E sobre abrir mão de entender a injustiça?
Abrir mão de entender a injustiça pode parecer contraintuitivo, especialmente quando somos ensinados a buscar explicações, justiça ou reparação. No entanto, existem momentos em que insistir em compreender o porquê de algo injusto ter acontecido nos aprisiona mais do que nos liberta.
A injustiça muitas vezes não faz sentido porque desafia nosso desejo por equilíbrio e previsibilidade. Queremos acreditar que o mundo é regido por uma lógica justa, em que esforço é recompensado e erros são corrigidos. Quando isso não acontece, a busca por entender pode se transformar em uma ferida que continuamos a cutucar, esperando que uma resposta a feche.
Mas e se não houver uma resposta que traga paz? E se a injustiça for fruto do caos, do egoísmo alheio ou de circunstâncias além do nosso controle? Nesse caso, insistir em entender pode nos manter presos a um ciclo de dor.
Abrir mão de entender não significa resignar-se à injustiça, mas sim reconhecer os limites do que podemos controlar. É um ato de auto-preservação, um passo em direção à paz interior.
Aceitar o inexplicável: Algumas coisas simplesmente não terão respostas satisfatórias. Reconhecer isso é um ato de coragem, não de fraqueza.
Focar no presente: A injustiça aconteceu, mas a vida continua. Investir energia em cuidar de você, em construir novas experiências, é um modo de não deixar o passado ditar o seu futuro.
Separar o que é seu do que é do outro: A injustiça cometida diz mais sobre quem a perpetrou do que sobre quem a sofreu. Liberar-se do peso de "entender" os outros é um ato de libertação.
Quando você abre mão de entender a injustiça, não está perdoando ou esquecendo. Está dizendo: "Não vou mais deixar isso consumir minha energia." Está escolhendo colocar seu foco no que constrói, no que fortalece, no que lhe devolve a si mesma.
Abrir mão de entender é uma forma de recusar a perpetuação do impacto que a injustiça tem sobre você. Não é apagar a dor, mas decidir que ela não terá a última palavra. E isso, por si só, já é uma forma de justiça que você dá a si mesma.
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