Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ignorar os fatos não os mudam.

É preciso dar feedback, mesmo que negativo. Essa carta é para colocarmos os pingos nos Is.

Adoro escrever e tenho feito isso ao longo de toda a minha vida. O interessante de escrever e que você pode reler, refazer, escolher as melhores palavras e ser coerente com a mensagem que se pretende deixar. E não quero dizer me esconder atrás de frases bem elaboradas. Mas existem certas situações que todas as palavras já foram ditas e ainda assim permanece a sombra da dúvida, uma falta de entendimento ou mesmo alguma ilusão que algum gesto possa ter demonstrado. E definitivamente não é o que eu quero que aconteça conosco. 

Por isso é que essa carta se faz necessária nesse momento. E uma vez que te escrevo algumas linhas assumo a responsabilidade pelo que está escrito completamente e confesso que tenho receio, porque te conheço, sei que essa carta pode ser impressa e parar em mãos erradas. Você já demonstrou em vários momentos, que é adepto da idéia de que os "fins justificam os meios". Você sabe que penso o extremo oposto.

Para que fique claro, não porque esteja escrito algo que não deva ser lido por outras pessoas, inclusive estará publicada no meu blog, com a melhor das intenções, acredite. Só não sei o quanto as pessoas estariam preparadas para entender. 

O intuito aqui é reforçar que não existe nada além de um relacionamento profissional e sempre deixei bem claro. Sei também o quanto nunca ultrapassei o limite do convívio meramente social. 

Estamos em uma fase diferenciada em nosso convívio, em que vejo a cada dia o seu interesse em estar mais perto de mim, o que me assusta e sempre pontuo. São várias perguntas que ultrapassam a linha do que profissionalmente caberiam. Entendo o interesse em conhecermos melhor e ouvirmos as histórias das pessoas com quem trabalhamos, o mundo caminha mesmo para termos mais proximidade e humanidade. Isso é bom. 

Posso estar enganada, mas tenho percebido algo distinto nesses últimos tempos. Você pode até se questionar se não foi sempre assim. E eu te digo que não. Você não é assim com outras pessoas, você é disperso e desinteressado e tem mais vontade de falar do que de ouvir. Desde que te conheci notei essa característica, fora a sua falta de reservas e limites. 

Gosto de pessoas e acho sempre interessante conviver e trocar experiências, ainda mais em um ambiente que passamos longas horas e grande parte do dia. Faz o trabalho seguir mais light sem muita paranóia. 

Só que não estou gostando desse foco total e de vários comentários invasivos, muitos deles que eu entendo machistas. Vejo que você mistura o racional com o emocional. Mesmo com todas as sinalizações, não só minhas, mas que a própria equipe faz, o tempo todo, parece que não cai sua ficha. Estou començando achar que não é algo que você consiga controlar sozinho, você é emocionalmente confuso. Não sou expert e não tenho formação, mas acho que terapia ajudaria a se entender. Buscar por esses gaps emocionais que te fazem procurar em estranhos compensações para suas questões. Acho que o terapeuta é uma pessoa neutra e com conteúdo e estudo para saber como conduzir, sendo muito sincera, eu não sou a pessoa adequada para te ouvir ou tentar ajudar. Questões práticas ok, como tenho feito, do dia a dia, inerentes ao nosso trabalho. Mas quando navega por essas questões mais complexas e que eu chamo de estruturais da sua formação, não é para mim. Sorry. Peço desculpas.

Se eu pudesse te dar alguma dica, o primeiro passo seria você reconhecer essa questão, o que eu te digo, da sua instabilidade emocional e de que provavelmente tem raízes profundas e que deve buscar na sua história. Eu acredito que o terapeuta é apenas uma ferramenta, mas a decisão da mudança vem de cada um de nós. Vejo que você ainda acredita que consegue ser racional. Até aí, tudo bem, não tem nada a ver comigo, cada pessoa busca o que te faz bem, não gosto e nem vou nunca interferir. O que funciona para mim com certeza não funcionará para você. Só que essa carta tem a ver com o quanto está "sobrando para mim" essa conta, que não é minha. Se não fosse pelo fato desse comportamento me incomodar e me atrapalhar quando me envolve diretamente. Você faz muitos comentários sem noção, inapropriados, inadequados e em momentos extremamente inoportunos. E por esses comentários, as pessoas ligam você a mim, não tem jeito.Erroneamente.

Esse contato frequente que temos, até porque o trabalho assim nos exige, acaba transparecendo para as outras pessoas como se ele fosse prioritário ao trabalho e carreira. Mas não é. E é nesse ponto que nós dois precisamos atuar fortemente. Vejo que nós dois saímos perdendo. Com falsas interpretações. Eu tomei a decisão de me posicionar firme e no momento em que acontecem os "misunderstandings". Simples assim. Até, por um tempo tentei contornar, usando o humor e alguns insigths, mas chega né? Parece que quanto mais levo na esportiva, mas te irrita e inicia em você um processo de autodestruição e de detonação. 

De maneira "adulta", quero dizer, que não é indo contra as idéias, ou mostrando em atitudes infantis que não nos damos bem, ou interrompendo o tempo todo, ou fazendo piadas preconceituosas ou fazendo interpretações pejorativas do que digo ou qualquer coisa do gênero. 

Você tem que acordar e se enxergar. Se coloque como seu observador. O meu pedido aqui, talvez até uma ordem, para que eu não use os canais formais da empresa, é você mudar o seu discurso comigo e pensar 10 vezes antes de falar. Um bom começo seria ser mais polido e educado. Além disso, respeitar as normas básicas de postura dentro de uma empresa, do tipo respeitar o direito dos outros se expressarem, não demonstrar uma intimidade que não se tem, parar de focar nos pontos negativos do outro, parar de evidenciá-los e por aí vai. Não vejo outra saída a não ser você se policiar o tempo todo, a sensação que eu tenho é que já saiu do seu controle. Vejo que quanto te dou feedbacks, você parece que entende mas depois percebo que simplesmente para a representar, sugiro que você passe a incorporar tudo isso no nosso convívio. Sei que falta respeito (e aqui assumo minha parcela de culpa, porque já cheguei no meu limite) e acaba pesando o ambiente e todos no grupo de trabalho ficam mal. 

Tenho percebido, que atualmente nem precisa conviver muito, basta uma reunião para perceberem suas atitutides e comportamento, no mínimo, confuso. Isso não é legal. 

E se, você quer uma carreira na organização, seria bom começar a se preocupar com isso. O mundo corporativo exige posturas maduras e não esse comportamento infantil e desordenado. O tempo todo você aparece com pedido de desculpas, não só a mim, mas ao time, mas logo volta a repetir os mesmos comportamentos inadequados. 

Outro ponto que gostaria de tratar com você é em relação ao entendimento do que falamos. Vejo que está tão descompensado (e entendo o momento familiar que vive e tudo mais) mas existem tratamentos, caminhos a serem buscados. Ninguém é obrigado a ter que conviver e tolerar conosco.

Por muitas vezes, a sua ansiedade te conduz a formar uma opinião rápida e quase sempre errônea do que estamos falando. E você age em cima de suas crenças, no ímpeto. Se você achar algo com certeza fará, você não dá um tempo para aquela idéia amadurecer, para entender melhor, para pegar outros pontos de vista. Uma vez formada qualquer opinião você sai em disparada, como um trator, derrubando tudo pela frente. E acho importante você ponderar, pode acontecer de potencializarmos algumas situações e a justificativa que você se dá é o transtorno de ansiedade, mas a leitura que os outros fazem é diversa, acho que de insanidade mesmo. O problema é que não se trata apenas de percepções equivocadas, mas de consequencias reais aos atos impensados que toma e muitas vezes prejudica toda a equipe. E como eu estou no seu foco e na linha direta, você faz declarações, no auge do seu surto, que me atrapalham, que me taxam, que me coloca adjetivos que não tenho. Não quero esses rótulos. Até explicar a todos e contornar, os danos já estão ai.  Esses rótulos, a partir de agora, ganham um peso maior e vai nos atrapalhar. O mundo está abrindo os olhos para a inclusão e diversidade e muitas das suas atitudes ferem esses principios/valores básicos. Acho que nem preciso dar exemplos, mas teve uma situação em especial, muito crítica, que você sequer percebeu, de extremo preconceito, através de piadas "sem graça", totalmente fora de contexto. E que foram lidar como homofóbicas por todos. Eu te conheço e sei que você perde o amigo mas não perde a piada e talvez não tenha tido nenhuma intenção homofóbica, mas não importa. Temos que atuar corretamente, sempre. Não se tolera mais esses deslizes, que quando te pontuei você os minimiza. Não. Foram graves. 

Estive conversando com um amigo, a quem tenho muita consideração, que busquei por ser alguém de fora da empresa e totalmente isento, já tendo trabalhado em muitas ações de diversidade e inclusão e também é um estudioso do mundo corporativo e ele comentou comigo que acredita que, além de preocupante essa "cegueia" para eu pensar, por ele acha que eu te atrapalho profissionalmente, muito mais do que você a mim. Porque não importa o que vários dizem ou fazem, o que importa é como somos no dia a dia e nossas posturas e a coerência do convívio sempre vão ressaltar o que eu sou, então não tenho que preocupar. É chato, dá trabalho, mas é entendível. E na empresa, somos conhecidos, então as pessoas não formaram nenhum conceito equivocado de cada um de nós.

Mas o problema é quando envolve novos profissionais, pessoas que ainda não conhecemos e que a primeira impressão fica muito ruim. Não há como negar. E vendo todas as considerações que ele colocou, eu achei muito interessante o discurso. Refleti bastante, acho que essa carta é minha última tentativa de te fazer acordar. Acabei por entender, que você tem o seu tempo de aprendizado e seu ritmo e que eu não consigo intervir ai. Que não é minha responsabilidade. E que eu já havia contribuido em dar o meu ponto de vista. E que minha atuação tinha que cessar, não me diz respeito, não devo insistir mais. Por isso essa carta tem também o simbolismo de ser a última, você é bem grandinho e tem que amadurecer e buscar ferramentas que acredita para te suportarem. Eu ainda não tinha essa visão completa sobre a minha responsabilidade, estava me cobrando demais. Segundo ele, a medida que atuamos com uma "certa" intimidade perante outros, e tentamos dar uma de "psicologo" o resultado é muito ruim, porque provavelmente, sem o devido conhecimento tecnico, eu poderia estar sempre reforçando pontos fracos seus (com a melhor das intenções), mas em publico, como uma medida de "defesa" mesmo, ao ser metralhada e isso acabava com a sua credibilidade também. E você, por sua vez, acabava, entrando em um surto maior, se vendo "atacado" e não "ajudado" abrindo algumas reservas e falando de temas inapropriados com tanta propriedade, causando estragos, talvez pequenos, mas que no conjunto da obra, com alto poder de destruição e desgaste. Isso gerencialmente falando significa um despreparo para assumir qq outra responsabilidade dentro da empresa, porque pessoas descontroladas na vida pessoal, como irão conseguir se controlar lidando com desafios diários? Eu não estaria te escrevendo tudo isso, se fossem apenas impressões minhas ou suposições. Já convivemos nesse projeto tem mais de 2 anos e vejo nenhum progresso. Pelo contrário, em alguns momentos vejo retrocesso. Então hora de colocar o "ponto final" e espero que entenda definitivamente.

Outro tema, extremamente delicado também e que aproveito é para deixar claro para você que nosso convívio é e sempre será profissional. Apenas profissional. Importante deixar claro, porque tivemos aquela situação e a declaração que você me fez outro dia: de que o seu interesse ia realmente além do profissional. Confesso que me surpreendi e muito com essa declaração. Não esperava por ela. Acho que é uma transferência. Você sabe que adoro ler e estudo muito psicologia, será uma segunda graduação que ainda farei. E para mim fica nítido o amor de transferência. Como você repele muitos ao seu redor, ter alguém que como eu, mesmo sendo mal tratada, tentou entender e até conversar, fez vc acreditar que existe algum "interesse mútuo" (palavras suas que gravei), mas não há interesse algum. Eu faria por qualquer pessoa, porque gosto de tenta ajudar. Mas hoje tenho clareza que nem sempre a ajuda que oferecemos é de fato ajuda para o outro. Então, sinto muito, mas não conte mais comigo.

Muito do meu interesse em trabalhar com você estava alicerçado em uma postura séria, de conduzir um projeto, de cuidar do cliente, de inovar e por ai vai, nunca de "conhecer" você em particular. É um interesse profisional.

Hoje confesso que, após tantos mal entendidos e tanta agressividade e situações estressantes, abro mão, e te digo que não rola mais interesse de dividirmos o trabalho, porque no final das contas acaba não compensando. Agora fico sem saber como agir e me portar perante você. Porque mesmo deixando claro para você que jamais teríamos algo juntos ou ultrapassaríamos a linha de um relacionamento profissional, apesar de "entendido", a postura hoje é outra. É estranho. 

Eu sou extremamente reservada para isso. Tenho algumas experiências anteriores de pessoas que confundiram a liberdade que tinham. E escrevo essa carta para evitar algo nesse sentido ou, no minimo, estancar logo no inicio. Entendo que você já recuou, já sabe que não vamos passar disso. Se não entendeu, espero que essa carta consiga dar o claro entendimento.

Acho, que você, apesar de racionalmente ter isso claro, ainda assim não acho que é a mesma coisa e que está resolvido dentro de você. Uma vez revelada alguma outra intenção é complicado fingir que nada aconteceu e voltar ao que era antes, pelo menos para mim. Apesar de ser o que faço e me prometo todos os dias, gostaria de conseguir passar uma borracha nisso. O meu empenho está nisso. Novamente, apesar de tudo o que eu te escrevo agora, sei que você vai questionar várias coisas, não concordar com outros N pontos e ficar falando deles interminavelmente. 

Definitivamente, não gostaria que o seu entendimento de tudo isso que escrevi se limitasse a acreditar que carreira é mais importante do que relacionamentos pessoais para mim. Não são. O ponto não é esse. O ponto é que relacionamentos não são "roles" e não são "TO DOs", a gente escolhe e o processo é natural. Então não é esse o ponto. O entendimento dessa carta deveria ser: vamos focar no trabalho e não existe nenhuma possibilidade de qualquer proximidade e interação pessoal, fora dos limites da empresa.

Por fim, o que eu queria é simplesmente que o tempo fosse capaz de fazer voltar o que tínhamos (muito mais saudável do que agora). Hoje o convívio é "pesado", cheio de más interpretações e truncado. Com vários pedidos de desculpas por dia e frases atravessadas. Ou seja, tem sido extremamente desgastante todo esse processo e a um preço muito alto. Tomei a decisão de pedir novas oportunidades na empresa e em breve estarei mudando de projeto.

Contrariando o que sempre faço, acho melhor não reler esse texto, para que seja exatamente o que eu estou sentindo, e o que me planejei para escrever, sem tentar consertar a forma ou mudar a intensidade. Nem sei se te envio esse texto, não sei se ele será realmente efetivo, talvez não. Conhecendo você tenho zero expectativas. Ainda acredito que com você, daria certo me manter em silêncio. Mas vou me arriscar.

Aprendi que ignorar os fatos... não os mudam.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Propósito

Acordar não para trabalhar e sim para manifestar seu propósito. Este é o objetivo da vida, saber quem você é e a partir daí expressar seu eu verdadeiro, compartilhando seus dons sem esforço e sofrimento e sim com alegria e amor. Não é o lugar que determina isso e sim a sua consciência.

Postagem em Destaque

Você passou de fase! Parabéns! 💔 Bem vindo ao Próximo Nível.

Olá Querida , ouvi sua mensagem. Na verdade, ouvi sua mensagem algumas vezes, até estar aqui e responder. Sua mensagem é bonita, é carinhosa...

Um presente

Você é mais do que um irmão, é um amigo, um presente e me acompanha nos momentos alegres e nas aflições. Me dá sempre os melhores conselhos.
Compartilhamos a paixão pelo futebol.💙 Irmã de menino é assim mesmo, junto com as bonecas, a gente vira goleiro, aprende a lavar carros, instalar chuveiro, chef de cozinha. Rs. Trocamos afilhados. E as muitas viagens, nem se fala, as que deram certo e as “roubadas” que nos metemos.
Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
Seja muito Feliz! Te admiro muito. Tenha um Feliz Aniversário! 🎁

Postagens Mais Vistas