A cada dia que passa, percebo e reforço que temos realmente
que cuidar da gente. Focarmos em nós mesmos e nas nossas próprias prioridades.
Como se todo o resto estivesse ali apenas para compor o contexto e ser pano de
fundo. Fazer parte. Mas o foco principal é o individuo e o que ele faz para se
satisfazer, suas próprias necessidades, seus próprios interesses. Suas ações e
todos os seus posicionamentos são sempre unilaterais, não importa o quão
incoerente possam parecer ao longo dos anos. Mesmo que tenha defendido uma idéia
e hoje esteja defendendo o extremo oposto, não importa, porque existe sim uma
coerência. A lógica é satisfazer suas vontades no momento presente e para isso
sempre encontra-se justificativas e sempre nos é possível montar uma história e
justificá-la.
Por isso sempre nos surpreendemos com as pessoas e com a
despreocupação em serem coerentes e corretos na opinião pública, isso não
importa e nunca é levado em consideração. O foco é o individuo e se puder obter
bastante vantagem e sucesso material fica ainda melhor, porque as
justificativas, para quaisquer que sejam suas ações, sempre encontram asilo e
embasamento, param de ser alvo das críticas e dos questionamentos e passam a
ser inclusive “exemplo” para os demais.
Nesse sentido, me classifico não como ingênua, porque não é
uma visão que formei agora e que não me chamou atenção antes, mas me classifico
como idealista. Essa é a melhor palavra para definir minha trajetória até aqui.
Essa minha tendência para idealizar a realidade, projetando-a de maneira ideal,
imaginária, perfeita. Como se eu pudesse transportar as melhores práticas dos
livros de administração para a vida real, como se eu pudesse implantar a “humanidade”
em uma platéia que já deixou de ser humana faz muito tempo. Como se eu pudesse
despertar valores adormecidos em uma sociedade sedenta pelo sucesso financeiro
e imediatismo. Sim, loucura, louca sou eu, tentando, impactar e mudar o que já
está imutável, pelo ambiente que vivemos.
Sei que os valores não são os mesmos em todos os grupos e
sociedade. São construídos pelos anos e pelas batalhas enfrentadas pelo
grupo. Isso porque os valores morais são
baseados em diversos fatores, como cultura, tradição, cotidiano, religião e
educação de determinado grupo. No entanto, existem alguns valores que são
apresentados como “universais”, pois estão presentes em quase todas as
sociedades do mundo por serem considerados importantes para um vida social
harmoniosa. Por exemplo: liberdade, igualdade, respeito, educação e justiça. E
aqui sempre volto na justiça, palavra que sempre me aparece, perseguida pela
ideia de justiça e por tentar praticá-la o tempo inteiro, mesmo sabendo desde
muito nova, que a vida não é justa. Eu insisto em achar que é justa, que demora
mas não falha. Bom, mas isso é assunto para outro texto. rs
Não querendo ser a “dona da verdade”, mas também não
querendo simplesmente conviver e aceitar que rodamos em um grupo sem valores
básicos, eu me vejo solta em um lugar muito distante daqui. Não tendo os mesmos
desejos e não valorizando os itens materiais que todos almejam e valorizam.
Tentando simplesmente sobreviver e quem sabe encontrar o meu grupo, pessoas que
também compartilham valores básicos, como cooperação, honestidade, justiça,
ética, sei lá. A tal vida que vale a pena ser vivida. Tentando encontrar o meu grupo. O grupo ao qual pertenço e ao qual me identifico. Soa
algo arrogante agora, como se eu estivesse me colocando em outro patamar, mas é
apenas uma constatação, de maneira muito humilde, de que o que norteia esse
grupo que hoje faço parte, não me completa e não me representa. Essa
sobrevivência pela sobrevivência, esse ir levando a vida, não importando quem eu sou e o legado que deixo, definitivamente não é para mim. Essa adaptação a
tudo, mesmo que considere errado, apenas para não perder a oportunidade de
realizar e obter itens materiais. Essa relevância desproporcional à entrega, esse olimpo todo. Muito holofote. Prefiro estar em uma lugar com menos glamour, mas com mais sentido, prefiro estar fazendo diferença para o mundo, entregando valor para as pessoas. E não simplesmente me apossando de um alto cargo e aproveitando desse status para seguir.
Definitivamente não é para mim.
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