Oi amiga. saudades.
Sim, eu entendo o que você escreveu, perfeitamente. Sei bem o que vc está sentindo nesse momento.
Se eu pudesse resumir, seria: Você recebe muito pouco ou quase nada dos outros
Posso te dizer que, na fluidez dessa sociedade líquida, onde vínculos se formam e se rompem na velocidade de interesses, o pouco que você recebe parece ser desproporcional ao que você dá.
Mas dar, aqui, não é e nunca foi um gesto de equilíbrio — para você é quase uma entrega completa. Você se doa, se adapta, se molda, acreditando que, em algum momento, será acolhida, “colocada para dentro”. Que será reconhecida, amada. Já te disse que tudo se resume sempre a uma demanda de amor (mas isso é outra conversa).
Você é muito generosa. Sempre te disse que essa é a sua marca. A sua maior característica é a generosidade. Você não olha a quem, vc entrega, vc acolhe, vc se faz presente e suporta. É muito bom ter pessoas como vc por perto. Mas infelizmente, nesse mundo, na sociedade do consumo, do "uso e descarto", digamos que vc está no sentido oposto. Lamento mto que seja assim, mas é o que observo e vc reafirma sempre nas nossas conversas, todos os exemplos que vc me traz são sempre em uma única direção, vc é sugada ao máximo, as pessoas perderam até o pudor em te demandar, colocam prazo, não respeitam os limites que vc impõe. Já falamos muito disso. Eu vejo abuso aí.
Não é assim que deveria funcionar. Porque, enquanto você oferece tudo, o outro apenas consome o que precisa e, depois, descarta o que sobra. E sobra você. Sobra o que você é, o que você sentiu, o que você esperou em troca.
Nessa dinâmica, o vazio não é apenas da ausência do que vem do outro, mas também do esgotamento de tudo o que você deu. É uma dança desigual, onde quem espera ser acolhido se torna invisível.
Talvez o caminho seja outro: não dar para ser aceita, mas dar onde e apenas onde há reciprocidade. Não se doar como condição, mas como escolha. Porque, no fim, você não merece pouco — merece o que constrói junto, o que flui em troca e o que não desaparece quando as fantasias acabam.
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