Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Questione

Vivemos em um mundo onde a informação chega até nós em um ritmo acelerado, e muitas vezes, sem que nos deem tempo para refletir sobre ela. Somos bombardeados por opiniões, padrões, crenças e "verdades" que, muitas vezes, não paramos para questionar. Existe uma grande pressão para simplesmente aceitar o que é dito, o que é escrito, o que é imposto pela tradição ou o que todos ao nosso redor estão fazendo. Mas será que devemos simplesmente seguir esse fluxo sem fazer uma análise crítica?

Não acredite em algo só porque ouviu falar.

A nossa sociedade está saturada de boatos, opiniões não fundamentadas e informações distorcidas. Às vezes, repetimos algo porque alguém nos disse, ou porque parece ser conveniente, sem questionar a origem dessa informação ou sua veracidade. A ideia de simplesmente "passar adiante" o que ouvimos sem verificar é algo perigoso. Afinal, somos seres pensantes, não ecos. Desafiar o que nos é dito e buscar as fontes reais de informação é um passo fundamental para não nos tornarmos parte do ciclo de desinformação.

Não acredite só porque todos acreditam.

O efeito de manada é real, e todos nós já fomos influenciados por ele em algum momento. "Se todo mundo está fazendo, então deve ser o certo." Mas, na verdade, a maioria nem sempre está certa. Tradicionalmente, seguimos aquilo que é popular ou socialmente aceito, sem questionar a fundamentação por trás da ideia. E se, de fato, todos estão errados? Questionar o consenso popular é, muitas vezes, a chave para descobertas inovadoras e transformadoras. É preciso coragem para ir contra a corrente e dar voz ao que realmente acreditamos ser certo.

Não acredite só porque está escrito nos livros.

Os livros são uma das maiores fontes de conhecimento, mas também são limitados pela visão e contexto de seus autores. As informações ali contidas refletem, muitas vezes, uma perspectiva específica que pode estar desatualizada ou até ser equivocada. Não se trata de desmerecer o conhecimento escrito, mas de reconhecer que a sabedoria é viva e dinâmica. O que aprendemos com os livros deve ser desafiado e ampliado pela nossa própria experiência, pela observação do mundo real e pelo desenvolvimento do nosso próprio raciocínio.

Não acredite só porque seus mestres dizem que é verdade.

A figura do mestre ou mentor é fundamental no processo de aprendizado. No entanto, um bom mestre não é aquele que exige obediência cega, mas aquele que nos encoraja a pensar por nós mesmos. Questionar o que é ensinado, sem medo de errar ou desafiar, é uma habilidade essencial para o crescimento intelectual. Os mestres são guias, mas a jornada de aprendizado é sua. Faça da dúvida e da reflexão os seus maiores aliados, pois o verdadeiro conhecimento só nasce a partir do questionamento.

Não acredite em tradições só porque vieram de geração em geração.

A tradição carrega uma grande carga de sabedoria, mas também pode ser um reflexo de hábitos ou crenças que já não fazem mais sentido no contexto atual. Continuar com práticas ou ideias apenas porque "sempre foi assim" pode limitar o nosso potencial de evolução. Tradicionalmente, a sociedade foi formada por uma série de normas e valores que eram seguidos por pura convenção. No entanto, a tradição não deve ser um dogma, mas sim um ponto de partida para reflexões mais profundas sobre o que é realmente valioso para o nosso tempo.

Faça sua própria análise e observação.

No fim das contas, a única forma de realmente entender o mundo ao nosso redor é através da nossa própria observação e análise. Buscar respostas dentro de nós mesmos e nas experiências que vivemos é o caminho mais autêntico para construir a nossa visão de mundo. Não se trata de ser cético ou negar tudo o que nos é dado, mas sim de desenvolver a habilidade de perceber, questionar e compreender. Cada um de nós tem a capacidade de formar seu próprio entendimento — e isso não só nos torna mais conscientes, mas também mais responsáveis pelas escolhas que fazemos.

Mais do que imagem: como nos apresentamos ao mundo

Vivemos em um tempo em que tudo comunica. O modo como falamos, nos vestimos, organizamos nossos espaços e até como navegamos nas redes sociais constrói uma narrativa — sobre quem somos, o que acreditamos, o que queremos (ou não) mostrar. Essa narrativa, no entanto, não é neutra. Ela carrega intenções, expectativas, inseguranças, desejos. E por trás de tudo isso, está algo mais profundo: a forma como nos vemos e como queremos ser vistos.

A maneira como nos apresentamos ao mundo reflete, de forma direta ou sutil, o nosso nível de autoconfiança, autoestima e autoconceito. Seja no ambiente de trabalho, nas interações sociais ou no universo digital, estamos o tempo todo nos colocando em cena. E essa cena pode ser autêntica, estratégica ou até defensiva — dependendo do que está em jogo.

A partir da psicologia, sabemos que a identidade não é uma estrutura fixa. Ela se constrói na relação com o outro, com a cultura, com o tempo. Por isso, cuidar da nossa imagem externa — longe de ser vaidade — pode ser um movimento legítimo de coerência entre o que somos e o que mostramos. É aqui que entra o papel dos consultores de imagem: ajudar você a expressar sua essência, seus valores e seus objetivos por meio de escolhas conscientes. As roupas, os acessórios, as cores, os tecidos — tudo isso deixa de ser apenas estética e passa a ser expressão.

Mas não é só sobre o que vestimos. É também sobre onde habitamos. Nosso ambiente físico impacta diretamente nossa saúde mental, produtividade, criatividade e bem-estar. Um espaço caótico, mal iluminado ou entulhado de coisas que não fazem mais sentido pode gerar uma sensação constante de desorganização interna. Por isso, organizadores profissionais ajudam a transformar espaços em aliados do cotidiano. A organização passa a ser uma forma de cuidado com a mente — porque, muitas vezes, colocar a casa em ordem é um passo importante para reorganizar a vida.

Neste blog, trago essa abordagem integrada: um olhar que nasce da minha experiência no mundo corporativo da tecnologia, agora atravessado pela psicologia. Já fui gestora, já fui liderança, já fui “pau pra toda obra” — e vi de dentro como o ambiente de trabalho pode moldar, adoecer, impulsionar ou silenciar subjetividades. Vi como a performance é exaltada e a vulnerabilidade é escondida. Como o “parecer” muitas vezes vale mais do que o “ser”. E como a forma como você se apresenta — sua imagem, seu discurso, sua organização — pode abrir ou fechar portas, pode te preservar ou te expor.

Aqui falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Carreira, Luto, Ansiedade, Relacionamentos e escolhas do cotidiano. Mas falamos, principalmente, de sentido. De como encontrar coerência entre o que você vive por dentro e o que você mostra por fora. De como alinhar discurso e prática. De como transformar a apresentação pessoal em um gesto de autenticidade — e não de obrigação.

É um convite: a olhar para você com mais profundidade, mais cuidado, mais escuta. Porque, no fim das contas, não é sobre se encaixar num padrão. É sobre construir uma presença que seja sua. Em todos os lugares: na sua casa, no seu corpo, na sua carreira e nas suas relações.

Seja bem-vindo(a) ao espaço onde psicologia encontra tecnologia, e estilo encontra significado.

Você é o cargo que ocupa? identidade ou utilidade

"Se você é pau pra toda obra, pode se preparar: toda hora vai ter obra." 

A frase circula como piada, mas descreve com precisão uma dinâmica recorrente nas organizações contemporâneas.

Ambientes que se propõem inovadores, ágeis e orientados a desempenho frequentemente recompensam a hiperdisponibilidade com mais carga de trabalho. O profissional que se mostra capaz de resolver múltiplas demandas, que assume responsabilidades fora de escopo e mantém uma postura de prontidão contínua, rapidamente se torna o “recurso estratégico” — mas, paradoxalmente, também o mais vulnerável.

Essa lógica não se baseia em reconhecimento genuíno. Ela se ancora na utilidade. Em vez de sujeito, o trabalhador passa a ocupar o lugar de meio, de peça funcional que precisa operar com eficiência, sem falhas e sem pausa.

A psicologia organizacional há muito tempo aponta os riscos dessa configuração. Quando o valor profissional é medido exclusivamente por entregas, e não por vínculos, limites ou sustentabilidade emocional, o esgotamento se torna inevitável. O burnout, cada vez mais presente em setores de alta performance, é apenas a expressão mais visível de um sistema que recompensa o excesso — até que ele se torne disfuncional.

Mais do que uma falha de gestão, trata-se de uma lógica estrutural. A substituição rápida de colaboradores que deixam de “performar” não é acidental: é parte do funcionamento. Um ciclo contínuo de uso e descarte, que transforma competência em sobrecarga e lealdade em invisibilidade.

Curiosamente, os profissionais que melhor se adaptam a esse sistema nem sempre são os mais capacitados tecnicamente. Muitas vezes, são os que compreendem as dinâmicas de poder, que estabelecem alianças estratégicas, que sabem parecer ocupados sem se expor ao desgaste. Em outras palavras, sobrevivem não os que entregam mais, mas os que sabem navegar o jogo organizacional.

Essa realidade exige uma reflexão mais profunda sobre os modelos de valorização vigentes. O mérito, isolado da política interna, torna-se insuficiente. A entrega, sem proteção institucional, vira risco. E o engajamento sem limites, embora elogiado, muitas vezes serve apenas para perpetuar uma lógica de exploração sob a aparência de reconhecimento.

No campo clínico, observa-se o reflexo dessas dinâmicas. Profissionais adoecidos não apenas pelo excesso de trabalho, mas pela internalização de uma crença: a de que é preciso ser sempre útil para ter valor. Uma lógica aprendida desde cedo, reforçada por sistemas que premiam a performance e negligenciam o cuidado.

O desafio, portanto, não é apenas individual. É organizacional. Repensar as culturas que confundem produtividade com disponibilidade irrestrita é urgente. Não se trata de abrir mão da excelência, mas de construir ambientes onde o reconhecimento venha acompanhado de sustentação, e onde o sujeito não desapareça atrás do cargo que ocupa.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Você não é obsessiva.

Fiquei pensando no que você me disse ontem, engraçado porque é uma fala do senso comum, mas muito dita e pouco pensada. 

E então resolvi fazer um certo ajuste na sua fala, ainda mais, porque sendo da área, você não pode mais se dar ao luxo de confundir conceitos, ou validar o senso comum em detrimento da precisão conceitual.

Posso te afirmar que você não é obsessiva, não procrastina. Você é histérica. Clássica.

A neurose obsessiva e a histeria são caminhos distintos dentro da subjetividade humana. A obsessão se manifesta no excesso de controle, na tentativa incessante de ordenar o mundo interno e externo por meio de rituais, repetições e análises intermináveis. O obsessivo teme a perda de controle e, por isso, adia decisões, repassa infinitamente os mesmos pensamentos e se protege na paralisia da dúvida. Seu refúgio é a certeza, sua angústia nasce da possibilidade de errar.

Já o histérico, ao contrário, movimenta-se na incerteza. Ele não se protege da dúvida, mas a amplifica, encena, dramatiza. Enquanto o obsessivo busca uma resposta definitiva, o histérico coloca novas perguntas, seduz a escuta do outro, joga com as possibilidades. Sua dor não vem da inação, mas da constante necessidade de ser reconhecido, de se reinventar, de sustentar a falta que o habita sem jamais preenchê-la completamente.

Há algo curioso: muitos se identificam como obsessivos, pois há um certo prestígio na imagem de alguém meticuloso, disciplinado, atento aos detalhes. Poucos, no entanto, se reconhecem como histéricos. A histeria carrega um estigma – de exagero, de manipulação, de instabilidade. Mas a verdade é que o histérico não se limita a repetir padrões fixos como o obsessivo. Ele provoca rupturas, tensiona o que está posto, é o sujeito do desejo que se desloca, que não aceita a rigidez dos significados.

Se o obsessivo busca controlar o desejo, o histérico se alimenta dele. O obsessivo quer certezas, o obsessivo já sabe quem ele é, mas vai demandar que você o reconheça para preservar suas certezas. O histérico se lança ao vazio, pede uma confirmação de lugar para o outro, tira a minha dúvida de quem eu sou. O histérico está sempre insatisfeito, o obsessivo é da ordem do impossível, da impossibilidade. Nenhum dos dois encontra plena satisfação, mas cada um lida com a angústia de forma distinta.

O problema é que escolhas têm consequências dramáticas, e sustentá-las exige muito. A histeria exige. Converte para o corpo, prefere isso a ter que dar conta do seu desejo. O Obsessivo converte para o pensamento, prefere entrar em um loop infinito do que se a ver com seu desejo. Não há um caminho fácil, mas há, sempre, um caminho possível.

Histeria. A palavra pesa. Causa desconforto. Pouca gente a assume. Mas vamos pensar melhor: a histeria não é sobre indecisão pura e simples, nem sobre preguiça ou falta de controle. É sobre desejo e angústia. Sobre colocar o outro no centro da cena e, ao mesmo tempo, escapar do olhar dele. É a busca por um saber que nunca se completa, que sempre se desloca. A histérica pergunta e pergunta, mas, no fundo, não quer uma resposta definitiva – porque ela mesma é a pergunta.

Já a neurose obsessiva opera de outra forma. O obsessivo quer o controle absoluto. Ele calcula, antecipa, se prende a rituais e repetições. Não age porque quer garantir que tudo estará sob domínio. E enquanto isso, o tempo passa. O desejo fica em suspenso.

Na histeria, não. Há movimento. Há um jogo constante entre se mostrar e se esconder, entre provocar e recuar. A histérica age, mas depois se pergunta: "será que era isso mesmo que eu queria?" E recomeça o ciclo.

Então, volto a dizer: você não é obsessiva, você não procrastina. Você é histérica. E reconhecer isso não é um problema. Pelo contrário, é uma estrutura clinica, como as outras. 

Só precisa saber até que ponto você está no controle do jogo – e não sendo jogada por ele.

Uma escolha, uma sentença.

Minha querida amiga!

Você fez uma escolha ativa, não foi escolhida. 

O problema é que escolhas têm consequências dramáticas e sustentá-las exige muito.

Escolher é um ato de coragem. Muitas vezes, nos vemos em situações em que parece que a vida simplesmente nos empurra para determinados caminhos, mas, no fundo, há uma diferença crucial entre ser levado pelo fluxo e fazer uma escolha ativa. O problema com escolhas ativas é que elas trazem consigo um peso, uma responsabilidade que não pode ser terceirizada. Quando se escolhe, assume-se não apenas a decisão, mas tudo o que vem com ela.

Ser escolhido implica uma certa passividade. Quando se é escolhido, há um deslocamento da responsabilidade para o outro, para as circunstâncias, para a vida. Há uma facilidade em atribuir os desdobramentos da situação a algo externo. Mas quando se escolhe, tudo recai sobre si. Não há escapatória. E é aí que reside a grande dificuldade: sustentar a própria escolha exige força, comprometimento e disposição de lidar com suas consequências dramáticas.

Escolher significa abrir mão de outros caminhos. Todo sim carrega dentro de si incontáveis nãos. Cada escolha traça um destino e fecha portas para outros futuros possíveis. Pode ser angustiante. “E se eu tivesse feito diferente?”, “Será que escolhi certo?”, “O que eu perdi?”. Dúvidas que precisam ser compreendidas e trabalhadas.

Escolhas ativas exigem sustentação. E sustentar escolhas pode ser exaustivo. O mundo não oferece garantias. O caminho escolhido pode trazer desafios inesperados, pode ser mais difícil do que o imaginado, pode trazer momentos de solidão e incerteza. Não há como prever tudo, e essa imprevisibilidade gera medo. 

Mas, é justamente esse comprometimento com as próprias escolhas que se definem a autonomia e a autenticidade.

Sustentar escolhas significa também suportar o olhar do outro. Nem sempre as pessoas entenderão as razões por trás de uma decisão. Algumas vão criticar, outras vão duvidar. Muitas projetam seus próprios receios, inseguranças e crenças sobre quem escolhe. 

O julgamento externo pode ser um peso, mas a única pessoa que pode validar uma escolha é quem a fez. Isso não significa que não se pode reconsiderar, mudar de ideia ou corrigir rotas, mas é essencial não se deixar levar pelo medo da opinião alheia.

E há, ainda, um aspecto emocional importante: o luto pelas escolhas não feitas. Cada decisão tomada significa deixar para trás outras possibilidades. Em alguns casos, esse luto é leve, quase imperceptível. Em outros, profundo. A maturidade emocional está em aceitar que não se pode ter tudo, que a vida é feita de escolhas e que, mais do que tentar manter todas as portas abertas, o desafio é atravessar aquelas que fazem sentido.

Escolher é um ato de liberdade e um ato de responsabilidade. Quem escolhe deve estar preparado para sustentar sua decisão, para encarar as consequências e para encontrar sentido no caminho.

O peso de escolher é grande, mas a sensação de viver uma vida construída com autonomia, e não por inércia, é a maior recompensa que se pode ter.

Sessão

Dizem que o analista não pensa nos seus pacientes depois que a sessão termina.

Eu penso. E muito.

Penso nas palavras ditas e nas que ficaram suspensas no silêncio. No olhar que vacilou, no riso que escondeu a dor, na raiva contida que denuncia algo muito maior. Penso naquilo que se repete sem fim, na luta interna entre construir e destruir, no desejo de pertencimento que nunca encontra pouso.

Escrever me ajuda a organizar essas reflexões. Não para encontrar respostas – porque a análise não é sobre respostas  – mas para dar forma ao que insiste.

Eu me entrego muito ao paciente, sempre preciso de uma descompressão posterior, por isso escrevo. E nesse movimento vou caminhando entre os significantes, até que um significado possa se fazer presente, para mim. Porque é o paciente que chega nos seus próprios.

Segue um trecho: Aqui misturo pacientes, confundo, poetizo, porque o sigilo é algo inegociável

Mas, nesses "Frankenstein" que crio, vou navegando e, de alguma forma, me encontrando. 

Os pacientes leem meus textos, mas não se identificam com um caso específico e, ao mesmo tempo, se reconhecem em vários deles e em nenhum ao mesmo tempo. Então, estou embaralhando muito bem, rs.

=  =  =  =

E a sessão continuava. A analista, com sua calma firme, avisou logo de início: não lhe daria uma pauta. Observava sua irritabilidade transbordando por trás da educação impecável. Internamente, era evidente—uma fúria contida, disfarçada por gestos medidos.

Falou sobre os irmãos, distantes. Estranhos, sem laços reais. E a irmã? Péssima. O relacionamento com a mãe, sempre penoso, culminou em sua morte, que, longe de ser uma tragédia, foi um alívio. Acho que exagero aqui, mas havia um sofrimento aí, não nomeado.

O marido, homem bom, a tratava bem, mas tinha lá suas questões de dependência, às vezes, infantil. 

Na faculdade, era uma aluna excepcional, admirada pelos professores, elogiada com frequência. Mas e daí? Eles seguiam suas vidas, sem impacto real. No fundo, era incrível, mas ninguém parecia querê-la por perto. "Porque não querem sombra", disse a analista. "Por vaidade, pelo inconsciente deles. Isso é do outro."

E a analista continuou dizendo que se fosse outra tipo de pessoa, talvez visse sorte em trabalhar ao lado de alguém assim. Mas para os outros, era uma ameaça. E isso não era sobre ela. O que é do outro, escapa ao seu controle.

Saiu do emprego. Puxaram o tapete, jogaram sujo, e não se importaram. Mas não foi expulsa. Foi ela quem escolheu sair. Corajosa. Saiu de um lugar que a matava. Escolheu viver. Estava atravessando a fantasia. Foi decisão do sujeito (no simbólico), com uma ajudinha do sujeito do inconsciente (no real).

E aqueles que colocou num pedestal? Terra fofa. 

No caminho, adoeceu. Não se vitimizou. Nem por um minuto. "Pera lá", dizia a analista. "Paciência. Paciência histórica." Tudo isso tinha a ver com você, com quem você escolheu ser.

Um ciclo sem fim que se repetia incessantemente. Um roteiro de pertencimento negado. 

Mas o mundo não lhe devia nada. 

A pergunta constante: "Cadê o meu lugar?" E a frustração a posteriori sempre avassaladora.

Vinha de uma família onde era preciso ser "solucionática". Onde as coisas deviam acontecer rápido, serem solucionadas. Quando não aconteciam, críticas, muitas. Mas agora, estava em outra cultura, um novo espaço onde se reconstruía. Isso levava tempo. "É um momento trans", dizia a analista.

Estava em formação. Era um processo, uma travessia. E já fazia o que precisava ser feito. Calma, está tudo bem! Estamos atravessando. Mas não se permitia. Oscilava. Construía, construía… e então destruía tudo. Um ciclo de criação e ruína. Exaustivo. Uma injustiça contra si mesma.

A analista via progressos – muitos. A cada dia, ela se tornava mais forte, mais lúcida, mais dona de si. Mas, no discurso, por vezes, ainda havia aquela menina frágil, que não se reconhecia, que não entendia os reconhecimentos que recebia e as inúmeras sinalizações que a vida lhe dava. Para ela, tudo era normal, tudo era pouco, tudo era esperado mesmo. Tudo. Todo Mundo. Não se via protagonista, geradora do seu sucesso!

Garota excepcional. Dessas que a gente quer ser amiga, e não terapeuta. Dá vontade de estar perto. De conviver. De aprender com ela.

Desse modo, não havia terceirização possível. A resposta que buscava não estava na terapeuta. Porque não era uma terapia. Nunca foi. Era uma análise. Ela havia escolhido a análise. Era a sua análise.

E ... em algum momento ... quando estivesse pronta ... encontraria seu lugar. Melhor: daria a si mesma esse lugar de pertencimento.

Mas que me deu vontade de repetir a famosa frase: "Você não é Todo Mundo!". 

Ah isso deu...

Resiliência Não Se Publica

Resiliência. Uma palavra repetida à exaustão, desgastada pelo uso excessivo. Virou slogan motivacional, enfeite de legenda, uma promessa de superação que chama muita atenção nas redes. Mas a resiliência verdadeira não tem nada de glamourosa. Ela acontece nos silêncios. Nos momentos em que a vida rasga, arranca as certezas e obriga a continuar, sem nenhuma garantia de que algo vá melhorar.

Ela não é um troféu que se exibe, nem um estado de espírito elevado. Ela é um instinto. Acontece quando a vida arranca tudo e você, sem alternativas, continua. Não porque é forte, não porque escolheu ser resiliente, mas porque faz parte da espécie humana lutar pela sobrevivência. Você não conduz, você é levado. Muitos ficam pelo caminho!

A resiliência não é teatral. Não é sobre curtidas, não é acompanhada de trilha sonora inspiradora. Ela mora nos olhos inchados depois da noite mal dormida. No aperto, no desespero que bate antes de levantar da cama. Na coragem de seguir em frente quando nada mais faz sentido.

A resiliência não está na foto bem iluminada de quem superou uma fase difícil e agora ostenta felicidade plena. Ela está no caos, no escuro da madrugada, quando ninguém vê. No cansaço extremo de quem já perdeu demais, mas ainda se arrasta adiante.

O que ninguém diz é que a vida vai te derrubar. Muitas e muitas vezes.

Vai ser quando  você perder alguém sem aviso. Quando a injustiça for tão grande que te sufocar. Quando você perder algo que estruturava sua existência e perceber que ninguém vai te salvar. Vai ser quando o chão sumir, e você entender que o que chamavam de “recomeço” é, na verdade, um longo período de confusão, incerteza e medo.

E a vida vai te testar.

Nessas horas, não há frases motivacionais que deem conta. Só há o dia seguinte. E depois mais um. E outro.

Nessas horas, resiliência não é sobre se levantar com bravura, mas sobre seguir mesmo sem força. Não tem poesia, não tem estética, apenas uma sequência de dias em que você acorda e faz o que dá.

Porque a resiliência não é sobre vencer sempre. É sobre perder, quebrar, cair, duvidar de si mesmo – e, ainda assim, continuar.  

E, pouco a pouco, você muda.

As perdas reconfiguram tudo. O que antes parecia importante se dissolve. O medo de desapontar os outros perde relevância. A busca incessante por reconhecimento se esgota. O que sobra são os poucos e bons amigos - muito poucos, na verdade.

E então, um dia, você olha no espelho e percebe que não é mais o mesmo. Você não quer mais preencher vazios à força. Não quer mais se encaixar no que esperavam de você. Aprende que não há como escapar da falta – porque você é as suas faltas. Elas moldam seus desejos, suas escolhas, sua história.

O desejo nasce da falta, da ausência, e a sua história é feita do que faltou tanto quanto do que sobrou.

O sucesso deixa de ser uma linha de chegada e passa a ser simplesmente existir. Estar ali. Respirando. Sendo.

E no fim das contas, a maior vitória não é nunca ter caído. É ter continuado.

Sem precisar chamar isso de resiliência.

Sem precisar provar nada para ninguém.

Sem precisar publicar nada sobre isso.

Psicologia e Tecnologia

A PsiT.ech nasce da interseção entre dois mundos: a tecnologia e a escuta clínica. Criada por uma profissional com anos de experiência em grandes empresas do setor de tecnologia e formação sólida em Psicologia com abordagem psicanalítica, a clínica oferece um espaço de acolhimento para quem vive (ou sobrevive) no ambiente corporativo.

Aqui, entendemos as pressões, as regras não ditas, as dinâmicas de poder, os jogos emocionais e as violências sutis que, muitas vezes, marcam o cotidiano profissional. A PsiT.ech é um lugar de pausa, onde a escuta é respeitosa, o tempo tem outro ritmo e a subjetividade encontra espaço para se expressar.

Acolhemos especialmente adultos que enfrentam sofrimento emocional relacionado ao trabalho: esgotamento, angústia, sensação de inadequação, injustiças, assédio moral ou mesmo a dificuldade de encontrar sentido em meio a estruturas rígidas e competitivas.

Na PsiT.ech, oferecemos um cuidado que combina sensibilidade clínica, escuta ética e compreensão profunda das engrenagens do mundo corporativo. Porque cuidar da saúde mental é também aprender a se reposicionar diante daquilo que nos atravessa — e, às vezes, nos adoece.

Seja bem-vindo(a). Aqui, sua história tem espaço.

Seja bem-vindo(a) à PsiT.ech

 Boas-vindas da PsiT.ech

Olá!

Seja bem-vindo(a) à PsiT.ech — um espaço de escuta, pausa e cuidado.

Aqui, entendemos que o mundo corporativo nem sempre é leve. Pressões, cobranças, silêncios, injustiças e dinâmicas sutis muitas vezes atravessam a vida profissional e impactam diretamente o bem-estar emocional.

Na PsiT.ech, você será recebido com ética, empatia e discrição. Acreditamos que cada pessoa carrega uma história única — e que poder falar sobre o que sente, sem julgamento, é o primeiro passo para se reconectar consigo.

Se você chegou até aqui, saiba que já começou um movimento importante.

Conte comigo nessa caminhada.

Entre o que foi e o que ainda não se sabe ser!

Recomeçar é muitas vezes visto como um ato de coragem, uma escolha consciente de abandonar o que não faz mais sentido para buscar algo novo. No entanto, poucos falam sobre a parte em que tudo desmorona—o momento em que, depois de tanto esforço, o novo caminho parece estranho, desconectado, como se a identidade tivesse se perdido no meio da travessia.

Muitas pessoas passam anos batalhando por uma mudança significativa. Enfrentam desafios, dedicam-se ao aprendizado, reinventam-se para ocupar um novo espaço. Mas, ao chegarem perto da conclusão dessa jornada, percebem que algo não se encaixa. A dúvida se instala, e aquilo que deveria ser uma conquista começa a parecer um erro.

Essa sensação pode surgir de diversas formas: um trabalho que já não traz sentido, uma mudança de área que parecia promissora, um curso superior que, nos últimos semestres, já não reflete mais quem se é. O sentimento de deslocamento cresce e traz consigo a insegurança: e se todo esse esforço foi em vão? E se o recomeço foi apenas um desvio para um lugar que nunca deveria ter sido o destino?

A maior dificuldade não é apenas questionar a escolha feita, mas encarar a incerteza do que vem depois. Não há garantias, não há mapas que indiquem o próximo passo. O futuro, que antes parecia claro, agora é um campo nebuloso, onde qualquer decisão pode parecer errada.

Muitos acreditam que recomeçar significa encontrar uma nova versão de si mesmo, mas, talvez, seja apenas um espaço de transição—uma zona instável entre o que foi e o que ainda não se sabe ser. E, nesse processo, sentir-se perdido pode não ser um sinal de fracasso, mas um estágio inevitável do crescimento.

Aceitar essa incerteza pode ser o primeiro passo para, enfim, encontrar um caminho que faça sentido.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Feliz Aniversário !

Faz muitos anos que tirei a data do meu aniversário de todas as redes sociais. Lembro bem do dia em que decidi fazer isso. Na época, eu recebia muitas mensagens—dezenas, às vezes centenas—de "parabéns" surgindo no meu feed, nas notificações, nos stories. Mas havia algo estranho, uma sensação incômoda de que tudo era muito automático. Uma enxurrada de felicitações que se apagavam no dia seguinte. Sei lá, um dia intenso, impulsionado pela tecnologia, mas sem carregar verdadeiramente o significado de uma lembrança, do que um aniversário deveria ser.

Entendo que as pessoas são sociáveis e não teriam como guardar todas as datas de aniversário à sua volta. A tecnologia ajuda nisso—ela lembra por nós, evita esquecimentos. Mas acho que, na vida, esquecer faz parte também. E tudo bem. Quando a relação é verdadeira, não é a ausência de um “feliz aniversário” que define o quanto você significa para alguém ou o quanto alguém tem consideração por você.

Não me entendam mal, não acho que as pessoas que enviavam mensagens estavam sendo falsas ou mal-intencionadas. Mas o contexto me fazia sentir que tudo era mecânico, rápido, eficiente—como se alguém visse a notificação, escrevesse “feliz aniversário!” e seguisse o dia adiante. E aí vinha o meu dilema: se a pessoa se lembrou de mim e enviou uma mensagem, eu deveria retribuir no aniversário dela. Então eu precisava salvar a data, me lembrar no ano seguinte, corresponder à expectativa. Mas e se, no dia do aniversário dessa pessoa, eu estivesse atravessando um momento difícil? Ou simplesmente esquecesse?

Ok. Acho legal lembranças espontâneas, sem dia, sem hora, sem obrigação. Lembrar por lembrar, querer falar, sentir falta, querer compartilhar,  porque deu vontade de falar, porque uma memória surgiu, porque um sentimento veio à tona. Sei lá. Sempre senti que essa parte mais burocrática das redes sociais transformava aniversários em um ritual social padronizado, quase um reflexo condicionado do que é lembrar de alguém, do politicamente correto.

Claro que, depois que desapareci das redes, as notificações também foram sumindo. A cada ano, menos pessoas lembravam, menos notificações, menos mensagens. E tudo bem. Foi interessante até para mim mesma. Racionalmente, eu sabia que aquela enxurrada de mensagens me envaidecia—teve anos em que recebi mais de 200 notificações, e eu pensava: "Nossa, como sou lembrada, como sou querida!" Mas será que aquilo realmente significava alguma coisa? Sim e Não. Sei que ninguém era obrigado a me mandar mensagem, que cada um escolhia fazer isso, existe uma intenção ai. Mas sempre me perguntei: se não houvesse a notificação, quantos realmente se lembrariam? Quantas mensagens seriam enviadas?

E de certa forma, só porque está nas redes sociais, não significa obrigação, sei que as pessoas decidem mandar a mensagem, são lembradas pelas redes, mas poderiam escolher não enviar msg. Então elas "gostam de você". Então sei que tem uma escolha, mas sempre questionei, porque apesar de estar escolhendo mandar e me reconhecer, talvez a lembrança genuína não seria exatamente naquele dia e naquele horário e naquela plataforma e daquela forma. Nao sei se me faço clara o bastante ou parece arrogância e me achar "centro do mundo". Não é! Penso em só liberar as pessoas para lembrarem do que quiserem lembrar e está tudo bem.

Ao longo dos anos, fui me surpreendendo com as poucas pessoas que, mesmo sem lembretes ou notificações, faziam questão de lembrar. Ligavam. Mandavam mensagens longas. Vinham até mim. Pessoas que, no meio da correria da vida, guardavam essa pequena informação sobre mim (a data do meu aniversário) —e escolhiam demonstrar carinho sem depender de alertas, sem ser o politicamente correto a se fazer. Trocando o "eu preciso te mandar uma msg" para o "eu quero aproveitar e te mandar uma msg". Esse gesto sempre me tocou mais do que qualquer avalanche de notificações nas redes.

É uma construção, uma escolha. Prefiro assim. No mundo de hoje, ser diferente quase sempre significa ser visto como estranho. 'Ah, essa pessoa tem baixa autoestima', 'essa pessoa se exclui', 'essa pessoa é exigente demais'... Mas não é nada disso. É apenas um jeito diferente de enxergar as coisas, de liberar as pessoas da obrigação de ter que lembrar.

Curiosamente, ao mesmo tempo em que fui me afastando das felicitações superficiais, percebi algo interessante: as empresas nunca esquecem. O mercado se lembra do meu aniversário melhor do que muitas pessoas. Meu e-mail fica lotado de promoções especiais, cupons de desconto, mensagens genéricas de “feliz dia!” de marcas que sequer interagem comigo o resto do ano. Há uma certa ironia nisso. Num mundo onde as relações humanas são mediadas por algoritmos e lembretes automáticos, é o capitalismo que nunca falha em marcar presença. Transformando qualquer ocasião em "um momento especial" ... ops ... em "uma oportunidade comercial". Fico pensando se o mercado não é o melhor amigo de todos—porque está sempre lá, presente, rápido, preciso. E aquele amigo de carne e osso, cuja ligação você tanto espera? Esse, às vezes, esquece.

Essa percepção me fez querer resgatar o real significado do meu aniversário. Antes, tudo se misturava—os parabéns de quem realmente lembrava e os de quem apenas foi lembrado pela rede social. Eu quis separar as coisas. Quis voltar às raízes. Para mim, um aniversário não deveria ser sobre quantidade, mas sobre significado.

E mesmo que uma pessoa não se lembre—porque esqueceu, porque lembrou e não estava afim, porque lembrou e não teve tempo, porque estava perto demais e esqueceu, ou longe demais e esqueceu também—está tudo certo. Seguem sendo importantes para mim. Tem gente que divide o mundo entre os que lembram da sua data e os que não lembram. Mas, para mim, essa linha é outra. Me arrisco a dizer que algumas das pessoas mais preciosas da minha vida estão no grupo das que nunca lembram o dia certo—e que me fazem rir quando me mandam parabéns muito antes ou muito depois da data, boas risadas coleciono ai.

E, verdade seja dita, nunca fui alguém que fizesse do meu aniversário uma grande comemoração. Não porque eu ache que a vida não mereça ser celebrada, mas porque acredito que qualquer dia pode ser especial para lembrar de alguém e desejar coisas boas. Sempre me pareceu estranho que, para muitas pessoas, o único dia do ano em que demonstram carinho seja no aniversário. Para mim, felicitações não precisam ter data certa—elas deveriam acontecer no momento em que são sentidas.

Por isso, também não sou alguém que sai distribuindo "feliz aniversário" para todo mundo. Parabenizo um círculo pequeno—pessoas que realmente fazem parte da minha vida no dia a dia, que me tocam profundamente e que são aquelas pessoas as quais eu memorizei o aniversário ... com esforço. Muito esforço, diga-se de passagem, rs. Outras tantas que são igualmente importantes, mas, sinto muito, não consigo memorizar as datas dos seus aniversários. Eu me esforço também, mas sempre falho. 

E se um ano eu me lembrar e no outro não? Tudo bem. Lembro porque lembro, esqueço porque esqueço. Sem pressão, sem cobrança.

Porque, no fim das contas, mais do que lembrar uma data, o que importa é lembrar o afeto, a conexão e o que realmente significa compartilhar a vida com alguém. Tem gente com quem falo muito e não sinto conexão nenhuma. E tem gente com quem quase não falo, mas, quando interajo, sinto uma conexão imensa. Tem pessoas que vejo todo dia e fazem do meu aniversário uma data especial. E tem outras que vejo todo dia e nem sequer sabem quantos anos eu tenho. Tem pessoas e tem pessoas.

Então, se um dia você receber uma mensagem minha, saiba que ela não foi enviada por hábito, por uma notificação ou por uma obrigação social. Foi porque, naquele momento, eu pensei em você com carinho genuíno.

Estou envelhecendo e minha memória já não é a mesma. Se não receber minha mensagem no seu aniversário, entenda: não uso a tecnologia para isso. Pode ser que eu tenha me esquecido mesmo ou pode ser que eu não queira. E tudo bem. 

Tenho certeza de que as pessoas que eu amo e quero por perto não duvidam, sequer por um instante, do que representam para mim.

E, no fim das contas, não é isso que realmente importa?

E essa tal de Psicologia?

Estudar Psicologia é uma jornada que transcende o simples ato de adquirir conhecimento. Desde o primeiro contato com a área, percebemos que não estamos apenas aprendendo sobre teorias, conceitos e abordagens, mas que estamos, inevitavelmente, nos transformando no processo. Psicologia não é um campo que se estuda de fora para dentro. Pelo contrário, ela nos atravessa, nos implica e nos desafia a olhar para dentro de nós mesmos.

Cada ano da graduação traz novas descobertas e, com elas, novas inquietações. O objeto de estudo da Psicologia não é algo externo, distante, que podemos observar sem nos envolver. Estudamos o humano, e, sendo humanos, não há como evitar o impacto dessa imersão. As teorias que aprendemos nos ajudam a compreender os outros, mas também nos colocam frente a frente com nossos próprios medos, desejos e contradições. Assim, a Psicologia nos transforma, moldando nosso olhar sobre nós mesmos e sobre o mundo.

Além do impacto pessoal, estudar Psicologia desenvolve em nós um profundo senso de responsabilidade. Ao nos debruçarmos sobre o sofrimento humano, aprendemos que ele não pode ser reduzido a uma mera patologia ou a um diagnóstico. A saúde mental não é a simples ausência de transtornos, mas um estado dinâmico que envolve história de vida, relações interpessoais, contexto social e tantas outras variáveis. Dessa forma, passamos a enxergar o sofrimento sob outra perspectiva, sem reducionismos, mas com um olhar sensível, atento e, sobretudo, humanizado.

Ao longo da formação, aflora em nós um sentimento de gratidão – seja pelos professores que nos guiam, pelos autores que nos provocam reflexões, pelos pacientes que compartilham suas histórias, ou pela própria possibilidade de ter acesso a um conhecimento valioso. A Psicologia nos ensina a ter humildade diante da complexidade do humano e nos lembra constantemente de que, por mais que estudemos, não se tem todas as respostas.

Independentemente da abordagem teórica com a qual mais nos identificamos, todas compartilham um ponto em comum: lidam com a singularidade do sujeito. Algumas abordagens, como as comportamentais, propõem um olhar mais concreto e focado em recortes específicos do comportamento humano. Outras, como a psicanálise, mergulham nas profundezas do inconsciente e nos desafios da subjetividade. Há, ainda, as abordagens humanistas e existenciais, que nos confrontam com as grandes questões da existência. Embora distintas, todas essas vertentes são científicas e buscam compreender o ser humano em sua totalidade. E, ao estudarmos o outro, inevitavelmente nos deparamos conosco mesmos.

Estudar Psicologia não se trata de acumular conhecimento técnico. É uma experiência de constante transformação. É aprender a reconhecer que o outro é sempre único, que ninguém se reduz a um diagnóstico e que a complexidade do humano exige sensibilidade e escuta. É desenvolver um olhar empático para o sofrimento, compreendendo-o sem julgamentos. É perceber que, enquanto entendemos o outro, também nos descobrimos e nos reinventamos.

E essa jornada não termina com a graduação. Ao contrário, ela continua, a Psicologia não é um saber estático, mas um campo vivo, em constante construção – assim como nós. 

Porque, no fim das contas, estudar Psicologia é, antes de tudo, se permitir ser transformado por ela.

Propósito

Acordar não para trabalhar e sim para manifestar seu propósito. Este é o objetivo da vida, saber quem você é e a partir daí expressar seu eu verdadeiro, compartilhando seus dons sem esforço e sofrimento e sim com alegria e amor. Não é o lugar que determina isso e sim a sua consciência.

Postagem em Destaque

Você passou de fase! Parabéns! 💔 Bem vindo ao Próximo Nível.

Olá Querida , ouvi sua mensagem. Na verdade, ouvi sua mensagem algumas vezes, até estar aqui e responder. Sua mensagem é bonita, é carinhosa...

Um presente

Você é mais do que um irmão, é um amigo, um presente e me acompanha nos momentos alegres e nas aflições. Me dá sempre os melhores conselhos.
Compartilhamos a paixão pelo futebol.💙 Irmã de menino é assim mesmo, junto com as bonecas, a gente vira goleiro, aprende a lavar carros, instalar chuveiro, chef de cozinha. Rs. Trocamos afilhados. E as muitas viagens, nem se fala, as que deram certo e as “roubadas” que nos metemos.
Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
Seja muito Feliz! Te admiro muito. Tenha um Feliz Aniversário! 🎁

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