O Feitiço virou contra o feiticeiro!

 

 

Olhando de fora, me parece que foi uma maneira que o Universo encontrou de ir me contando a história aos poucos. Talvez para proteger a minha saúde mental e também para me dar tempo para tratar a minha saúde física. Ou talvez não. 

Pode ser que tudo já estava claro e pela minha ingenuidade ou pela minha arrogância, eu não fui capaz de ver, de perceber. Neglicenciei, me misturei com pessoas e com estilos que não são os meus. Fiquei tentando me “enganar” e não percebi que eu mesma fui enganada e por muito tempo. Não querendo justificar, mas já buscando uma boa justificativa para me proteger dessa dor, posso dizer que tentei “provar” que tudo que fizeram não me afetou a ponto de impedir “dar certo”. E sei que mesmo que tivesse dado tudo “certo”, não haveria reconhecimento ou acolhimento.

 

Hj  teve uma situação bem constrangedora, a assinatura do jornal. Nada inclusiva. Sei lá. Se eu faria diferente, caso fosse a responsável ou não. Mas estar na minha pele nesse momento foi bem difícil. Agora escrevendo parece que afeta mais. Mas ok. Não sou mesmo do grupo e não me expus o suficiente.

"É claro que você termina se tornando quem você é".

"É claro que você termina se tornando quem você é".

Oi, quanto tempo, tanta coisa mudou desde que vc saiu. Na verdade, acho até que tudo continua igual, mas acho que eu mudei muito. Hoje consigo entender coisas que você já havia me adiantado faz tempo. E acaba ficando mais difícil avançar. Muitas vezes, fico tentando não ver o que eu vejo. Porque seria muito mais fácil. Mas não tem mais jeito, uma vez que você enxergou o cenário completo, exatamente do jeito que ele é, não tem mais como fingir que não viu. Nesse sentido, todos os eventos e iniciativas se tornaram muito vazios para mim. Antes as falas, os discursos me encantavam, os eventos, os treinamentos me motivavam. Eu confiava 100% nos processos, na justiça e que estávamos em “boas mãos”.  Em que o certo é o certo, e o errado é o errado. E que existia um viés de meritocracia em tudo. Só que agora, depois de ver tanta coisa e de ter passado pelos últimos acontecimentos na minha própria carreira, parece que não dá mais para continuar. Acreditar passou a necessitar de um certo esforço, o que antes era natural agora me demanda tempo e esforço consideráveis. A pior parte é que passei acreditar que todos os lugares são iguais, que todos os grupos são constituídos dos mesmos “papéis”, que todas os lugares são exatamente iguais. Um olhar desesperançoso e que não combina comigo, por isso, é tão invasivo, nocivo e tão prejudicial.

Tem um lado ainda mais complicado nisso tudo, e até atitudes do “bem” passaram a ser vistas por mim, como teatrais e vazias de conteúdo. Ocorreu um descolamento gigante entre a teoria e a prática, principalmente dentro de mim. Ouço até algumas pessoas que estão elaborando da mesma forma que a minha, mas acho que não é algo que esteja na mente da maioria das pessoas aqui. E com essa ruptura, eu me desconectei também, não vejo nenhum propósito, nada que me chame, me convoque para fazer mais e fazer maior. Parece que o esperado é o certo a ser feito, nada além do esperado. Calibrar essa intensidade tem sido o principal fator de desaceleração e, de certa forma, de desmotivação, desconstrução de um sonho, de um desejo maior. A rotina passou a saltar mais aos olhos do que qualquer outra coisa, e com rotina quero enfatizar o quanto o mundo se apequena e se reduz a cumprir alguns marcos e compromissos e nada além. É como se o "novo" já nascesse "velho".

Aliado a isso, descobrir uma doença, que é bem simbólica para mim, é a somatização de tudo isso. É o lado concreto desse processo na minha vida pessoal. Infelizmente ou felizmente aconteceu e da forma que aconteceu. Ainda tenho para mim, que esse ‘freio” foi na verdade o que alavancou todo um olhar para dentro e investir mais em cuidar de mim mesma e daí essa descoberta antecipada do que poderia ser um grande e dificultoso problema futuro. Por isso tenho mixed feelings e me pego muitas vezes agradecendo, com todas as minhas forças, tudo que estou vivenciando. Mas existe o lado prático, o dia a dia nesse novo contexto de saúde, sem nenhuma romantização. E com o tratamento, vem também os efeitos colaterais e a exacerbação de tudo que te escrevo aqui. Isso mesmo que disse, chego a agradecer essa doença que me acometeu, porque ela foi capaz de freiar, de me trazer para o ponto central, de questionar algumas crenças e de moldar novos comportamentos. De evidenciar o que de fato importa. O tratamento em si, o fato de tirar o controle direto da sua vida, de te expor ao significado da vida, de filtrar o que importa, de selecionar também quem importa.

A mesma sensação da pandemia, que muitos de nós tivemos e nos “adaptamos”, mas agora como sendo a minha pandemia particular. Muita coisa já está entendida e diria que até aceita dentro de mim.

Costumo dizer que não foi uma reforma, mas uma revolução! O que não impede de viver as oscilações, talvez naturais, visto que fui forçada a enxergar, não aconteceu assim naturalmente, foi algo mais incisivo, de uma hora para outra e com a força que revoluções costumam ter dentro da gente. Talvez uma pior parte para mim, se é que nesse contexto, seja possível ainda escolher o pior entre os piores, foi entender que as pessoas são o que são. Ninguém realmente dá o que não tem. Parece óbvio e é, na teoria Na prática sempre fica aquela expectativa de que comigo seria muito diferente. E ai, me questionei bastante em relação a ter dedicado meu tempo e arriscado minha carreira por tanta gente. Indo da ingenuidade, passando pelo desperdício e culminando com a burrice propriamente dita. Mas é como culpar a vítima, totalmente insano, não faz o mínimo sentido, né? Mas sempre digo que sentir é diferente de agir. Sentir é inegociável, é permitido, mas agir é uma escolha. Você escolhe como agir, como irá reagir a tudo e a todos. Essa sensação é como se eu tivesse sido enganada em um primeiro momento. Mas ai, vai ficando pior, porque você percebe que tudo já estava posto e muito claro, você não conseguiu ver. Então, a conclusão rápida que você formula nas suas hipóteses é que foi você que se enganou totalmente, foi um erro "do tipo seu". As pessoas só rodaram suas inseguranças, não foi nada pessoal. Pessoal foi o tempo que você dedicou, foi o seu tempo perdido, foram as suas expectativas. Esse ponto mexeu muito com meu ego, com meu brio, abalou meu autoconceito, porque você se vê “não inteligente” em um primeiro momento. Você leva tempo para entender, que a inteligência esteve ao seu lado durante todo o tempo.

Você se questiona muito, sobre o que aconteceu com você durante tantos anos para simplesmente não ver, sequer perceber o que já saltava aos olhos. Mais do que isso, você abriu as portas da sua casa, você deu não só o que te sobrou, mas você tirou de você para beneficiar os outros. E se dar conta que eles são uma massa, amorfa, sem capacidade de fazer qq mudança. Você entende que não há visão crítica alguma, zero dialética. Muitas vezes sem capacidade de raciocínio, sem capacidade de enfrentamento e, pior, sem vontade alguma, sem garra, sem gana. Em um primeiro momento foi desesperador me dar conta, dá uma sensação de que sou de “outro mundo”. Não por arrogância mas por incompatibilidade mesmo. E ai, vão aterrizando os sentimentos, você vai montando um plano, endereçando ações e seguindo em frente. De tudo o que vivi nos últimos anos, a melhor de todas as lições é entender que a vida continua. E continua bem, firme, direcionada, mais robusta, mais clara, você passa a entender o que é empoderamento na prática, sem subterfúgios, sem muletas, você se torna o empoderamento. Essa é a parte que meus olhos reconhecem o que hoje enxergam por si só, e meu coração vibra muito com a pessoa que me tornei. A conexão entre a mente, o corpo e algo mais, esse algo intangível, difícil de colocar em palavras, mas que é tão fácil sentir e ver. E por fim, caio na frase feita de dizer que “ainda bem que tudo isso aconteceu” ainda bem que estou aqui para experimentar e vivenciar tudo isso. Nunca antes estive tão feliz, tão centrada e tão “plena”, acho que essa é a melhor palavra. Como se os vazios tivessem sido enfim preenchidos e você se sente uma pessoa pra lá de especial. Pronta para novos voos e, no meu caso, um super voo, em direção ao desejo maior, que sempre esteve ali, talvez adormecido ou impedido de se colocar. Mas hoje não, hoje estou lá, junto a todos eles, reconhecendo e sendo reconhecida e construindo algo mais coerente com a pessoa que eu sou. "É claro que você termina se tornando quem você é".

 

 

Quem é você?

Semana passada, na aula de Sociologia, a professora perguntou: Quem é você?

E fiquei pensando nessa pergunta, que parece óbvia, mas não é. Nunca é. Isso já aprendi desde o 1o. semestre, nada é óbvio.

E cheguei a conclusão, depois de um bom tempo, que eu não sei quem eu sou e que definir quem eu sou, me limita muito. Que eu realmente prefiro mais falar e pensar sobre quem eu posso ser.

É isso!

Refletindo juntas ... é realidade !!! Sentir é inegociável mas agir é uma escolha!

Uma reflexão que se faz sozinha é só uma reflexão. Mas uma reflexão que se faz juntas é algo muito enriquecedor.

Olá Dri, minha querida, minha “cobaia”, você além de super amiga, é incrivelmente generosa comigo. Topa qualquer coisa e está sempre me suportanto, principalmente nas minhas maluquices. Ainda bem que você cruzou o meu caminho e faz tempo! Você é uma dessas pessoas que a vida se encarrega de colocar do lado, desde bem nova, talvez para ajudar a não me deixar cometer muitas besteiras, mas no nosso caso, acho que potencializamos as besteiras juntas. Que bom! Eu não me perdoaria se tivesse passado por essa vida, sem ter podido estar com alguém como você, intensa por natureza, brilhante, mega inteligente e com um raciocinio afiadíssimo, que já nos salvou de muitas pedras pelo caminho. Você me inspira, me inspira a ser melhor a cada dia, me inspira a ser feliz e não aceitar menos do que mereço nessa vida. Você é capaz de influenciar tudo e todos a sua volta. Você é luz. Você é coragem. Você é você. Quando olho para você, entendo que é possível ser grande, ser real. Entendo que temos uma missão nessa vida, não é só viver por viver. É viver! Então quando você me chama e me diz que não está bem, não sabe para onde está indo e que está “sem forças”, eu sinceramente não consigo entender. Mas uma coisa eu entendo bem: existe um mito de que, de pessoas fortes como você, sempre esperamos força e coragem, parece que você é uma fortaleza e não pode nunca cair, mas eu sei que as quedas ao longo do caminho, só reiteram a coragem e a força. Então pode contar comigo sim, estarei aqui sempre, para te lembrar de quem você é. Profissão espelho.

 

Pois é, Dri, já falamos sobre isso diversas vezes. Nada é novo para nós, mas quanto mais falamos e nos aprofundamos em alguns aspectos, mais ainda, tudo parece fazer sentido. Só que vem junto com alguns efeitos colaterais né? Não dá para "des-ver" o que já enxergamos em algum momento. Ainda bem né? De uma coisa eu tenho a mais absoluta certeza, você vai encontrar a saída, você vai se refazer e vai ressurgir ainda mais forte. Não tem como não te dizer e repetir inúmeras vezes, que você é uma fonte de inspiração para mim. Sempre que estou em situações parecidas a essa que você me relata, fecho os olhos e tento encontrar uma "melhor" saída e sempre me pergunto: "O que a Dri faria no meu lugar?", Esse posto de Guru que você tem na minha vida, não tem como mudar mais. Independente até da distância, que hoje inviabiliza, o abraço, o olhar sem palavras, o sentir, ainda assim, agradecendo a tecnologia que nos une, me sinto sempre muito acolhida e entendida por você. Então vai ser difícil, mesmo que você tente desfazer essa imagem de potência que eu construi no meu imaginário, vendo você levar a sua vida. E é por tudo isso, que consigo te entender muito e cada vez mais. Fico feliz de ter confiado em mim e saiba que estarei sempre por perto. 

Li e reli sua mensagem, ouvi algumas vezes seu áudio, na busca por um detalhe, por uma mudança, mesmo que mínima, no tom de voz, cirurgicamente percebendo cada palavra que você escolheu para dizer o que disse. Porque sei e entendo quando diz, que a olhos nus, nada do que você relata é perceptível. Fica tranquila, porque não se trata de invalidar nada do que você disse. Pelo contrário. Vamos lá. Não é trágico, muito menos cômico. Nada engraçado mesmo. Você tem muitaaaaaaaaaaaas condições, mas não sei porque se intimida, se apequena. Compliado né? No fundo, você sabe que quando está aqui, você consegue arredondar tudo e dar excelentes idéias, porque está mais no nivel de “dirigir” e não executar. É nítido! Talvez, eu concorde com você, mas veja que coloco "talvez", que tenha o lance dos relacionamentos, não é mesmo? Não concordo muito, mas tento entender e acho que esse ponto pega para você. Você acha que não sabe fazer isso, não sabe ser política ou "fazer política" (aqui entre nós, acho bom não saber fazer política, mas nesse mundo é esperado né?). De qq forma, não é verdade, você sabe sim fazer política, e como sabe, mas existe essa crença em você. Uma crença de longa data e não sei como ela foi parar aí, mas sei que por estar ai, vai sendo acordada em qualquer situação, mesmo mínima, sem importância alguma, e vai se transformando em um monstrinho. Mas eu insisto em dizer que não faz o mínimo sentido sua crença de que não sabe construir relacionamentos. Você é muito admirada e tem muitos seguidores. Os muitos visíveis em suas mídias sociais, fora aqueles que estão sempre alertadas atrás de tudo que você expõe, mesmo fingindo não estar lá (aquele grupinho da dor de cotovelo, que a gente sempre fala sobre). As pessoas admiram a sua postura e a sua coerência, aliado ao fato de você ser uma pessoa extremamente inteligente. O que vejo é que você escolhe não ser política, você não quer ser "sociável" porque ser sociável, apenas, porque dá muitoooo trabalho e não te acrescenta em nada. Eu me arrisco dizer que você se omite, sai de cena, propositalmente, nessas situações mais rasas. É uma escolha. Você escolhe, e essa é a parte linda de todo esse cenário, enquanto muitos não tem a coragem de escolher, você simplesmente escolher e arca com as consequências, mesmo quando tem um custo alto. Essa é a beleza de ser você! 

Entendo quando você me diz, que faz o que faz, porque no fundo parece teatrinho de criança quando você participa de alguma coisa assim. Cai mal para você. Ficar puxando saco, ouvindo histórias mega desinteressantes e representando estar em um ambiente cool e cheio de pessoas inteligentes e legais, quando na verdade sabemos é que é justo o contrário. É um ambiente de pessoas "inacabadas" que tentam encontram aqui o que não construíram na vida real. Quando no fundo você e eu sabemos que não passa de um “jardim de infância”, cheio de pessoas nada inteligentes e o que é pior, irreais, dentro dos seus avatares e representando como nunca. Né? Mas e daí? É só trabalho, segue o jogo. Faz parte. Você pode estar e jogar sem “fazer parte” de tudo isso. Você decide o que quer se tornar. Ou melhor Dri, você já escolheu! Sei que agora você está mais relaxada, se der ok, se não der ok também. Chega né? Ser você mesma, o tempo todo (sempre foi na verdade), mas seguir sendo, porém sem efeitos colaterais. Por isso te digo que está tudo certo!  

Sempre concordamos e praticamos a vida real. Sabemos que precisa-se viver a vida e não pensar sobre ela. Se não deu para você, não tem problema. Construir essa imagem de bem sucedida para você mesma e não para os outros. O que mais me encanta e encanta os que te seguem, é o fato de você ser uma pessoal real. Precisa acreditar que é melhor do que esse ambiente, seu estilo sincero e honesto talvez não caiba aqui, não se encaixa de maneira tão fácil e muito menos rápida. Mas deveria né?

Você diz que vê os falsos se dando bem, super “adequados”, mentem, omitem, transformam algumas situações em benefício próprio e tudo bem.  E isso não chama atenção de ninguém. Eu discordo dessa visão. Pelo contrário, acho que todos enxergam sim (porque sentir é inegociável), mas não agem (porque agir é sempre uma escoha). Mas ok, na vida prática faz pouca diferença já que o resultado é não mudar.

Vejo sim, que mesmo para os que se adequam a tudo e a todos, tem consequências. Tem sim uma conta para pagar. Conta essa que eu também, particularmente, escolhi não pagar. E acredito que você também não está afim de pagar essa conta. Sabemos que o errado é quase sempre muito aplaudido pelos demais. É um clube. Não é um grupo de amigos, pelo contrário. É um salve-se quem puder. E vejo claramente que é cada um por si, concordo super com você. Por isso te admiro ainda mais. Por isso te quero por perto.  Por isso adoro trocar idéias, por isso adora ter, em você, meu porto seguro, um lugar em que a realidade se faz presente, que as coisas fazem sentido e que a coragem impera.

E concordo também como você diz, que tem também uma ferramenta muito poderosa e usada por todos, que é a fofoca. O diz que me disse. Todos aqui sabem de algo ou se não sabem jogam alguma informação no ar e vão gerando suposições sobre e formando opiniões, na maior parte das vezes falsas. O mais legal que é que vendo como as pessoas agem e o que postam e o que falam e como se posicionam em frente aos demais, se consegue acertar com precisão próxima aos 100% dos vazios que carregam. Psicologia é quase uma ciência exata, kkkkkkk.

Sim, você está certíssima, quando diz ver também uma vibe de ciúmes e inveja que sempre aparecem, sejam nas falas, nos olhares, nos grupinhos que se formam. Tem uma vibe bem nítida de que o outro costuma importar muitooooooooo para cada um. Ai você se dá conta que está inserida em uma legião de inseguros e imaturos. Cada um querendo mostrar que é mais, tem mais ou pode mais que os outros. Olhando de cima, é o que sempre falamos, chega a ser um grande jardim de infância, mas cheio de adultos inacabados, vazios e sedentos por serem amados. Amados pelo que "são" e não pelo que hoje "estão". Mas acreditar nessa ilusão de que são amados, os ajuda a percorrer parte do caminho, é o que é, mas a conta chega, a conta sempre chega!

Sua leitura de todo esse cenário está perfeita, cirúrgica, pronta. O diagnóstico está adequado, agora eu te pergunto, o que fazer com tudo isso? Acho que você já sai na frente tendo tudo isso tão claro. Tá fácil né? Você consegue e sem perder seus valores.

Você é você! Gosto muito de ter você ao meu alcance. Um presente!

Mudar e aguentar!

 

Olá minha querida, obrigada pela conversa, sai muito maior depois desse contato contigo. Não sei se você irá curtir o texto, tentei entrar no seu mundo e entender essa “mudança” ou “não mudança” que você tentou me descrever. Fiz de maneira bem resumida, como você me pediu. Veja o que você acha, se você se reconhece nessas linhas e me dê um retorno. Espero que sejam capazes de refletir o seu “desabafo” e que te ajudem a direcionar e seguir em frente. Acho que será bem entendido e acho que é a resposta “indireta” que você quer dar. Ok? Aguardo o seu retorno. Já te disse inúmeras vezes e nunca é demais repetir, você é muito importante para mim, ok, qdo precisar estou por aqui. Conte comigo. Por hora te digo, que a vida é sábia e tem suas maneiras de nos fazer crescer. Não entendemos bem a forma, mas o tempo vai trazendo as respostas e também a sabedoria necessária. Desejo que tenha tranquilidade e sabedoria para atravessar essa fase. saiba que não está sozinha. Nunca esteve. Qq coisa, estou por aqui. Bj e Coragem

 

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Eu tenho que mudar. Eu mesma tenho que mudar. Eu, tendo enxergado toda a minha história e tendo sido capaz de compreender todas as variáveis que fizeram parte, tenho a obrigação de mudar.

Por mim, para ser justa comigo mesma. Mas, ao mesmo tempo, não estou encontrando nenhum espaço ou apoio próximo que me ajude a dar um passo sequer. Queria encontrar um caminho aqui dentro, um “possível”, uma forma de soltar a minha força criativa. Soltar o riso, o humor que me caracteriza, a coragem, a autenticidade. Hoje jogo o cansaço como efeito colateral da medicação. Fico até sem saber se é a medicação mesmo, ou se é uma válvula de escape para todo esse processo. Processo árduo, diria injusto, e prolongado. Não sei como cheguei até aqui, mas aqui estou. Sem ter sequer uma pessoa do meu lado. Aqui devo agradecer a minha familia que não desistiu.

 

Talvez o melhor verbo para definir essa fase seja AGUENTAR. Eu tenho que aguentar, no sentido de compreender, compreender que passar por tudo isso foi mais do que necessário para mim. Para me tirar do caminho errado, em que tomei tantas atitudes que me descaracterizaram, convivendo com pessoas que não tem nada a ver comigo e pior, permitindo que elas, de certa forma, me aconselhassem, ou definissem rotas. Hoje vejo tudo isso como insano, como estar totalmente dispersa pela vida. Portanto hoje seria aguentar, olhar de maneira diferente. Já que tomei consciência, que eu aguente. Desacelere, preste mais atenção. É preciso ter calma. Silenciar, apaziguar ... aguentar. Não é algo pontual e não irá se resolver de um dia para outro. E tem que ser assim, é mais duradouro quando é gradativo, quando faz parte de um processo de cura. Para isso, o primeiro passo nesse processo de “aguentar” é concordar com o jeito que é.

 

É como viver a abordagem sistêmica na prática. Tem muito valor. Sai da carteira na sala de aula, em que a teoria parece muito simples, para de fato, no mundo real, experimentar essa compreensão sistêmica. Tudo super recheado de intuições e percepções. E vamos consolidando um sentimento de gratidão. Gratidão pela vida! E agora estudando mais e a fundo, nesse pequeno extrato, que estou podendo viver, sobressaem as leis do pertencimento, da hierarquia e do equilibrio. Entendendo que da exclusão vêem os sintomas e que o único caminho é justamente a “inclusão”. E nesse movimento que o dom se exerce e que a nova carreira se constroi. Em bases firmes e em uma escolha consciente.

 

Que seja assim, que assim seja!