nos conhecemos. Dizendo coisas que as pessoas não tinham coragem. Mas eu quero te ver feliz, quero que a depressão faça parte do seu passado. Quero te ver crescendo. E, se você me perguntar hoje, como eu te vejo. Eu te diria que te vejo muito forte, muito diferente da menina que eu conheci, muito mais forte do que você seria se tivesse se casado com ele ao invés dele ter morrido, disso eu não tenho dúvida. Eu te vejo lutando para sair da bolha de superproteção da sua família, eu te vejo querendo um espaço e buscando coragem para enfrentar o que está por vir. Eu te vejo parando de acreditar em contos de fadas e vendo a vida real como ela é. Eu te vejo buscando muito a felicidade. Eu te vejo sofrendo. E te digo que não existe crescimento sem sofrimento. Talvez as outras pessoas respeitem os limites que você coloca e acabam não se aproximando como gostariam, talvez você acaba não dando oportunidade das coisas acontecerem. Relaxe. Você é uma pessoa interessante, bonita e de caráter (isso é raro atualmente). Acredite nisso, dê espaço para as pessoas chegarem, conte a sua história. Eu aprendi que a gente não precisa esconder nada ou ficar cheia de reservas, todo mundo tem problemas e dificuldades. A gente não precisa ficar preocupando com as aparências. Tenho um amigo argentino muito sociável, a casa dele é sempre cheia de amigos. Eu adoro estar com eles, eles conhecem todo mundo, vivem com a casa cheia. E uma vez fui visitá-lo em Buenos Aires, e, sem mentira nenhuma, havia uns 10 amigos dele no aeroporto me esperando. Eu não acreditei. Então quando deu uma "brechinha" eu perguntei para ele como ele conseguia fazer tantos amigos. Que era a minha maior dificuldade, que eu não conseguia encher os dedos das mãos se contasse todos os amigos que fiz na minha vida inteira. E eu não me esqueço da sua resposta. Ele me disse que eu estava sendo muito exigente. Um amigo não precisa ser uma pessoa perfeita. Existem amigos para tudo, amigos só para nos acompanharem ao supermercado, amigos para contarmos os nossos problemas, amigos para irem conosco buscarem amigos no aeroporto, amigos que querem apenas falar de si mesmos, amigos distraídos, amigos para baladas, amigos para comer pipoca em casa, amigos que só dá para irmos a um cineminha e pronto. Não existem amigos completos, para tudo, unha e carne. Cada necessidade nossa, a gente encontra em uma pessoa diferente. A gente monta um SUPER AMIGO, como se fosse um FRANKSTEIN, com um pedacinho de cada um. Para variar, eu escrevi demais. Vou me intrometendo na sua vida, mesmo sem ser convidada. Eu gosto muito de você. Infelizmente estar em outro estado nos distanciou muito. Hoje, quando a gente se encontra, soa meio estranho, distante mesmo. Porque amizade é algo construído no dia a dia, no contato, na convivência. Quero te ver acima de tudo feliz. Mesmo com as restrições do nosso distanciamento, eu estou aqui. Sempre que quiser desabafar é só ligar. Quero te dizer que você é um pedacinho do meu Frankstein que eu estou montando. Escreva sempre. Não fique achando que as pessoas não têm tempo para você. Você é uma pessoa muito interessante. Eu espero que você tenha gostado do livro que eu te mandei. Eu me identifiquei com ele e com o vale da coragem. E é o que eu te desejo agora: Coragem para enfrentar os próximos passos. 
Beijo,
Lisa


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Ei Andréa!
Quero te dizer que fiquei emocionada e surpresa ao mesmo tempo com o seu e-mail.
Você simplesmente conseguiu, em apenas 1 e-mail, resumir todas as minhas sessões de terapia. Disse isso a minha psicóloga e ela concordou, porém brincou comigo q não devolveria o dinheiro já pago a ela.

Concordei com cada linha escrita por você. Acho até que você deveria se aventurar em ser concorrente da Iyanla Vanzant. O que você acha? (risos)

Adorei a estória do FRANKSTEIN. 

Logo após entrar na faculdade, comecei a ter essa percepção. Sempre exigi muito das pessoas, além do que exigia de mim mesma. Mas naquele ambiente pude perceber o quão as pessoas são diferentes, e querendo ou não tive que me adaptar ao jeito de cada uma delas. Daí percebi quem eram os "amigos" de farra; os "amigos" p/ abraçar a causa de um projeto; os que emprestariam os ombros e ouvidos p/ escutar minhas lamúrias, tristezas, decepções...; os "amigos" com o quais eu deixei o pudor um pouco de lado e aprendi a falar "besteiras". 

Pode ter certeza, você também faz parte deste meu monstrinho amado, onde me orgulho do pedacinho de cada um....

Aos pouquinhos vou colocando em prática essas teorias que demorei a aceitar...mas tudo a seu tempo, sem passos maiores que as pernas em determinadas situações.

Obrigada por trocar experiências comigo. Isso é muito importante, e tenho certeza que você sabe o grau dessa importância.

Obrigada por tudo!




Lacunas

Existem lacunas em nossas vidas. 11 de abril de 2005. 

Então minha amiga, não sei nem como dizer... Apesar de eu ter ciência da sua falta de limites, reconheço que você é muito sensata e gosto da forma como você me apresenta visões. Estou passando por uma situação que nunca imaginei passar. Na minha vida, a partir do momento que comecei a pensar em ter um futuro melhor, sempre procurei fazer as coisas certas, pois sempre acreditei que o resultado as nossas colheitas vem do que anteriormente plantamos. De sorte que sempre procurei plantar coisas boas. Até o presente momento, fico impressionado como Deus tem me abençoado, tenho tido muito trabalho e tenho alcançado o retorno deste trabalho... Há um ditado que diz que atrás de um grande homem existe uma grande mulher... claro que este ditado hoje em dia é meio "naftalina", um pouco fora do tempo. Nem me serviria, pois não sei se se aplicaria a um homem de 1.60m... Mas o fato é que ao meu lado, notoriamente tenho uma grande mulher... Um pessoa com que me fez acreditar que eu poderia mudar os caminhos da minha vida, uma amiga por quem me apaixonei há 7 anos e que hoje é minha esposa... Sempre a admirei, por sua ética, por capacidade de se preocupar com as pessoas, por ter sido ela sempre um boa filha... Lembro-me que minha avó me falava que uma boa filha teria tudo para ser uma boa esposa... Com muita luta, alcançamos vitórias que nem imaginávamos.... casamos... tivemos uma ótima lua de mel... e continuamos nossa vida... Entretanto, o que admirava nela, a paixão com que se entregava ao que acreditava, foi me incomodando sobre maneira... pois o tempo todo suas preocupações eram com o trabalho, as economias para o futuro... ao passear já está tão cansada que nem curte direito, prefere ficar em casa... Aí o que acontece, aparece uma pessoa encantadora, alegre, divertida, que gosta de sair e que me admira de montão.... uma pessoa que consegue mexer com a minha vaidade, mostra-se envolvida.... Esta pessoa me diz que eu apareci na vida dela no momento em que ela mais precisava, pois já estava sem alegria na vida... Ela se envolve comigo, e eu aos poucos vou cedendo a minha vaidade e começo gostar disto... hoje sinto-me muito envolvido com ela... cheguei a dar-lhe um beijo... e agora me sinto muito mal porque isto foi trair a minha esposa, e sei que ao falar para ela isto será o fim.... O que vc acha disto?

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Caro amigo, desejo o que de melhor lhe puder acontecer. Bom dia ! 
É uma situação diferente que você está vivendo, mas não sinto a gravidade que você está colocando nela. Acho inclusive que é algo mais do que normal o que está passando com vocês. O fato é: todo mundo está sujeito ao que ocorre ao seu redor. Tanto você quanto sua esposa. São fases e testes que vão acontecendo. É certo que o diferente, o novo, o distante sempre nos atrai e sempre avaliamos apenas o ponto que não temos e damos muito valor nesse ponto, o que aumenta a nossa sensação de prazer ao identificá-lo pronto em outra pessoa. Quero te explicar melhor: sua esposa tem inúmeras coisas que você gosta e admira muito, você a escolheu para estar ao seu lado. Com o dia a dia, vamos conhecendo os pontos falhos e eles vão se destacando, os outros a gente admira e pronto (já nos acostumamos com eles). Ela tem um ponto que você não quer aceitar: ela não se esforça para ter uma vida social, fora da família, da igreja e do trabalho. Quando nos deparamos com outra pessoa que supre justo esse ponto que não encontramos na pessoa que amamos e que para nós é um ponto importante, nos surpreendemos, porque vem de encontro a nossa carência (ou desejo) e, na verdade, se mostra como um caminho fácil para resolver o nosso "probleminha". Então independente se essa "nova opção" supre os outros quesitos ou não, não nos importa. O importante é que ela é perfeita justo no ponto de nossa maior desilusão com a nossa esposa. O nosso maior foco atual. Mas nesse momento em que essa pessoa chega e corresponde a esse ponto falho, não fazemos a analise dos outros (já consolidados com a nossa esposa atual) se eles também estão presentes. E na ausência dessa análise a pessoa parece perfeita demais, certa para nós. Os pontos falhos dessa "nova" pessoa que está passando pela nossa vida vão ser descobertos ou admitidos muito tempo depois, se tivermos tempo para isso. Sem contar que o início de um relacionamento é sempre encantador, é onde nos mostramos em nossa melhor forma, tem a força de uma avalanche. Então comparações entre as nossas duas opções nesse momento são, no mínimo, injustas. Por outro lado, deixar de viver esse momento "mágico" com essa pessoa que você conheceu é também injusto com o destino, com o seu coração e com a oportunidade que a vida está colocando diante dos seus olhos. Seria te privar de conhecer outros horizontes e até, quem sabe, conhecer a pessoa da sua vida. O que quero dizer é que hoje você tem a sua esposa e que ela é uma pessoa certa, que vale a pena, mas pode ou não ser "A pessoa certa da sua vida". Não sei se ficou claro. Não somos isentos de erros, podemos ter escolhido algo errado em determinado momento ou então já termos crescido tanto até o momento presente que uma escolha do passado não mais nos traz a felicidade que trazia antes. Nâo nos corresponde ou simplesmente queremos mais da vida, da família, do trabalho e do coração também. Esse processo é seu. Não é da sua esposa. Ela não deve saber de nada do que passou ou poderá vir a acontecer com vocês. É magoá-la e o retorno não será bom para ela. Na minha visão ela não está preparada para ouvir. Ela não entenderia, quebraria o encanto que existe entre vocês e não ajudaria em nada o crescimento dela, muito menos o casamento de vocês. Hoje ela não quer aceitar mudanças e algo desse gênero seria responsável por desmoronar o seu mundo em questão de milésimos de segundos. Reserve o que está acontecendo somente para você. É o seu processo de crescimento e, no fundo, até um possível fortalecimento do amor de você e da sua esposa pode vir a acontecer. Ou não, você está diante do novo e grande amor da sua vida e deve mudar o que já está feito. É muito complicado opinar, você tem que viver isso (e digo aqui internamente, avalie bem, sinta bem o momento, busque o que está tão ausente assim hoje do seu relacionamento - alegria, diversão, sair mais, admiração por você, etc - que te faz encantar por algo fora do seu casamento). Seja sincero com você mesmo. Em que a sua esposa não te corresponde. Como eu disse ser uma pessoa certa não quer dizer ser a pessoa certa para a nossa vida. O que quero deixar claro é que a sua esposa sim tem o direito de conhecer quais são as suas expectativas, o que você gostaria, o que você não abre mão em um relacionamento. O que eu defendo aqui é que a sua esposa deve ter a oportunidade de conhecer quais são as suas necessidades, o que é importante para você. Ele tem que saber que uma vida social legal, que diversão, contato com as pessoas é imprescindível para a sua felicidade. Ela deve saber que o mundo é muito maior do que o apartamento de vocês, as fotos organizadas na estante, a profissão e os pais que tem. Empolgar com algo fora do nosso dia a dia é altamente comum, o ser humano é assim, quer sempre o novo, quer mudar, quer buscar, crescer e a vida é cheia de oportunidades. Viva tudo o que está te acontecendo aproveitando a oportunidade para se conhecer melhor. Não se culpe por nada ... não vai ajudar e nem resolver o "problema". Fingir que não está rolando algo dentro de você também não é um caminho legal. Quanto mais normal você tratar tudo o que está passando, menos inusitada vai te parecer a situação e talvez você até veja que é pura fantasia. Quando a gente coloca algo como segredo, impossível, diferente, gera uma nuvem de fumaça e brilho e não conseguimos avaliar o que realmente está nos chamando a atenção: se a imagem (os efeitos especiais) ou se o conteúdo. Uma coisa é fato: eu estou de fora do seu relacionamento e não tenho como fazer nenhum tipo de análise profunda. Não conheço absolutamente nada da sua esposa, mesmo porque ela não se deixa conhecer. Mas eu sinto que ela precisa de ajuda. Ela precisa se dar mais chance e viver mais. Ela precisa acreditar que é saindo para o mundo que crescemos dentro do nosso casamento. Que é preciso arriscar mais e sem planejamento prévio. E você tem a responsabilidade de fazê-la criar coragem de sair da sua zona de conforto e do mundinho perfeito que ela criou para vocês. Outro ponto é que você tem a responsabilidade de não machucar essa outra pessoa, que pelo que você escreveu está jogando em você a responsabilidade por sua própria alegria, te entitulando o salvador da sua vida (o que me preocupa também). Existem falhas aí. Não existe crescimento sem sofrimento, este é parte integrante do processo. Portanto tenha coragem para viver esse momento em sua vida e aprender com ele, sejam quais forem as lições a serem aprendidas. E no mais, se todos os envolvidos sofrerem um pouquinho no final, faz parte. "A gente corre o risco de sofrer um pouco quando se deixou cativar." Pequeno Príncipe. Beijo para você. Coragem e estou sempre aqui do outro lado da linha. Talvez tenha falado demais e não chegado a lugar nenhum. 

Se quiser conversar, é só me escrever. Gosto de você, você sempre me dá a oportunidade de fugir do meu mundinho e esquecer dos meus problemas e de ficar me fazendo de vítima do meu destino. 
Vê se me escreve. 
Abraço, Lisa



Olá Andréa!  Tudo bem com você?
 
Estava com saudades de você, das nossas conversas, da proximidade que tínhamos e fui reler seus artigos. Há temas novos e profundos dos quais gostei muito de ler.
 
Hoje posso compreender melhor a contribuição que você dá cedendo estes textos ao domínio público. Lembro-me  que a primeira vez que vi o seu texto "lacunas" tive um sentimento muito reativo, pois o texto exposto tratava-se de uma conversa íntima que havia tomado publicidade, ao passo que entendia ser o mais correto não publicá-lo, mesmo você tendo mudado todo o estilo de texto para não identificar as pessoas. 

Neste momento, fiz questão de relê-lo e não me veio o mesmo sentimento. Pude enxergar singeleza e carinho nos termos usados, que  serviram de alento ao neófito ser que escrevera à "Lisa" e que, talvez, possa alentar outros leitores que busquem arejar sentimentos próximos àqueles.
 
Gosto de ver como você se interessa por comportamentos humanos, sobre tudo pelos relacionamentos interpessoais. Pelo que li, imagino o quanto você tem crescido como pessoa e fortalecido seu espírito.
 
Que Deus continue te dando luz e força, para vencer todo e qualquer desafio que lhe for imposto.
 
Com carinho,
Seu amigo

Ignorar os fatos não os mudam.

É preciso dar feedback, mesmo que negativo. Essa carta é para colocarmos os pingos nos Is.

Adoro escrever e tenho feito isso ao longo de toda a minha vida. O interessante de escrever e que você pode reler, refazer, escolher as melhores palavras e ser coerente com a mensagem que se pretende deixar. E não quero dizer me esconder atrás de frases bem elaboradas. Mas existem certas situações que todas as palavras já foram ditas e ainda assim permanece a sombra da dúvida, uma falta de entendimento ou mesmo alguma ilusão que algum gesto possa ter demonstrado. E definitivamente não é o que eu quero que aconteça conosco. 

Por isso é que essa carta se faz necessária nesse momento. E uma vez que te escrevo algumas linhas assumo a responsabilidade pelo que está escrito completamente e confesso que tenho receio, porque te conheço, sei que essa carta pode ser impressa e parar em mãos erradas. Você já demonstrou em vários momentos, que é adepto da idéia de que os "fins justificam os meios". Você sabe que penso o extremo oposto.

Para que fique claro, não porque esteja escrito algo que não deva ser lido por outras pessoas, inclusive estará publicada no meu blog, com a melhor das intenções, acredite. Só não sei o quanto as pessoas estariam preparadas para entender. 

O intuito aqui é reforçar que não existe nada além de um relacionamento profissional e sempre deixei bem claro. Sei também o quanto nunca ultrapassei o limite do convívio meramente social. 

Estamos em uma fase diferenciada em nosso convívio, em que vejo a cada dia o seu interesse em estar mais perto de mim, o que me assusta e sempre pontuo. São várias perguntas que ultrapassam a linha do que profissionalmente caberiam. Entendo o interesse em conhecermos melhor e ouvirmos as histórias das pessoas com quem trabalhamos, o mundo caminha mesmo para termos mais proximidade e humanidade. Isso é bom. 

Posso estar enganada, mas tenho percebido algo distinto nesses últimos tempos. Você pode até se questionar se não foi sempre assim. E eu te digo que não. Você não é assim com outras pessoas, você é disperso e desinteressado e tem mais vontade de falar do que de ouvir. Desde que te conheci notei essa característica, fora a sua falta de reservas e limites. 

Gosto de pessoas e acho sempre interessante conviver e trocar experiências, ainda mais em um ambiente que passamos longas horas e grande parte do dia. Faz o trabalho seguir mais light sem muita paranóia. 

Só que não estou gostando desse foco total e de vários comentários invasivos, muitos deles que eu entendo machistas. Vejo que você mistura o racional com o emocional. Mesmo com todas as sinalizações, não só minhas, mas que a própria equipe faz, o tempo todo, parece que não cai sua ficha. Estou començando achar que não é algo que você consiga controlar sozinho, você é emocionalmente confuso. Não sou expert e não tenho formação, mas acho que terapia ajudaria a se entender. Buscar por esses gaps emocionais que te fazem procurar em estranhos compensações para suas questões. Acho que o terapeuta é uma pessoa neutra e com conteúdo e estudo para saber como conduzir, sendo muito sincera, eu não sou a pessoa adequada para te ouvir ou tentar ajudar. Questões práticas ok, como tenho feito, do dia a dia, inerentes ao nosso trabalho. Mas quando navega por essas questões mais complexas e que eu chamo de estruturais da sua formação, não é para mim. Sorry. Peço desculpas.

Se eu pudesse te dar alguma dica, o primeiro passo seria você reconhecer essa questão, o que eu te digo, da sua instabilidade emocional e de que provavelmente tem raízes profundas e que deve buscar na sua história. Eu acredito que o terapeuta é apenas uma ferramenta, mas a decisão da mudança vem de cada um de nós. Vejo que você ainda acredita que consegue ser racional. Até aí, tudo bem, não tem nada a ver comigo, cada pessoa busca o que te faz bem, não gosto e nem vou nunca interferir. O que funciona para mim com certeza não funcionará para você. Só que essa carta tem a ver com o quanto está "sobrando para mim" essa conta, que não é minha. Se não fosse pelo fato desse comportamento me incomodar e me atrapalhar quando me envolve diretamente. Você faz muitos comentários sem noção, inapropriados, inadequados e em momentos extremamente inoportunos. E por esses comentários, as pessoas ligam você a mim, não tem jeito.Erroneamente.

Esse contato frequente que temos, até porque o trabalho assim nos exige, acaba transparecendo para as outras pessoas como se ele fosse prioritário ao trabalho e carreira. Mas não é. E é nesse ponto que nós dois precisamos atuar fortemente. Vejo que nós dois saímos perdendo. Com falsas interpretações. Eu tomei a decisão de me posicionar firme e no momento em que acontecem os "misunderstandings". Simples assim. Até, por um tempo tentei contornar, usando o humor e alguns insigths, mas chega né? Parece que quanto mais levo na esportiva, mas te irrita e inicia em você um processo de autodestruição e de detonação. 

De maneira "adulta", quero dizer, que não é indo contra as idéias, ou mostrando em atitudes infantis que não nos damos bem, ou interrompendo o tempo todo, ou fazendo piadas preconceituosas ou fazendo interpretações pejorativas do que digo ou qualquer coisa do gênero. 

Você tem que acordar e se enxergar. Se coloque como seu observador. O meu pedido aqui, talvez até uma ordem, para que eu não use os canais formais da empresa, é você mudar o seu discurso comigo e pensar 10 vezes antes de falar. Um bom começo seria ser mais polido e educado. Além disso, respeitar as normas básicas de postura dentro de uma empresa, do tipo respeitar o direito dos outros se expressarem, não demonstrar uma intimidade que não se tem, parar de focar nos pontos negativos do outro, parar de evidenciá-los e por aí vai. Não vejo outra saída a não ser você se policiar o tempo todo, a sensação que eu tenho é que já saiu do seu controle. Vejo que quanto te dou feedbacks, você parece que entende mas depois percebo que simplesmente para a representar, sugiro que você passe a incorporar tudo isso no nosso convívio. Sei que falta respeito (e aqui assumo minha parcela de culpa, porque já cheguei no meu limite) e acaba pesando o ambiente e todos no grupo de trabalho ficam mal. 

Tenho percebido, que atualmente nem precisa conviver muito, basta uma reunião para perceberem suas atitutides e comportamento, no mínimo, confuso. Isso não é legal. 

E se, você quer uma carreira na organização, seria bom começar a se preocupar com isso. O mundo corporativo exige posturas maduras e não esse comportamento infantil e desordenado. O tempo todo você aparece com pedido de desculpas, não só a mim, mas ao time, mas logo volta a repetir os mesmos comportamentos inadequados. 

Outro ponto que gostaria de tratar com você é em relação ao entendimento do que falamos. Vejo que está tão descompensado (e entendo o momento familiar que vive e tudo mais) mas existem tratamentos, caminhos a serem buscados. Ninguém é obrigado a ter que conviver e tolerar conosco.

Por muitas vezes, a sua ansiedade te conduz a formar uma opinião rápida e quase sempre errônea do que estamos falando. E você age em cima de suas crenças, no ímpeto. Se você achar algo com certeza fará, você não dá um tempo para aquela idéia amadurecer, para entender melhor, para pegar outros pontos de vista. Uma vez formada qualquer opinião você sai em disparada, como um trator, derrubando tudo pela frente. E acho importante você ponderar, pode acontecer de potencializarmos algumas situações e a justificativa que você se dá é o transtorno de ansiedade, mas a leitura que os outros fazem é diversa, acho que de insanidade mesmo. O problema é que não se trata apenas de percepções equivocadas, mas de consequencias reais aos atos impensados que toma e muitas vezes prejudica toda a equipe. E como eu estou no seu foco e na linha direta, você faz declarações, no auge do seu surto, que me atrapalham, que me taxam, que me coloca adjetivos que não tenho. Não quero esses rótulos. Até explicar a todos e contornar, os danos já estão ai.  Esses rótulos, a partir de agora, ganham um peso maior e vai nos atrapalhar. O mundo está abrindo os olhos para a inclusão e diversidade e muitas das suas atitudes ferem esses principios/valores básicos. Acho que nem preciso dar exemplos, mas teve uma situação em especial, muito crítica, que você sequer percebeu, de extremo preconceito, através de piadas "sem graça", totalmente fora de contexto. E que foram lidar como homofóbicas por todos. Eu te conheço e sei que você perde o amigo mas não perde a piada e talvez não tenha tido nenhuma intenção homofóbica, mas não importa. Temos que atuar corretamente, sempre. Não se tolera mais esses deslizes, que quando te pontuei você os minimiza. Não. Foram graves. 

Estive conversando com um amigo, a quem tenho muita consideração, que busquei por ser alguém de fora da empresa e totalmente isento, já tendo trabalhado em muitas ações de diversidade e inclusão e também é um estudioso do mundo corporativo e ele comentou comigo que acredita que, além de preocupante essa "cegueia" para eu pensar, por ele acha que eu te atrapalho profissionalmente, muito mais do que você a mim. Porque não importa o que vários dizem ou fazem, o que importa é como somos no dia a dia e nossas posturas e a coerência do convívio sempre vão ressaltar o que eu sou, então não tenho que preocupar. É chato, dá trabalho, mas é entendível. E na empresa, somos conhecidos, então as pessoas não formaram nenhum conceito equivocado de cada um de nós.

Mas o problema é quando envolve novos profissionais, pessoas que ainda não conhecemos e que a primeira impressão fica muito ruim. Não há como negar. E vendo todas as considerações que ele colocou, eu achei muito interessante o discurso. Refleti bastante, acho que essa carta é minha última tentativa de te fazer acordar. Acabei por entender, que você tem o seu tempo de aprendizado e seu ritmo e que eu não consigo intervir ai. Que não é minha responsabilidade. E que eu já havia contribuido em dar o meu ponto de vista. E que minha atuação tinha que cessar, não me diz respeito, não devo insistir mais. Por isso essa carta tem também o simbolismo de ser a última, você é bem grandinho e tem que amadurecer e buscar ferramentas que acredita para te suportarem. Eu ainda não tinha essa visão completa sobre a minha responsabilidade, estava me cobrando demais. Segundo ele, a medida que atuamos com uma "certa" intimidade perante outros, e tentamos dar uma de "psicologo" o resultado é muito ruim, porque provavelmente, sem o devido conhecimento tecnico, eu poderia estar sempre reforçando pontos fracos seus (com a melhor das intenções), mas em publico, como uma medida de "defesa" mesmo, ao ser metralhada e isso acabava com a sua credibilidade também. E você, por sua vez, acabava, entrando em um surto maior, se vendo "atacado" e não "ajudado" abrindo algumas reservas e falando de temas inapropriados com tanta propriedade, causando estragos, talvez pequenos, mas que no conjunto da obra, com alto poder de destruição e desgaste. Isso gerencialmente falando significa um despreparo para assumir qq outra responsabilidade dentro da empresa, porque pessoas descontroladas na vida pessoal, como irão conseguir se controlar lidando com desafios diários? Eu não estaria te escrevendo tudo isso, se fossem apenas impressões minhas ou suposições. Já convivemos nesse projeto tem mais de 2 anos e vejo nenhum progresso. Pelo contrário, em alguns momentos vejo retrocesso. Então hora de colocar o "ponto final" e espero que entenda definitivamente.

Outro tema, extremamente delicado também e que aproveito é para deixar claro para você que nosso convívio é e sempre será profissional. Apenas profissional. Importante deixar claro, porque tivemos aquela situação e a declaração que você me fez outro dia: de que o seu interesse ia realmente além do profissional. Confesso que me surpreendi e muito com essa declaração. Não esperava por ela. Acho que é uma transferência. Você sabe que adoro ler e estudo muito psicologia, será uma segunda graduação que ainda farei. E para mim fica nítido o amor de transferência. Como você repele muitos ao seu redor, ter alguém que como eu, mesmo sendo mal tratada, tentou entender e até conversar, fez vc acreditar que existe algum "interesse mútuo" (palavras suas que gravei), mas não há interesse algum. Eu faria por qualquer pessoa, porque gosto de tenta ajudar. Mas hoje tenho clareza que nem sempre a ajuda que oferecemos é de fato ajuda para o outro. Então, sinto muito, mas não conte mais comigo.

Muito do meu interesse em trabalhar com você estava alicerçado em uma postura séria, de conduzir um projeto, de cuidar do cliente, de inovar e por ai vai, nunca de "conhecer" você em particular. É um interesse profisional.

Hoje confesso que, após tantos mal entendidos e tanta agressividade e situações estressantes, abro mão, e te digo que não rola mais interesse de dividirmos o trabalho, porque no final das contas acaba não compensando. Agora fico sem saber como agir e me portar perante você. Porque mesmo deixando claro para você que jamais teríamos algo juntos ou ultrapassaríamos a linha de um relacionamento profissional, apesar de "entendido", a postura hoje é outra. É estranho. 

Eu sou extremamente reservada para isso. Tenho algumas experiências anteriores de pessoas que confundiram a liberdade que tinham. E escrevo essa carta para evitar algo nesse sentido ou, no minimo, estancar logo no inicio. Entendo que você já recuou, já sabe que não vamos passar disso. Se não entendeu, espero que essa carta consiga dar o claro entendimento.

Acho, que você, apesar de racionalmente ter isso claro, ainda assim não acho que é a mesma coisa e que está resolvido dentro de você. Uma vez revelada alguma outra intenção é complicado fingir que nada aconteceu e voltar ao que era antes, pelo menos para mim. Apesar de ser o que faço e me prometo todos os dias, gostaria de conseguir passar uma borracha nisso. O meu empenho está nisso. Novamente, apesar de tudo o que eu te escrevo agora, sei que você vai questionar várias coisas, não concordar com outros N pontos e ficar falando deles interminavelmente. 

Definitivamente, não gostaria que o seu entendimento de tudo isso que escrevi se limitasse a acreditar que carreira é mais importante do que relacionamentos pessoais para mim. Não são. O ponto não é esse. O ponto é que relacionamentos não são "roles" e não são "TO DOs", a gente escolhe e o processo é natural. Então não é esse o ponto. O entendimento dessa carta deveria ser: vamos focar no trabalho e não existe nenhuma possibilidade de qualquer proximidade e interação pessoal, fora dos limites da empresa.

Por fim, o que eu queria é simplesmente que o tempo fosse capaz de fazer voltar o que tínhamos (muito mais saudável do que agora). Hoje o convívio é "pesado", cheio de más interpretações e truncado. Com vários pedidos de desculpas por dia e frases atravessadas. Ou seja, tem sido extremamente desgastante todo esse processo e a um preço muito alto. Tomei a decisão de pedir novas oportunidades na empresa e em breve estarei mudando de projeto.

Contrariando o que sempre faço, acho melhor não reler esse texto, para que seja exatamente o que eu estou sentindo, e o que me planejei para escrever, sem tentar consertar a forma ou mudar a intensidade. Nem sei se te envio esse texto, não sei se ele será realmente efetivo, talvez não. Conhecendo você tenho zero expectativas. Ainda acredito que com você, daria certo me manter em silêncio. Mas vou me arriscar.

Aprendi que ignorar os fatos... não os mudam.



A vida não pode esperar!

É preciso perdoar e seguir adiante. Olá, quanto tempo, hein?

Estou surpreso em receber esse e-mail seu. São 7 anos, mas pelo que percebi no seu e-mail, esse tempo não foi suficiente para apagar tanta mágoa, ressentimento e raiva no seu coração. Lendo o seu e-mail o que eu sinto é um sentimento de ódio, que me parece que você cultivou durante todo esse tempo. Como você mesmo disse, eu me surpreendi muito com o e-mail que você me enviou. Não pelo fato de ter recebido um e-mail seu depois de tanto tempo, mas pelo conteúdo agressivo que percebo em cada parágrafo, em cada linha, em cada palavra. É muito difícil para mim, saber como começar. Estive pensando muito tempo em como te responderia o seu e-mail, para que não gerasse ainda mais rancor e ódio. Refleti bastante, li e reli várias vezes, não escrevi nada com pressa, tive o cuidado com a escrita e a gramática. 

Para que pudéssemos esclarecer todos os maus entendidos e tudo o que ficou para trás sem solução aguardando só o momento de explodir. E como não sou isento de erros, resolvi começar, escrevendo e tentando te fazer ver que a minha intenção nunca foi te magoar, te fazer infeliz, te fazer sofrer. E aqui quero te dizer que não estou construindo a minha felicidade em cima da sua dor. Não gostaria que fosse assim, muito pelo contrário, quero te ver feliz, quero te ver bem. Aí sim, a minha felicidade estará completa. Concordo com você em dizer que por mais que se conviva com uma pessoa, nunca se sabe quem realmente ela é. Muitas vezes nos surpreendemos conosco mesmos. O ser humano não é assim tão decifrável. Se tem algo que eu admirei nesse seu e-mail foi a sua decisão de me escrever e não ficar mais remoendo essa história. Não vale a pena. 

Vamos ser felizes. Você me perguntou se eu acredito em destino, eu acredito em destino sim, ele nos separou e nos colocou diante de outras pessoas para seguirmos adiante. Quando você disse que, covardemente, eu não te reconheci, já passou pela sua cabeça que eu possa realmente não ter te visto? Eu não faria isso. Não há mal nenhum em te encontrar, conversar. Eu não faria isso. E realmente sendo bastante honesto, porque continuo achando que honestidade e sinceridade não têm preço, posso dizer que eu cometi várias falhas na nossa separação, mas não intencionais, ou de caso pensado, acho que inexperiência, imaturidade, falta de sensibilidade, tudo isso contribuiu para um desfecho complicado. Posso atribuir esses erros a vários motivos, porque infelizmente ou felizmente a gente não nasce preparado para todas as situações da vida, a gente aprende é vivendo. E aqui te peço desculpas, se não fui correto o suficiente para finalizar o nosso relacionamento de 5 anos com o devido cuidado. Se me faltou coragem e sobrou covardia e assim, busquei a maneira mais rápida de resolver o problema, como você diz. E falando no nosso relacionamento, quero te dizer que ele foi muito importante na minha vida, cresci muito ao seu lado como sei que contribui para o seu crescimento. Nesse momento horrível, lendo o seu e-mail e recebendo toda essa energia de culpas e acusações, ainda assim posso me lembrar dos bons momentos que tivemos juntos e que tenho certeza foram maiores do que os momentos ruins. A essa altura, não vale a pena tentarmos reviver bons ou maus momentos, simplesmente, gostaria que você apagasse esse passado da sua vida, já que ele te tortura tanto, já que ele te faz tão mal, já que para você foi uma fase horrível e cheia de sofrimentos. 

Outro ponto que quero deixar claro é em relação a traição que você menciona. Quer você acredite ou não, o fato é que eu nunca te trai, em nenhum momento durante os nossos 5 anos juntos. Eu nunca estive com outra mulher. Sempre fui honesto com você e mesmo com as várias oportunidades que surgiram, e isso deve ter acontecido também com você, eu jamais estaria ao seu lado, mas ficando com outra pessoa. O meu erro talvez tenha sido postergar o nosso namoro pelos últimos meses, mesmo sabendo que as coisas já não estavam indo bem, já não éramos mais apaixonados um pelo outro. Quando tudo isso ficou claro para mim, decidi que era o momento de darmos um tempo. Sim, darmos um tempo, para avaliarmos o que realmente sentíamos um pelo outro. Como adultos, você exagerou ao dizer que "saí para comprar cigarros e nunca mais voltei". É muito sensacionalismo. Pedi um tempo para refletir, você sabia onde me encontrar e eu também. Eu não desapareci, apenas não estava tão feliz ao seu lado como eu esperava e era o momento de partir. Quero que você entenda que eu não seria a pessoa certa para você, eu não conseguiria te fazer feliz. E isso está comprovado quando você diz que só te aconteceram coisas muito, muito boas depois da minha "partida"... Eu não estava te fazendo bem. E hoje, tenha certeza, torço muito para que essa pessoa que apareceu na sua vida, te faça muito feliz. Foi o que li no seu e-mail e que me fez sentir bem, saber que você tem essa pessoa e que a sua vida está dando certo. Que você está bem. Desejo que você seja realmente muito feliz. Eu gostaria de te pedir perdão. Eu gostaria que você me perdoasse e aliviasse o nosso Karma e nos liberasse para seguirmos adiante. Não acho que a mágoa será benéfica ou nos ajudará a partir de agora, muito pelo contrário. É isso mesmo! Falo de perdão nessa oportunidade que você me deu. Sei que é algo difícil e que exige mais do que nós seres humanos somos capazes de fazer pelos outros. 

O que eu quero que você entenda é que perdoando alguém, é você quem ganha, é você que alivia o seu coração. Falo do perdão concedido sem qualquer expectativa de compensação. Não estou te dizendo para me escrever, me dizer, me pedir perdão. Quero apenas que me perdoe para que tanto eu quanto você possamos seguir adiante. Quero o perdão que vem do coração e é sincero, generoso e não fere o amor próprio. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. Sinceramente não sei o que mais posso fazer para conseguir o seu perdão. Sei que somos responsáveis pelo que fazemos ao longo da nossa vida. E não quero deixar para trás um estrago considerado tão grande para você. Não quero ser lembrado por você como alguém que acabou com a sua vida e impactou a sua felicidade. Acredito sinceramente que uma pessoa não tem o poder de destruir a vida do outro. Muitas vezes dizemos coisas, ou até mesmo fazemos algo que dói nas pessoas... Sei o quanto errei e sei que te magoei mais do que você suportaria...Sou humano e cheio de defeitos. Sei que seu amor foi real, mas me desculpe pelo meu, ele não foi tão forte como eu acreditava no inicio do nosso relacionamento. Eu nem mesmo sabia ao certo o que era amar de verdade. 

Sinto muito pelo mal que eu te fiz! Siga em frente, e encontre seu verdadeiro amor... e torço para que já o tenha de fato encontrado.A mim, resta somente a esperança de que um dia você me perdoe, e aceite os fatos que aconteceram como sendo o que eu pude e soube fazer naquele momento.





O que mais os pais deveriam prezar senão pela felicidade dos seus filhos?

Somos de fato responsáveis pela felicidade de nossos pais? Refleti sobre a sua carta. Tentei me imaginar em seu lugar. Fiz esse exercício diversas vezes. E o fato é: você está convivendo com uma situação realmente complicada. Tudo indica que o seu marido, talvez por sentir-se responsável pela felicidade dos pais, não consegue se impor diante das chantagens emocionais e financeiras. Se eu pudesse resumir o seu relato em uma única frase, seria assim: filho acredita que é o único responsável por garantir a felicidade de seus pais. Soa como exagero ou de fato representa a sua agonia?De acordo com o seu relato, tanto ele quanto a irmã não partiram para construir as próprias vidas e continuam do lado da mãe e do pai, sem perceber que ele tem tanto direito quanto qualquer outra pessoa de construir uma família, um novo núcleo e de ser feliz no amor. Sem culpas, sem cobranças, sem ter que pagar um “sonho” dos pais, cada vez que realiza um sonho próprio, da sua nova família. Aqui entra um conceito que defendo muito, quando no casamos formamos uma família e os nossos pais e irmãos passam a ser a nossa “família de origem”. Parece algo sem sentido, apenas um jogo de palavras, mas na vida real faz muita diferença. E eu procuro sempre fazer essa distinção na prática. Tenho a minha família, ou seja, meu marido e meus filhos e tenho uma família de origem, ou seja, meus pais, irmãos e sobrinhos. Reforço sempre esse ponto. Em primeiro lugar, os envolvidos têm que entender essa distinção e respeitarem os seus lugares, os papéis que representam na nossa vida. Os problemas começam quando o limite é desrespeitado. Quando queremos mais espaço do que nos permitem, quando queremos mais responsabilidade do que é necessário, quando participamos mais do que somos chamados. Para aliviar o seu coração e minimizar a questão, digo, com tranqüilidade, que se trata de uma situação muito conhecida e já vivenciada por muitos. Ou seja, você não está sozinha. Parece que a mãe do seu marido vive a relação com o filho como se fosse casada com ele. Isso não é incomum e acontece bastante quando, como no caso dela, a mulher é “ignorada” pelo marido, segundo suas próprias palavras. O que significa nesse caso não ter mais a atenção deste ou o interesse e acaba transferindo todo o seu amor para os filhos. E o pai, por sua vez, acha cômoda essa situação de “terceirizar” todo o trabalho com as carências da mãe para os filhos. Nada melhor do que ter o apoio dos filhos para suprir a mãe em suas carências. E, no fundo, o pai também acaba se aproveitando da situação e também recebendo os benefícios de toda a chantagem emocional existente. Devo confessar que são atitudes que evidenciam bastante egoísmo e egocentrismo. Se essa fosse a sua família de origem com certeza você teria uma tolerância bem maior, do que vem demonstrando com essa situação. Já que, como você diz a sua família de origem é distante e não exige atenção, muito antes pelo contrário. E aqui te chamo para reflexão, o que te incomoda tanto é o excesso de carinho e atenção que a família de origem dele exige de vocês ou a ausência de atenção por parte da sua família de origem? Muitas vezes, não suportamos ver no outro as nossas fraquezas, o outro sempre funciona para nós como um espelho. Não gostamos de ver nos outros as nossas fraquezas ou deficiências. E por ironia do destino é muito mais fácil perceber no outro o que na verdade está conosco e precisamos mudar. Talvez você ainda não tenha percebido, mas o que mais nos incomoda nas outras pessoas são vê-las possuir características que não temos e gostaríamos de ter (em menor freqüência) e, principalmente, identificar nos outros as nossas próprias fraquezas. Se você o ama o bastante para enfrentar uma situação que exige a máxima diplomacia, tolerância e paciência, deve tentar conversar com ele de uma forma madura e, quem sabe, até sugerir que vocês marquem uma consulta com uma terapeuta de família para pedir orientação sobre o melhor modo de agir em relação a este problema. Não estou dizendo que é uma tarefa fácil, mas tem se mostrado um bom caminho para seguir adiante e juntos. A decisão mais fácil de todas seria se separar e eliminar esse problema da sua vida. Mas talvez essa decisão seja a mais fácil, mas não a que te deixaria mais feliz. Seguir sozinha é sempre mais fácil, não depender de ninguém financeiramente ou emocionalmente, porém não necessariamente traz mais felicidade. Os seres humanos precisam desenvolver o “coração”, amar. É para isso que viemos a esse mundo, para crescemos como seres humanos. E o universo é muito sábio, os desafios que existem na nossa vida são realmente os que precisam ser enfrentados. Estamos recebendo exatamente o que precisamos para o nosso crescimento nesse plano. O difícil é aceitar que o que recebo é o que eu preciso. Aqui precisamos sair do controle dos fatos e praticar a “entrega”, acreditar que é o que precisamos.Entretanto, para seguirem juntos, parece que você terá que estabelecer os seus limites e o quanto está disposta a ceder e a suportar. Mesmo amando esse homem, é importante verificar se ele conseguirá escapar do controle dos pais e das suas chantagens emocionais e financeiras. Não é uma situação simples, pois envolve um dos relacionamentos mais complexos: o de pais e filhos. Para você conseguir imaginar a complexidade dessa situação, faça um teste: diga às pessoas que você não gosta de seus pais e veja a reação das pessoas. A sociedade acredita que todos os filhos devem venerar os pais e ver defeitos neles é algo inaceitável pela sociedade. Daí a força que você precisará para que o seu marido entenda que gratidão não necessariamente tem que significar escravidão. Hoje eu tenho clareza de que os nossos pais são os portais para a nossa vinda ao mundo e pronto. Nada mais do que isso. Essa compreensão não é assim tão espontânea ... não a espere de seu marido nesse momento.O ponto mais delicado dessa questão e que talvez não te conforte agora é que isso é algo que só ele poderá resolver, verdadeiramente. Não é você quem deve agir. E caso ele não consiga escapar desse domínio, não estará livre para viver com ninguém. O ideal seria que ele, a irmã e os pais fizessem uma terapia familiar, a fim de que seus pais compreendessem que estão tentando ocupar um lugar que não lhes pertence mais e, desta forma, impedindo que a vida do filho prossiga normalmente. Com certeza, em nenhum momento, agindo assim, eles estão pensando na felicidade do filho e no futuro dessa nova família, que seria você e seus filhos. Já que vocês estão apenas no começo de uma longa jornada e precisam se planejar para todos os obstáculos que irão surgir. E, digo financeiramente também. Atualmente, a educação é uma tarefa mais árdua e mais cara que antigamente. O mundo caminha para uma seleção natural bem maior do que você encontrou há tempos atrás. E mesmo que você estivesse bem tranqüila em relação à questão financeira, o fato é, que, é preciso respeito. Os filhos não devem assumir a responsabilidade de “pagar” a felicidade dos pais. É uma inversão total de valores. Acredito que não se trata de abandonar os pais, mas é uma questão de priorização, de atuar no que é essencial e não no supérfluo. Nada contra o filho realizar alguns sonhos dos pais, é perfeitamente normal. O que não é normal é o fato dos pais sempre buscarem retornos e oportunidades para pedirem e colocarem as suas cobranças. O que eles nunca pensam é que o filho deles se casou com uma mulher, assim como um dia eles o fizeram. E que, portanto, assumiu um compromisso com essa nova família. Digo financeiramente e emocionalmente. Não sei se deveria e aqui faço uma inferência: a pessoa envolvida diretamente, nesse caso, o seu marido, deve achar que tudo aqui relatado é um exagero. Que, na verdade, as coisas não acontecem assim, que nada é imposto ou obrigatório. Que tudo que ele pensa e faz vem de dentro do seu coração. São idéias dele. E quando, na verdade, são sugeridas sempre direta ou indiretamente pelos próprios pais e todo o ciclo é mantido. É como se, no fundo, o seu marido, se sentisse na obrigação de pagar pela sua criação, assim como funciona um crédito educativo, é um reembolso. Não sei se serve de alívio para você nesse momento de descrença, te digo que é uma situação bastante comum e delicada. E com certeza, até aqui, você já deve ter se desgastado bastante com essa história e o desgaste pode ter chegado ao seu casamento. Do fundo do meu coração, espero que não seja o caso. Tendo trabalho todos esses anos e como gosto da área de relacionamento humano, já ouvi muitas questões relatadas por meus amigos e colegas de trabalho. E digo a você, com convicção, que ninguém, nem mesmo você poderá solucionar essa situação. A única pessoa capaz de reverter todo esse quadro e distribuir corretamente os papéis e responsabilidades de cada um dentro da sua vida é o seu marido. Dele depende a sobrevivência do casamento de vocês. Ele precisa analisar o que o faz agir assim, quais os furos que ele pretende preencher com tantos presentes e tanta preocupação, o que ele está devendo. Ele precisa eliminar todas as “dívidas” que absorveu desde criança e sair de cena. Deixar que os seus pais vivam independentes, como adultos que são. Ele precisa focar na sua nova família e demonstrar para os pais que cada um é responsável por sua felicidade e o quanto você é importante na vida dele. Ele precisa demonstrar o quanto, determinadas posturas e situações, a desagradam para que os pais não tenham dúvidas da escolha que ele fez e, a partir daí, passar a respeitar os limites, e aqui, volto a ressaltar tanto emocionalmente, quanto financeiramente. Sei que te dizer que depende dele e não de você não deve ser algo que você gostaria de ouvir. Com certeza você gostaria de poder atuar e resolver essa situação, mas não é o caso. Mas posso te dar algumas dicas e te alertar para alguns pontos, se você me permite. Existe um lado que você pode e deve fazer. Manter o respeito pela família de origem de seu marido, afinal de contas, se ele é uma pessoa maravilhosa, de caráter, trabalhador e dedicado a você e seus filhos, com certeza ele recebeu muito amor e uma boa formação dos pais. E isso você precisa reconhecer, antes que seja tarde demais. Não existe um ditado popular que diz que um bom filho é sempre um bom marido?Querer se separar agora, ainda amando esse homem, talvez não resolva a questão. É importante que você não aceite todas as condições que ele te impõe, como presentes caros, restaurantes, viagens constantes e sempre incluí-los em todos os programas. Aqui entendo que o simples fato de sugerir que eles sejam incluídos já significa que está sempre se sentindo responsável pela felicidade deles. Apenas porque os pais sabem como pressioná-lo para realizar todos os seus sonhos ou mesmo para concordar com todas as suas atitudes. Não quero desenhar um quadro em que os pais dele estão agindo de caso pensado e de má fé para separar vocês e conseguirem o que querem. É puro egoísmo e sentimento de posse que muitos pais vivenciam quando os filhos se vão e constituem novo núcleo familiar com novas regras. Estou afirmando que eles não estão se dando conta que agindo assim estão minando o relacionamento de vocês, eles estão destruindo a felicidade de vocês. É preciso que eles saibam o poder devastador que causam quando transferem as suas responsabilidades para as costas dos seus filhos. Mas cabe ao seu marido, se ele realmente se interessa em manter você, de interromper esse ciclo. De fazer as suas escolhas.. Escolha você também o que deseja para a sua vida, seja honesta com você mesma e saiba que será responsável pela escolha que fizer. Se ele não for capaz de assumir a vida amorosa sem a sombra dos pais, será que você conseguirá ser feliz ao lado dele? Eu te vejo sofrer muito. Não se deixe aprisionar pelo medo de romper e começar de novo, ou pelo medo de desagradá-lo. Trata-se da sua vida e você deve buscar a felicidade. Seja amiga, converse bastante, apoie o seu marido nesse processo de libertação emocional dos pais, mas não se iluda. À medida que os pais dele perceberem essa iniciativa, com certeza vão redobrar as chantagens e reforçar um sentimento de ingratidão no seu marido. O que vai exigir muito dele. A grande dica para se ter tolerância e paciência é tentar se colocar no lugar dele, se imaginar sofrendo essa mesma pressão dos seus pais. Assim você vai se tornar mais forte e terá mais sabedoria para entender que a falta de ação dele não necessariamente está ligado à burrice, cegueira ou medo. Mas, dizer NÃO para os sonhos dos nossos pais, nos exige uma maturidade, uma capacidade de separar o forte cunho emocional da vida prática. Portanto, talvez, até mesmo você hesitaria. Pense nisso. Arrisco a dizer que tanto você quanto ele tem comportamentos semelhantes. E aqui, estou inferindo novamente sobre o seu relato, pelo pouco que te conheço. Tanto você quanto ele foram criados por pais rígidos, personalidade forte, que deram pouco amor e atenção a vocês e tudo mais. Porém você, mediante a essa situação resolveu por “agir” como se não precisasse do amor deles ou da atenção deles. E o seu marido, por sua vez, mediante a mesma situação, resolveu por comprar o amor e a atenção não recebidos dos pais. Olha só: você eliminou e ele tenta comprar. São dois lados de uma mesma moeda.Cabe a ele resolver esse conflito, primeiramente dentro dele mesmo (e esse é o ponto mais importante), depois, tomando uma atitude em relação ao modo como os pais se comportam, sinalizando sempre que todas as decisões serão tomadas pelo casal, envolvendo você e atribuindo a você a devida importância. E digo mais, financeiramente também, passando um longo período sem presentes, sem “pagar” ou querer comprar o amor deles. É importante deixar claro que amor e atenção não são e nem devem ser demonstrados por coisas materiais. Não é pelo valor que um presente se torna significativo para nós. O casamento necessita de harmonia, amor, respeito, confiança, admiração. Se vocês não puderem construir uma relação saudável, de amor e de cumplicidade, qual o sentido de ficar casada com ele? Se ele está “dando” presentes sem que você saiba, se existe um acordo paralelo, me parece pouco saudável.Impondo seus limites amorosamente, mas com firmeza, você estará mostrando a ele que não aceita ser relevada a segundo plano, sem nenhum poder de decisão. Observe como os conflitos se desenvolvem, mostre-se aberta e receptiva ao diálogo e a entender os seus pontos de vista, mas não se deixe iludir. Se o relacionamento com o homem que você ama não traz felicidade a você, será que vale a pena insistir na relação? Não se precipite, pense bastante sobre tudo, converse com honestidade e clareza com ele, mas saiba que se você não se amar, em primeiro lugar, não poderá ser feliz com ninguém. Espero tê-la ajudado, simplesmente compreendendo toda a situação relatada. Você deve sim dizer tudo o que te incomoda e falar abertamente com o seu marido. Mas pelo seu relato, muito bem descrito, detalhado, vejo que é uma conversa que já ocorreu algumas vezes. Você me diz estar perdida, mas não é o que seu relato demonstra. Você tem clareza da situação que a cerca e conhece o tamanho do amor que tem pelo seu marido. Não saberia te dizer o quanto eficaz seria uma nova tentativa. Mas eu sempre prefiro acreditar que é possível, que o amor consegue tudo. Caberia também ao seu marido agir. E fica claro pelo seu relato, que ele conseguiu impor alguns limites e mudar algumas questões. Ou seja, de certa forma, ele tomou uma atitude, ele vem demonstrando o amor que sente por você a cada dia, a cada atitude. Entenda que o tempo e a velocidade dele com certeza são distintos dos seus. Resta saber se é suficiente para renovar e revitalizar o amor de vocês. Torço para que vocês encontrem um caminho. Li a sua história e realmente me encantei por ela. Na verdade, foi uma série de “não coincidências” ao longo de anos que culminaram em uma linda história de amor. E eu te confesso, que me emocionei ao lê-la. E espero, que os pais de seu marido, se rendam a esse amor em detrimento aos interesses e vaidades próprias. O que mais os pais deveriam prezar senão pela felicidade dos seus filhos?





Propósito

Acordar não para trabalhar e sim para manifestar seu propósito. Este é o objetivo da vida, saber quem você é e a partir daí expressar seu eu verdadeiro, compartilhando seus dons sem esforço e sofrimento e sim com alegria e amor. Não é o lugar que determina isso e sim a sua consciência.

Postagem em Destaque

Você passou de fase! Parabéns! 💔 Bem vindo ao Próximo Nível.

Olá Querida , ouvi sua mensagem. Na verdade, ouvi sua mensagem algumas vezes, até estar aqui e responder. Sua mensagem é bonita, é carinhosa...

Um presente

Você é mais do que um irmão, é um amigo, um presente e me acompanha nos momentos alegres e nas aflições. Me dá sempre os melhores conselhos.
Compartilhamos a paixão pelo futebol.💙 Irmã de menino é assim mesmo, junto com as bonecas, a gente vira goleiro, aprende a lavar carros, instalar chuveiro, chef de cozinha. Rs. Trocamos afilhados. E as muitas viagens, nem se fala, as que deram certo e as “roubadas” que nos metemos.
Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
Seja muito Feliz! Te admiro muito. Tenha um Feliz Aniversário! 🎁

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