Minha querida amiga!
Você fez uma escolha ativa, não foi escolhida.
O problema é que escolhas têm consequências dramáticas e sustentá-las exige muito.
Escolher é um ato de coragem. Muitas vezes, nos vemos em situações em que parece que a vida simplesmente nos empurra para determinados caminhos, mas, no fundo, há uma diferença crucial entre ser levado pelo fluxo e fazer uma escolha ativa. O problema com escolhas ativas é que elas trazem consigo um peso, uma responsabilidade que não pode ser terceirizada. Quando se escolhe, assume-se não apenas a decisão, mas tudo o que vem com ela.
Ser escolhido implica uma certa passividade. Quando se é escolhido, há um deslocamento da responsabilidade para o outro, para as circunstâncias, para a vida. Há uma facilidade em atribuir os desdobramentos da situação a algo externo. Mas quando se escolhe, tudo recai sobre si. Não há escapatória. E é aí que reside a grande dificuldade: sustentar a própria escolha exige força, comprometimento e disposição de lidar com suas consequências dramáticas.
Escolher significa abrir mão de outros caminhos. Todo sim carrega dentro de si incontáveis nãos. Cada escolha traça um destino e fecha portas para outros futuros possíveis. Pode ser angustiante. “E se eu tivesse feito diferente?”, “Será que escolhi certo?”, “O que eu perdi?”. Dúvidas que precisam ser compreendidas e trabalhadas.
Escolhas ativas exigem sustentação. E sustentar escolhas pode ser exaustivo. O mundo não oferece garantias. O caminho escolhido pode trazer desafios inesperados, pode ser mais difícil do que o imaginado, pode trazer momentos de solidão e incerteza. Não há como prever tudo, e essa imprevisibilidade gera medo.
Mas, é justamente esse comprometimento com as próprias escolhas que se definem a autonomia e a autenticidade.
Sustentar escolhas significa também suportar o olhar do outro. Nem sempre as pessoas entenderão as razões por trás de uma decisão. Algumas vão criticar, outras vão duvidar. Muitas projetam seus próprios receios, inseguranças e crenças sobre quem escolhe.
O julgamento externo pode ser um peso, mas a única pessoa que pode validar uma escolha é quem a fez. Isso não significa que não se pode reconsiderar, mudar de ideia ou corrigir rotas, mas é essencial não se deixar levar pelo medo da opinião alheia.
E há, ainda, um aspecto emocional importante: o luto pelas escolhas não feitas. Cada decisão tomada significa deixar para trás outras possibilidades. Em alguns casos, esse luto é leve, quase imperceptível. Em outros, profundo. A maturidade emocional está em aceitar que não se pode ter tudo, que a vida é feita de escolhas e que, mais do que tentar manter todas as portas abertas, o desafio é atravessar aquelas que fazem sentido.
Escolher é um ato de liberdade e um ato de responsabilidade. Quem escolhe deve estar preparado para sustentar sua decisão, para encarar as consequências e para encontrar sentido no caminho.
O peso de escolher é grande, mas a sensação de viver uma vida construída com autonomia, e não por inércia, é a maior recompensa que se pode ter.
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