Após muitos anos atuando em multinacionais de tecnologia, em cargos de liderança, decidi transformar minha escuta — que antes orientava profissionais e equipes no ambiente corporativo — em escuta clínica, através da psicologia e da psicanálise.
Ao longo da minha trajetória como executiva, tive o privilégio de liderar equipes diversas, formar novos talentos e ser reconhecida como uma mentora presente, disponível e comprometida com o crescimento humano. Sempre busquei construir ambientes mais respeitosos, colaborativos e saudáveis, mesmo diante das contradições, pressões e desafios que fazem parte da vida corporativa.
E é justamente por conhecer esse mundo de dentro, com suas regras não escritas, jogos de poder, disputas silenciosas e exigências muitas vezes desumanas, que escolhi dedicar meu trabalho clínico a acolher pessoas que sofrem nesses contextos.
Presenciei, ao longo dos anos, muitas formas de sofrimento emocional que não cabem nos relatórios de desempenho: profissionais altamente competentes vivendo sob constante medo de errar; pessoas adoecendo em ambientes de assédio moral ou sendo silenciadas por culturas organizacionais que premiam a obediência cega e punem a autenticidade. Vi relações marcadas por bajulação, manipulação, exclusão e injustiças que, com o tempo, corroem o entusiasmo, a criatividade e a saúde psíquica.
Fui, sim, atravessada por muitas dessas dinâmicas — ainda que tenha conseguido seguir em frente, abrir espaço e construir um caminho sólido de liderança. Escolhi, ao longo da minha trajetória, sublimar boa parte do que me impactava emocionalmente transformando isso em ação, escuta e apoio aos que estavam ao meu redor. Aconselhei profissionais que sofriam em silêncio, incentivei desvios corajosos de rota, ajudei muitos a não se deixarem capturar por ambientes adoecidos. E, embora tenha vivido conquistas marcantes e momentos genuínos de transformação, também me decepcionei. Em alguns momentos, fui surpreendida negativamente por pessoas a quem dediquei meu cuidado, o que me ensinou — às vezes de forma dura — sobre a complexidade das relações humanas em grupo: os jogos inconscientes que se repetem, os medos que paralisam, os desejos que nos movem.
Hoje, escolho continuar esse cuidado em outro espaço: o da clínica. Um lugar onde a escuta é profunda, onde há tempo, silêncio e presença. Onde o sofrimento pode, enfim, ser nomeado — e transformado.
Minha proposta é oferecer um lugar de escuta, acolhimento e elaboração para adultos que enfrentam ou enfrentaram o sofrimento no ambiente de trabalho — seja por excesso de pressão, sensação de desamparo, conflitos éticos, dificuldades de pertencimento ou traumas relacionados à sua trajetória profissional.
Trabalho com base na psicanálise, uma abordagem que convida cada pessoa a compreender suas experiências mais profundas e a encontrar caminhos possíveis, respeitando seu tempo, sua história e sua singularidade.
Se você sente que algo no seu percurso profissional deixa marcas difíceis de carregar sozinho(a), saiba que há espaço para colocar em palavras, compreender e, quem sabe, sublimar.
A escuta clínica não apaga o que foi vivido — mas pode ajudar a transformar a forma como se vive a partir disso.
Seja bem-vindo(a).
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