Estudar Psicologia é uma jornada que transcende o simples ato de adquirir conhecimento. Desde o primeiro contato com a área, percebemos que não estamos apenas aprendendo sobre teorias, conceitos e abordagens, mas que estamos, inevitavelmente, nos transformando no processo. Psicologia não é um campo que se estuda de fora para dentro. Pelo contrário, ela nos atravessa, nos implica e nos desafia a olhar para dentro de nós mesmos.
Cada ano da graduação traz novas descobertas e, com elas, novas inquietações. O objeto de estudo da Psicologia não é algo externo, distante, que podemos observar sem nos envolver. Estudamos o humano, e, sendo humanos, não há como evitar o impacto dessa imersão. As teorias que aprendemos nos ajudam a compreender os outros, mas também nos colocam frente a frente com nossos próprios medos, desejos e contradições. Assim, a Psicologia nos transforma, moldando nosso olhar sobre nós mesmos e sobre o mundo.
Além do impacto pessoal, estudar Psicologia desenvolve em nós um profundo senso de responsabilidade. Ao nos debruçarmos sobre o sofrimento humano, aprendemos que ele não pode ser reduzido a uma mera patologia ou a um diagnóstico. A saúde mental não é a simples ausência de transtornos, mas um estado dinâmico que envolve história de vida, relações interpessoais, contexto social e tantas outras variáveis. Dessa forma, passamos a enxergar o sofrimento sob outra perspectiva, sem reducionismos, mas com um olhar sensível, atento e, sobretudo, humanizado.
Ao longo da formação, aflora em nós um sentimento de gratidão – seja pelos professores que nos guiam, pelos autores que nos provocam reflexões, pelos pacientes que compartilham suas histórias, ou pela própria possibilidade de ter acesso a um conhecimento valioso. A Psicologia nos ensina a ter humildade diante da complexidade do humano e nos lembra constantemente de que, por mais que estudemos, não se tem todas as respostas.
Independentemente da abordagem teórica com a qual mais nos identificamos, todas compartilham um ponto em comum: lidam com a singularidade do sujeito. Algumas abordagens, como as comportamentais, propõem um olhar mais concreto e focado em recortes específicos do comportamento humano. Outras, como a psicanálise, mergulham nas profundezas do inconsciente e nos desafios da subjetividade. Há, ainda, as abordagens humanistas e existenciais, que nos confrontam com as grandes questões da existência. Embora distintas, todas essas vertentes são científicas e buscam compreender o ser humano em sua totalidade. E, ao estudarmos o outro, inevitavelmente nos deparamos conosco mesmos.
Estudar Psicologia não se trata de acumular conhecimento técnico. É uma experiência de constante transformação. É aprender a reconhecer que o outro é sempre único, que ninguém se reduz a um diagnóstico e que a complexidade do humano exige sensibilidade e escuta. É desenvolver um olhar empático para o sofrimento, compreendendo-o sem julgamentos. É perceber que, enquanto entendemos o outro, também nos descobrimos e nos reinventamos.
E essa jornada não termina com a graduação. Ao contrário, ela continua, a Psicologia não é um saber estático, mas um campo vivo, em constante construção – assim como nós.
Porque, no fim das contas, estudar Psicologia é, antes de tudo, se permitir ser transformado por ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário