Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Máquinas e Pessoas

Sempre fui conectada às maquinas. Desde pequena, já me encantava pelas máquinas, tudo que pudesse "agilizar" a vida das pessoas! 

Tudo culminou com um curso de "computação" que meu pai me colocou, quando eu tinha 9 anos. Lá aprendemos muito sobre tecnologia e como era a "profissão do futuro", aprendemos a programar e voltei para casa, com meu "código" impresso em que algumas tarefas bem simples eram executadas na tela do computador. Mesmo com a tela verde, fazendo apenas o cursor se movimentar de maneira autônoma, para mim já era como ter pisado na lua. Era a prova de que o computador iria substituir o homem em muitas tarefas repetitivas. E essa foi a minha pergunta para o instrutor, se os computadores vão substituir o homem, o que o homem irá fazer!?!?!?! Aquilo me parecia muito forte, porque seriam então os computadores x o homem. E ele foi muito hábil na resposta, para não afetar o meu desejo, naquele momento, ele me disse que tarefas repetitivas e perigosas seriam realizadas por computadores. Então os computadores trariam mais qualidade de vida para as pessoas e liberariam o tempo para tarefas "mais importantes". E quando mais eu ouvia, mais eu ficava encantada. Maravilhada com todas as inúmeras possibilidades! Eu imaginava um robozinho andando na rua e por todos os lados, realizando tudo. Sai de lá com a mensagem muito clara: retirar da frente o que podia ser automatizado e informatizado, para que as pessoas pudessem focar em "coisas mais nobres", em se conhecerem e em viverem muito melhor.

Voltei para casa com o meu "certificado" de participação no curso. Muito orgulhosa. Muito feliz de saber exatamente o que eu queria fazer "quando crescesse". E desde então não parei mais.

Lembro também de uma vez que eu fui ao trabalho do meu pai, como eu adorava ir lá, ver aquele ambiente, todos nas suas mesas, um monte de papel (rs)  e muitas tarefas. Ele viaja muito, era importante, saia no jornal, dava entrevistas, era professor também e tudo mais. E eu me lembro, que depois do curso, a minha forma de ver tudo mudou. Eu perguntava o tempo todo para ele: Pai, aquela pessoa carimbando aqueles documentos, um robô poderia fazer né? E ele dizia: sim, poderia e ele teria mais tempo para estudar e aprender coisas novas. Quando o menino do xerox passava entregando documentos ou o menino do café, eu fazia a mesma pergunta. Pai, um robô poderia servir o café, né? 

E eu gostava muito de assistir os telejornais do lado do meu pai. Tentando entender alguma coisa e ansiosa por notícias do "futuro", era assim que eu gostava de chamar, e sempre que apareciam reportagens de avanços na ciência, na saúde, etc, era ele que me dizia, sabe isso ai? Já é feito por robô, isso ai já é trabalho de muitos engenheiros da computação e analistas de sistemas. 

Entrei no curso de datilografia e ele me dizia que se eu ficasse boa, eu iria me dar muito bem com os computadores, porque eu digitaria bem rápido, digitaria tudo certinho. Ai ele comprou uma máquina de escrever eletrica e que tinha memória, vc datilografava tudo, ia corrigindo e ela depois conseguia imprimir "sozinha". Então já na escola eu levava tudo impresso, meus trabalhos eram super bonitinhos e eu já me sentia toda "automatizada". Era como se o futuro já estivesse sempre próximo de mim de alguma forma. Sem contar os primeiros video games e nós dois na nossa "oficina" já bolando coisas.

Não preciso nem dizer que não tive dúvida alguma ao escolher minha graduação, queria ser analista de sistemas, eu queria "desenhar" o que o computador iria fazer. Eu queria mudar o mundo, como todo adolescente. Mesmo antes de entrar na faculdade, lembro quando criamos um programa (em Clipper) de mala direta para cadastrar todos os clientes do meu pai. Compramos os CEPs nos Correiros, lembro eu voltando da cidade com meus disquetes, me sentindo toda importante e confiante porque iríamos incrementar o programa, buscando e preenchendo os endereços automaticamente. E começamos a cadastrar os aniversários também e mandar cartões e cada dia iamos colocando mais coisas no nosso "sistema". E teve também os perrengues: perdemos tudo, arquivos corrompidos, o que nos fez pensar na solução e aí definimos rotinas de back-ups periódicos, também íamos registrando as reuniões com cada cliente, o que eles haviam contratado, os status dos processos, etc. Sistema operacional, banco de dados, códigos fontes, linguagens de programação e por ai fomos. Quando entrei na faculdade "já tinha experiência" e me orgulhava de estar no lugar certo. Foi ai que ganhei meu primeiro computador, meu desktop, gigante, pesado. Um PC para chamar de meu, rs. E com processador 286. Depois fomos evoluindo: 286, 386SX, 386DX, 486SX, 486DX, até que finalmente ganhei o Pentium. 

Já na faculdade, além da parte técnica, tinhamos também muitas disciplinas de Filosofia, História da Computação, Organização e Métodos, Homem e Sociedade, etc em que discutíamos a relação do homem com a máquina. Seria mesmo a máquina a melhor amiga do homem? E ai, foram surgindo vários questionamentos, em relação a ética, a segurança da informação. Eu comecei a ver que muitas empresas informatizavam suas áreas e não se preocupavam em "despejar" vários profissionais no mercado. Ou mesmo, o simples fato de substituirem uma tecnologia para outra, já deixavam muitos profissionais obsoletos e "descartáveis". Consegui meus estágios em empresas grandes e me lembro quando após 1 ano estávamos com o "sistemas de compras" pronto, eu ajudaria no treinamento dos usuários, tinhamos um cronograma de implantação. Só que o contato no dia a dia com tudo isso, a história pessoal de cada usuário, a falta de formação de muitos e a preocupação em como conseguiriam se recolocar, eram muitas das perguntas para as quais eu não tinha resposta. Mas tudo bem, não tinha sido assim na Revolução Industrial? Tudo certo! Eu ficava tentando me convencer de que esses "problemas" não eram dos analistas! As pessoas de adaptam, o mundo caminha para frente! As mudanças são sempre para melhor. Todos focavam sempre no sucesso das implantações, eu também comemorava e minha carreira ia se construindo, mas no fundo, tinha aquele "vazio" porque eu ficava imaginando onde tinham ido parar todas aquelas pessoas! E essa sensação independia do local, da empresa, do sistema, do país. Tive a mesma sensação em relação às pessoas nos projetos que participei aqui no Brasil e quando fizemos o projeto na Austrália, naquela planta em Sidney, a forma que todos olhavam a "equipe de implantação", "os caras da tecnologia" que iriam mudar tudo. Da mesma forma na Espanha, na Argentina, na Alemanha e por todos os lados que os projetos me levaram. Óbvio que o cenário econômico do país dava mais ou menos segurança e conforto aos profissionais de que iriam se realocarem ou se qualificarem em outras funções, mas mesmo quando isso era garantido, a mudança proporcionada já afetava emocionalmente os envolvidos de alguma forma. E "os caras da tecnologia" não se preocupavam com isso, eu achava que deveríamos porque afinal de contas, fomos nós que geramos a mudança. 

Minha mente sempre estava ai, nesse ponto, tentando encontrar solução: Trabalho braçal x Capital intelectual. Obviamente, essa revolução tecnológica também tem seu lado negativo. Trazendo para a realidade brasileira e de outros países emergentes, a falta de investimento do governo na educação dificulta a profissionalização da grande parte da população, dificultando o ingresso ao mercado de trabalho. Fora que estamos lidando globalmente com questões muito maiores, dimensões gigantescas, como a China - Indústria e a India - Serviços.

Não se trata apenas de estudar e se especializar para solucionar os problemas das baixas e extinções de postos de trabalhos. Trata-se de planejamento familiar, controle de natalidade, plano diretor para as melhorias nos IDH e etc. Isso explica o porque do tão crescente trabalho informal no mundo. Nenhum grupo de investidores no mundo, vai convocar um grupo de especialistas para projetar e desenvolver uma máquina que substitua numa linha de produção 500 pessoas, e depois da máquina concebida com sucesso essa mesma organização vai abrir 500 novos postos de trabalhos para pessoas “qualificadas” com os mesmos salários e benefícios dos 500 postos extintos anteriormente na antiga linha de produção. Isto não existe! Comecei a me questionar sobre a nossa responsabilidade, enquanto profissionais de tecnologia, com as pessoas e também com o lixo, os resíduos tecnológicos e os materiais que iam ficando obsoletos. E logo fui me interessando por muitos temas e lendo muito, fui entrando no campo das Ciências Sociais, Antropologia, Filosofia. Entender o homem e não só a máquina, era isso. Eu precisava de entender o homem.

Veio daí, desse momento, meu interesse pelas pessoas, o que está atrás das máquinas. Comecei a procurar muita literatura a respeito e ai meu interesse por Psicologia foi se fortalecendo, primeiramente de uma maneira muito amadora, em tentar entender como o ser humano "funciona", qual é seu chip, como é o ciclo de vida, quais as fases, as emoções, a cognição. E um mundo se abriu. Comecei a me interessar tanto por gente, que fui começando a participar mais da parte de treinamentos, de ensinar as pessoas a utilizarem os sistemas, eu gostava de revisar os manuais que criávamos para ver se eram amigáveis, se seriam entendidos pelos usuários. Criamos, na indústria que eu trabalhava, um programa que chamavámos de "Usuário Nota 10", aquele que além de compreender e utilizar muito bem os sistemas também contribuiam com a área de tecnologia e traziam as críticas e sugestões de melhorias para as rotinas e para os sistemas. Eram os parceiros da área de tecnologia, Foi a forma que encontramos de desmistificar a tecnologia e a colocar em prol de todos, independente da função que exerciam na empresa.

Depois de alguns anos desenvolvendo os sistemas que usávamos, fomos invadidos pelos "pacotes" que já chegavam prontos e que precisávamos customizar para a realidade da empresa. Usuários chaves, customizações, implantações longas, interfaces com os legados. Depois os pacotes já vinham com quase tudo pronto, muitos concorrentes, muitas opções. Daí a web, tudo conectado, não demorou para o surgimento dos apps, da cloud, blockchain, internet das coisas e tudo foi e vem evoluindo de maneira muito rápida. Enfim, a tecnologia sempre foi minha paixão. Lembro com muito carinho das muitas implantações que participei, vários países, vários segmentos, muitas industrias. Conheciasse muita gente ao longo do caminho ... pessoas de todos os tipos. Muitas histórias.

Esse sentimento de ser responsável pelas pessoas afetadas pela tecnologia começou a se tornar muito central em mim. Cada vez mais, minha atenção estava focada em entender como emocionalmente as pessoas eram afetadas pelas "modernidades" e pelo "progresso". Começou ai a minha jornada, escrever sobre o tema foi se tornando uma paixão. Culminando em eu buscar uma graduação em Psicologia. Onde estou conhecendo muito, renovando meu desejo, empolgadíssima com tudo, parece que tudo vai se conectando de alguma forma. Tudo vai passando a fazer sentido, a Psicologia me ajuda a entender vários dilemas, que atuar na Tecnologia, me geraram, nos quais dedico meu tempo atualmente, além de que a Tecnologia tem me ajudado muito no mundo da Psicologia, muitas ferramentas disponíveis que tornam o meu dia a dia de estudante de Psicologia melhor, além de me permitir aprofundar muito mais. 

É a Tecnologia ajudando na Psicologia e a Psicologia ajudando na Tecnologia.

Não sei onde tudo isso vai me levar e muito menos onde tudo isso vai dar. E pela primeira vez me permito não saber, porque tenho entendido que não tem a menor importância a chegada em si, a caminhada é o que de fato importa!!! Entre uma reflexão e outra, minha vida profissional tem ganhado muito mais propósito! 

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Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
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