Independente da religião em si, compartilho com vocês o discurso que o Papa Francisco fez ontem a noite para a Curia Romana.
Esse discurdo me tocou bastante,
muito apropriado para essa época de final de ano em que fazemos algumas
reflexões. J Segue anexo o discurso na íntegra para quem se
interessar.
1.
A doença do sentir-se “imortal”, “imune” ou
até mesmo “indispensável”. Uma
organização que não faz autocrítica, que não se atualiza, que não procura
melhorar é um corpo enfermo. Uma visita ordinária aos cemitérios poderia
ajudar-nos a ver os nomes de tantas pessoas, algumas das quais pensassem talvez
que eram imortais, imunes e indispensáveis! É a doença dos insensatos que se
sentem superiores a todos e não a serviço de todos. Deriva da patologia do
poder, do “complexo dos Eleitos”, do narcisismo que fixa apaixonadamente a sua
imagem e não vê a imagem do outro, principalmente dos que precisam de apoio.
2.
A doença do “martalismo” (que vem de Marta),
da excessiva operosidade: ou seja,
daqueles que mergulham no trabalho, descuidando, inevitavelmente, da saúde, das
pessoas queridas, etc, Descuidar do descanso necessário leva ao estresse e à
agitação. O tempo do descanso, para quem levou a termo a sua missão, é
necessário, obrigatório e deve ser lavado a sério: no passar um pouco de tempo
com os familiares e no respeitar as férias como momentos de recarga espiritual
e física.
3.
A doença do “empedernimento” mental e
espiritual, ou seja, daqueles que
possuem um coração de pedra, daqueles que, com o passar do tempo, perdem a
serenidade interior, a vivacidade a audácia e escondem-se atrás das folhas de
papel, tornando-se “máquinas de práticas” e não “homens”. É perigoso perder a
sensibilidade humana necessária que nos faz chorar com os que choram e
alegrar-se com os que se alegram! A importância de sentimentos de humildade e
de doação, de desapego e de generosidade.
4.
A doença do planejamento excessivo e do
funcionalismo. Quando se planeja tudo
minuciosamente e pensa que, fazendo um perfeito planejamento, as coisas
efetivamente progridem, tornando-se, assim, um contador ou um comercialista.
Preparar tudo bem é necessário, mas sem jamais cair na tentação de querer
pilotar a liberdade superior, que é sempre maior, mais generosa do que todo
planejamento humano. Cai-se nesta doença porque «é sempre mais fácil e cômodo
adaptar-se às suas posições estáticas e imutadas.
5.
A doença da má coordenação. Quando os membros perdem a comunhão entre si e o corpo
perde a sua funcionalidade harmoniosa e a sua temperança, tornando-se uma
orquestra que produz barulho, porque os seus membros não cooperam e não vivem o
espírito de comunhão e de equipe.
6.
A doença do “alzheimer espiritual”: ou seja, o esquecimento da “história”. Trata-se de uma
perda progressiva das faculdades que num intervalo de tempo causa graves
deficiências à pessoa, tornando-a incapaz de exercer algumas atividades autônomas,
vivendo num estado de absoluta dependência das suas visões e crenças, tantas
vezes imaginárias. A doença daqueles que dependem completamente do seu
presente, das suas paixões, caprichos e manias; naqueles que constroem em torno
de si barreiras e hábitos, tornando-se, sempre escravos dos seus próprios
ídolos.
7.
A doença da rivalidade e da vanglória. Quando a aparência, as vestes e as insígnias de honra
se tornam o objetivo primordial da vida.Cada qual tenha em vista não os seus
próprios interesses , e sim os dos outros. É a doença que nos leva a ser homens
e mulheres falsos, e a vivermos um falso “misticismo” e um falso “quietismo”.
Porque se envaidecem de si mesmos e se sentem melhores que os demais.
8.
A doença da esquizofrenia existencial. É a doença dos que vivem uma vida dupla, fruto da
hipocrisia e do vazio espiritual que formaturas ou títulos acadêmicos não podem
preencher. Uma doença que atinge frequentemente aquele que, abandonando o seu
dom/propósito, se limitam aos afazeres burocráticos, perdendo, assim, o contato
com a realidade, com as pessoas concretas. Criam, assim, um seu mundo paralelo,
onde colocam à parte tudo o que ensinam severamente aos outros e começam a
viver uma vida oculta e muitas vezes dissoluta em que não praticam o que defendem.
Não são exemplos vivos.
9.
A doença das fofocas, das murmurações e do
mexerico. É uma doença grave, que começa
simplesmente, por trocar palavras e se apoderar da pessoa, como “homicida a
sangue frio” da fama dos seus colegas. É a doença das pessoas velhacas que, não
tendo a coragem de falar diretamente, falam pelas costas. Evitem o terrorismo
das maledicências!
10.
A doença de divinizar os chefes: é a dos que cortejam os superiores, esperando obter a
benevolência deles. São vítimas do carreirismo e do oportunismo. São pessoas
que vivem o serviço, pensando exclusivamente no que devem obter e não no que
devem dar. Pessoas mesquinhas, infelizes e inspiradas só pelo seu próprio
egoísmo. Esta doença atinge também os superiores, quando cortejam alguns seus colaboradores
para obter a sua submissão, lealdade e dependência psicológica.
11.
A doença da indiferença para com os outros. Quando alguém pensa somente em si mesmo e perde a
sinceridade e o calor das relações humanas. Quando o mais esperto não coloca o
seu conhecimento a serviço dos colegas menos espertos. Quando se chega ao
conhecimento de algo e o esconde para si, ao invés de compartilhar
positivamente com os outros. Quando, por ciúme ou por astúcia, se sente alegria
ao ver o outro cair, ao invés de erguê-lo e encorajá-lo.
12.
A doença da cara funérea. Das pessoas grosseiras que pensam que, para ser sérias,
é necessário assumir as feições de severidade e tratar os outros –
principalmente os que consideram inferiores – com rigidez, dureza e arrogância.
Na realidade, a severidade e o pessimismo são muitas vezes sintomas de medo e
de insegurança. Devemos esforçar por sermos pessoas amáveis e serenas que
transmitem alegria por toda parte. Que irradia e contagia todos os que estão à
sua volta. Não percamos, portanto, o humor, que nos torna pessoas amáveis,
mesmo nas situações difíceis.
13.
A doença de acumular: o acúmulo de bens materiais, não por necessidade, mas
só para sentir-se seguro. A acumulação só pesa e freia inexoravelmente o
caminho! Observem em si, os sinais desta doença.
14.
A doença dos círculos fechados onde pertencer
ao “grupinho” se torna mais forte do que a pertença a Organização. Também esta doença começa sempre de boas intenções, mas
com o passar do tempo, escraviza os membros, tornando-se um câncer que ameaça a
harmonia do grupo. A autodestruição ou o “tiro amigo” dos camaradas é o perigo
mais sorrateiro. É o mal que atinge a partir de dentro; todo o grupo dividido,
contra si mesmo, será destruído.
15.
A doença do proveito mundano, dos exibicionismos, quando se transforma o seu serviço em poder e o seu
poder em mercadoria para obter dividendos humanos ou mais poder. A doença das
pessoas que procuram insaciavelmente multiplicar poderes e, com esta
finalidade, são capazes de caluniar, de difamar e de desacreditar os outros.
Naturalmente para se exibirem e se demonstrarem mais capazes do que os outros.
Também esta doença faz muito mal ao grupo porque leva as pessoas a justificar o
uso de todo meio, contanto que atinja o seu objetivo, muitas vezes em nome da
justiça e da transparência!
Desejo a todos vocês um ótimo
Natal e um Ano Novo com muita saúde, prosperidade.
Que o Ano que vai chegar seja
muito melhor do que esse que está indo embora.
Um grande abraço a todos. Boas Festas !!!
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