É na reta final que se é solicitado um último esforço, como se fosse um gás final, e parece-me que não o tenho
Há algo paradoxal sobre a reta final de qualquer jornada. Chegar tão perto do objetivo deveria trazer alívio, mas, muitas vezes, o que emerge é um peso desproporcional, como se o cansaço de todo o percurso desabasse sobre os ombros. O tão falado “gás final”, aquele sopro de energia para concluir a caminhada, às vezes parece simplesmente inalcançável.
A reta final não é só uma questão de esforço físico ou mental. Ela testa nossas reservas emocionais, nossa capacidade de acreditar que o término vale o sofrimento acumulado. É como correr uma maratona onde, ao avistar a linha de chegada, o corpo parece mais pesado, a respiração mais difícil e a dúvida mais alta: "Eu consigo mesmo? E se eu não tiver o suficiente?"
Essa falta de “gás” não é sinal de fraqueza, mas uma demonstração de humanidade. Há dias em que tudo parece demais, e até mesmo colocar um pé diante do outro soa impossível. O cansaço acumulado não é só uma consequência natural do esforço, mas também um lembrete da intensidade com que nos dedicamos. O esgotamento, embora doloroso, é prova de que estivemos inteiros no processo.
Mas talvez o problema não seja a falta de força, e sim a pressão por um desempenho perfeito, por atravessar a linha de chegada de forma impecável. Carregamos uma ideia ilusória de que o esforço final deve ser triunfante, como nos filmes em que o protagonista supera todos os obstáculos com um brilho inabalável. A realidade, no entanto, é que nem sempre cruzamos a linha com energia, às vezes a cruzamos apenas com resiliência.
E, ainda assim, o esforço final é possível, mesmo quando parece improvável. Talvez ele não venha em um grande momento de superação, mas em pequenos passos, lentos e silenciosos. Às vezes, o que nos move não é a força, mas o hábito de não desistir, de continuar porque sabemos que já fomos longe demais para parar.
O gás final não é sempre um estouro de energia; muitas vezes é um suspiro profundo, um esforço silencioso e uma escolha consciente de seguir em frente, mesmo quando tudo em nós pede para parar. E quando finalmente cruzamos a linha, exaustos, percebemos que não era sobre ter força sobrando. Era sobre confiar que o que tínhamos era o suficiente.
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