Pulei do avião em pleno voo. Não houve tempo para planejar a queda, nem um paraquedas para suavizar o impacto. Só o vento no rosto e a certeza de que ficar ali não era mais uma opção. Então caí. No meio da floresta, apavorada pelo desconhecido.
Por dias – ou meses – senti-me perdida. As árvores impediam a visão do horizonte, os sons pareciam estrangeiros, e a escuridão engolia qualquer traço de familiaridade. Caminhei sem direção, tentando reconhecer caminhos que nunca trilhei, buscando sinais que me dissessem para onde ir.
De repente, mudou. O que era um labirinto se tornou um convite. As árvores não eram barreiras, mas abrigo. O chão firme sob os pés não era um lugar deserto, mas de possibilidade. A floresta, que me assustava, agora me pertencia. Eu não estava perdida. Estava, pela primeira vez, verdadeiramente em algum lugar.
Não sei qual trilha me levará para fora, ou se há de fato um "fora" a alcançar. Mas sei que o avião não era mais um lugar – Kamikaze, fadado ao fim. Pular foi a única escolha possível. E estar aqui, na floresta, é a chance de construir novos caminhos. Agora na floresta, estou "encontrada".
Talvez a liberdade sempre tenha sido isso: não saber exatamente para onde ir, mas saber que se pode ir.
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