Recomeçar é muitas vezes visto como um ato de coragem, uma escolha consciente de abandonar o que não faz mais sentido para buscar algo novo. No entanto, poucos falam sobre a parte em que tudo desmorona—o momento em que, depois de tanto esforço, o novo caminho parece estranho, desconectado, como se a identidade tivesse se perdido no meio da travessia.
Muitas pessoas passam anos batalhando por uma mudança significativa. Enfrentam desafios, dedicam-se ao aprendizado, reinventam-se para ocupar um novo espaço. Mas, ao chegarem perto da conclusão dessa jornada, percebem que algo não se encaixa. A dúvida se instala, e aquilo que deveria ser uma conquista começa a parecer um erro.
Essa sensação pode surgir de diversas formas: um trabalho que já não traz sentido, uma mudança de área que parecia promissora, um curso superior que, nos últimos semestres, já não reflete mais quem se é. O sentimento de deslocamento cresce e traz consigo a insegurança: e se todo esse esforço foi em vão? E se o recomeço foi apenas um desvio para um lugar que nunca deveria ter sido o destino?
A maior dificuldade não é apenas questionar a escolha feita, mas encarar a incerteza do que vem depois. Não há garantias, não há mapas que indiquem o próximo passo. O futuro, que antes parecia claro, agora é um campo nebuloso, onde qualquer decisão pode parecer errada.
Muitos acreditam que recomeçar significa encontrar uma nova versão de si mesmo, mas, talvez, seja apenas um espaço de transição—uma zona instável entre o que foi e o que ainda não se sabe ser. E, nesse processo, sentir-se perdido pode não ser um sinal de fracasso, mas um estágio inevitável do crescimento.
Aceitar essa incerteza pode ser o primeiro passo para, enfim, encontrar um caminho que faça sentido.
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