É muito fácil identificar maus líderes, separar os líderes tóxicos dos líderes medicinais, basta conviver alguns minutos com seu time e com quem responde diretamente a eles, porque por mais teatro que se faça no mundo corporativo, existem traços impossíveis de serem disfarçados. Saltam aos olhos de qualquer um. Talvez por algum tempo consigam se sustentar, mas depois, fica nítido a todos os envolvidos. E a conclusão é óbvia e rápida: Um líder pequeno apequena o time e um líder grande engrandece o time. Simples assim.
Ainda assim insisto em dizer que existe mais uma categoria de líder, além do bom e do mau líder. Um tipo de líder, ainda pior que o mau líder e mais maléfico para as organizações e para as pessoas. Temos: o Bom Líder, o maU Líder e o líder do maL.
O líder do mal (com L).
O líder do MAL que se disfarça em um MAU líder, sendo “dedicado”, fingindo ser o que não é, e agindo com base em mentiras, escondendo suas ações, avesso à transparência. E não é difícil perceber essa categoria e identificá-la. Estão sempre protegendo certos profissionais do grupo, não por meritocracia mas por relacionamento ou porque não oferecem nenhum tipo de perigo à sua liderança instituída. Escolhem sempre estar perto de profissionais que não têm coragem de colocarem suas opiniões e se anulam, se permitem serem manipulados. E pior, se sujeitam a rodar e suportar o que não concordam.
Esses líderes enganam durante um certo tempo e fazem ações de maneira não sincronizadas, até para não serem mapeados rapidamente. Então agem sempre em pequenos fóruns. Suas atitudes são sempre baseadas em histórias e contextos fakes (montados) que até eles mesmos se confundem em determinados momentos. Daí fica nítida uma característica principal do líder do mal, a total falta de coerência, sempre têm uma história para justificar cada maldade.
Não conseguem manter a coerência porque é tudo construído em uma base e argumentação falsas, então não param de pé, se colocadas todas em uma mesma bandeja não fazem sentido e deixam transparecer seus intuitos escusos. Então são sempre entregues em bandejas distintas. Exige um esforço enorme manter a coerência e sincronismo e, por isso, porque mentem sempre, não conseguem coordenar tantas mentiras e o que contam e disseminam e sempre caem em contradição.
Um ponto importante é que acreditam ou se esforçam para acreditarem nos cenários falsos que eles mesmos montaram para sustentarem suas teses e suas ações incoerentes. Esses lideres, não sabendo fazer, impedem que os outros o façam. Os que não os veneram ou não aceitam a manipulação são logo marcados e vão pagar muito caro por isso. Serão impedidos de brilhar. Esses líderes malvados, normalmente são pessoas não felizes, não realizadas, pessoalmente e profissionalmente, nas duas esferas. O que vejo e parece que aqui não temos exceção é que a infelicidade é companheira fiel e é o que alimenta a maldade, porque não conseguem nada “real”, nenhuma amizade e nenhum feito, descarregam a frustração e destilam a maldade nos que brilham.
Por mais “sucesso” material que possam ter alcançado, não se sentem realizados e felizes, nunca o são, embora tentem transparecer que se bastam, não são, porque não geram admiração em ninguém ao seu redor, não fazem a diferença em termos de propósito e legado, não deixam raízes por onde passam. Por mais “companhia” que tenham (não digo amigos, porque pessoas assim não se rodeiam de amigos, não conquistam admiração) são sempre sós ou rodeados de profissionais malvados também. Líderes assim não conseguem gerar lideres bons, geram sim cópias fiéis a si mesmo, o que torna sua existência na companhia ainda mais nociva e contaminadora. Conseguem gerar resultados e sucesso em seu entorno, mas resultados imediatos, passageiros, nunca sustentáveis e tudo com um custo muito alto para os profissionais que lideram, custo na saúde física e emocional, custo para empresa em não retenção de talentos e para os que ficam um impacto na auto estima que não se pode negligenciar ao longo do tempo. Ou seja, o ponto mais nocivo nesse tipo de líder é não ser um exemplo, não ser uma fonte de inspiração, não ser “saudável”.
Sempre digo que as novas gerações vieram para nos mostrar isso, porque para eles, tudo tem que estar ligado a um propósito, em fazer a diferença para o mundo, para as comunidades, se preocupam com marca e reputação. Não querem apenas dinheiro, querem ser protagonistas de um mundo melhor. Para eles, o importante não é só trabalhar e ser bem remunerado, mas principalmente ser alguém que faz um mundo melhor e com mais sentido. As novas gerações precisam de sentido e precisam sentir admiração por quem os guia. E aqui as empresas perdem muito, perdem os melhores, perdem o encantamento e ai precisam investir milhões em recrutamento, em campanhas, em benefícios, em teorias, quando na verdade, um bom líder que é exemplo e que pratica a teoria já seria fator de retenção de muitos profissionais. Aquela frase feita que faz total sentido, de que o profissional não pede demissão da empresa, ele pede demissão do líder.
Eu diria que ter um líder ruim, pode sim ser um motivo de agradecimento. Porque te faz muito mais forte e perspicaz. Se você simplesmente não absorver o que vem da forma que recebe, mas se você questionar e observar, tirar suas próprias conclusões. Você amadurece muito rápido e aprende habilidades que não desenvolveria se não fosse apenas por ter visto a ineficiência da sua liderança.
Agora ter um líder do mal é bem mais complicado e perigoso. Você aprende também e muito, quando opta por não seguir a maldade, mas para isso, você tem que estar consciente. Muitos sucumbem e aceitam e de não combaterem a maldade se transformam nela. Executam e repetem padrões. E as empresas correm o risco de virarem uma fábrica de maldade.
Sempre sou otimista. E por isso escrevo muito a respeito de liderança. Se um único profissional se influenciar positivamente e for um profissional capaz de neutralizar um líder do mal já terão valido a pena, as muitas horas que invisto em escrever. Acredito que o profissional desperto é capaz de, sabendo do quanto sua liderança não te representa, e escolhendo não perpetuar a maldade, fazer diferente e ser um porto seguro para os profissionais sob sua alçada. Sempre digo, que muitas vezes, e na ausência de bons exemplos, aprendemos muito e até mais com os maus exemplos. Porque o líder do mal gera muitos impactos negativos em todo o entorno, um ciclo da maldade e da destruição, disfarçado em “sucesso” profissional ou mesmo em “formação de talentos”.
Cedo ou tarde, cedo se é uma área relevante e no caminho crítico ou tarde se é uma área irrelevante e escondida, mas sempre e, aqui posso dizer sem exceção alguma, que sempre, sempre mesmo, não se sustenta. Um líder do mal não se sustenta, não em grandes corporações que estão acordadas e com vários canais abertos. Esse líder do mal não é admirado pela organização, não gera resultados reais e efetivos, pode gerar números, mas não se sustenta e, principalmente, não retém os profissionais. E é na retenção de profissionais que a casa começa a cair.
Costumo dizer que bons líderes são metade do caminho andado e valem ouro. E que os maus líderes resolvem os problemas que eles mesmos geraram, então “noves fora zero”. Rs. E que o líder do mal, não só é um mau líder e resolve os problemas que ele mesmo gerou, mas também envolve todo esse teatro com muita maldade, o que torna tudo muito pior. Muitas vezes não é claro de perceber, separar o joio do trigo, mas quem está consciente vê e entende o discurso distorcido desde o inicio. Sempre temos os “anjos” no caminho. Sou otimista, lembra?
Aqui posso citar vários exemplos dessa maldade disfarçada em resultados.
Uma fala muito comum é em relação a retenção talentos. Ao justificarem que vários profissionais pedem para sair da área, costumam dizer que “exportam talentos” porque os melhores sempre pedem para sair da área e ao invés de interpretarem como “não tenho ambiente que retenha talentos”, preferem acreditar que exportam talentos.
Integração Equipe é um ponto crítico, e que aqui exige bastante teatro para passarem uma imagem de grupo unido. Mas o que fazem, é formarem uma camada de gerentes muito fraca e sempre despreparada, assim não se sentem ameaçados. E para isso sempre usa dois artifícios, 1) comunicação falha e nenhuma integração e também 2) falta de foco em formação e treinamentos. É a famosa frase de “dividir para governar”. Quanto mais sua camada de gestores não entenderem o contexto e não tiverem visibilidade do contexto completo, menos podem criar e sugerir mudanças e quanto menos integrados forem, menos poderão compartilhar suas percepções, inclusive a visão de má liderança que possam possuir.
Avaliação Desempenho: Outro que me ocorre agora, e é muito frequente são nos momentos de avaliação de desempenho, em que promovem e engradecem feitos subjetivos e baseados em percepções unilaterais e nunca possuem parâmetros e regras claras, transparentes e entendíveis para as pessoas que irão avaliar os demais. Então é uma roleta russa. E uma super maldade, porque impacta a carreira de muitos. São avaliações sempre subjetivas que não miram nos resultados obtidos, mas no que o líder está sentindo agora, gosta ou não gosta daquele profissional. Essa maldade é muito fácil perceber, o profissional negligenciado percebe, talvez não tenha visibilidade de todos do time, mas iniciam o processo de percepção. Pela incoerência que já falamos e que nunca conseguem manter, o “ranking” dos profissionais avaliados varia muito e em curto espaço de tempo, os profissionais são avaliados como excelentes e de um dia para o outro, são péssimos e mal posicionados. Então vai chamando atenção com o tempo e os que se atreverem a questionar, precisam ser eliminados ou isolados dentro do grupo, principalmente para tentar conter a percepção do time. A cada ano, a percepção aumenta e o momento de avaliação de desempenho é um trigger muito importante. Infelizmente, cada profissional enxerga e acorda somente quando é atingido diretamente. O lado bom, vendo com meus olhos otimistas, submetidos à esse tipo de liderança, temos que desenvolver habilidades incríveis de argumentação, coerência, sustentar cases e nos pautar de várias evidências. Ou seja, mais um skill que o líder mal nos proporciona desenvolver. Assim como o poder de sintese e análise crítica, objetividade, porque dados tantos despautérios e desacertos líder, você tem que desenvolver uma habilidade única de organização, construção de cases, argumentação, resiliência e por ai vai.
Distribuição Budget é também um outro exemplo. Esses líderes sempre têm discursos enormes para justificarem má distribuição de budget e falta de planejamento para gastar o dinheiro destinado pela empresa para desenvolvimento do time e da área. Fácil identificar, porque todos os eventos e treinamentos têm a única finalidade de “vender” a imagem do próprio lider, todo o budget é investido em prol da sua propaganda. Sempre será para ele mesmo tirar vantagem e nunca para benefício do time, da capacitação dos profissionais e da empresa.
Poderia aqui dar milhões de exemplos, mas acho que já dá para evidenciar o poder de destruição, tiram a visibilidade, distanciam os profissionais, penalizam os profissionais que investiram suas carreiras e por fim destroem a cultura e o ambiente corporativo.
O maior erro que o profissional pode cometer é demorar na identificação do líder do mal. Rapidamente todos conseguimos identificar o bom e o mau líder, o que sabe liderar e inspira e o que não tem skills e capacitações para lidar. Mas identificar o líder do mal não é assim uma tarefa fácil, parece ser simples mas envolve muitos fatores, engana e confunde muito no inicio. Mas é imprescindível mapear rapidamente esse tipo de líder. Porque, quanto antes você identificar, mais rapidamente você saberá se posicionar e não abrirá informações sobre você, porque apesar de parecer muito interessado, não o é. O foco é apenas em identificar os seus pontos fracos e suas ambições, para poder te manter sobre controle. Uma vez identificado que se trata de um líder do mal, nunca abra exceção, não se confunda, achando que ele está mudando e agora está interessado em você. Cumpra suas tarefas por você e não por ele. Não abra sua intimidade, suas crenças, suas críticas, ele não pode ter acesso a nada, a nenhuma informação, que possa produzir veneno e possa usar como moeda de troca com você. É assim que ele te prende, sempre fingindo ser o que não é. Para se proteger vai sempre com calma, procure os sinais e observe antes de simplesmente confiar, pelas primeiras atitudes, aparentemente genuínas. Protegendo no inicio, você se agradecerá quando enfim se deparar com um líder assim.
Nada vale mais a pena do que sua tranquilidade psicológica.
Claro que ter um bom líder é um presente, te forma, te prepara e queima etapas. E o mais importante, te inspira e não há nada melhor do que ter pessoas inspiradoras por perto. Mas acho que também um mau líder consolida em alguns profissionais, nos que estão com olhos bem abertos, a resiliência e a coragem. E se esse líder vem envolto em maldade, consolida a força e ainda forma heróis, rs, os anjinhos que comentei. Portanto não devemos ver só o lado vazio do copo, temos também muito o que aprender com maus líderes e com os líderes do mal. A primeira lição é aprender como identificá-los. E quanto antes melhor. Rs. O importante é identificar que você está vivendo um má liderança ou que alguém do seu time está sob a mira da maldade, assim ganhamos tempo. Eo tempo conta. Muitas vezes só enxergamos a maldade quando ela está direcionada a nós, até porque um líder do mal, é incoerente e escolhe as vitimas, então dissimulam e enganam por um tempo e com isso terá que estar muito atento.
Se ele fez mal a muitas pessoas antes de você, então ouça as histórias, preste atenção, forme sua própria opinião. Conforme for e pela quantidade de pessoas afetadas, acredite, não relute em acreditar. Onde há fumaça há fogo. Outra característica importante para se identificar rapidamente é a distância entre a teoria e a prática, elas nunca batem. E tem um traço muito peculiar na maldade que é a indiferença. Quando situações criticas e injustas não o incomodam, quando a indiferença está nítida, é fácil perceber, você percebe pelo posicionamento, pelas atitudes mais que pelas falas, em relação a situações fora do ambiente de trabalho. É um traço muito marcante em um líder do mal. Veja com quem ele anda, quem ele admira, quais são seus valores, quem ele é. O que ele quer. Preste atenção nisso. Vá além do que ele quer te mostrar, mas observe o que ele mostra sem querer. O prazer de fazer o outro de idiota, de subjulgar o outro, tirar do outro, por prazer ao poder. O líder do mal é sempre superficial, é um predador, tem um modus operandi para tomar/manter o poder. Se mostra gentil e simpático para passar a imagem de “adequado”. Mapeiam quem são os poderosos e depois quem tem acesso aos poderosos, esses serão seu foco e onde vai se empenhar para conquistar. Estará sempre disposto a ouvir e nessa hora as pessoas começam a falar das suas intimidades e depois ele irá saber usar muito bem o que foi dito, para minar e sempre em cima dos seus pontos fracos. Depois ele começa a manipular. Depois que você já está tendo um desgaste, ele usa suas intimidades, para te pressionar.
As pessoas mais prejudicadas pelo líder do mal se calam, não porque são cumplices, mas porque eles estão sob pressão e sendo manipulados e sendo usados. Para te chantagear. E joga umas contra as outras, cria uma desarmonia, semea a discórdia. Muitas pessoas, por constrangimento, se submetem e entram em adoecimento mesmo. Adoecem fisicamente. Nada o constrange, então ele está pronto para fazer todo o trabalho sujo. Não tem o constrangimento de falar mal das pessoas e de serem pessoas falsas. Não tem constrangimento em mentir, então você não terá como jogar com as mesmas armas. Está sempre neutro (nunca chama uma reunião para resolver os temas e colocar todos juntos), porque lidera pela divisão. A vingança é sempre para tirar alguém do seu caminho e muitas vezes, consegue ser pior, é a vingança pela vingança, porque são mal amados e tem muitos buracos emocionais. O líder do mal não enxerga as pessoas, enxerga peças na sua frente. O líder do mal nunca dá, ele só pega, intencionalmente. Sempre unilateral. ….
Em todos os níveis, não tem escrúpulos. É a maldade que vem de fábrica.
Onde está o lado bom de tudo isso? Se já identificou que está diante de um líder assim e está justo vivendo a situação que descrevo aqui, sei que duas dores se misturam, ou seja, a dor de ser passado para trás e a dor de não ter percebido a tempo. A primeira de constatar que existem pessoas assim e segunda, ainda mais dura, que é constatar que você foi ingênuo o bastante, não teve malicia alguma para lidar.
O líder do mal é uma chance de aprender a lidar com esse tipo de pessoa, para que o próximo não lhe cause grande impacto. Para sua carreira não seja um eterno recomeço. Aproveite essa oportunidade de desenvolver resiliência e amadurecer. Você ganha estrutura e conhecimento, porque outros líderes do mal virão.
Por fim, se você se identificou com o cenário e está sob a liderança de um mau líder e de um líder do mal, dou uma última dica. Uma dica que tive logo na largada e que muito agradeço e que foi meu divisor de águas, foi justo a de uma profissional “acordada” do time, que me disse para sempre olhar para os lados e para os meus pares, não só no time mas nos outros times e quem sabe até em outras empresas. Ou seja, me alimentar de algo fora da minha liderança direta, já que o exemplo e o cuidado não viriam de onde deveriam vir, que eu investisse meu tempo em encontrar meus “role models” em outras partes e fizesse dessa passagem algo produtivo e de crescimento e que não me iludisse com as frases feitas e com o discurso, mas ficasse atenta ao sincronismo e coerência das ideias, que eu, por mim mesma, iria saber caminhar e escolher as rotas e os companheiros de viagem, bastasse estar de olhos abertos e aproveitar a viagem. Exatamente o que fiz. Á essa pessoa generosa e sincera, devo minha passagem de sucesso por aqui, me ajudando a fazer do limão, a limonada.
Não é o objetivo desse texto … mas vale a pena deixar claro que não é com “bondade” que se combate a “maldade”. Muitos profissionais de bem se equivocam, porque acham que poderão mudar a índole do líder e fazê-lo se transformar em alguém do bem. Não. Nesse caso, seria como oferecer um abraço a um assaltante com uma metralhadora apontada para sua cara. Existem técnicas para se combater a maldade, sem se transformar nela. Sem ser ingênuo e correr o risco de sair doente e impactado. Mas isso é conversa para outro texto, que já está no forno. Vamos pensar juntos !!!
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