Há quem viva com uma lógica invertida: em vez de colocar a própria máscara de oxigênio primeiro, como sugerem as instruções de segurança em aviões, priorizam os outros, mesmo à custa de seu próprio fôlego. Essas pessoas tendem a se consumir em prol dos outros, acreditando que sua função é servir, sustentar ou proteger, ainda que isso as deixe sem ar.
Essa atitude pode parecer altruísta à primeira vista, mas frequentemente é acompanhada por um padrão de autonegação. Elas ignoram suas próprias necessidades, acreditando que cuidar de si é egoísmo, quando na verdade é uma condição essencial para cuidar bem de alguém. Afinal, sem oxigênio, ninguém pode ajudar o outro a sobreviver.
A origem desse comportamento muitas vezes está enraizada em experiências passadas, onde a pessoa aprendeu que o valor próprio estava atrelado ao quanto ela era útil ou indispensável para os outros. O ato de "colocar a máscara no outro primeiro" pode ser um reflexo de uma necessidade de validação ou uma dificuldade em estabelecer limites saudáveis.
Entretanto, a consequência dessa postura é o esgotamento emocional, físico e até espiritual. A pessoa, ao se colocar constantemente em último lugar, corre o risco de se perder de si mesma. Sem oxigênio, sua capacidade de cuidar, amar e sustentar os outros se reduz, tornando o sacrifício insustentável a longo prazo.
Reconhecer essa inversão de prioridades não é fácil, especialmente em uma cultura que glorifica o sacrifício como sinônimo de bondade. No entanto, é fundamental entender que cuidar de si não é egoísmo, mas uma forma de garantir que você estará presente e capaz de ajudar quem ama.
Cuidar dos outros começa com o cuidado consigo. A máscara de oxigênio, nesse sentido, é mais que uma metáfora: é um lembrete de que para oferecer suporte, é preciso primeiro respirar.
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