Acho que foram tantas as situações similares durantes os últimos anos, que uma hora eu realmente teria que enxergar. Não tinha mais como deixar passar.
Foram alguns anos, muitas vivências, muitas pessoas passaram por mim, deixaram coisas e levaram muito de mim também. E nem sempre foram experiências prazerosas ou memoráveis.
Pelo contrário, parece que os que mais me danificaram nessa passagem, são os que contribuiram para esse “click”. Engraçada a vida e sempre reforço a frase que ouvi desde muito nova: “A vida não é mesmo justa”.
Aprendemos mais com a dor do que com o amor. Simples assim. Os otimistas inverteriam dizendo que o amor ensina muito mais que a dor. Acho que não. Não hoje. Essa dor foi capaz de me puxar para a terra.
E tudo tem a ver com a expectativa que você coloca em tudo que faz. E o segredo é não ter expectativa. Porque esperar. Sem esperar, você não erra, você segue adiante. O que vier é lucro, É isso.
E quando estamos falando de “doação” parece que tudo se agrava, porque, não deveríamos, mas esperamos o retorno, o muito “obrigado”, ou qq reconhecimento. Porque você doou, você não teve ganho algum, você se dedicou, foi uma via unilateral. E para que seja bom, você espera retorno, para que seja bilateral. Você doa e te faz bem. O bem volta. E volta. Mas entender que a pessoa não tem para dar, não tem para te dar nada em troca, é de certa forma até libertador. Hoje me ocorre, me liberta dessa jornada. Dessa cobrança que eu mesma me faço. Que eu exagero. Lembro sempre do “overwhelmed”. Sim, sobrecarregada. Exagera demais. Menos.
E quando você se dá conta que não, não vai ter reconhecimento algum e pelo contrário, você vê muita ingratidão. Ingratidão do tamanho da sua expectativa, ai sim, você cai.
E caindo e levantando ao longo de toda vida, e em várias ocasiões de doação, chega uma hora que você pára de cair, pára de esperar, não gera mais expectativa. E tudo muda. Cair é muito forte, acho que seria melhor dizer que você acorda. Acorda para vida. Sensação de estar acordada.
Muda tudo. Você parece não sentir mais como antes, não te impacta mais, parece que você não é mais você. Agora, acordada e diferente, espero que eu consiga seguir doando. É um dom. Não negociamos dom. Dom se exerce. Dom não acaba, é abundante, tem para sempre. É um dom. Você não vai interromper o fluxo, mas vai sim se curar, através de zerar a expectativa do retorno. E fazendo o seu gesto ser o seu centro, o centro da sua atenção, o centro da força. Acho que é isso.
Doar me faz feliz. É a felicidade que me move. Ensinar, Inspirar, Treinar, Cuidar. Nem sei o fator motivador. Talvez para ser lembrada, essa fome de deixar um “legado”. Uma besteira. Porque as pessoas são “esquecíveis”.
É assim, de uma geração para outra, já passamos, já passamos do ponto, já foi. O sucesso que te trouxe até aqui não é o sucesso que te levará daqui em diante.
Não lamento. Hoje agradeço. Porque poder ter um exemplo junto a pessoa mais querida naquele momento e na qual você investiu a maior quantidade de horas, sequer se lembrar da dedicação, funciona como uma chave mesmo: Pronto. Click. Mudou. É o que é.
Nada mudou, mas hoje sinto que tudo mudou. Muito estranha essa sensação. Deu liga. Mudou. Minha maneira de ver o mundo mudou completamente.
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