Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

domingo, 31 de março de 2024

A Vivência do Abandono

O abandono é uma experiência profundamente dolorosa que pode deixar cicatrizes emocionais e psicológicas duradouras. Pode ocorrer em diversas formas - abandono emocional, abandono afetivo, abandono físico - e independentemente da natureza, as consequências podem ser devastadoras para a autoestima, confiança e bem-estar de uma pessoa. Viver o abandono se traduz em sentimentos de rejeição, solidão, inadequação e desvalorização. Pode gerar uma sensação de vazio interno, uma perda de identidade e um questionamento constante sobre o próprio valor e lugar no mundo. A sensação de ser deixado para trás ou não ser escolhido pode ser avassaladora, criando uma névoa densa de tristeza, raiva e confusão.

O abandono não é um reflexo da nossa valia ou dignidade como indivíduos. As circunstâncias que levam ao abandono são complexas e podem envolver questões pessoais, traumas passados, problemas de relacionamento ou circunstâncias externas que estão além do nosso controle. O abandono pode dizer mais sobre quem abandona do que sobre quem é deixado para trás. Enfrentar e processar a vivência do abandono é um processo desafiador que requer autorreflexão, compreensão e, muitas vezes, apoio profissional. Reconhecer e validar os sentimentos associados ao abandono é um passo crucial para a cura. Permitir-se sentir e expressar a dor, a raiva, a tristeza e a confusão pode ser libertador e abrir caminho para a aceitação e o perdão.

A busca por apoio emocional e terapêutico pode ser extremamente benéfica para ajudar a entender as raízes do abandono, trabalhar através das emoções associadas e desenvolver estratégias saudáveis para lidar com o trauma e reconstruir a autoestima e confiança. Cultivar um diálogo interno positivo e nutrir um relacionamento amoroso e compassivo consigo mesmo. Reconhecer o próprio valor, cultivar a autocompaixão e desenvolver uma conexão profunda com o próprio ser pode ser um caminho poderoso para a cura e a reconstrução após a vivência do abandono.

Mesmo diante da dor e do sofrimento causados pelo abandono, é possível encontrar esperança, crescimento e transformação. A vivência do abandono pode ser um catalisador para um processo profundo de autoconhecimento, autodescoberta e desenvolvimento pessoal. Compreender e aceitar que o abandono é uma parte da jornada humana, que todos nós enfrentamos desafios e adversidades ao longo da vida, e que cada experiência, por mais dolorosa que seja, pode ser uma oportunidade para aprender, crescer e fortalecer o espírito.

Ao abraçar a nossa vulnerabilidade, buscar apoio quando necessário, e cultivar a resiliência e o amor-próprio, podemos transformar a vivência do abandono em uma jornada de cura, aceitação e reconexão com o próprio ser, permitindo-nos viver uma vida mais plena, autêntica e significativa. 

Quando o Remédio Vira a Solução pra Tudo: A Gente Precisa Mesmo Disso?

E aí! Sabe aquele negócio de sempre querer resolver tudo com remédio? Tipo, tá triste? Pega um comprimido. Ansioso pra entrevista? Toma um remédio. Timidez? Remédio nela! Pois é, essa mania de transformar nossas emoções e problemas cotidianos em problemas médicos tá ficando cada vez mais comum, e isso pode não ser tão legal assim.

O lance é que muitas vezes a gente só foca nos sintomas, sem nem pensar no que tá causando aquilo. É tipo tentar tampar o sol com a peneira, sabe? Em vez de entender o que tá rolando por trás daquela tristeza ou ansiedade, a gente simplesmente tenta "corrigir" tudo com medicamentos. E aí, a gente acaba esquecendo que essas emoções e sentimentos fazem parte da nossa vida e podem nos ajudar a crescer e entender melhor o mundo ao nosso redor.

E não para por aí! Esse exagero de remédios pode acabar criando uma dependência que a gente nem precisa. Sem contar os efeitos colaterais e os riscos pra saúde a longo prazo, né? Então, em vez de só querer resolver tudo com um comprimido, que tal a gente tentar entender e lidar com nossas emoções de forma mais saudável e sustentável?

E ó, nem toda tristeza ou desafio emocional precisa de remédio, viu? Às vezes, o que a gente mais precisa é de um apoio, uma conversa, um tempinho pra refletir e entender o que tá rolando. E isso não é só normal, mas também faz parte da nossa jornada de aprendizado e crescimento.

Mas olha, tem casos em que a intervenção medicamentosa é sim necessária, e tá tudo bem! A medicina avança justamente pra isso, pra nos ajudar quando a gente realmente precisa. O importante é a gente usar a medicina a nosso favor e não ser usado por ela ou pela indústria farmacêutica, tá?

Então, que tal a gente mudar essa ideia de que remédio é a solução pra tudo? Criar um ambiente mais compreensivo e acolhedor, onde a gente se sinta à vontade pra buscar ajuda quando precisar, mas também seja incentivado a entender e aprender com nossas experiências, desafios e vivências únicas.

Ao invés de buscar soluções rápidas e fáceis com remédios, que tal a gente se esforçar pra valorizar e entender a complexidade da nossa experiência humana? Vamos abraçar a vida com todas as suas alegrias, tristezas, desafios e oportunidades de crescimento e aprendizado, sem precisar apelar pra um comprimido toda vez que as coisas ficarem difíceis, combinado? 😉

Porque Psicanálise?

A escolha pela psicanálise como campo de estudo e prática profissional é movida por um profundo interesse em compreender a complexidade da mente humana. A psicanálise, desde suas origens com Sigmund Freud, tem se dedicado a explorar os meandros do inconsciente, trazendo à luz aspectos importantes do comportamento e da psique que influenciam nossas vidas de maneiras muitas vezes desconhecidas.

Uma das razões primordiais para escolher a psicanálise é a sua abordagem única e aprofundada para entender o ser humano. Diferente de outras disciplinas que podem focar em sintomas ou comportamentos isolados, a psicanálise busca a raiz dos problemas, investigando como experiências passadas, desejos reprimidos e conflitos inconscientes moldam nossas ações e emoções atuais. Essa abordagem holística proporciona um entendimento mais completo do indivíduo, permitindo intervenções terapêuticas que visam mudanças profundas e duradouras.

Outra motivação é o valor atribuído à escuta e à fala. Na prática psicanalítica, a fala do paciente é central, permitindo que ele se expresse livremente e explore seus pensamentos e sentimentos sem censura. Esse processo, conhecido como associação livre, revela padrões e significados ocultos que podem ser trabalhados em sessão. A escuta atenta e empática do analista cria um espaço seguro para essa exploração, facilitando a descoberta de insights transformadores.

A psicanálise também se destaca por seu compromisso com a singularidade de cada indivíduo. Não existem fórmulas prontas ou soluções rápidas; cada análise é única e respeita o tempo e o ritmo do paciente. Esse respeito pela individualidade e pela complexidade humana é profundamente gratificante para quem escolhe essa profissão.

Além disso, a psicanálise oferece uma rica tradição teórica e um campo vasto de estudo contínuo. As obras de Freud, Lacan, Klein, Winnicott e muitos outros teóricos proporcionam uma base sólida e constantemente evolutiva para a prática clínica. A psicanálise não é estática; ela se reinventa e se expande, respondendo às mudanças culturais e sociais. É um compromisso com o entendimento profundo e a transformação duradoura, oferecendo uma perspectiva única e valiosa sobre o funcionamento da mente e as complexidades da experiência humana.

A Fase dos 50+: Implicações e Desafios da Meia-Idade

Chegar aos 50 anos representa um marco significativo na jornada de vida de qualquer pessoa. Esta etapa é caracterizada por uma mistura de emoções, reflexões e transformações profundas. No entanto, a sociedade muitas vezes estigmatiza a meia-idade, associando-a a declínios físicos e cognitivos, o que pode gerar preconceitos e desafios em viver plenamente nesta fase da vida.

1. Preconceitos e Dificuldades em Viver em Sociedade

A sociedade contemporânea, frequentemente centrada na juventude e na produtividade, pode marginalizar aqueles que estão na faixa dos 50 anos ou mais. Este preconceito pode se manifestar de diversas formas, desde a discriminação no mercado de trabalho até estereótipos negativos relacionados à idade.

Discriminação no Mercado de Trabalho: Muitas pessoas enfrentam dificuldades em manter ou encontrar empregos devido à idade. O mercado de trabalho pode valorizar a juventude e a inovação, desvalorizando a experiência e a sabedoria adquiridas ao longo dos anos.

Estereótipos Negativos: A ideia de que as pessoas mais velhas são menos capazes, menos adaptáveis ou menos interessantes é prejudicial e limitante. Estes estereótipos podem levar à exclusão social, sentimentos de inadequação e autoestima reduzida.

2. Perdas e Lutos

A meia-idade é frequentemente marcada por perdas significativas, sejam elas a perda de entes queridos, de empregos, de saúde ou de capacidades físicas. Estas perdas podem desencadear processos de luto e enfrentamento, exigindo uma reavaliação profunda de prioridades, valores e expectativas de vida.

Luto por Entes Queridos: A perda de familiares e amigos próximos pode ser devastadora e requer tempo, suporte e recursos emocionais para o processo de luto e adaptação à nova realidade sem a presença física dessas pessoas.

Luto por Mudanças e Transições: A perda de empregos, saúde ou capacidades físicas pode ser igualmente desafiadora e exigir ajustes significativos no estilo de vida, na identidade e na autopercepção.

3. Elaborando a Fase dos 50+

Para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da meia-idade, é crucial desenvolver estratégias de enfrentamento e elaboração robustas:

Autoconhecimento: Reconhecer e aceitar as mudanças físicas e emocionais como parte natural do envelhecimento, valorizando as experiências e sabedorias adquiridas ao longo da vida. Investir em terapia, coaching ou práticas de mindfulness pode ser útil para explorar e compreender melhor as próprias emoções, pensamentos e comportamentos.

Conexão Social: Cultivar relacionamentos significativos e redes de apoio que proporcionem suporte emocional e social é fundamental. Participar de grupos, clubes ou organizações com interesses comuns pode ajudar a combater o isolamento, promover a inclusão social e fortalecer o senso de pertencimento.

Cuidado com a Saúde: Investir na saúde física e mental através de hábitos saudáveis, atividades físicas, alimentação balanceada e acompanhamento médico regular é essencial. Priorizar o autocuidado, o sono de qualidade e a gestão do estresse pode contribuir significativamente para o bem-estar geral e a qualidade de vida nesta fase da vida.

Planejamento Financeiro: Preparar-se financeiramente para a aposentadoria e para possíveis imprevistos é crucial. Consultar um planejador financeiro ou educador financeiro pode ajudar a criar um plano sólido, sustentável e adaptável às necessidades e objetivos individuais.

Reinvenção e Aprendizado Contínuo: Estimular o desenvolvimento pessoal e profissional através da aprendizagem contínua é enriquecedor. Explorar novos interesses, hobbies e oportunidades de crescimento pode renovar o entusiasmo, a curiosidade e a vitalidade nesta fase da vida.

Em conclusão, a fase dos 50 anos é uma etapa rica e desafiadora da vida, repleta de transformações, descobertas e aprendizados. Embora enfrentar preconceitos, lidar com perdas e ajustar-se às mudanças possa ser difícil, é possível elaborar e enriquecer esta fase da vida através do autoconhecimento, conexão social, cuidado com a saúde, planejamento financeiro e reinvenção contínua. A chave para viver plenamente e com qualidade nesta etapa da vida está em abraçar as oportunidades de crescimento e transformação que ela oferece, valorizando cada experiência e celebrando cada momento com sabedoria, resiliência e gratidão.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Em busca de pertencimento: um caso clínico

*Caso fictício e ilustrativo. 

*Este relato é uma representação genérica e não se refere a nenhum paciente real ou situação específica. Tem como objetivo exclusivo ilustrar processos, abordagens ou conceitos relacionados à prática clínica, sem a intenção de diagnosticar, tratar ou aconselhar sobre casos reais.

*O interesse primordial deste relato é o aprimoramento da prática da escrita e da elaboração de relatórios, aperfeiçoando a técnica de relatar e registrar casos, habilidade requerida na formação acadêmica em psicologia.


****

Gostaria de compartilhar com vocês um caso interessante que surgiu recentemente na clínica escola. Pelo sigilo, todas as informações e dados pessoais serão preservados. Alguns fatos foram reescritos de forma a não ser possível identificar de quem estamos falando.

Uma paciente, cuja queixa inicial é a descoberta de uma doença grave, expressou sua irritabilidade e a dificuldade de lidar com as relações familiares, especificamente com seus irmãos e sua mãe. Ela descreveu a morte recente de uma pessoa da família como um alívio, destacando o sofrimento que a relação penosa proporcionava. Sua relação com o marido foi também mencionada, ressaltando a dinâmica de cuidado paternal que ele desempenha atualmente. E de como nem sempre foi assim, que no inicio do casamento a relação era bem difícil e como ele se mostrava bastante centrado em si mesmo. Mas com o advento da pandemia, como ela mesma colocou, as coisas se ajeitaram e ele então percebeu que tinha que se integrar e participar mais dos afazeres da casa e também assumir mais responsabilidades.

Temos um vínculo terapêutico já constituído, tudo aconteceu em algumas sessões e hoje posso dizer que a confiança está posta e há abertura dos dois lados. A cada passo, ela se mostra como de fato é. Já são mais de dois meses em análise juntas e, aos poucos, vou remontando sua história.

Ela se descreveu como uma excelente aluna na escola, na faculdade, sempre muito elogiada pelos professores, mas sentindo um vazio em relação às relações interpessoais. A paciente destacou a dificuldade de se sentir pertencendo e expressou frustração ao perceber que as pessoas a veem como uma ameaça, rejeitando sua presença. E que isso acontece em vários lugares profissionais, como ela é muito dedicada e sempre se sobressai frente aos outros, logo gera uma situação de "ciúmes" (foi a palavra que ela usou) e em sendo ambientes muito competitivos, as relações começam a ficar complicadas para ela.

A paciente também compartilhou a experiência recente de sair de um ambiente de trabalho tóxico, no qual se sentiu desvalorizada e enganada. Destacou a sensação de ter colocado essas pessoas em um "pedestal", apenas para descobrir que eram "terra fofa". Adicionalmente, ela lidou com a descoberta de uma grave enfermidade sem se vitimizar, demonstrando uma paciência histórica diante das adversidades. Em momento nenhum das entrevistas iniciais e das nossas conversas posteriores, ela se coloca como vítima de sua história, ou fala da doença de maneira agressiva ou amargurada. Ela sempre narra os fatos e se mostra sempre bem resiliente e forte. Sabe que o caso é grave, mas vejo que ela tem bastante fé em si mesma. Percebo que essa fé perceptível a todos está sendo muito questionada por ela mesma nos dias atuais, porque foram vários acontecimentos recentes que "roubaram" (o verbo que ela mesma utiliza) dela o que seria dela por direito. Hoje ela ainda tem fé, mas, por várias vezes, questiona a justiça.

Em relação ao seu processo de análise (que ela fez nos últimos anos com uma profissional particular), a paciente expressou frustração com sua oscilação constante entre construir e destruir, destacando a dificuldade de se permitir um lugar de pertencimento. Ela reconheceu a necessidade de tempo e paciência para se estabelecer e crescer, vindo de uma cultura familiar e estrutura diferente daquela em que está se desenvolvendo nessa nova fase da sua vida. Ela pontuou os valores serem altos e que ainda assim estava mantendo as sessões semanais de análise, que o plano de saúde nem sempre reembolsava e todos os meses era um grande desafio lidar com isso, porque perde-se tempo com o plano de saúde até conseguir retorno. Foi quando ela decidiu parar, um intervalo (disse ela) e daí ficou sabendo da possibilidade de poder ser "atendida" em uma clínica escola e que, de certa forma, até se reerguer financeiramente, ela poderia seguir se cuidando, não interromperia o cuidado, ela não quer mais abrir mão de se colocar como prioridade na sua vida.

A análise tem sido um espaço de reflexão e autoconhecimento para a paciente, que reconhece a necessidade de trabalhar em si mesma para encontrar seu lugar de pertencimento. Ela está consciente de que a solução não está em terceirizar ou buscar respostas fora de si, mas sim em se permitir construir sua própria história e se dar o lugar que merece.

Tenho trabalho as questões transferenciais e principalmente contratransferenciais que sempre surgem na clinica, mas dessa vez, essa paciente tem sido para mim uma grande escola nesse sentido. Tenho me interessado muito pela sua história e pela maneira como ela encara a vida. Ela é nova, mas traz muita sabedoria de vida, ela é uma pessoa adorável, prática, sabe o que quer e sabe para onde está indo. Ela é inspiradora. E nesse caso, o que mais me convoca são as questões sociais que, tudo que ela me traz, evocam em mim. Quase que, claro que não falo nada, tendo a concordar com a injustiça que ela tanto menciona. Sei bem  e entendo perfeitamente todas as suas colocações sobre o mundo corporativo. Tenho bastante experiência nesse meio e portanto, tudo do que ela pontua faz total sentido e é real. São ambientes tóxicos e se você tem uma posição executiva e pensa diferente e quer cuidar das pessoas, você deixa automaticamente de pertencer, você vai sendo eliminado, a sua sensibilidade com as pessoas é sempre usada contra você e te coloca como fraca e incapaz de lidar com "situações gerenciais difíceis" e "tomadas de decisões". Ela usa ainda alguns termos desse mundo empresarial e, nunca a interrompo, porque eu entendo todos esses termos e não quero atrapalhar as construções e as interpretações que vão surgindo, evito interromper o ciclo mágico de ir "se dando conta". Sei bem que esse teatro corporativo adoece as pessoas (as boas pessoas, digo), porque ele parece muito real, parece sábio, parece saudável. Tenho me envolvido bastante com esse caso e espero, de fato, conseguir ajudá-la a chegar em suas próprias conclusões, o que já vem acontecendo sessão a sessão. Ela não parou de avançar sequer por um instante, está construindo "outro" lugar de maneira muito consciente e robusta. Vejo que ela ainda não percebe o quão grande ela é e o quão bonita é a sua força e a sua história. Essa "ingenuidade" de sua magnitude é o que mais me chama a atenção e me convoca e me faz encantar-me. Ela tem sido muito sábia ao longo de toda a sua existência.

E porque está em uma clínica escola? A queixa é de saber lidar com o seu quadro de saúde atual. Mas me parece que isso ela já faz com maestria. Vou tentar entender essa iniciativa dela aos poucos e vejo que ela quis estar aqui, quis se "doar" de alguma forma, como se sua história pudesse ajudar outras tantas histórias, como se pudesse inspirar e de fato inspira. A característica maior que eu vejo nela é a generosidade, que se percebe em todos os seus atos e no seu modo de ser, de pequenas a grandes atitudes. Certa vez, comentei no meio de algum contexto, que era muita generosidade que eu percebia e ela se assustou com isso, dizendo que nunca havia pensado ou percebido isso. Sabe aquela generosidade raiz, nata, genuína? É disso que estamos falando aqui.

Teremos um ano completo juntas aqui na clínica escola e estou muito empolgada em poder praticar tudo que estudamos e em poder, de fato, ajudar a aliviar o sofrimento dela. Lidar com um diagnóstico grave, lidar com o tratamento, que exige demais fisicamente do paciente e tem efeitos colaterais pesados, além dos impactos psicológicos e na saúde mental, sem se perder no caminho, não é algo fácil. O processo de elaboração vai se dando ao longo do tempo. Não é um evento, é um processo. O nosso vínculo está constituído e estou feliz por isso. E sessão a sessão vamos consolidando. 

De tempos em tempos, postarei algo sobre esse caso, trazendo insights. Espero que esse caso inspire vocês e os façam refletir sobre as complexidades das relações interpessoais e a importância de se dedicar ao processo de autoconhecimento e crescimento pessoal na prática clínica. A terapia continua e estou ansiosa para acompanhar o desenvolvimento dessa paciente ao longo do tempo e seus relatos das suas próximas sessões. Tenho aprendido bastante. Não tem como estar nesse curso e não ser transformada por ele.

Reflexões sobre a jornada de uma paciente em busca de autoconhecimento!

*Caso fictício e ilustrativo. 

*Este relato é uma representação genérica e não se refere a nenhum paciente real ou situação específica. 

*O interesse primordial deste relato é o aprimoramento da prática da escrita e da elaboração de relatórios, aperfeiçoando a técnica de relatar e registrar casos, habilidade requerida na formação acadêmica em psicologia.

***

Após a última análise dessa paciente, pude perceber que a impaciência e irritabilidade são traços presentes em seu comportamento. No entanto, ela ressalta que lidar com esses sentimentos em meio a dificuldades financeiras torna a situação ainda mais desafiadora.

A sensação de negligência e de não importância remete a um passado de sofrimento e abandono. A paciente expressa o desejo de se libertar de laços prejudiciais e de ter controle sobre sua própria vida, mesmo que isso signifique afastar-se de pessoas tóxicas.

Existe um conflito entre a necessidade psicológica de agir e a realidade prática de fazer escolhas. A paciente reconhece que, muitas vezes, seus impulsos emocionais não se alinham com suas necessidades reais, o que pode levá-la a tomar decisões equivocadas.

Durante a sessão, ela oscila entre reflexões sobre a importância do outro em sua vida e a necessidade de se concentrar em suas próprias ações e repercussões. A paciente parece confusa e desanimada, questionando a eficácia da terapia e a conexão comigo como terapeuta.

As incoerências e contradições presentes em seu discurso revelam a complexidade de seus conflitos internos e o desafio de encontrar um caminho para o autoconhecimento e a cura emocional. A paciente expressa sentimentos de desesperança e desmotivação, apontando para um possível desinvestimento na terapia.

No entanto, a paciente reconhece a importância de superar o passado e focar em construir uma vida plena e satisfatória no presente. Apesar das dificuldades e da resistência, ela parece determinada a sair do modo de "sobrevivência" e entrar na fase de "viver" plenamente. A terapeuta tem o  papel de continuar apoiando e guiando essa jornada rumo ao autoconhecimento e à transformação emocional.

Os altos e baixos que nossas escolhas nos colocam.

As escolhas que fazemos ao longo de nossas vidas podem nos levar a situações de grande felicidade e sucesso, mas também a momentos de dificuldade e fracasso. Esses altos e baixos fazem parte do processo de aprender a viver e tomar decisões que moldam o nosso destino.

Quando fazemos boas escolhas, geralmente somos recompensados com resultados positivos. Se escolhemos uma carreira que amamos, por exemplo, podemos nos dedicar com paixão e alcançar o sucesso profissional. Da mesma forma, se optamos por manter um estilo de vida saudável, colheremos os frutos de boa saúde e bem-estar ao longo dos anos.

Por outro lado, escolhas mal pensadas ou impulsivas podem nos levar a situações complicadas. Se decidimos ignorar os conselhos dos que já passaram por ali e nos envolver em atividades perigosas, podemos acabar em apuros. Da mesma forma, se negligenciamos nossa educação e carreira, podemos nos encontrar em um beco sem saída, sem perspectivas de crescimento ou realização pessoal.

É importante lembrar que as escolhas que fazemos têm consequências e devemos assumir a responsabilidade por elas. Cada decisão que tomamos nos coloca em um caminho que pode levar a resultados positivos ou negativos. Por isso, é fundamental pensar cuidadosamente antes de agir e considerar o impacto que nossas escolhas terão em nossa vida e na vida daqueles ao nosso redor.

E quando você sabe que está no caminho certo, mas o dia a dia tem mostrado que são muitas as dificuldades e superações e, por vezes, sua condição física está deteriorada e não te dá o suporte necessário para essa travessia ???

Claro, lidar com as dificuldades e superações diárias enquanto se caminha em direção ao seu objetivo pode ser extremamente desgastante, especialmente quando sua condição física não está tão boa quanto você gostaria que estivesse. Essa realidade pode te deixar desanimado e frustrado, fazendo com que pareça que o caminho certo que você escolheu está cada vez mais difícil de ser seguido.

Nessas horas, é importante lembrar que a jornada rumo ao seu objetivo não precisa ser perfeita. É normal enfrentar obstáculos, tropeços e momentos de fraqueza ao longo do caminho. O importante é não desistir e continuar persistindo, mesmo quando tudo parecer estar contra você.

É importante também cuidar da sua saúde física e mental, procurando ajuda profissional se necessário, para garantir que você tenha o suporte necessário para seguir em frente. Não tenha medo de pedir ajuda ou de fazer ajustes no seu plano, se preciso.

Lembre-se que a jornada não será fácil, mas cada desafio superado te tornará mais forte e mais preparado para lidar com as adversidades. Mantenha o foco no seu objetivo e confie no seu potencial para alcançá-lo, mesmo que o caminho pareça difícil no momento. Você é capaz de superar qualquer obstáculo que surgir no seu caminho. Acredite em si mesmo e mantenha a determinação. Você chegará lá.

terça-feira, 5 de março de 2024

O EU-TU e o EU-ISSO

Segundo a filosofia dialógica de Martin Buber, nascemos com a capacidade de estabelecer relações com nossos semelhantes. Essa intersubjetividade é o que nos permite acessar o outro e sermos acessados por ele. Essa dinâmica também desempenha um papel fundamental na criação de conexões e vínculos mais profundos. A relação Eu-Tu e Tu-Eu se manifesta na maneira como olhamos o outro, na forma como somos vistos por ele e no mútuo reconhecimento.

De acordo com Buber, um relacionamento consiste na comunicação e diálogo entre dois seres, denominado intersubjetividade. Nesse contexto, o Eu-Tu surge como a interação sujeito-sujeito, onde o "Tu" representa o mundo individual de cada sujeito. Em contraste, na relação sujeito-objeto, o "Isso" representa o universo do objeto. O Eu-Tu é considerado mais integral e completo, pois reflete o relacionamento abrangente entre dois seres, incorporando a totalidade um do outro, incluindo pensamentos, sensações e sentimentos. Por outro lado, o Eu-Isso caracteriza-se pela relação entre o ser e apenas uma parte do todo do outro, em um movimento mais distante e impessoal.

Sendo assim, o Eu-Tu representa a totalidade do ser, enquanto o Eu-Isso aborda apenas uma fração. Buber argumenta que é essa integralidade que torna o ser humano completo. Em outras palavras, quando o melhor de mim encontra o melhor de você, estabelecemos uma relação onde nossa mentalidade e emoções estão alinhadas, caminhando na mesma direção. Isso requer diálogo, uma interação direta entre as pessoas, para que uma possa integrar ativamente a realidade da outra. Caso contrário, a relação tende a ser dominada pelo Eu-Isso, caracterizada pelo distanciamento.

Propósito

Acordar não para trabalhar e sim para manifestar seu propósito. Este é o objetivo da vida, saber quem você é e a partir daí expressar seu eu verdadeiro, compartilhando seus dons sem esforço e sofrimento e sim com alegria e amor. Não é o lugar que determina isso e sim a sua consciência.

Postagem em Destaque

Você passou de fase! Parabéns! 💔 Bem vindo ao Próximo Nível.

Olá Querida , ouvi sua mensagem. Na verdade, ouvi sua mensagem algumas vezes, até estar aqui e responder. Sua mensagem é bonita, é carinhosa...

Um presente

Você é mais do que um irmão, é um amigo, um presente e me acompanha nos momentos alegres e nas aflições. Me dá sempre os melhores conselhos.
Compartilhamos a paixão pelo futebol.💙 Irmã de menino é assim mesmo, junto com as bonecas, a gente vira goleiro, aprende a lavar carros, instalar chuveiro, chef de cozinha. Rs. Trocamos afilhados. E as muitas viagens, nem se fala, as que deram certo e as “roubadas” que nos metemos.
Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
Seja muito Feliz! Te admiro muito. Tenha um Feliz Aniversário! 🎁

Postagens Mais Vistas