Tem algumas perguntas que, porque não têm respostas imediatas, ficam circulando na mente durante um bom tempo. É o que chamo de perguntas-presentes.
Talvez a pessoa que te fez a pergunta não se deu conta da
profundidade e de como mexeu com emoções dentro de você, até então adormecidas.
Talvez tenha “perguntado por perguntar”.
É por isso que acho o máximo e vejo o sincronismo da vida nesses pequenos detalhes, como tirar uma pergunta do nada e fora totalmente de contexto e, ainda assim, ser capaz de perguntar exatamente o que tem que ser perguntado, entendido e respondido. Nesse momento, é importante voltar para o corpo, guardar a pergunta e seguir a vida. Deixar a pergunta vagar dentro de você por um tempo, até que a resposta ressurja (sim, porque no fundo ela já está ai dentro somente esperando o momento exato de emergir). Mas no final do dia, já em casa, essa pergunta voltou com força total e eu fiquei me questionando se não seria de fato “muito investimento”. Estava eu, sendo muito arrojada, ainda investindo na mesma causa, da mesma forma que antes? Não seria mesmo o momento de ser mais conservadora, até por proteção e economia de tempo? Ou talvez, um meio termo, o perfil moderado que falamos da última vez. Para que investir em algo que já se mostrou ser de baixissimo retorno? Foi assim que comecei minha semana, calibrando a minha régua com as pessoas, com o tempo, com o empenho, entendendo que tudo não se pode e que vamos ou deveríamos ir até um certo ponto. Confesso que nos primeiros dias, o condicionamento de toda uma vida falou mais forte, mas ai aquele trigger, o famoso limite, o divisor de águas que sempre atua, deu as caras, me lembrando, me perguntado se não seria muito investimento. Hummmm. Não seria muito investimento? E fui me surpreendendo, em situações muito simples, de ver como realmente é muito investimento para pouco retorno, um desperdício, e você vai se desligando, ou melhor se permitindo, se liberando desse “dom”, desse compromisso.
Realmente é o momento certo? Você
tem que investir, tem que escutar, tem que ajudar? Não, você não “tem que”
nada. Muito pelo contrário, o esperado é que você foque nas suas prioridades e
caminhe, siga adiante. Estranho eu estar escrevendo tudo isso, justo eu, mas no final do
dia, é muito libertador, se autorizar a não “ter que” nada. E mesmo no meio
desse laboratório todo, surgiram situações que me fizeram investir, e foram
muito proveitosas e ricas. Mas o momento é mesmo de transição, de sair da “linha
de montagem” da ajuda, para ajudar somente quando se tem um chamado especial,
quando está conectado a algo mais significativo. Quando tem mais a sua cara. Quando vale a pena!
E tudo vai se encaixando e aparecendo do nada, parece mágica, quanto mais você vai mergulhando no seu próprio Universo, mais a vida vai fazendo sentido e o que tem que ser seu, vai se aproximando. Você começa a não mais se identificar com algumas atitudes daquela pessoa que você era antes, no início dessa caminhada. Ainda bem. É o que eu chamo de "passar de fase". Parece que está tudo mais leve e mais forte, parece que tudo tem mais sentido, você não faz mais apenas por fazer, você vê sentido no que está acontecendo ao seu redor. E o detector de "pessoa que vale a pena" parece que se regenera e fica afiadíssimo, você já não cai mais em qualquer roubada. É o que estou estudando muito e com afinco, o lance dos mecanismos de defesa e como as pessoas se utilizam deles, são quase que automáticos. Também a transferência e a contra-transferência, ahhhh e a projeção. Esse Universo fantástico da psicologia e todos os seus desdobramentos. Estava eu aqui no último texto conectando com a análise experimental do comportamento e agora já estou eu aqui conectando a abordagem psicanalítica. Não tem como não repetir e repetir que esse sim é o meu grande laboratório e a melhor oportunidade da minha vida. É o patrocínio dos patrocínios. Sei que não será eterno, mas torço para que dure mais um tempinho. Crossing my fingers !!! Um pouquinho de superstição faz parte, pelo menos no início dessa jornada. Meu laboratório a ceú aberto.
Tem lá seus efeitos colaterais, é verdade, tenho que admitir, e, talvez, o que mais atrapalhe
seja a ansiedade. Vontade de ir mais depressa, de chegar lá mais rápido e de logo
já estar exercendo outros dons. Meu primeiro raio que sempre aflora e dá sinal de vida. Mas exige uma construção prévia, muito estudo e
horas de dedicação, então sei que não é assim, que tudo tem seu tempo. E que
preciso ainda estar onde estou, ao mesmo tempo que vou construindo esse outro
lugar. Porque não é qualquer lugar. Não é um lugar de encaixe, mas é o meu
lugar. Espero que um lugar, patrocine o outro, e que o Universo se encarregue
de sincronizar os acontecimentos da melhor forma. E agora, já estou aqui esperando a campainha tocar e entregarem “Infinite Jest”. 😊 Eita, segura a ansiedade!!!
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