Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Minuto!

 

Escrever o tempo todo. Quando se tem muito a dizer.

Não interessa se aconteceu ou não. Interessa se é usado pelo paciente ou não.

Ninguém escreve para buscar fama, escrevemos para satisfação interior.

Ninguém consegue escrever, criar uma teoria, que não fale de si mesmo. Toda teoria é uma confissão pessoal do autor.

Tudo que Freud escreveu passa por ele mesmo, por exemplo.

Não é a dúvida que te enlouquece, e sim a certeza.

A dúvida é libertadora, abre espaço de libertação e de criatividade.

Para o tratamento psicanalitico acontecer tem que ter o Outro.

Eu tenho que colocar o meu sintoma no outro.

O Outro para quem endereçar suas questões.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Carta de Esclarecimento! Impossível seguirmos adiante dessa forma!

Olá, Difícil escrever o que eu quero lhe dizer. Vou tentar. Se eu pudesse resumir em uma frase o que gostaria que você entendesse é: a conta não fecha.

Vou tentar explicar:

Pelo lado profissional, estou em uma fase de muito trabalho. E sendo cobrada em ajudar ainda mais. E não sei se estou sendo leviana ao dizer isso, mas tenho uma sensação de estar “sozinha” na área. A minha liderança é disponível, mas fraca e distante dos problemas do dia a dia, então fica difícil fazer uma contribuição real. Aliado à esse contexto, tenho uma preocupação, nesse novo nível de carreira, de pensar onde poderia agregar mais, ter ideias novas e etc. Eu me cobro muito. E claro, que tenho a metade do copo cheio, porque todos os meus liderados (ou quase todos) super me apoiam, nunca me negaram ajuda e sempre patrocinam muito o meu trabalho. Mas ainda assim, preciso aumentar os meus conhecimentos, comerciais e financeiros e falta budget. Estou estudando, mas é esquema “tabajara” mesmo.

Pelo lado pessoal, com o crescimento das minhas filhas, a preocupação muda de lugar. Hoje tenho muitas tarefas junto a elas. Tenho também de prover e cuidar da estrutura da minha casa e etc. O meu marido super ajuda, mas viaja muito, é responsável pela américa latina, é de um país a outro, uma loucura, então acabo carregando mais o piano. Final de semana é ainda mais puxado e cada vez tenho menos tempo de dedicar a algumas coisas. Supermercado, exames, comprar coisas, lazer para as meninas, família, compromissos sociais, etc. Fora isso, tenho uma família grande, um inventário rolando com alguns conflitos, depois do falecimento do meu pai. Sinto uma ausência enorme da minha mãe, que mora em outro estado, e uma sensação de que o tempo está passando, etc. Ainda nesse contexto, tem o peso extra que é a família do meu marido e a postura dele em relação a eles, todo o cuidado e tempo que exigem, o que não deixa de sobrecarregar. O lado financeiro é muito bom, sou privilegiada, mas ainda assim com tanta ajuda que damos, doações, me questiono algumas vezes, espero que as instituições façam jus ao nosso empenho, porque deixamos de investir em algo próprio para poder ajudar ainda mais e mais.

Pelo lado profissional, Você estava, de certa forma, sendo um apoio. Uma troca de energia, de vontade, de paixão pelo trabalho, etc. Um ponto que mudou é que antes, dedicávamos tempo, falando sobre trabalho, etc. Então isso, por si só, era uma alavanca profissional. Muitos problemas e questões podiam ser melhor entendidas e essa troca, muitas vezes um bate-papo apenas, acabava ajudando a ter ideias e resolver as coisas. Agora, não falamos nada de trabalho, porque parece que virou crime, falar de uma reunião de trabalho. Virou crime falar de um contrato, projeto, de um documento, etc. Espero que entenda. Algo que contávamos fazia sentido com algum tema que eu ou você estávamos tratando diretamente, algo que vc comentava, tinha conexão com que eu estava investigando e vice-versa e essa “sinergia” nos ajudava e etc. Depois começaram as limitações, dependendo do nome que eu pronunciasse, já dava problema, se eu perguntasse algo de trabalho antes do “bom dia” ou se mudasse o assunto de um tema pessoal para um tema profissional, virava outro problema. Se eu comentasse algo em caráter confidencial já imediatamente gerava ações suas, satisfações e etc. Ou seja, perdemos ou talvez enfraquecemos a sinergia de trabalho. E, vamos combinar, apesar de uma certa proximidade, o que nos une é o trabalho. Sempre foi, até porque o contato que temos é em horário comercial e nos escritórios. E tudo bem! 

Pelo lado pessoal, você deveria agregar em tudo isso e nossa convivência nos fazer bem reciprocamente, mas passou a não ser mais assim. Virou quase que uma "posse" velada. Claro, já falei isso a vc diversas vezes, dado o meu cenário, não tenho também tempo disponível, rouba parte do meu tempo ou melhor, que eu invisto parte do meu tempo nisso, tempo que muitas vezes não tenho. Não é uma reclamação. Não entenda assim. Mas coisas que eu resolvia em horário de almoço, por exemplo, agora esses horários são compartilhados também contigo de alguma forma. Até aqui tudo bem, porque faz parte, um momento para relaxar, trocar ideias e se energizar. Então não seria “roubar” tempo mas “investir” tempo. O problema maior é que você passou a "exigir", então o almoço passou a ser obrigação e não diversão. Então o que era para ser algo leve, descontraído e sem regras, tem se transformado em algo pesado, pensado, analisado e sempre com muitas considerações e relembrando histórico, tipo terapia. Então passou a ser um item na minha lista de “TO DOs”. Um momento de pensar para falar, de analisar o contexto, questionar o que o outro traz … um momento de, ao invés de conversarmos apenas, focarmos no presente, sem pretensão de coerência total ou de conteúdo. Deveria ser apenas jogar conversa fora, passamos a falar mais do passado, suas intermináveis perguntas, do que já foi,  de buscar todas as incoerências o tempo todo … sei lá, um esquema muito detetive ou GPS e etc. Insuportavelmente chato. Peço desculpas por ser tão sincera. Mesmo cada um sendo de um jeito … cada um com suas necessidades especificas para se sentir confortável e seguro … ainda assim, ficou pesado demais, ai sim, comecei a perder tempo contigo e não ganhar tempo contigo.

OK. Até aqui, talvez nada seja novo, já falamos tudo isso, de várias formas e em vários momentos. Esse contato, mesmo que no ambiente de trabalho, tem sido bem esgotante para mim.

Na tentativa de te responder o que então mudou nessa "amizade", que eu prefiro chamar de "coleguismo"  … todo esse contexto faz com que eu não seja mais a Menina corajosa e espontânea do inicio. E você não é mais o Menino divertido e que sabe das coisas do inicio. O que percebo é a migração clara de tudo o que tínhamos profissionalmente (e que nos aproximava pessoalmente) para o que temos pessoalmente (que nos afasta profissionalmente). Acho que ficou confuso, mas tenho a impressão (posso estar errada) que vc está confundindo as coisas, é confesso que é meu medo. Porque sempre deixei bem claro, que somos colegas, ok. Qualquer interesse além disso, é bem improvável da minha parte.

Não quero dizer que o profissional seja mais importante que o pessoal, mas é o que temos e deveria nos aproximar. Seria esse o diferencial que temos. Somos colegas de trabalho! Amizades surgem também no trabalho, mas leva mais tempo! Essa ansiedade em fazer essa amizade surgir, acaba por prejudicar o ritmo natural das coisas.

Na minha visão (e não preciso estar certa) temos uma proximidade e admiração profissionais, que nos permitem aprofundarmos em alguns temas pessoais, ainda superficiais. E não o inverso, somos super próximos pessoalmente e daí tentamos nos ajudar profissionalmente. Não sei se vai me entender, mas conhecer alguém pessoalmente leva tempo, amizade é conquistada, construída, tem a ver com afinidades e tudo mais. Não é um click e pronto já está lá.

Quanto mais falamos, pior fica, porque a cada dia, tudo é menos natural. E o resultado de tudo isso é que perdermos a sinergia, ao invés de nos potencializarmos unindo forças, nos destruímos. Fico mesmo sem paciência e acabo mesmo desaparecendo no horário do almoço, é verdade quando você diz que fico evitando.

Porque a ação de um, impacta o ânimo do outro e ai, dispendemos mais energia para nos refazermos e explicarmos os “maus entendidos” do que para gerar coisas novas e desafiadoras. Uma maluquice. Um ciclo vicioso, nada virtuoso.

E com a vida que temos e as responsabilidades que temos, não poderíamos nos dar o luxo de gastar essa energia, é um desperdício, porque ela faz muita falta depois para outras coisas.

Então perdemos pelos dois lados, profissionalmente, porque não nos ajudamos, perdemos o foco no trabalho. Hoje, parece crime usar o tempo que temos para falar de trabalho. Pessoalmente, porque não nos ajudamos também, fica muito forçado, mais discussões, é burrice. Não sei se passa o mesmo com você! 

Então, dada toda essa pressão, está bem estranho, fica difícil a convivência, nem torcer um para o outro, torcemos mais. O que me parece insano também: só queremos dividir nossas frustações e sermos profissionais confiantes e pessoas melhores, fortalecer a carreira e como pessoas, quem sabe. A sua personalidade tem muito a ver com tudo isso, porque te vejo possessivo, querendo sempre estar certo, arrogante em alguns momentos e grosseiro. Complicado! Enfim, seria legal deixar fluir, sem expectativas. Mas isso fica apenas na teoria, porque na prática, me parece uma competição, um jogo que no final terá apenas um vencedor, eu me sinto sufocada, vigiada. 

Tem também a personalidade de cada um de nós. Falo por mim, sou incoerente muitas vezes, você repete isso o tempo todo, cansativo, posso não saber agora tudo o que quero da minha vida, mas tenho clareza do que não quero (tanto para a minha vida pessoal quanto profissional). E definitivamente, não estou a fim de perder tempo com o que não me dá prazer, que não faz sentido. Aliado a tudo isso tenho os meus valores e princípios. E mais, particularmente, tenho uma busca pela superação das minhas muitas limitações, que é interna, que é minha. Ou seja, você não é terapeuta e mesmo que fosse, não estou atrás de nenhuma terapia … Tenho algumas feridas abertas, algumas cicatrizes ... quem não … Mas quando olho para trás e vejo a minha vida, gosto do que construí, me sinto feliz, me sinto amada, me sinto próspera, etc. Tenho as pessoas certas ao meu lado. Tá tudo certo. Tá tudo bem! Sou bem humorada e me divirto até com minhas inconsistências, faz parte do processo. Não quero chegar a lugar nenhum, estou curtindo a travessia, meu foco é em viver. Estou vivendo, detesto esses mil planos futuros e perguntas, parece que estou em um entrevista constante ao seu lado. Entendo que você é ansioso e que vive pensando no futuro. Eu não, até tenho meus planos (privados) mas gosto de viver o aqui e o agora.

Misturando tudo isso, fazendo as contas, já que somos de Exatas, noves fora zero, os riscos e esse investimento estão desproporcionais ao retorno. E a conta não está fechando

E o que eu gostaria agora de pedir? Sei lá, não tenho a fórmula correta para que a conta feche. Mas conheço algumas das variáveis necessárias nessa fórmula: cautela, sabedoria e maturidade, qualidade de vida, evitarmos descarregarmos as nossas frustrações pessoais no outro, que essa "amizade" (eu usaria coleguismo, mas já sei que você não tolera essa forma de eu colocar) não se torne a tábua de salvação dos nossos problemas, que tenhamos também foco na troca profissional, e por ai vai, etc. E também temos outros protagonistas nas nossas vidas. A lista é enorme, poderia ficar aqui por horas escrevendo todas as variáveis/ações que se fazem necessárias, mas acho que, ainda assim, essa lista não seria conclusiva. Parece que ela se retroalimenta diariamente e viraria algo sem fim, sem solução, sem luz no final do túnel. Estou exausta.

É como terapia, quanto mais fazemos mais precisamos dela, parece vício, porque se focarmos nos problemas, só problemas encontraremos pelo caminho. Enfim, se existe um pedido principal seria que a gente desista de estarmos certos e concentremos apenas em seguirmos. O que me parece é que a "admiração" que vc relata que sente por mim, se transformou numa quase obrigação de convivermos. 

P.S: Confesso que receio quais serão os desdobramentos que ainda vão rolar. Fico cansada só de pensar em reflexões futuras pós envio desse email. Meu Deus!!! As vezes me pergunto porque, ainda assim, insisto em escrever, porque já te escrevi vários textos muito parecidos a esse. Mas essa com certeza será a minha última tentativa, ou amadurece ou fim. Não sou a dona da verdade, mas segue aqui meu desabafo, e saiba que os meus erros não são intencionais e minhas ações/atitudes não são premeditadas. Estou cansada de ficar pensando no que posso ou não dizer. Se não tem nada a ver para você o que escrevi, é fácil, reescreva. Zero problema. Após tantas considerações posso apenas afirmar, com 100% de certeza, que: te quero bem. E te peço encarecidamente para que você leia detalhadamente e de fato reflita. Essa é minha última tentativa.

Junho de 2007



Pense sobre ...

 

- Você está confortável em seu corpo, tem saúde, sente e sustenta o prazer e a alegria?

- Consegue manifestar seus dons, se realiza profissionalmente e tem prosperidade?

- Conhece sua historia desde o nascimento e como ela atua na sua vida atual através das repetições negativas?

- Estabelece relações afetivas de qualidade e profundidade?

- Sente paz e equilíbrio no seu dia a dia?

- Reconhece-se como um ser integral que possui todas as qualidades necessárias dentro de si e que é responsável por tudo que lhe acontece?

- Sente se protegido, abençoado e agradecido de estar aonde está?

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Despedida: Passou rápido demais! Trabalho; fazer o que ama; finalidade e propósito.


 

 

São Paulo 08 de agosto de 2022.


Foto: 02/Fev/2002  Essa aí da foto, sou eu, 20 anos atrás, ao ingressar nesta empresa, já com experiências anteriores em empresas familiares, em empresas nacionais e em outras multinacionais. Ainda assim, sem saber ao certo o que iria encontrar nesse lugar ... idealista, apaixonada, cheia de sonhos e motivada ao extremo. Lembro desse dia como se fosse hoje! Como sei que vou me lembrar de hoje para sempre! São marcos na vida profissional capazes de registrar uma mudança, uma fase, evidenciando o quanto vamos crescendo, mudando, experimentando, indo de uma passagem a outra, direcionando melhor nosso foco e motivação!


  20 anos! Parece que foi ontem! Bem difícil saber o que escrever nesse momento. Principalmente porque estou tentando fugir das frases feitas e do teatro inerente a esses momentos que sempre vejo nas despedidas postadas nas mídias sociais. Eu pedir meu desligamento era algo inimaginável, dada minha paixão e vínculo muito fortes com esse ambiente, era algo muito distante e de repente foi ficando tão perto. Claro! teve um empurrãozinho, desses que acontecem com frequência no ambiente corporativo, quando você decide não fazer parte do que não concorda. Mas, ao longo desses últimos anos, fui também me envolvendo com outros temas, outras pessoas, estudando muito e me interessando por outros lugares, então sair foi se transformando na decisão certa a ser tomada, foi fazendo total sentido... a vida passa mesmo rápido demais.

O mundo corporativo em si não é bom, tampouco ruim, ele simplesmente é o que é! Mas os profissionais sim, fazem a diferença entre se ter um bom ambiente de trabalho ou um verdadeiro filme de terror. Tenho sim muito a agradecer, pelo meu desenvolvimento, entrei muito nova no mercado de trabalho, aprendi muito tecnicamente, e aprendi muito em como agir, passei por diversas situações. As boas, aqueles momentos incríveis que passei, com viagens incríveis, diversas culturas, com projetos diferenciados, inovações, temas multidisciplinares, em clientes de ponta e com equipes muito tops, mas também as ruins, aquelas fases em que você conhece o pior das pessoas que estão a sua volta e você entende que a grande maioria são apenas colegas momentâneos e líquidos e que, assim como você, estão nesse jogo da sobrevivência, portanto impossível exigir sinceridade e coerência deles. Tudo no mundo corporativo é muito fluído, um dia nunca é igual ao outro. As pessoas mudam de uma hora para outra, como trocam de roupa.  O que eu aprendi de mais importante é que “nada é o que parece” e que “a vida sempre continua”. Se eu pudesse agradecer o melhor dos skills que o mundo corporativo evidenciou em mim foi a coragem, viabilizando sempre seguir em frente “apesar de”. Fiz o possível para não ser ingênua e cair em armadilhas, e fiz o possível para tentar manter alguns valores, mas eu diria que é uma missão árdua, porque todos os dias existem as “minas” espalhadas pelo caminho. Você tem que sempre olhar os fatos sob diversos prismas, muitas vezes tentar entender a “sacanagem” que fizeram contigo ou que estão fazendo com o colega do lado, aceitar ou fingir que aceita, como sendo algo justo e correto, e que se não te envolve diretamente, não te diz respeito. E mais, você tem que aprender a se envolver sem se envolver, você tem que “atuar”, mas, além do teatro, é claro, se o problema não é sua responsabilidade direta, não deve se importar. Se não consegue, basta fingir, dá no mesmo.  E na verdade, vamos combinar, “é só trabalho”.

As pessoas vêm e vão e os cargos também. A única coisa certa é a mudança. O melhor é enxergar o mundo corporativo como um jogo: quem não conhecer as regras e não se interessar pelas estratégias dos demais, sai perdendo. E mais, você tem que querer jogar, não há espaço para quem quer apenas trabalhar, aprendi na prática que não funciona, você tem que jogar. Estar sempre atento às jogadas dos demais e atento ao tabuleiro e aos posicionamentos de todos os demais jogadores. Esse jogo é um exercício complexo, é necessário e contínuo. Quase nunca justo. Optar por não jogar, infelizmente, tem lá suas consequências, sei bem do que estou falando.

Acredito que não se trata de uma empresa ou outra, claro que vejo diferenças significativas, sejam pelos propósitos, pela responsabilidade social, pelas políticas, pelos procedimentos. Mas, infelizmente, existe muita maquiagem em tudo isso. Trabalhei em algumas empresas, todas grandes e digo com convicção que o discurso é muito distante da prática e mais, que muito do que acontece depende diretamente da pessoa do líder. Hoje digo que, em alguns momentos da minha carreira, dei sorte. Isso mesmo, não deveria ser assim, mas trata-se de sorte. Ainda existem bons lugares para se trabalhar e com líderes preparados, não é a regra, são poucos, mas existem. Por isso digo que dei sorte, porque logo no início e, ainda bem que foi no início, encontrei alguns poucos bons líderes e eles fizeram a diferença na minha vida profissional. Assim pude entender o que estaria por vir e desmistificar várias crenças que eu trazia do ambiente acadêmico.

Um grande mito que eu trazia da faculdade de tecnologia é que o mundo corporativo é para pessoas inovadoras. Deveria ser, mas não é. Vivi isso na prática, de maneira bem didática, porque foi justo ser inovadora que me tirou algumas das grandes oportunidades e possibilidades de carreira, já que o perfil esperado era sempre de continuidade. Pra que fazer diferente se podemos fazer igual ao que sempre foi feito? Então muito cuidado! Grande parte da liderança não quer mudar, não sabe mudar, não gosta de mudar, não está preparada para mudar, muitos "líderes" não querem se arriscar, gostam da mudança apenas na teoria e nas palavras, a inovação é constante no discurso, mas não na prática. Convivi com muitos profissionais que apenas surfavam a onda da inovação até chegarem no topo, mas a partir daí, quando passavam a liderar o time, imediatamente desligavam a máquina de fazer ondas, para retardar o processo e para que nenhum inovador aparecesse assim de surpresa. Melhor comprar empresas menores e deixar ali a inovação, dentro de uma bolha que se consegue controlar, como um serviço a ser usado, sem que perturbe a ordem, rs, a sua ordem. Aprendi que lugares onde a liderança "nasceu" na empresa e está ali faz muitos anos, tem baixíssima chance de se transformarem em inovadoras de verdade e na prática. Inovação é Mudança, não se desconectam sequer por um minuto, mexem no status quo e, portanto, apesar de publicamente ovacionada, intimamente a mudança evoca a resistência. Aprendi também que muitas vezes sua competência não é valorizada como deveria porque ela evidencia a incompetência de um colega ou, pior, de um par ou mesmo do seu líder direto. A sua capacidade de mudar, de inovar, a sua competência se transforma no "super ego" dos demais profissionais amedrontados com a mudança, você se materializa como o superego do seu líder direto. Muitos desses tipos não têm um equilíbrio saudável entre vida profissional e vida pessoal e sua identidade está apenas no cargo que ora ocupam e não no conhecimento. E são ingênuos em pensar que são "imexíveis", porque, cedo ou tarde, passarão pela esteira como todo e qualquer outro profissional ... é questão de tempo e dos vínculos. O problema é que esse tempo, que no mundo globalizado de hoje, não se tem sobrando, acaba se transformando em "perda de tempo" e tendo um poder de destruição enorme, de metas, de sonhos, de inovação, de mudança e vai requerer mais tempo ainda para reconstrução, no eterno vai e vem.

Outro ponto que acho que entendi é que o talento é suficiente, que com competência se consegue tudo ... Só que não. Puro engano. Competência é imprescindível, mas não é garantia de nada. Pelo contrário, pode ser que você seja visto como uma ameaça, um sucessor imediato, um impostor. Então ir com calma, para não assustar na largada, foi um dos meus aprendizados ao longo dessa caminhada. Tá bom, confesso, foi uma das tentativas de aprendizado. rs. Mas só ir com calma também não é garantia, porque muitas vezes te exigem o que você não gostaria de fazer, você tem que “sacanear” alguém, porque, como me dizia um desses líderes que admiro, não dá para ser limpinho o tempo todo, você pode até escolher não ser tão sujo, mas quem é muito certinho não vai chegar vivo, porque é um jogo pesado por definição. As regras nunca são muito claras, você as vai descobrindo com as rodadas e esse jogo não tem juiz nem mediador, não tem certo ou errado, vale quase tudo.

Tem também o fato de que o seu líder sempre quer o seu bem. Eu diria que quase nunca é assim. Ele não quer o seu bem, ele quer o dele. Como os políticos, que tanto questionamos, que montam alianças dependendo do contexto. Acho bem parecido. O que me chamou atenção desde o primeiro momento é que existem muitos profissionais despreparados em cargos muito altos, talvez competentes tecnicamente (será?) mas altamente imaturos emocionalmente, como seus impulsos edipianos e suas reminiscências. Mas, independentemente de serem ou não preparados, uma coisa é fato, eles sempre pensam em si em primeiro lugar e durante o tempo todo, posso até me arriscar a dizer que muitas vezes não pensam nem na própria empresa, o que rege o comportamento é sempre legislarem em causa própria, se salvarem e manterem os benefícios, cargo e empregabilidade no mercado, narcisismo primário, Freud concordaria comigo aqui, rs.

É um ambiente recheado de treinamentos e eventos, contínuos e coerentes entre si, entendidos como capacitação, formação, como se a empresa estive de fato investindo nos profissionais. Os treinamentos técnicos com certeza, sou muito grata porque nesses anos pude fazer milhões deles, alguns que me marcaram profundamente, porque além de completos e cheios de conteúdo, completamente atualizados e necessários. Mas em muitos casos, não se tratam de apenas treinamentos, os treinamentos de gestão, missão, valores, liderança, avaliação, dentre tantos, seria até melhor chamá-los de "condicionamento", respondente e operante, Pavlov e Skinner com certeza teriam muito o que dizer. São ferramentas extremamente úteis de "consequenciar" os comportamentos, vão contribuindo para a consolidação da cultura, via reforçamento ou punição, que obviamente geram as fugas e esquivas ou, por outro lado, os contra-controles. Esses últimos são bastante engraçados e dignos de nota, porque, nos contra-controles, encontramos mais criatividade do que propriamente nas tarefas do dia a dia, os profissionais são realmente extremamente criativos e encontram sempre uma brecha para contra-controlar tudo, ou melhor, quase tudo.

O mundo corporativo não é para os tolos, são muitas variáveis envolvidas e você só vai aprendendo com o tempo. E nessa jornada, você vai ser, muitas vezes, pressionado a abrir mão de “ser você”, você vai se descaracterizando com o tempo, você vai se transformando. Lutar contra isso é inviabilizar totalmente sua carreira além de transformar a caminhada em um dia a dia bem trabalhoso e cansativo. Porque nesse jogo, tem-se os ataques. Muitas vezes, você se empenha muito e faz o seu melhor, mas no final, os méritos não ficam onde e com quem entregou os resultados. Acontece de serem apropriados por outros, na maioria das vezes, pelo seu próprio par ou líder. Já li muitos textos dizendo da importância do networking e de se fazer amigos na empresa, uma rede de contatos e que te suportará. Mas não é bem assim! No mundo corporativo, você não está entre amigos! Em um jogo desse tipo não se faz amigos! Ninguém suporta ninguém. Não é um jogo coletivo, embora o discurso o faça parecer, não se trata de um jogo de equipe, é um jogo individual, para você conseguir, o outro não deve conseguir. Não se iluda, não se confunda. Existem “acordos” que fazem sentido em determinado momento e em outros não. Não se trata de fazer amigos, mas sim de fazer aliados. Essas alianças tem prazo de validade. Qualquer expectativa além disso, seria frustração com data marcada. A parte trágica está no preconceito e nos estereótipos, as mentiras contadas continuamente e que se transformam em verdades e que, muitas vezes, interferem ou definem as regras do jogo, está também na criação da realidade pela objetivação e pior, na ancoragem em se dar nomes, classificar nas categorias e na naturalização através dos rótulos.

Outro ponto importante e que é um grande mito, é sobre o escopo de trabalho do RH, suas idiossincrasias, ele também não está ali para te acolher e ajudar, não é o RH com foco no profissional, o foco é sempre na empresa, ele está ali para ajudar a empresa, o foco não são pessoas, são os números, tem até profissionais ali bem intencionados, mas que também vão se transformando ao longo da caminhada. Hoje estudo sobre Psicologia Organizacional, uma das áreas de atuação dos psicólogos e tudo passa fazer ainda mais sentido, vejo o quanto esses profissionais poderiam fazer a diferença nas empresas, mas na prática, não o fazem, estão ali para preencherem relatórios e planilhas, muitos nem sequer são psicólogos, mesmos os que são psicólogos, estão ali para reproduzirem as falas combinadas e dar "credibilidade" e "independência" a uma área que claramente não tem alçada, não tem autonomia. Acredito que talvez estejam ali atraídos pela melhor remuneração do que em outras áreas de atuação da psicologia. Deixam o cuidar das pessoas para as clínicas. 

Coaching, feedbacks, avaliações de desempenho, 360 graus, testes psicométricos, testes projetivos, reconhecimento, tantas ferramentas poderosíssimas, fruto de anos de pesquisa e estudo de teóricos e profissionais de ponta! E que no mundo corporativo são entregues a profissionais totalmente despreparados, e que portanto, tornam-se apenas repositórios de projeções e transferências, apresentando mais a visão subjetiva do supervisor, servindo mais para justificar o que se quer demonstrar, do que propriamente para reforçar e alavancar competências e comportamentos. Costumo dizer que são ferramentas, principalmente as ditas 360, para formalizar e institucionalizar a amizade, para não dizer "puxação de saco". Como em todo e qualquer processo grupal, identidade social, discursos, ideologia e representações sociais, é sobre isso! Para quem não quer jogar esse jogo, digo que essas ferramentas podem ser extremamente úteis, prestem atenção nelas, porque evidenciam as panelinhas, fica bem fácil mapear quem é quem na empresa, ou melhor, quem está com quem na empresa. Deveriam ser avaliações sigilosas mas não o são! Nunca negligencie o poder de comunicação de uma rádio "corredor". Haja cafezinho! Aqui não poderia me esquecer de mencionar os canais de ouvidoria que as empresas sempre têm, querem um conselho? Fujam deles, não funcionam. Teoricamente bem desenhados para mediação de conflitos, promoção do diálogo, amplamente divulgados, mas na prática, simplesmente não funcionam. A ouvidoria ainda tem um longo caminho a percorrer para que o discurso seja transformado em prática e em ações concretas bilaterais. Acho que esses canais funcionam mais como placebo.

E o que falar das ações sociais, da cidadania, da responsabilidade ambiental, do voluntariado e das ações para ajudar a comunidade? Imprescindíveis. A responsabilidade social no ambiente corporativo permite que a empresa humanize suas práticas e enxergue além do crescimento financeiro. Nesse viés, consegue potencializar os vínculos profissionais com os funcionários, fornecedores e acionistas. O foco é sempre melhorar e propagar a sua marca no mercado de maneira “positiva”, como uma “empresa consciente”. Foram várias dessas ações que me encantaram ao longo desses muitos anos, porque trouxeram propósito e fizeram total sentido. Só que em alguns momentos, você se dá conta que o marketing associado costuma ser infinitamente maior do que os resultados das próprias ações. É o que me disse uma colega diretora em uma dessas iniciativas: “você faz uma formiguinha e fala que fez um elefante”. Acho que ainda temos muito para amadurecer, mas ainda bem que o mercado está cada vez exigindo mais e mais, eu realmente espero o dia, em que as ações serão infinitamente maiores que a propaganda. Até lá ainda bem que algo vem sendo feito.

Enfim, hoje poderia ficar aqui por horas, dando exemplos e descrevendo situações, inúmeras, muitas que eu mesma passei e muitas outras que eu assisti de camarote. Mas meu objetivo aqui é me despedir e agradecer, hoje agradeço a tudo isso! Parece insano, mas sou super grata a tudo isso, porque me fez mais forte e mais lúcida, consegui avançar sem deixar de “ser eu”. Tá, tudo bem! Talvez eu tenha perdido algumas coisinhas no caminho, mas ainda em tempo, agora, de recuperar e relembrar e voltar a ser. Não tem como né? Em um jogo, há sempre algumas cicatrizes de guerra, alguns impactos na sua saúde, infelizmente no meu caso, definitivos, mas quem nunca né? Até aprender, acabamos internalizando alguma coisa. Mas tenho para mim que tudo que é construído em cima da dor tende a ser forte. Como já dizia o poeta: “a gente fica doente para se curar ... do que a gente não é”. E não posso deixar de agradecer às inúmeras situações de realização e reconhecimento que tive na minha longa trajetória, até emociono ao lembrar de conquistas únicas e insubstituíveis, como algumas certificações e go lives memoráveis. Foi uma jornada incrível, de muito trabalho, dedicação e comprometimento, em que fui aprendendo a fazer escolhas, algumas difíceis e outras bem mais difíceis, das quais não me arrependo porque foram elas que me constituíram e me trouxeram até aqui:  e salva.

Não querendo iludir ninguém com frases de efeito que nós líderes somos treinados para utilizar (tenho um repertório gigante delas) mas por outro lado, também não querendo quebrar os sonhos de ninguém, digo que o lado bom, nessa reta final, tem sido acompanhar esses últimos anos, a chegada das start-ups e a entrada das novas gerações no mercado de trabalho, questionando todas as regras, as claras e as subentendidas. Esse tem sido um lado muito prazeroso e fico na torcida para que, de fato, não se deixem contaminar no caminho e sejam capazes de fazer as mudanças necessárias. A principal delas seria, na minha opinião, eliminar o teatro e tornar as regras do jogo claras e acessíveis a todos. Porque aí sim, todos teriam igualdade de condições em poder avançar, e que vençam os melhores, os mais preparados, os merecedores e não apenas os “jogadores”. Essa geração também joga, rs, joga na nossa cara que o sucesso está nessa harmonização da vida que levamos com os valores que cultivamos. Sei que o dinheiro é o maior motivador que existe (já diria meu mestre em comportamental), portanto a mudança é difícil e a contaminação esperada, ainda assim, acredito em um futuro bem melhor. Até porque já pude vivenciar enormes mudanças, eu me lembro do “dress code” imposto, definindo as cores das roupas, o corte de cabelo e até a altura da saia, sugestão de marca de relógio, dentre tantos outros padrões "executivos", eu me lembro da lista de delinquentes (era assim que chamavam os projetos que apresentavam desvios nos targets), da pirâmide rígida, da inacessibilidade, das equipes pouco diversas e inclusivas, da carga excessiva de horas no dia, das horas extras convertidas em cargo de confiança e o que dizer da maternidade como problema real na progressão de carreira. E poderia dar vários exemplos que não deixam dúvida que hoje temos um ambiente infinitamente melhor. Avançamos, é verdade. E com muito ainda a melhorar, muito mesmo, haja vista a quantidade elevada de casos relatados de impacto na saúde mental. Nunca antes na história, tivemos tantos registros no plano de saúde de doenças mentais, emocionais e psicológicas, parte porque se "aceita" melhor e grande parte porque é um ambiente gerador de muitos conflitos. Acho que se Freud vivesse hoje, ele chamaria a "histeria" de burnout. Certeza!!! Rs 

Saio feliz por ter me dedicado nos últimos anos a conversar com vários profissionais que sempre me procuravam, porque enxergavam parte desse cenário e não encontravam lugar de fala e não se sentiam pertencentes ou mesmo representados. Aquela limpeza da chaminé, a talking cure, como diria Anna O. para Breuer. Ou acreditavam tanto no teatro corporativo (temos executivos no mundo corporativo que colocariam qualquer ator de Hollywood no bolso), acreditavam tanto que todos estão bem e integrados e felizes e motivados (só mesmo os psicólogos sabem o que escutam na clínica) e se sentiam "errados" de alguma forma, desencaixados, não pertencentes. Conversas muito ricas, oportunidade para que eles pudessem ab-reagir se liberando dos traumas. E, eu diria que meu maior mérito foi transformá-las em conversas sempre muito divertidas. Taí, o humor é uma grande ferramenta para manter o equilíbrio e sanidade mental. Não dá mesmo para levar tudo muito à sério. Brincando pode-se dizer tudo, até mesmo a verdade.” já dizia Freud analisando a técnica por trás das piadas (chistes). Rs

E foi assim, nominando e dando sentido para cada cena desse teatro, que fui transformando significado em significante. Sábio Lacan! que cunhou essa espécie de algoritmo do sujeito, a crença em um saber no real, voltada para significar, a partir do significante que se impõe ao saber e o domina e, na verdade, te cura.

Não foram poucas conversas e não foram esporádicas. As conversas mais preciosas e que me marcaram foram as que eu sequer conhecia esses profissionais, mas eles me buscavam porque alguém comentou ou por alguma frase que falei em algum momento. Rapport na vida real! Essas conexões que acontecem e retroalimentam nossa coragem e abrem espaço para se ter ainda mais esperança.

Tenho duas histórias hilárias e marcantes na minha jornada, a da "telepatia" e a do "leite pasteurizado", dois memoráveis atos falhos. É muito interessante descobrir que, quando estamos falhando, na verdade, estamos acertando, rs. Descobrir que a mente age de maneira tão protetora é surpreendente! Através do ato falho, pode-se descobrir quase tudo, mas, para não fugir do assunto, depois faço um texto separado, garanto boas risadas. rs

Então me despeço desse ambiente corporativo, muito realizada, muito feliz pelo que ele me proporcionou, engradecida pelo poder que a "realização" tem em nos fazer sentir úteis e importantes, e claro, com alguns efeitos colaterais, mas viva, inteira, consciente do que vivi e de como sobrevivi (né Piaget?), como construí e fui construída pelo meio (Vygotsky e Wallon estavam certíssimos) e, surpreendentemente, tendo feito poucos, mas bons amigos nessa caminhada. E agora já pensando no futuro, desenhando esse outro lugar. Relembrando algumas paixões antigas e super grata pela caminhada. Minha gratidão vai muito além da minha capacitação e formação nessa profissão, o quanto a tecnologia transformou minha vida, sempre foi minha paixão de infância, e grata por todos os resultados que obtive, mais grata ainda porque indiretamente me ajudou na preparação para minha próxima profissão. Hoje, mais do que nunca, sei que essa caminhada foi um laboratório ao vivo e a cores, pude experimentar e conviver com vários profissionais com diversos perfis, os muitos Sniffys da vida real, com suas neuroses, psicoses e perversões com seus mecanismos de defesa específicos. Cada um em sua singularidade, mas envoltos na cultura empresarial que penaliza os que tentam escapar e os irreverentes e premia os que a defendem. Tantas sacanagens e protecionismos, muita maquiagem e falas vazias, vários cancelamentos, um ambiente muito rico em que vários aspectos e comportamentos saltam aos olhos, mas também com profissionais muito bons, valiosos, sábios, corajosos que me ensinaram muito. E também, foi um grande laboratório, para me conhecer, minhas limitações, minhas crenças, meus filtros, estereótipos, eu digo sempre que é uma jornada de autoconhecimento completíssima. Um presente! Ou seja, já poderia até entrar com a solicitação de dispensa do estágio obrigatório na minha nova graduação ... a Psicologia que me aguarde. Tá pago! Rs. 

Digo sem sombra de dúvidas que, ao final, é claro que você termina se tornando quem você é. Por isso, o que sinto é uma enorme gratidão! E ainda bem que existem outros espaços, outras pessoas, outras carreiras. Cada dia, passo a passo, vamos chegando mais perto! E o que realmente conta? O que está à nossa frente e para onde escolhemos olhar.

Despeço de mim mesma, sem querer "jogar o bebê com a água fora", foi uma experiência incrível, poderosa, que me permitiu informatizar e implantar sistemas e processos que fizeram um mundo muito melhor do que o que eu encontrei. Transformando os clientes, eu me transformei, mas também me permitiu mergulhar fundo nas questões humanas inerentes a toda essa transformação e a essa imersão no mundo corporativo e despertou em mim minha segunda paixão, a psique humana! Não tenho como não ser grata. E não poderia não mencionar o momento atual e a pandemia. Ou seja, sem contar todas as adaptações em alta velocidade que foram viabilizadas, dado a pandemia, os últimos 2 anos foram os mais intensos da minha carreira profissional. Pandemia essa que potencializou várias questões que eu já vinha observando e estudando, escrevendo sobre, fazia muito tempo e que emergiram com força total, cada um se mostrando como de fato era, sem máscaras. Nada como a noção de finitude para agilizar processos de cura planetária. Só lamento eu não ter começado antes nessa nova área de formação, pela qual sou apaixonada desde sempre ... mas ainda acredito que o Universo sabe o tempo das coisas e só viabiliza no momento certo!

Até logo! Foi muito bom enquanto durou. Foi incrível, eu diria inesquecível. Vou partir para mais uma oportunidade ainda em tecnologia, pois é, paixão não se discute, mas, logo logo, a psicologia entrará em cena!

E sempre que escrevo sobre, e nesse nível de clareza, muitos me perguntam se o mundo corporativo é tão ruim, por que estar nele? Aí teríamos que entrar no materialismo histórico dialético, melhor não, né? Eu prefiro responder com 2 reflexões. A primeira é que quando entramos não temos a figura completa e não enxergamos tudo isso, vamos montando ao longo do tempo, montar o quebra-cabeças faz parte do seu desenvolvimento enquanto profissional, como disse é um jogo e as regras não são tão claras e muito menos óbvias. Creio que a maioria não compraria a causa se já soubesse de antemão o que de fato rola e perderia a experiência. E nessa caminhada, de irmos descobrindo as regras por conta própria, vamos descobrindo quem somos e o que estamos dispostos a abrir mão. Construímos o meio e somos construídos por ele. E a segunda, porque optando por não ingressar nesse ambiente corporativo, uma boa opção seria empreender, ser autônomo, como posso fazer agora (logo logo rs), mas nem todos são empreendedores ou querem empreender. Talvez passar por aqui e enxergar tudo isso até te ajude a dar o próximo passo de maneira mais convicta, mais consciente, sem contar que o crescimento acontece pelos conflitos e pelas crises. E talvez, exista nesse mundo corporativo, alguma empresa mega diferenciada e que ainda tenha espaço e ambiente, que tenham propósito real e não só o de encher o bolso dos acionistas ... talvez ir atrás daquela empresa que desde nova eu diria que iria trabalhar, do meu ídolo de infância, que me inspirou tanto a tomar o rumo da tecnologia ... aquelas famosas letrinhas, vai saber ... mas a vida vai te levando por outros tantos caminhos, vamos ver o que me reserva. Então é o que é, o que importa é fazermos bom uso do que recebemos!

Por isso minha gratidão total ao que vivi, foi a melhor alavanca que eu poderia ter tido. Fora que, ao longo dos anos, vamos construindo coisas e tendo retornos, financeiros, reconhecimentos e satisfação profissional, "apesar de". Por isso sempre digo que não se trata de retratar, de relatar tudo isso para que os profissionais iniciantes no mundo corporativo, já na largada, desistam de estar nesse ambiente, pelo contrário, a intenção é contribuir, compartilhar, fazer a minha parte, para que os profissionais, reflitam, saibam como funciona, saibam se sair melhor do que eu mesma me sai e muitas vezes se proteger das figuras tóxicas e desviar do que não fará bem e não trará futuro, do que não vale a pena ser vivido.  Somos altamente responsáveis por fazermos as próximas gerações serem melhores do que a nossa geração. É uma passagem de bastão! É um mundo caricaturado e por ser assim tão exagerado, evidencia os pontos que realmente temos que prestar mais atenção. Ou seja, aproveitem muito todas as oportunidades, é um crescimento e tanto, muitas situações cômicas e outras tantas trágicas, mas o crescimento é garantido. Não é meu primeiro texto e com certeza não será o último. Sou encantada por escrever e o mundo corporativo é muito instigante e interessante, ainda tem muito por vir ... tenho um livro em andamento! rs

E mais ... o que me move, inspirar a todos a fazer a diferença, evocar a coragem, ser a mudança que você quer ver, mesmo que só na sua bolha e na sua alçada de atuação. O que está ao seu alcance. Não importa, cada um contribui da maneira que se tem. Exatamente o que fiz durante todos esses anos e o que me motivou a seguir em frente. E por essa forma de agir e pensar, claro, sou idealista e já fui muitas vezes para o "paredão", nunca eliminada da casa rs, mas dessa vez, é diferente, eu mesma peço para sair, com muita tranquilidade e humildade e estando muito empolgada com a próxima etapa que se inicia. Parece teatro? Você pode estar pensando, se chegou a ler meu texto até aqui, o que eu duvido, rs, que essa garota foi demitida e agora está aí posando de bacana dizendo que pediu para sair, daqui a pouco vai dizer que vai passar um ano sabático no exterior, acertei? Não, errou. Se eu fosse atriz até usaria sim, essa justificativa, ano sabático, é boa, mas já está batida né? O mundo corporativo está cheio de teatro então até entendo a dúvida. Parece teatro mesmo, mas dessa vez não é!!! Prefiro que você me coloque na conta das pessoas sem noção, malucas de dizer tudo isso e nadar contra a correnteza. Acho que se aproxima mais do que eu sou! rs. O mundo precisa de idealistas, o mundo corporativo mais ainda. 

Bom, é isso! Por fim, eu diria que em geral, crescemos com um forte apego a um Plano A, que foi construído por muito tempo, normalmente na adolescência já começamos a nos intitular, nomear o que seremos e o que estudaremos, necessitamos de uma ideia de como nossas vidas serão e o que precisamos fazer para alcançar nossos sonhos, nossas metas, sermos "bem sucedidos". Tudo isso atravessado pela Cultura que estamos inseridos. O que Freud e Lacan chamariam de Ideal de Eu x Eu Ideal, rs, Gênios! Então, o Plano A vai ficando tão enraizado, que se mistura com quem somos, vira uma coisa só. Mas aí, em algum momento da vida, cedo ou tarde, de maneira natural ou quando algum imprevisto nos atropela, ou não, quando puxam o nosso tapete, quando simplesmente nossa visão se amplia, nos damos conta de que precisamos desenvolver um Plano B, encontrar formas de superar a situação, aprender com ela, retomar o eixo, ou mesmo formas de crescer, de mudar, de fazer algo que tenha mais a ver com quem você se transformou. Simplesmente seguir em frente. Essa é a beleza dessa vida!

É uma escolha, eu escolhi me tornar quem eu sou. E agora na pista (contando os meses que ainda estão pela frente para fechar essa página em definitivo, achei que seria mais rápido, até porque já se percebe que eu não sou artista e muito menos jogadora, mas contrariando todas as minhas expectativas, parece que eu "farei falta" rs e por isso meu desligamento está demorando um pouquinho mais do que o normal) e já muito feliz com essa nova oportunidade (ops! spoiler), muito realizada e ansiosa pelos próximos semestres e pela possibilidade de enveredar por lugares nunca dantes percorridos. A vida realmente vale a pena ser vivida! Quanto mais real é a vida que levamos mais felicidade ela nos traz. Como diria Lacan, a angústia é o afeto que não engana! Rs

Gratidão! E tenho para mim, que se estamos felizes, com certeza não é possível que estejamos tão errados!

 

Foto: 05/Ago/2022  Essa aí da foto, sou eu, hoje, de saída, idealista, apaixonada, cheia de sonhos e motivada ao extremo, exatamente da mesma forma que eu estava na primeira foto, exatamente no mesmo local, no mesmo escritório ... na mesma praça, no mesmo banco, rs rs rs com as mesmas flores, no mesmo jardim, rs rs rs essa empresa tem muito pra mudar.

Já eu, posso dizer que mudei muito ... Ainda bem! 

Fato é que, talvez, a gente se encontre por aí, nessas muitas voltas que a vida dá ... as clínicas estão lotadas e nada como ter do outro lado, alguém que tenha passado por aí. Quando a prática encontra a teoria, rs rs rs no mundo invertido!

#tecnologia #psicologia

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Quem é real e quem é a cópia!

É possível copiar planos, programas, treinamentos, organização e muitas outras coisas. Mas ainda não vi conseguirem copiar o talento.

Talento é unico, exclusivo, pessoal. Por mais que tentem não se consegue copiar. Podem até tentar fazer um discurso similar e muitas vezes enganar o entorno durante um bom tempo. Mas os resultados não aparecem! Ou se aparecem são em detrimento da motivação e da alegria do grupo. São impostos e não conquistados.

Eu posso ir até além, talvez não seja Talento, mas Dom. Porque talento, de alguma maneira, ainda pode ser aprendido, mas Dom não. É algo seu, inerente a você, está conectado a você, qdo você está trabalhando e quando você está de férias. É você!

O que lamento é que nem sempre trata-se de talento. Não sei se estamos incentivando os talentos. Talvez o que mais se queira são mesmos os resultados e o entorno não interesse. Não importa! Se os resultados são obtidos seja com sacrificio dos sonhos individuais e mesmo da saúde mental não importa. Lamentável. Mas é o que meus muitos anos de experiência nesse ambiente corporativo me mostraram.

Acho que já detalhei muito esse ponto, se não me falha a memória, em algum texto que falo sobre a "continuidade" e a "inovação". As pessoas que marcaram história não foram aquelas que fizeram tudo igual. Foram aquelas que usaram o conhecimento disponível para fazer diferente e criar sua marca no mundo. Mas hoje, sem tanta ingenuidade, vejo que a continuidade é muito valorizada e até incentivada. Para não errarmos, sigamos. Acho que é o pensamento mediano da maioria das pessoas. Do tipo não vamos mexer em time que está ganhando. Mas eu tenho minhas dúvidas. Porque não sei se apenas ganhar (resultados) é a grande meta. Enfim, faço jus ao título de "idealista".


Acho que é sempre bom refletir sobre ser Original ou Cópia.


Propósito

Acordar não para trabalhar e sim para manifestar seu propósito. Este é o objetivo da vida, saber quem você é e a partir daí expressar seu eu verdadeiro, compartilhando seus dons sem esforço e sofrimento e sim com alegria e amor. Não é o lugar que determina isso e sim a sua consciência.

Postagem em Destaque

Você passou de fase! Parabéns! 💔 Bem vindo ao Próximo Nível.

Olá Querida , ouvi sua mensagem. Na verdade, ouvi sua mensagem algumas vezes, até estar aqui e responder. Sua mensagem é bonita, é carinhosa...

Um presente

Você é mais do que um irmão, é um amigo, um presente e me acompanha nos momentos alegres e nas aflições. Me dá sempre os melhores conselhos.
Compartilhamos a paixão pelo futebol.💙 Irmã de menino é assim mesmo, junto com as bonecas, a gente vira goleiro, aprende a lavar carros, instalar chuveiro, chef de cozinha. Rs. Trocamos afilhados. E as muitas viagens, nem se fala, as que deram certo e as “roubadas” que nos metemos.
Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
Seja muito Feliz! Te admiro muito. Tenha um Feliz Aniversário! 🎁

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