Nos últimos dois anos, a minha vida passou por uma reviravolta tão grande que, às vezes, parece que me perdi no meio desse turbilhão. Quando decidi mudar minha carreira, meu círculo de amizades, a forma como me relaciono e até o que espero da vida, não sabia que isso viria com um preço tão alto. Exigir mais de mim mesma, começar a pedir retornos pelos investimentos que faço, trocar amigos, reduzir o consumo, me voltar para um núcleo familiar mais restrito e buscar prazer nas coisas simples, foi um processo tão radical que, agora, percebo que não tem volta. A transformação é uma estrada difícil, sem mapa, sem sinalização. A cada dia, é como se o tempo que vivi até aqui fosse um tempo perdido, um tempo em que fui alguém que já não me cabe mais.
Esse processo de recomeço, de redesenhar a minha vida social, profissional e até a minha própria identidade tem sido uma verdadeira montanha-russa. Por um lado, me sinto orgulhosa de estar avançando, mas por outro, há momentos em que a dor da mudança é quase insuportável. Às vezes, me arrependo, outras me sinto grata por ter dado o primeiro passo. A ansiedade de me graduar logo e voltar ao mercado de trabalho me acompanha, como uma sombra constante, e a busca insaciável por mais conhecimento parece nunca ter fim. São leituras e mais leituras, horas de preparação que não acabam. E no meio disso tudo, as sobrecargas de tarefas diárias, domésticas e rotineiras, que nunca foram minha praia, mas que agora se tornaram minha realidade, exigem que eu aprenda, cresça e me aprimore. Por vezes, me pego até sentindo prazer em algumas dessas atividades, o que me surpreende.
A minha relação com a família também mudou. Tenho me dedicado mais, me esforçando para ser um suporte, mas, ao mesmo tempo, buscando momentos de ociosidade, algo que antes parecia um luxo. Agora, em meio ao caos, tento encontrar equilíbrio. Tudo é confuso e difícil, o tempo todo. Os choros, as dúvidas, os aplausos, os risos — tudo se mistura, se transforma, me desconcerta e me reconcilia, ao mesmo tempo. Este caminho, ainda em curso, está longe de ter terminado. E, talvez, nunca termine. Mas, por agora, ele é o meu caminho. Um caminho cheio de incertezas, mas também de esperanças.
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