Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

O Paradoxo do Cuidado: Primeiro Respirar, Depois Ajudar

Há quem viva com uma lógica invertida: em vez de colocar a própria máscara de oxigênio primeiro, como sugerem as instruções de segurança em aviões, priorizam os outros, mesmo à custa de seu próprio fôlego. Essas pessoas tendem a se consumir em prol dos outros, acreditando que sua função é servir, sustentar ou proteger, ainda que isso as deixe sem ar.

Essa atitude pode parecer altruísta à primeira vista, mas frequentemente é acompanhada por um padrão de autonegação. Elas ignoram suas próprias necessidades, acreditando que cuidar de si é egoísmo, quando na verdade é uma condição essencial para cuidar bem de alguém. Afinal, sem oxigênio, ninguém pode ajudar o outro a sobreviver.

A origem desse comportamento muitas vezes está enraizada em experiências passadas, onde a pessoa aprendeu que o valor próprio estava atrelado ao quanto ela era útil ou indispensável para os outros. O ato de "colocar a máscara no outro primeiro" pode ser um reflexo de uma necessidade de validação ou uma dificuldade em estabelecer limites saudáveis.

Entretanto, a consequência dessa postura é o esgotamento emocional, físico e até espiritual. A pessoa, ao se colocar constantemente em último lugar, corre o risco de se perder de si mesma. Sem oxigênio, sua capacidade de cuidar, amar e sustentar os outros se reduz, tornando o sacrifício insustentável a longo prazo.

Reconhecer essa inversão de prioridades não é fácil, especialmente em uma cultura que glorifica o sacrifício como sinônimo de bondade. No entanto, é fundamental entender que cuidar de si não é egoísmo, mas uma forma de garantir que você estará presente e capaz de ajudar quem ama.

Cuidar dos outros começa com o cuidado consigo. A máscara de oxigênio, nesse sentido, é mais que uma metáfora: é um lembrete de que para oferecer suporte, é preciso primeiro respirar.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Rachel

Querida Rachel,

Antes de tudo, preciso te dizer que ler sua carta foi como ouvir sua voz novamente, cheia de emoção, reflexões e, acima de tudo, amor. As palavras que você escreveu chegaram até mim como um abraço apertado, cheio de significado. Saber que você dedicou esse tempo para colocar em palavras tantos sentimentos me tocou.

Você sempre teve um olhar tão sincero sobre si mesma e, ao mesmo tempo, uma generosidade imensa ao olhar para os outros. Suas reflexões, suas memórias e até mesmo seus muitos pedidos de desculpas me mostraram sempre uma humildade e um carinho que nunca passaram despercebidos para mim.

Sim, tivemos nossas diferenças e momentos difíceis. Mas, para mim, eles nunca apagaram o brilho da amizade que compartilhamos. Seus questionamentos constantes, as dificuldades em que você se colocava e seus inúmeros desafios eram partes da pessoa única que você sempre foi, e eu sempre tive muito respeito por sua jornada, mesmo quando você se sentia perdida.

As “terapias de domingo”, como você as chamava, nunca foram uma perda de tempo para mim. Se alguma vez usei palavras duras, foi porque acreditava no seu potencial e desejava que você enxergasse isso também. Que você usasse toda a sua generosidade com você mesma!

Você era mais forte do que imaginava, Rachel. 

E mesmo nos momentos em que se sentia quebrada, você tinha uma luz que iluminava as pessoas ao seu redor, inclusive eu. Pode acreditar.

Quanto aos seus erros, querida amiga, quem de nós não os cometem? Eles nunca diminuíram o afeto e a admiração que eu sentia por você. O que vivemos juntas, as risadas, as conversas intermináveis, as histórias compartilhadas, isso tudo sempre teve mais peso do que qualquer momento de desencontro.

Suas cartas não só trouxeram à tona memórias, mas também me lembraram do quanto a amizade é um presente, mesmo quando passa por momentos complicados, mesmo quando nos desafia. Você me ensinou tanto quanto acredita ter aprendido comigo.

Hoje, ao olhar para o céu e pensar em você, sinto uma paz inexplicável. Sei que agora você está livre, brilhando como a estrela que sempre foi. E se pudesse te dizer algo agora, seria isso: você foi importante, amada e sempre será lembrada com carinho.

Obrigada por me permitir ser parte da sua vida. 

Obrigada pelo convite, nessa reta final, para nos despedirmos.

Essa cena ficou gravada na minha mente, uma lembrança que carrego com reverência e carinho. Estar ali, ao seu lado, foi como folhearmos o último capítulo de um livro que escrevemos juntas. Cada palavra, olhar, lágrima e sorriso compartilhados naquele instante carregaram o peso de tudo o que vivemos e a serenidade de saber que estávamos deixando ir, com a certeza de uma amizade verdadeira.

Lembro do toque da sua mão, já tão frágil, mas carregado de significado. Ambas sabíamos que era uma despedida, e, ao mesmo tempo, um reencontro – com nossa história, com tudo o que vivemos. Algo que apenas quem ama irá compreender.

Agradeço por ter me escolhido para estar ali, para ser testemunha da sua luta, da sua força, da sua coragem, e do seu último sorriso cheio de gratidão. Talvez, naquele momento, você tenha me dado a sua maior lição: a de que a amizade possui um poder que transcende o tempo e a presença. 

Nos dias que se seguiram, torci intensamente por você, orei, chorei e implorei por mais tempo, por um milagre, por sua recuperação. Mas não era para ser. Sua missão aqui já estava cumprida, e, mesmo sem entender, precisei aceitar.

Foram meses até que eu conseguisse abrir as cartas que você me deixou. Não estava pronta, confesso que tive medo de encarar suas palavras, de reviver tudo, de sentir ainda mais a ausência. Mas, quando finalmente criei coragem, percebi que ali havia um pedaço de você que nunca iria embora.

Você partiu, mas deixou tanto de si comigo. 

Hoje, ao te responder através desta carta que nunca poderei te enviar, lembro daquele momento com clareza. Sei que ele não foi um fim, mas um recomeço – de uma amizade, que sobrevive em memórias, em saudades e na marca que você deixou em mim. Um amor que não se apaga, se transforma.

Que sua luz continue brilhando e guiando quem teve o privilégio de te conhecer.

Com amor,
Andréa

A Jornada de Clara: Entre as Sombras e as Estrelas

Havia uma pequena cidade chamada Luminária, onde as pessoas acreditavam que as estrelas no céu eram reflexos das almas que brilhavam mesmo nos momentos mais escuros. Clara vivia lá, conhecida por sua determinação e gentileza, mas também por carregar uma luz que parecia um pouco apagada.

Desde pequena, Clara sonhava em ser uma tecelã de sonhos — uma arte que poucos dominavam, onde era possível entrelaçar as experiências mais difíceis da vida em belas constelações. Mas, ao crescer, ela foi arrastada pelas correntes da vida, tornando-se aprendiz de outra arte: a construção de pontes. Durante vinte anos, trabalhou incansavelmente para ligar mundos distantes, ajudando outras pessoas a cruzarem abismos.

Um dia, ao terminar uma ponte especialmente desafiadora, Clara recebeu uma notícia que mudou tudo: um novo arquiteto fora escolhido para comandar as obras da cidade. A escolha não se baseava na força de suas construções, mas em favores políticos e falsas histórias espalhadas pela cidade. Clara viu suas mãos, calejadas de tanto construir, serem ignoradas.

Logo após, uma estrela caiu do céu de Luminária. Era Luna, a amiga mais próxima de Clara, que há muito havia se afastado. Clara ouviu um sussurro vindo do vento: "Venha me ver uma última vez." Seguindo o chamado, Clara encontrou Luna deitada sob o grande Salgueiro Prateado, o lugar onde os sonhos finais da cidade eram tecidos. Luna lhe entregou três fios prateados, dizendo:
"Use-os para tecer algo que dure além do tempo."

Não demorou muito para que Clara enfrentasse outra provação. Sua mãe, uma mulher cheia de sabedoria e histórias, caiu gravemente doente. Durante quarenta dias, Clara ficou ao lado dela, esperando uma cura que nunca veio. Quando o último fio de vida de sua mãe se desfez, Clara percebeu que sua própria luz começava a vacilar.

Mas a vida, com suas reviravoltas, ainda tinha mais desafios guardados. Clara foi afastada de seu trabalho como tecelã de pontes, não por falta de habilidade, mas por questionar a injustiça da cidade. Justo quando seu próprio corpo travava uma batalha contra um mal invisível — uma sombra que se enraizava em seu peito, trazendo dor e medo.

Foi nesse momento que Clara decidiu algo inesperado. Ela olhou para os três fios prateados que Luna lhe dera e, com as lágrimas ainda quentes em seus olhos, começou a tecer. Cada fio parecia ganhar vida, entrelaçando as memórias de sua mãe, as lições de Luna e os momentos de solidão.

No centro de sua criação, Clara inseriu algo novo: a estrela da sua infância. Com ela, decidiu recomeçar. Inscreveu-se na Academia das Constelações, um lugar onde se estudavam as histórias escondidas entre as estrelas. Lá, Clara aprendeu a transformar suas dores em mapas celestes que guiavam outros viajantes perdidos.

Pouco a pouco, sua luz voltou a brilhar, e as constelações que criou começaram a iluminar a cidade de Luminária. Sua obra mais conhecida foi chamada "Entre as Sombras e as Estrelas", um tributo àqueles que, como ela, enfrentaram o peso das perdas, mas encontraram forças para olhar para cima e continuar caminhando.

Hoje, Clara é lembrada não apenas como uma tecelã de sonhos, mas como uma estrela que ensina os outros a encontrar sua luz, mesmo nas noites mais escuras. Ela continua a criar constelações, inspirando todos a acreditar que, por mais que a vida nos desafie, há sempre uma nova história esperando para ser tecida.

Como Lacan abordaria a Inteligência Artificial (IA) com base em seus conceitos psicanalíticos?

A análise de Jacques Lacan sobre a inteligência artificial (IA) nos dias de hoje seria uma especulação. Lacan faleceu em 1981 e não viveu para testemunhar os avanços tecnológicos contemporâneos. 

Como Lacan abordaria o tema com base em seus conceitos psicanalíticos?

1. O Sujeito e a Máquina

Lacan colocava o sujeito em relação ao desejo e à linguagem, enfatizando que o sujeito é estruturado pela linguagem e pelo inconsciente. A IA, que opera por meio de algoritmos e linguagens formais, poderia ser vista como uma extensão ou "espelho" da linguagem humana? Mas sendo ou não parte do  inconsciente?  Para Lacan, a IA não seria um "sujeito", mas um objeto que participa da rede simbólica? A IA pode ocupar um lugar no campo do Outro, onde o Outro é o locus da linguagem e da cultura?

2. O Significante e a IA

Lacan distinguia o "significante" como o elemento estruturante da linguagem e da psique. A IA, sendo capaz de manipular significantes (como palavras e símbolos), poderia ser entendida como um simulacro da operação simbólica humana? No entanto, Lacan argumentaria que a IA manipula significantes sem o deslizamento que caracteriza o inconsciente humano, ou seja, sem a dimensão do desejo?

3. O Real e a IA

O Real, em Lacan, é aquilo que está fora do alcance da linguagem e que resiste à simbolização. A IA poderia ser analisada como uma ferramenta que tenta capturar e ordenar o mundo simbólico e imaginário, mas que inevitavelmente se confronta com os limites do Real? Por exemplo, IA lida com problemas que desafiam a lógica formal e revelam as lacunas do conhecimento humano, algo que poderia ser lido como um encontro com o Real?

4. O Gozo e a IA

Lacan introduziu o conceito de gozo para descrever uma forma de prazer que vai além do princípio do prazer e da realidade, frequentemente ligada ao excesso. Ele poderia interpretar a relação humana com a IA em termos de gozo? O fascínio excessivo pela tecnologia, a dependência de sistemas artificiais, ou mesmo a busca incessante de respostas "objetivas" na IA como um reflexo do desejo humano de transcender os próprios limites?

5. A IA como Objeto a

O objeto a é o objeto causa do desejo, aquilo que nunca pode ser plenamente alcançado ou satisfeito. A IA, em seu papel de assistente, criadora e solucionadora de problemas, pode ser vista como um objeto a contemporâneo? Que simboliza tanto o desejo humano de conhecimento ilimitado quanto a impossibilidade de atingir uma resposta definitiva?

6. Ética e Subjetividade

Lacan enfatizava questões éticas relacionadas ao desejo e à subjetividade. Ele questionaria: Que lugar a IA ocupa no desejo humano? e Como a IA transforma as relações humanas e o campo do Outro?. A instrumentalização da IA, por exemplo, poderia ser interpretada como uma tentativa de evitar a angústia do encontro com o Outro, buscando respostas rápidas e previsíveis?

7. A Angústia e a IA

Para Lacan, a angústia é um afeto central, que não engana. Ela surge quando o sujeito se confronta com a falta no Outro ou com o excesso de presença do objeto a. No contexto da IA, a angústia poderia ser analisada como a experiência humana diante da crescente presença de máquinas que simulam o humano, mas que não possuem subjetividade? A IA poderia ser vista como um "outro" que não reconhece a falta, ou seja, não opera com o vazio simbólico que constitui o humano? Isso poderia gerar angústia pelo temor de substituição? A IA, ao replicar funções humanas (como a criatividade ou o raciocínio), pode provocar uma crise identitária, pois coloca em questão o que nos define como humanos? Ou o confronto com o desconhecido? A IA, ao operar além da compreensão intuitiva humana, nos confronta com um Real que excede a simbolização, reatualizando a angústia frente ao desconhecido.?

8. A Transferência e a IA

A transferência, em Lacan, é o processo pelo qual o sujeito projeta seus desejos e significados sobre o analista, estruturando a relação analítica. Ela é um fenômeno essencial para o trabalho clínico e para a revelação do inconsciente. Podemos especular que a IA pode funcionar como uma espécie de "lugar do Outro" onde o sujeito projeta suas demandas, expectativas e angústias? Pode ocorre especialmente na situação em que a IA é percebida como detentora de saber? Pode a IA ocupar o lugar do Sujeito Suposto Saber?" No contexto da transferência, o analista ocupa esse lugar de suposto saber, permitindo ao sujeito confrontar sua falta. A IA, por sua vez, parece oferecer um saber "total", mas seria desprovida de desejo ou falta? Assim, ela seria o Sujeito Suposto Saber? Teria o dinamismo necessário para o desvelar do inconsciente? Que tipo de transferência ocorre com a IA? A relação com a IA talvez evidencie uma transferência imaginária? Onde o humano se relaciona com a máquina como um espelho, projetando nela ideais de perfeição ou temor de desumanização? A transferência em direção à IA seria um novo espaço para explorar a relação entre saber, desejo e falta?


Estabelecer essas conexões diretas entre conceitos psicanalíticos e a IA é desafiador ... até porque ao trazer a IA para esse campo, estamos abrindo um espaço fértil para reflexões que, se não pretendem ser literais, buscam tensionar os conceitos e ampliá-los.

Se Lacan estivesse aqui hoje, sua leitura certamente seria complexa e provocativa, cheia de nuances, ironias e reinterpretações. Acredito que ele veria a IA não como um substituto para o humano, mas como um reflexo de nossa própria estrutura simbólica, um desafio ético e um novo campo para explorar as relações entre o Simbólico, o Imaginário e o Real.

Jacques Lacan, o psicanalista que repensou Freud e criou sua própria escola

 

1901: Nasce em Paris, no dia 13 de abril, Jacques-Marie Émile Lacan, primeiro filho de uma próspera família católica.

1907: Nascimento de seu irmão, Marc-Marie, que mais tarde entrará para a ordem dos beneditinos como o nome de Marc-François.

1919: Matricula-se na faculdade de medicina. Paralelamente estuda literatura e filosofia, aproximando-se dos surrealistas.

1928: Trabalha como interno da Enfermaria Especial para alienados da Chefatura de Polícia, dirigida por Gaëtan Gatian Clérambault, que reconhecerá como seu único mestre na psiquiatria.

1931: Após examinar Marguerite Pantaine, que havia tentado assassinar a atriz Huguette Duflos, escreve sobre o episódio (conhecido como "Caso Aimée") uma monografia que está na gênese de sua tese de doutorado.

1932: Inicia sua análise com Rudolf Loewenstein. Defende a sua tese de doutorado, Da psicose paranoica em suas relações com a personalidade.

1934: Casa-se com Marie-Louise Blondin, com quem terá três filhos. Caroline (1937), Thibault (1939) e Sybille (1940).

1936: Sua comunicação sobre o estádio do espelho, durante congresso da Associação Internacional de Psicanálise (IPA) em Marienbad, é interrompida no meio por Ernest Jones, discípulo e biógrafo de Freud.

1938: Inicia relações com Sylvia Bataille, ex-mulher do escritor e filósofo Georges Bataille. Torna-se membro da Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP).

1941: Separa-se de Marie-Louise. Nasce Judith Sophie, filha de Lacan com Sylvia.

1945: Lacan visita o Hospital Hatfield House (inglaterra) e fica impressionado como a Psicanalise é utilizada para tratar os sobreviventes da Guerra (não se tem um líder/mestre). Forma-se laço onde o lugar do mestre está vazio.

1945: Andre Weiss conta o Dilema dos Prisioneiros para Lacan em um jantar na casa de seu cunhado (irmão da Marie Louise).

1947: Lacan escreve o texto “A Psiquiatria Inglesa e a Guerra” sobre essa visita ao Hospital.

1948: Morre a mãe de Lacan

1948: O Pai de Lacan fica sabendo da existência de Judith (outra filha de Lacan)

1948: Lacan publica o texto “A Agressividade em Psicanálise”

1949: Lacan reapresenta o Tema Estádio do Espelho (esse texto está nos Escritos)

1949: Didier começa a ser analisante de Lacan (de 1949 até 1953)

1950: Lacan coloca a Psicanálise para dialogar com outras áreas de conhecimento. Filosofia, Existencialismo (Husserl, Hegel, Heidegger), Foucault, Sartre, Althusser, Deleuze, Derrida, entre outros.

1950: É apresentado a Jacques-Alain Miller que depois vai se tornar seu genro, casando com Judith e detentor dos diretos dos seminários, traduções e etc. Ele que participa da vida do Lacan, dos últimos escritos, da carta de dissolução da Escola (há controvérsia se foi Lacan ou Miller quem escreveu).

1951: Sua técnica de sessões curtas gera controvérsias na SPP. Dá início aos Seminários, uma série de apresentações orais que constituirão o núcleo de seu trabalho teórico.

1953: Em meio à crise na SPP, faz conferências fundamentais como "O mito individual do neurótico" (em que utiliza pela primeira vez a expressão Nome do Pai), "O real, o simbólico e o imaginário" (que coloca suas teorias sob o signo do "retorno a Freud") e "Função e campo da palavra e da linguagem em psicanálise" (pronunciada em Roma). Deixa a SPP junto com Daniel Lagache, Françoise Dolto e outros 40 analistas. Funda a Sociedade Francesa de Psicanálise (SFP). Realiza o seminário 1 “Os escritos técnicos de Freud”, primeiro a ser registrado por estenotipista, possibilitando posterior publicação.

1953: Didier rompe com Lacan e se torna um dos seus principais críticos.

1953: Lacan oficializa sua relação com Sylvia e é demitido da SPP.

1953: Margerite (Aimee) vai trabalhar como cozinheira na casa do pai de Lacan.

1953: Lacan começa seus seminários, oficialmente o seminário 1 e começa o seu “retorno a Freud”. A partir do estruturalismo francês, impactado pela obra do Levi Strauss - Antropologia (As estruturas elementares do parentesco). Strauss tenta transcrever a língua dos indígenas no Brasil Central (com base em Jakobson e Saussure). Strauss apresenta então o método (regras estruturais) de Saussure, sobre o sistema linguístico, para Lacan.

1953: Seminário 1, critica a Psicologia do Ego. Não se trata a fortalecer o ego.

1953: Strauss vai estudar as regras de parentesco, o que representa por exemplo o casamento para a estrutura de parentesco. Por exemplo, ele vai entender o que o sol representa para a tribo, mais como um mitema (fonema do mito), uma representação, célula elementar da estrutura. Será que todas as culturas usam a mesma representação? Um exemplo seria a proibição do incesto, que é algo estrutural para todas as culturas (muda a forma, mas a regra é universal).

1953: Lacan fica muito empolgado com esse método e quer pensar a psicanalise nesse método, porque ela também é um sistema, assim como a língua, a antropologia e etc. Tem que se entender o que é estrutural desse sistema, quais as regras. Vai mostrar como o Inconsciente tem uma estrutura linguageira.

1953: Lacan vai reler Freud influenciado por três teorias: 1) Linguística de Saussure, por ex que o Ics é estruturado como linguagem 2) Antropologia Estrutural de Levi Strauss, por ex, relendo Edipo a partir da interdição do incesto e 3) Fonética de Jakobson, por ex metáfora (sintoma), metonímia (desejo).

1953: Lacan publica o Texto “O Mito Individual do Neurótico (dialoga com Levi Strauss, no seu texto Eficácia Simbólica, o psicanalista é um chamã moderno. Para Lacan tem um mito que não é social, mas é individual, como por exemplo no Homem dos Ratos que para Lacan, ele construiu um mito com o Freud.)” e “A poesia e a verdade na Neurose”

1953: Lacan tem o seminário R.S.I. articulando a eficácia simbólica de Levi Strauss.

1953: Publica o Discurso de Roma (Função e Campo da Fala e da Linguagem em Psicanálise) – vai documentar a ideia de “um retorno a Freud”. Ler com rigor, a partir de Levi-Strauss (Antropologia), Saussure (Linguística) e Jakobson (Fonética). Mas não a partir da neurologia e biologia. Seria um retorno a Freud a partir da Linguagem.

1954: Entrevista com Jung. Conversa de Lacan com Jung. E tem aquela frase que Freud disse a Jung “Mal sabem eles que estamos levando a peste” (isso está no texto “A coisa Freudiana”). Lacan nunca se preocupou em se envolver profundamente com o pensamento de Jung e tendia a descartá-lo como misticismo barato. Quando ele menciona Jung em seus seminários, geralmente é de forma depreciativa, por exemplo, como uma forma abreviada de criticar alegações teóricas ('essa linha de pensamento leva ao junguismo', etc.).

1955: Publica “A coisa Freudiana ou sentido do retorno a Freud em Psicanálise”.

1955: Publica “Variantes do Tratamento Padrão”, critica ao tratamento padrão formalizado pela IPA.

1955: Seminário 3 Psicoses. Revisita o Estádio do Espelho, porém a luz da teoria linguística.

1956: Publica “Situação da Psicanálise e Formação do Psicanalista”, divergindo da IPA.

1956: Seminário 4, Lacan vai criticar Klein, Winnicott e a relação com os objetos. Porque para Lacan a relação não é com objeto, mas sim do sujeito com a falta de objeto, é disso que o Freud estava falando para Lacan.

1957: Publica “A instância da Letra no Inconsciente ou a Razão desde Freud”, onde apresenta a sua teoria da linguagem e critica o Saussure, elogia ele ser um pontapé inicial, mas ele fala da primazia do significante, o signo não é uma estrutura fechada, mas um efeito da cadeia de significantes, etc. É quase uma linguística Lacaniana a partir de Freud. Vai inclusive fazer uma crítica a Descartes (a razão cartesiana), porque eu existo onde eu não penso. Sou onde não penso e etc.

1957: Seminário 5 – As formas do Inconsciente, trabalho sobre o Chiste. É um tema muito conectado a linguagem. A instância da Letra. O grafo do Desejo.

1958: Seminário 6 – O desejo e sua interpretação. Falta do Objeto. Questões da Linguagem.

1959: Seminário 7 – A Ética da Psicanalise, tem a ver com aprofundar o universo da falta. Das Ding. Discussão de Kant com Sade. Relação da ética Kantiana com a Sadiana.

1960: Morre o Pai de Lacan.

1960: Seminário 8 – A Transferência. Trabalha o meio. Ele diz que vai trabalhar os fins e os meios da psicanalise. E faz uma releitura da transferência. Banquete de Platão.

 1961: Seminário 9 – Identificação.

1962: Seminário 10 – A Angústia. Grande Tensão entre a Sociedade Francesa de Psicanalise (SFP) e SPP (Sociedade Psicanalítica de Paris). Eles ficam em um certo limbo institucional, desamparados pela IPA.

1963: A IPA admite a filiação da SFP. Porém com a contrapartida de expulsarem o Lacan (pelas suas sessões curtas). Pressionam Dolto. Profere a Diretriz de Estocolmo, documento elaborado durante o Congresso determinando a exclusão de Lacan da lista de analistas- didatas da SFP

1963: Se Lacan aceitasse sua destituição como analista-didata, a SFP seria integrada à IPA e Lacan seria um membro efetivo através da filiação à SFP, mas privado da condição de didata. Lacan não aceita a exclusão e opta pela ruptura.

1963: Lacan é excomungado da IPA (expulso da IPA) como analista didata (não pode formar analistas).

1964: Lacan sai da SFP e funda a Escola Freudiana de Paris (EFP) com antigos alunos como Françoise Dolto, Maud e Octave Mannoni, Serge Leclaire, Moustapha Safouan e François Perrier.

1964: Seminário 11 – Os quatro conceitos de Psicanalise. Seminário inaugural da fase na Escola Normal Superior quanto na própria EFP. Fundamento da sua escola. Seminário 11 fico sendo um marco importante por isso.

1966: Miller se casa com a Judith. Miller se torna herdeiro da obra de Lacan. Eles ficam muito próximos.

1966: Publicação de Escritos e criação da coleção Campo Freudiano, dirigida por Lacan. Publica essa coletânea de textos de Lacan.

1967: Institui as formas de se participar da Escola. Propõe a criação do "passe" (avaliado pelos seus pares, finalizou sua análise e se estava pronto para ser analista), dispositivo regulador da formação do analista. Até hoje temos com a AMP (Associação Mundial de Psicanalise) com Miller. O cartel também. Institucionalizar a sua escola à sua maneira.

1968: Lançamento da revista Scilicet, do Campo Freudiano.

1969: Seminário 16 – De um Outro ao Outro.

1969: Lacan é expulso também da Escola Normal Superior e acaba indo para a Faculdade de Direito. A partir daí, os seminários vão acontecer aí.

1969: Morte de Pierre, filho do Thibault. Neto de Lacan. Morre logo depois do seu nascimento. O Thibault tem outros dois filhos: Ariane e Iris.

1970: Viagem do Lacan para Oriente. Sempre teve ligação com o Oriente e interesse pelo Zen Budismo. A questão do “não-eu”, que isso estava ligado ao inconsciente e a Psicanalise. Tem um capítulo sobre as “pálpebras do Buda (seminário 10)”, também o “desejo ser uma ilusão”, dentre outros.

1970: Seminário 17 “O avesso da Psicanálise”.

1971: Ia fazer uma viagem a China, que cancela. E acaba viajando ao Japão.

1971: Seminário 18 - “De um Discurso que Não Seria Semblante” (1970-71)

1972: Seminário 19 - “...Ou Pior” (1971-72)

1973: Seminário 20 - “Mais, Ainda” (1972-73)

1973: Morre a filha Caroline de Lacan em um acidente de carro. Ela tinha dois filhos: Cyril e Fabrice. A Judith tinha também 2 filhos: Luc e Eve, que assinavam Miller.

1973: Publicação da transcrição do Seminário 11, os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, realizado em 1964. A partir daí, os seminários passam a ser editados segundo esse procedimento. Caroline morre num acidente de automóvel.

1973: Seminário 21 - "Os Não-Tolos Erram" (1973-74) – esse não foi estabelecimento pelo Miller.

1974: Convidado por Benoit Jacquot, Lacan grava para Televisão e tem um texto sobre isso chamado “Televisão”, que ajuda a popularizar o Lacan. Fica famoso na França. Vai ficando internacionalmente conhecido.

1975: Viaja para EUA para divulgação. Lacan fala que a “gente pensa com os pés”. Tem contato com o Noam Chomsky e por essa frase dita, tem uma polêmica de que Lacan não estava bem das ideias. "Lacan escandalizou todo mundo ao responder a uma questão sobre o pensamento feita por Noam Chomsky. 'Nós pensamos que pensamos com nossos cérebros', disse Lacan. 'Mas eu particularmente penso com os meus pés. Essa é a única forma que eu entro em contato com algo sólido. De fato, eu ocasionalmente penso com a minha testa, quando esbarro em algo. Mas já vi eletroencefalogramas suficientes para saber que não há o menor traço de pensamento no cérebro'. Ao ouvir isso, Chomsky concluiu que ele devia ser um louco". Em uma entrevista concedida em 1989 à revista “Radical Philosophy”, Chomsky elaborou sua visão de Lacan: “Minha opinião sincera é de que se tratava de um charlatão consciente, e estava apenas pregando peças na comunidade intelectual de Paris, para ver quanto de absurdo era possível produzir e ainda assim ser levado a sério. E digo isso literalmente. Eu o conhecia. Se você o levasse a sério era meio vergonhoso, então era preciso presumir que alguma outra coisa estava acontecendo, num nível que não dava para entender direito”.

1975: Lançamento de Ornicar?, boletim do Campo Freudiano.

1975: Seminário 22 - "R.S.I." (1974-75) Real, Simbólico, Imaginário

1975: Seminário 23 - "O Sinthoma" (1975-76) – interesse forte do Lacan pela questão dos nós. Ele também se interessa pela obra do Joyce. Ele esteve na mesma livraria que Joyce esteve. Vai ter interesse pela forma que Joyce manipulava linguagem. Pelo seu estilo. Escrito de Joyce, sua obra, uma leitura da obra e do próprio James Joyce. E a teoria dos nós.

1976: Seminário 24 - "O Não Sabe que Sabe de um Engano Voa ao Alvo" (1976-77)

1977: Seminário 25 - "O Momento de Concluir" (1977-78)

1977: Lacan propõe a dissolução do passe (em 1967 ele tinha instituído o passe). O pessoal começa a dizer que ele está mal de saúde, uma certa desconfiança.

1978: Seminário 26 - "A Topologia e o Tempo" (1978-79)

1978: Tem um episódio que Lacan derrapa com seu carro e ele fica muito abalado com isso, não se sabe se foi acidente ou proposital, ou alguma perturbação mental dele. A clinica com sessões muito curtas, intervenções polêmicas (puxar cabelo de uma paciente, por exemplo).

1980: “Eu sou freudiano, vocês, se quiserem, sejam lacanianos!” Supostamente Lacan teria dito algo assim, no congresso de Caracas, em 1980.

1980: Seminário 27 – “Dissolução” (1980)

1980: Desconfiança de quem estava tomando as decisões, Lacan ou Miller. Será que foi ele mesmo que escreveu a carta de dissolução ou ele só assinou.

1980: Anuncia a dissolução da EFP e funda em outubro a Escola da Causa Freudiana.

1980: Lacan descobre um câncer de colón.

1981: Morre em Paris no dia 09 de Setembro. Está na casa de campo (Guitrancourt, uma pequena cidade na região de Île-de-France, próxima a Paris), liga para o filho, fala que estava mal, o filho promete fazer uma visita, mas ele morre antes dessa visita. Miller leva Lacan para o Hospital em Paris. Não se sabe se morreu na casa de campo ou em Paris, na certidão de óbito parece que está que ele morreu em Paris.

Propósito

Acordar não para trabalhar e sim para manifestar seu propósito. Este é o objetivo da vida, saber quem você é e a partir daí expressar seu eu verdadeiro, compartilhando seus dons sem esforço e sofrimento e sim com alegria e amor. Não é o lugar que determina isso e sim a sua consciência.

Postagem em Destaque

Você passou de fase! Parabéns! 💔 Bem vindo ao Próximo Nível.

Olá Querida , ouvi sua mensagem. Na verdade, ouvi sua mensagem algumas vezes, até estar aqui e responder. Sua mensagem é bonita, é carinhosa...

Um presente

Você é mais do que um irmão, é um amigo, um presente e me acompanha nos momentos alegres e nas aflições. Me dá sempre os melhores conselhos.
Compartilhamos a paixão pelo futebol.💙 Irmã de menino é assim mesmo, junto com as bonecas, a gente vira goleiro, aprende a lavar carros, instalar chuveiro, chef de cozinha. Rs. Trocamos afilhados. E as muitas viagens, nem se fala, as que deram certo e as “roubadas” que nos metemos.
Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
Seja muito Feliz! Te admiro muito. Tenha um Feliz Aniversário! 🎁

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