Introdução

A forma como nos apresentamos reflete nossa autoconfiança e influencia nossas relações. Unimos psicologia, tecnologia, estilo e organização para oferecer uma experiência transformadora. Os estilistas ajudam você a expressar sua personalidade por meio de roupas, acessórios e cores que se alinhem ao seu estilo de vida e objetivos. Já os organizadores otimizam seu espaço físico para que reflita quem você é e atenda suas necessidades práticas. Trago textos do cotidiano a partir da minha vivência no mundo corporativo de tecnologia, com o olhar da psicologia. Falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Luto, Ansiedade, Carreira, Relacionamentos, entre outras coisas.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Como a cultura das startups afeta o bem-estar emocional

Velocidade, inovação e exaustão: por que precisamos falar de saúde mental nas startups

A cultura das startups costuma ser celebrada como um espaço de inovação, liberdade criativa e crescimento acelerado. Mas, por trás dos slogans inspiradores, escritórios descolados e metas ambiciosas, muitos profissionais têm adoecido em silêncio. O bem-estar emocional, embora cada vez mais discutido, ainda é uma pauta negligenciada em ambientes que operam sob o lema "fail fast, learn faster".

Neste texto, vamos refletir sobre como a lógica das startups influencia a saúde mental de quem nelas trabalha — especialmente profissionais da tecnologia — e por que a integração entre psicologia e inovação é mais urgente do que nunca.


🚀 Alta performance como regra

Startups costumam operar com equipes enxutas, orçamentos apertados e grandes expectativas de entrega. A promessa de "crescer 10x em 1 ano" frequentemente exige jornadas extensas, múltiplas funções e um ritmo que não permite pausas. Trabalhar em uma startup pode ser estimulante — mas também extremamente exaustivo.

Esse ambiente, muitas vezes romantizado como "desafiador", se aproxima do que em psicologia chamamos de sobrecarga cognitiva: excesso de estímulos, decisões e tarefas em um curto período de tempo. Isso impacta diretamente a capacidade de concentração, a qualidade do sono e o equilíbrio emocional.


🧠 O culto à resiliência e a invisibilização do sofrimento

Em muitos desses espaços, há uma valorização da resiliência, da proatividade e da flexibilidade — o que, por si só, não é um problema. A questão é quando esses atributos se tornam pré-requisitos inquestionáveis e anulam a possibilidade de expressar vulnerabilidades.

Frases como “aqui todo mundo veste a camisa” ou “somos uma família” podem soar acolhedoras, mas também funcionam como silenciadores de sofrimento. Nessa lógica, admitir cansaço ou pedir ajuda pode ser interpretado como fraqueza ou falta de alinhamento com a cultura da empresa.

A consequência? Sintomas de ansiedade, insônia, irritabilidade, sensação de inadequação e, nos casos mais graves, burnout — um esgotamento físico e emocional reconhecido pela OMS como um fenômeno ocupacional.


📱 Tecnologia, conectividade e a ausência de fronteiras

Outro ponto crítico é a hiperconectividade. Ferramentas como Slack, Discord, Notion, Trello e WhatsApp ajudam a manter as equipes ágeis e integradas, mas também podem eliminar as barreiras entre vida pessoal e profissional.

É comum receber mensagens fora do expediente, participar de reuniões com fusos horários conflitantes e estar sempre "disponível". Isso compromete a capacidade de descanso e reforça a ideia de que o trabalho está sempre nos seguindo — uma das principais causas de estresse crônico.


🧩 O paradoxo da autonomia

Startups costumam oferecer mais autonomia do que empresas tradicionais. Profissionais podem sugerir ideias, propor soluções, mudar de função. Mas, sem um suporte claro, essa autonomia pode se transformar em isolamento, dúvida constante e sentimento de inadequação.

Quem nunca ouviu (ou sentiu) algo como: “eu deveria estar dando conta, o problema sou eu”?

A psicologia mostra que o excesso de responsabilidade sem suporte emocional ou técnico adequado pode aumentar os níveis de ansiedade e a autocrítica. O colaborador se sente “empreendedor do próprio fracasso”.


🌱 Como cultivar ambientes mais saudáveis?

A transformação começa com a escuta.

Empresas que valorizam o bem-estar emocional criam espaços onde os colaboradores podem expressar suas dificuldades sem medo. Investem em psicologia organizacional, promovem rodas de conversa, treinamentos com foco em saúde mental, e — principalmente — não tratam o cuidado como uma ação isolada, e sim como parte da cultura.

Ações como:

  • Estabelecer políticas claras de horário e descanso

  • Oferecer apoio psicológico (interno ou externo)

  • Reduzir metas irrealistas

  • Formar lideranças empáticas

  • Promover o autocuidado como valor, não como recompensa

...fazem a diferença.


💡 Aqui na PsiT.ech, acreditamos que inovação só é possível com saúde. O bem-estar emocional de quem trabalha com tecnologia não é luxo — é condição para que criatividade, foco e colaboração possam florescer.

Se você trabalha em uma startup, sente que está sempre no modo “on”, e quer entender melhor seus limites emocionais, este espaço é pra você. Mais que oferecer conteúdo, queremos promover conexões, reflexões e escutas potentes.

A revolução tecnológica não precisa ser à custa da saúde mental.

Bem-vindos ao PsiT.ech: onde a Psicologia encontra a Tecnologia

Se você chegou até aqui, é porque acredita, como eu, que é possível (e necessário) integrar mundos que à primeira vista parecem distantes — como o da psicologia e o da tecnologia. Seja muito bem-vindo(a) ao meu blog: Psicologia e Tecnologia – PsiT.ech! Aqui é o espaço onde compartilho reflexões, artigos, textos autorais e cartas que escrevo com o coração e com a razão, nutridos por minha trajetória acadêmica, profissional e pessoal.

Sou graduada em Computação, estudante de Psicologia, escritora nas horas vagas e, acima de tudo, apaixonada por gente. Minha formação em tecnologia me ensinou a pensar de forma lógica, estruturada, criativa — e ao longo dos anos, percebi o quanto o universo da computação dialoga com questões humanas profundas: produtividade, sofrimento psíquico, isolamento, sobrecarga mental, medo do fracasso, perfeccionismo, inovação, desejo de pertencimento.

Foi justamente esse ponto de encontro — entre códigos e emoções — que me levou a criar a PsiT.ech, um projeto pessoal e profissional voltado à promoção de saúde mental com olhar especial para quem trabalha com tecnologia. Profissionais da área tech enfrentam desafios únicos: jornadas exaustivas, alta exigência cognitiva, metas agressivas, ansiedade por desempenho, insegurança no ambiente de trabalho e, muitas vezes, um sentimento de solidão em meio ao excesso de conexões virtuais.

Este blog nasce como uma tentativa de ampliar o diálogo entre esses mundos. A proposta aqui é compartilhar conteúdos que despertem reflexão, acolhimento e também ação. Vamos falar sobre vida digital, relações familiares, autoconhecimento, saúde emocional, burnout, produtividade sustentável, além de temas que atravessam o nosso cotidiano como luto, maternidade/paternidade, envelhecimento, infância, vínculos afetivos, e as novas formas de existir em um mundo cada vez mais conectado.

A PsiT.ech é mais do que uma ideia: é um chamado. Um chamado para construir pontes entre dois campos que, na prática, já se entrelaçam o tempo todo — só precisamos olhar com mais cuidado. A tecnologia é um meio. A psicologia, um mergulho. Juntas, essas áreas nos oferecem ferramentas para cuidar da mente sem abandonar o mundo, para entender o humano sem ignorar o contexto digital em que vivemos.

Meu compromisso com este espaço é manter a escuta aberta, o pensamento crítico e o afeto como diretriz. Seja você da área de tecnologia, da psicologia, de qualquer outra área — ou apenas alguém em busca de textos que toquem e informem — este blog é feito para você.

Sinta-se à vontade para navegar, comentar, sugerir temas, compartilhar experiências. Estamos todos aprendendo, reconstruindo e tentando fazer sentido nesse mundo complexo. E, como tudo que importa, esse caminho se faz melhor em boa companhia.

Obrigada por estar aqui.

Andréa Ruas
Psicologia & Tecnologia
PsiT.ech

terça-feira, 10 de junho de 2025

Resumo Texto “Recomendações ao médico que pratica a psicanálise” –

a) ATENÇÃO FLUTUANTE - É difícil para o analista manter na memória e não confundir as informações de diversos pacientes. Não tentar memorizar nada especificamente e sim prestar atenção igual a tudo o que se ouve. A associação livre do analisando é falar tudo o que vem à mente, sem criticar ou selecionar. A função do analista é escutar tudo de forma igual, sem se fixar em nada específico do discurso (senão vai descobrir o que já se sabe — e não o que está além, o que só se revelará a posteriori, pela atenção flutuante. A regra para o médico é não permitir influências conscientes em sua capacidade de memorização, e sim utilizar sua “memória inconsciente”, ouvir o que for dito e não se preocupar se vai se lembrar ou não do material, que se tornará disponível à consciência do médico quando houver uma contextualização.

b) NÃO TOMAR NOTAS DURANTE AS SESSÕES - O analista não deve fazer anotações extensas, nem registros da sessão. Além de causar uma má impressão em alguns pacientes, aqui valem os mesmos aspectos da memorização. Enquanto anotamos, selecionamos de forma nociva o material, além de ocupar parte da própria atividade intelectual, que deveria ser melhor aplicada na interpretação do que é ouvido. Exceções à regra são aceitas em casos de datas, resultados específicos relevantes ou textos de sonho.

c) PRODUZIR RELATOS CLÍNICOS NÂO JUSTIFICA MUITAS ANOTAÇÕES - Caso a intenção seja usar o caso tratado em uma publicação científica, a anotação durante a sessão seria justificada. Porém, obtêm-se menos benefícios de registros do histórico analítico de um transtorno do que se poderia esperar. Lacan disse: “eu não procuro, acho”. Se o analisando confia no analista levará a sério e se não confia não irá também confiar nos protocolos do tratamento.

d) A POSTERIORI / SÓ DEPOIS – SÓ TRABALHAR O CASO DEPOIS DE SUA CONCLUSÃO – Permitir ser tomado de surpresa por qualquer reviravolta no caso (o analisando se surpreende com o que diz e o analista com o que ouve). No trabalho analítico há a coincidência entre pesquisa e tratamento, o que muda é a técnica, se você registra tudo, como exige a pesquisa, você prejudica o tratamento (porque traz um monte de pressupostos, especula, foca no que quer pesquisar, como se já tivesse o conhecimento). O psicanalista não deve fazer especulações enquanto analisa e só deve trabalhar o material obtido, por meio do pensamento, depois do término da análise.

e) SUSPENSÃO DE AFETOS, A AMBIÇÃO TERAPÊUTICA É UM AFETO PERIGOSO – No tratamento psicanalítico se aja como um cirurgião que, suspendendo seus afetos e compaixão humana, tem como único objetivo estabelecido para suas forças psíquicas a realização da operação da forma mais perfeita possível. Essa frieza necessária ao analista cria condições mais favoráveis para os dois lados: oferece maior grau de ajuda ao paciente e preserva a vida afetiva do médico.

f) O ANALISTA TEM QUE FAZER ANÁLISE COM ESPECIALISTA – O médico deve ser capaz de interpretar o que foi dito e reconhecer o inconsciente oculto, sem selecionar as informações por uma censura própria ou distorcê-las. O psicanalista não pode ter dentro de si resistências, que repelem da consciência o material inconsciente, e provocam uma seleção e deformação da análise. É necessário que ele seja submetido a uma purificação psicanalítica e tome conhecimento dos próprios conflitos que podem atrapalhar a absorção do conteúdo exposto pelo paciente. Os recalques do analista são como pontos cegos em sua percepção analítica.

Como se torna analista? Para alguns, analisar os próprios sonhos pode ser suficiente, mas não para todos, nem todos conseguem interpretá-los de forma eficaz. A pessoa interessada em se tornar analista deve passar por uma análise com profissional experiente. Quando passamos em análise, sem estarmos pressionados por uma doença, conseguimos acessar conteúdos inconscientes com mais rapidez e com menos desgaste emocional. Vivenciamos, na própria carne, aquilo que tentamos entender por livros ou palestras. Há também um ganho emocional e relacional na ligação com o analista. A pessoa que valoriza o autoconhecimento e o autocontrole adquiridos durante a análise pode continuar, por conta própria, sua autoanálise. Quanto mais a pessoa se aprofunda, mais descobre — sobre si e sobre os outros. Quem não passa por análise com um especialista limita sua capacidade de aprender com os próprios pacientes. Pode acabar projetando suas questões pessoais na ciência, levando ao descrédito do método psicanalítico e induzindo pessoas sem experiência ao erro.

g) NÃO É UM TRATAMENTO POR SUGESTÃO - O analista não deve mostrar seus próprios conflitos psíquicos ao paciente, não deve falar de suas questões ao analisando. Não se aproximar dos tratamentos por sugestão, porque afasta da psicanálise, e aumenta no analisando a incapacidade de superação das suas resistências mais profundas. Essa técnica pode fazer com que o paciente queira inverter a situação, os papéis, tendo mais interesse na análise do analista do que em sua própria. A postura de intimidade do psicanalista pode dificultar um dos principais objetivos da terapia: a resolução da transferência. O analista deve ser opaco e, tal como um espelho, só mostrar o que lhe é mostrado.

h) NÃO É UMA ATIVIDADE PEDAGÓGICA - Outra tentação a ser evitada é a ambição educativa, pedagógica. O analista não deve apontar novos objetivos / metas ao paciente. Deve ter tolerância perante a fraqueza do paciente. Deve se orientar mais pela aptidão do paciente do que pelo próprio desejo do analista. Nem todos são capazes de realizar bem a sublimação de suas pulsões (se tivessem essa facilidade muitos não teriam adoecido). Se o analista pressionar demais para a sublimação, tira as gratificações imediatas e cômodas e torna a vida do paciente mais difícil

i) NÃO É UMA ATIVIDADE INTELECTUAL - Deve-se ter cuidado com a cooperação intelectual do paciente, especialmente com os que tendem à intelectualização. É errado propor tarefas intelectuais ao analisando. A resolução da neurose se dá, na psicanálise, por meio da associação livre: trazer à tona os conteúdos do inconsciente livremente, sem censura ou crítica. Não se recomenda oferecer textos psicanalíticos ao paciente ou a seus familiares. Embora essa atitude seja bem-intencionada, pode provocar oposição prematura no paciente e parentes. No caso de internação em instituição, pode haver vantagem no uso de leituras, para estabelecer influência e auxiliar na preparação dos analisandos para o processo analítico.

Freud conclui exprimindo sua esperança de chegar a um consenso, por meio do progresso nas experiências dos psicanalistas, sobre as questões da técnica a ser usada para o tratamento mais eficaz dos neuróticos.


segunda-feira, 12 de maio de 2025

O Adoecimento e Sofrimento no Mundo Corporativo: Desafios Invisíveis do Trabalho

O mundo corporativo, com sua imensa complexidade, pode ser ao mesmo tempo fascinante e extenuante. O que muitas vezes é invisível para os olhos da sociedade é o impacto profundo que o ambiente de trabalho tem sobre a saúde mental e emocional dos profissionais. Por trás de empresas que se orgulham de suas conquistas financeiras, crescimento e inovação, há uma realidade paralela — a de um sofrimento muitas vezes silenciado, mas que afeta diretamente a vida daqueles que, com esforço e dedicação, fazem as engrenagens corporativas funcionarem.

A dinâmica do mundo corporativo é, em sua essência, estruturada em torno da produtividade, da competitividade e da entrega de resultados. Há uma pressão constante para que os profissionais não apenas atinjam suas metas, mas as superem. A busca pelo sucesso, tanto pessoal quanto organizacional, é constantemente incentivada, mas o preço disso pode ser alto.

Nos últimos anos, o aumento das cobranças por desempenho, o ritmo acelerado e o número de tarefas exigidas de um único indivíduo geraram um cenário de exaustão mental e física para muitos profissionais. Com isso, surgem questões como o estresse crônico, a ansiedade e, em casos mais graves, quadros de depressão. Quando esses fatores se combinam, podemos observar o que alguns especialistas chamam de "burnout", ou síndrome de esgotamento profissional. Esse fenômeno, antes mais associado a profissões de alto risco, agora é cada vez mais comum em diversas áreas do corporativo.

Apesar de ser um problema crescente, o sofrimento psíquico no ambiente corporativo ainda é invisível em muitas organizações. Em muitas empresas, a busca pelo resultado financeiro e o foco na eficiência muitas vezes tornam difícil para os profissionais manifestarem suas dificuldades emocionais sem enfrentar o estigma de fraqueza. Por medo de serem julgados ou excluídos, muitos evitam falar sobre o que sentem, o que leva ao acúmulo de sofrimento interno.

Além disso, há uma cultura enraizada de que "o trabalho é para ser feito sem reclamações". Essa mentalidade muitas vezes não permite espaço para que as questões emocionais sejam tratadas de forma séria, sendo relegadas a um plano secundário, se não ignoradas completamente. Isso ocorre principalmente em ambientes altamente competitivos, onde as relações de poder, status e reconhecimento podem ser decisivas para a ascensão ou a estagnação de um profissional.

Além da pressão constante para entregar resultados, outro fator que pode ser responsável pelo adoecimento no mundo corporativo é o assédio moral e as injustiças no ambiente de trabalho. O assédio psicológico é uma forma silenciosa de abuso, onde o profissional é submetido a comportamentos desumanos, humilhações públicas, exclusão e até sabotagens disfarçadas de "brincadeiras" ou "feedbacks negativos". Esse tipo de ambiente cria um desgaste emocional que pode ser devastador para o trabalhador.

Muitas vezes, o profissional que sofre com esse tipo de tratamento acaba se sentindo incapaz de reagir ou até mesmo de pedir ajuda, temendo represálias ou consequências profissionais. A sensação de impotência diante de um sistema que parece não valorizar o indivíduo como ser humano pode levar a um quadro de desmotivação, diminuição da autoestima e, eventualmente, a um sério adoecimento mental.

O corporativo, por sua natureza, também pode levar à perda da identidade pessoal. Muitas vezes, ao tentar se encaixar nas expectativas da empresa ou seguir as normas não ditas do ambiente, os profissionais acabam negligenciando suas próprias necessidades e valores. O que inicialmente pode parecer uma adaptação saudável, ao longo do tempo pode resultar em uma sobrecarga emocional que reflete na saúde psíquica do indivíduo.

A busca incessante pela perfeição, a necessidade de ser aceito, o medo de falhar ou de não ser suficientemente bom podem provocar uma sensação de vazio, frustração e cansaço. O profissional se vê consumido pelo trabalho, sem espaço para sua vida pessoal, o que pode gerar um quadro de desconexão consigo mesmo, com os outros e até com os objetivos iniciais que o motivaram a seguir essa carreira.

Apesar de estarmos cada vez mais conectados em um mundo corporativo onde as redes sociais e ferramentas de comunicação digital estão sempre ao alcance, muitos profissionais se sentem profundamente solitários em seus ambientes de trabalho. A falta de conexão genuína entre os colegas de trabalho e a competição acirrada podem transformar o ambiente de trabalho em um campo de guerra emocional, onde poucos têm a chance de realmente se apoiar e se ajudar.

A solidão no trabalho pode ser ainda mais intensa para aqueles que ocupam posições de liderança. Líderes e gestores muitas vezes se veem sobrecarregados pela pressão de serem exemplos para suas equipes, mas não têm com quem compartilhar suas angústias e dificuldades. Isso cria um ciclo de isolamento emocional que, com o tempo, leva ao esgotamento e ao sofrimento psíquico.

Para lidar com esse sofrimento invisível, é fundamental que as empresas criem espaços para que os profissionais possam cuidar da sua saúde mental de forma integrada ao seu desenvolvimento profissional. Isso pode ser feito por meio de programas de bem-estar no trabalho, acesso a profissionais de saúde mental, e a promoção de um ambiente organizacional mais saudável, onde o respeito, a colaboração e a empatia sejam fomentados.

É também essencial que os próprios profissionais busquem formas de cuidar de sua saúde emocional. O autoconhecimento, a prática de atividades que proporcionem prazer e relaxamento, o estabelecimento de limites claros entre vida pessoal e profissional, e o reconhecimento de seus próprios sinais de desgaste emocional são passos importantes para evitar o adoecimento.

A psicoterapia, e mais especificamente a psicanálise, pode ser uma ferramenta valiosa nesse processo. Ela oferece um espaço seguro e acolhedor para que o profissional possa explorar suas angústias, suas vivências no trabalho e suas próprias reações emocionais, ajudando-o a encontrar formas mais saudáveis de lidar com a pressão, o estresse e as injustiças.

O sofrimento no mundo corporativo é uma realidade que muitas vezes é ignorada ou minimizada, mas ele afeta profundamente a saúde mental dos profissionais. Para que possamos transformar essa realidade, é essencial que haja uma mudança tanto nas estruturas organizacionais quanto na forma como cada indivíduo cuida de si mesmo. O adoecimento no trabalho não é apenas um reflexo do sistema corporativo, mas também um indicativo de que precisamos repensar o equilíbrio entre as exigências do mundo corporativo e o bem-estar emocional dos indivíduos.

Na PsiT.ech, entendemos essas complexas dinâmicas e nos dedicamos a proporcionar um cuidado psicológico profundo e respeitoso, para que cada profissional tenha a chance de resgatar seu equilíbrio emocional e viver de forma mais saudável, equilibrada e feliz, tanto no trabalho quanto em sua vida pessoal.

Conectados, mas Isolados!

Apesar de estarmos cada vez mais conectados em um mundo corporativo onde as redes sociais e ferramentas de comunicação digital estão sempre ao alcance, muitos profissionais se sentem profundamente solitários em seus ambientes de trabalho. A falta de conexão genuína entre os colegas de trabalho e a competição acirrada podem transformar o ambiente de trabalho em um campo de guerra emocional, onde poucos têm a chance de realmente se apoiar e se ajudar. O mundo corporativo moderno é movido por um ritmo frenético e por uma pressão constante por resultados, onde o foco no desempenho individual é muito mais valorizado do que a colaboração genuína. O uso constante das ferramentas digitais cria uma falsa sensação de proximidade, já que estamos em contato contínuo com colegas, mas, na verdade, essa comunicação acaba sendo superficial, objetiva e impessoal, sem espaço para a construção de relacionamentos profundos. O trabalho em grupo, que deveria ser um espaço de troca e colaboração, muitas vezes se transforma em um cenário de competição, onde o sucesso é medido de forma individual e não coletiva. E é no coletivo que a subjetividade de cada profissional se constrói e se transforma. O trabalho em equipe é uma das formas mais poderosas de formação da subjetividade, pois é no contato com o outro, na troca de experiências, que cada indivíduo vai moldando sua identidade profissional e pessoal. No entanto, em um ambiente onde a desconfiança e o medo de falhar predominam, a verdadeira colaboração dificilmente acontece, e as pessoas se sentem mais isoladas, mesmo estando fisicamente rodeadas por colegas. O desejo de se destacar, de garantir seu lugar no mercado e a pressão para alcançar resultados levam muitos a se fecharem emocionalmente, evitando demonstrar fraquezas ou vulnerabilidades. A busca por se proteger de um ambiente corporativo muitas vezes tóxico faz com que as pessoas não compartilhem suas dificuldades, criando barreiras invisíveis entre os colegas. Isso gera uma solidão que, muitas vezes, é invisível, mas extremamente impactante. Os profissionais que se sentem solitários no trabalho muitas vezes não têm com quem dividir suas frustrações, seus medos ou até mesmo suas pequenas vitórias. Eles se veem obrigados a seguir em frente, a lidar com as dificuldades por conta própria, sem contar com o apoio emocional de uma rede de apoio no ambiente de trabalho. Esse vazio emocional pode afetar profundamente a saúde mental, o bem-estar e a produtividade do profissional. Por mais que as ferramentas de comunicação estejam disponíveis, elas não substituem a necessidade humana de se conectar de maneira genuína com os outros, de ser ouvido, compreendido e apoiado. A solidão no trabalho também atinge os líderes, que muitas vezes se veem isolados em suas funções. Executivos e gestores carregam a responsabilidade de tomar decisões difíceis, sem ter a quem recorrer para compartilhar suas angústias, já que precisam manter uma imagem de força e segurança. Isso aumenta ainda mais o peso emocional que eles carregam, gerando um ciclo de solidão ainda mais profundo. Essa falta de apoio e a competição incessante acabam por enfraquecer o trabalho em grupo, prejudicando a construção da subjetividade coletiva que poderia resultar em um ambiente de trabalho mais colaborativo e saudável. A falta de interações genuínas e de espaços de escuta mútua transforma o ambiente de trabalho em um lugar onde os indivíduos estão mais preocupados em se proteger do que em se apoiar, o que cria uma cultura de desconfiança e solidão. O impacto disso na saúde mental dos profissionais é imenso, pois a solidão no trabalho contribui para o aumento de estresse, ansiedade e até mesmo de sintomas depressivos. O profissional que não se sente conectado com seus colegas pode se sentir desmotivado e desiludido com seu trabalho, o que prejudica sua performance e pode até mesmo levar ao esgotamento profissional. Superar a solidão no trabalho exige uma mudança na forma como o ambiente corporativo valoriza a comunicação e a colaboração. É preciso criar espaços de convivência que incentivem as trocas genuínas entre os profissionais, onde o trabalho em grupo seja não apenas uma obrigação, mas uma oportunidade de crescimento pessoal e coletivo. Isso pode ser alcançado com a promoção de práticas de empatia, respeito mútuo e apoio emocional, onde as pessoas se sintam à vontade para compartilhar suas experiências e desafios. Ao investir na construção de relações autênticas e no fortalecimento da conexão entre os profissionais, as empresas podem reduzir a solidão no ambiente de trabalho e criar um espaço mais saudável e produtivo para todos.

Um olhar psicanalítico sobre o sofrimento no mundo corporativo

Após muitos anos atuando em multinacionais de tecnologia, em cargos de liderança, decidi transformar minha escuta — que antes orientava profissionais e equipes no ambiente corporativo — em escuta clínica, através da psicologia e da psicanálise.

Ao longo da minha trajetória como executiva, tive o privilégio de liderar equipes diversas, formar novos talentos e ser reconhecida como uma mentora presente, disponível e comprometida com o crescimento humano. Sempre busquei construir ambientes mais respeitosos, colaborativos e saudáveis, mesmo diante das contradições, pressões e desafios que fazem parte da vida corporativa.

E é justamente por conhecer esse mundo de dentro, com suas regras não escritas, jogos de poder, disputas silenciosas e exigências muitas vezes desumanas, que escolhi dedicar meu trabalho clínico a acolher pessoas que sofrem nesses contextos.

Presenciei, ao longo dos anos, muitas formas de sofrimento emocional que não cabem nos relatórios de desempenho: profissionais altamente competentes vivendo sob constante medo de errar; pessoas adoecendo em ambientes de assédio moral ou sendo silenciadas por culturas organizacionais que premiam a obediência cega e punem a autenticidade. Vi relações marcadas por bajulação, manipulação, exclusão e injustiças que, com o tempo, corroem o entusiasmo, a criatividade e a saúde psíquica.

Fui, sim, atravessada por muitas dessas dinâmicas — ainda que tenha conseguido seguir em frente, abrir espaço e construir um caminho sólido de liderança. Escolhi, ao longo da minha trajetória, sublimar boa parte do que me impactava emocionalmente transformando isso em ação, escuta e apoio aos que estavam ao meu redor. Aconselhei profissionais que sofriam em silêncio, incentivei desvios corajosos de rota, ajudei muitos a não se deixarem capturar por ambientes adoecidos. E, embora tenha vivido conquistas marcantes e momentos genuínos de transformação, também me decepcionei.  Em alguns momentos, fui surpreendida negativamente por pessoas a quem dediquei meu cuidado, o que me ensinou — às vezes de forma dura — sobre a complexidade das relações humanas em grupo: os jogos inconscientes que se repetem, os medos que paralisam, os desejos que nos movem.

Hoje, escolho continuar esse cuidado em outro espaço: o da clínica. Um lugar onde a escuta é profunda, onde há tempo, silêncio e presença. Onde o sofrimento pode, enfim, ser nomeado — e transformado.

Minha proposta é oferecer um lugar de escuta, acolhimento e elaboração para adultos que enfrentam ou enfrentaram o sofrimento no ambiente de trabalho — seja por excesso de pressão, sensação de desamparo, conflitos éticos, dificuldades de pertencimento ou traumas relacionados à sua trajetória profissional.

Trabalho com base na psicanálise, uma abordagem que convida cada pessoa a compreender suas experiências mais profundas e a encontrar caminhos possíveis, respeitando seu tempo, sua história e sua singularidade.

Se você sente que algo no seu percurso profissional deixa marcas difíceis de carregar sozinho(a), saiba que há espaço para colocar em palavras, compreender e, quem sabe, sublimar.

A escuta clínica não apaga o que foi vivido — mas pode ajudar a transformar a forma como se vive a partir disso.

Seja bem-vindo(a).

terça-feira, 22 de abril de 2025

Questione

Vivemos em um mundo onde a informação chega até nós em um ritmo acelerado, e muitas vezes, sem que nos deem tempo para refletir sobre ela. Somos bombardeados por opiniões, padrões, crenças e "verdades" que, muitas vezes, não paramos para questionar. Existe uma grande pressão para simplesmente aceitar o que é dito, o que é escrito, o que é imposto pela tradição ou o que todos ao nosso redor estão fazendo. Mas será que devemos simplesmente seguir esse fluxo sem fazer uma análise crítica?

Não acredite em algo só porque ouviu falar.

A nossa sociedade está saturada de boatos, opiniões não fundamentadas e informações distorcidas. Às vezes, repetimos algo porque alguém nos disse, ou porque parece ser conveniente, sem questionar a origem dessa informação ou sua veracidade. A ideia de simplesmente "passar adiante" o que ouvimos sem verificar é algo perigoso. Afinal, somos seres pensantes, não ecos. Desafiar o que nos é dito e buscar as fontes reais de informação é um passo fundamental para não nos tornarmos parte do ciclo de desinformação.

Não acredite só porque todos acreditam.

O efeito de manada é real, e todos nós já fomos influenciados por ele em algum momento. "Se todo mundo está fazendo, então deve ser o certo." Mas, na verdade, a maioria nem sempre está certa. Tradicionalmente, seguimos aquilo que é popular ou socialmente aceito, sem questionar a fundamentação por trás da ideia. E se, de fato, todos estão errados? Questionar o consenso popular é, muitas vezes, a chave para descobertas inovadoras e transformadoras. É preciso coragem para ir contra a corrente e dar voz ao que realmente acreditamos ser certo.

Não acredite só porque está escrito nos livros.

Os livros são uma das maiores fontes de conhecimento, mas também são limitados pela visão e contexto de seus autores. As informações ali contidas refletem, muitas vezes, uma perspectiva específica que pode estar desatualizada ou até ser equivocada. Não se trata de desmerecer o conhecimento escrito, mas de reconhecer que a sabedoria é viva e dinâmica. O que aprendemos com os livros deve ser desafiado e ampliado pela nossa própria experiência, pela observação do mundo real e pelo desenvolvimento do nosso próprio raciocínio.

Não acredite só porque seus mestres dizem que é verdade.

A figura do mestre ou mentor é fundamental no processo de aprendizado. No entanto, um bom mestre não é aquele que exige obediência cega, mas aquele que nos encoraja a pensar por nós mesmos. Questionar o que é ensinado, sem medo de errar ou desafiar, é uma habilidade essencial para o crescimento intelectual. Os mestres são guias, mas a jornada de aprendizado é sua. Faça da dúvida e da reflexão os seus maiores aliados, pois o verdadeiro conhecimento só nasce a partir do questionamento.

Não acredite em tradições só porque vieram de geração em geração.

A tradição carrega uma grande carga de sabedoria, mas também pode ser um reflexo de hábitos ou crenças que já não fazem mais sentido no contexto atual. Continuar com práticas ou ideias apenas porque "sempre foi assim" pode limitar o nosso potencial de evolução. Tradicionalmente, a sociedade foi formada por uma série de normas e valores que eram seguidos por pura convenção. No entanto, a tradição não deve ser um dogma, mas sim um ponto de partida para reflexões mais profundas sobre o que é realmente valioso para o nosso tempo.

Faça sua própria análise e observação.

No fim das contas, a única forma de realmente entender o mundo ao nosso redor é através da nossa própria observação e análise. Buscar respostas dentro de nós mesmos e nas experiências que vivemos é o caminho mais autêntico para construir a nossa visão de mundo. Não se trata de ser cético ou negar tudo o que nos é dado, mas sim de desenvolver a habilidade de perceber, questionar e compreender. Cada um de nós tem a capacidade de formar seu próprio entendimento — e isso não só nos torna mais conscientes, mas também mais responsáveis pelas escolhas que fazemos.

Mais do que imagem: como nos apresentamos ao mundo

Vivemos em um tempo em que tudo comunica. O modo como falamos, nos vestimos, organizamos nossos espaços e até como navegamos nas redes sociais constrói uma narrativa — sobre quem somos, o que acreditamos, o que queremos (ou não) mostrar. Essa narrativa, no entanto, não é neutra. Ela carrega intenções, expectativas, inseguranças, desejos. E por trás de tudo isso, está algo mais profundo: a forma como nos vemos e como queremos ser vistos.

A maneira como nos apresentamos ao mundo reflete, de forma direta ou sutil, o nosso nível de autoconfiança, autoestima e autoconceito. Seja no ambiente de trabalho, nas interações sociais ou no universo digital, estamos o tempo todo nos colocando em cena. E essa cena pode ser autêntica, estratégica ou até defensiva — dependendo do que está em jogo.

A partir da psicologia, sabemos que a identidade não é uma estrutura fixa. Ela se constrói na relação com o outro, com a cultura, com o tempo. Por isso, cuidar da nossa imagem externa — longe de ser vaidade — pode ser um movimento legítimo de coerência entre o que somos e o que mostramos. É aqui que entra o papel dos consultores de imagem: ajudar você a expressar sua essência, seus valores e seus objetivos por meio de escolhas conscientes. As roupas, os acessórios, as cores, os tecidos — tudo isso deixa de ser apenas estética e passa a ser expressão.

Mas não é só sobre o que vestimos. É também sobre onde habitamos. Nosso ambiente físico impacta diretamente nossa saúde mental, produtividade, criatividade e bem-estar. Um espaço caótico, mal iluminado ou entulhado de coisas que não fazem mais sentido pode gerar uma sensação constante de desorganização interna. Por isso, organizadores profissionais ajudam a transformar espaços em aliados do cotidiano. A organização passa a ser uma forma de cuidado com a mente — porque, muitas vezes, colocar a casa em ordem é um passo importante para reorganizar a vida.

Neste blog, trago essa abordagem integrada: um olhar que nasce da minha experiência no mundo corporativo da tecnologia, agora atravessado pela psicologia. Já fui gestora, já fui liderança, já fui “pau pra toda obra” — e vi de dentro como o ambiente de trabalho pode moldar, adoecer, impulsionar ou silenciar subjetividades. Vi como a performance é exaltada e a vulnerabilidade é escondida. Como o “parecer” muitas vezes vale mais do que o “ser”. E como a forma como você se apresenta — sua imagem, seu discurso, sua organização — pode abrir ou fechar portas, pode te preservar ou te expor.

Aqui falamos de Inteligência Artificial, Metaverso, Carreira, Luto, Ansiedade, Relacionamentos e escolhas do cotidiano. Mas falamos, principalmente, de sentido. De como encontrar coerência entre o que você vive por dentro e o que você mostra por fora. De como alinhar discurso e prática. De como transformar a apresentação pessoal em um gesto de autenticidade — e não de obrigação.

É um convite: a olhar para você com mais profundidade, mais cuidado, mais escuta. Porque, no fim das contas, não é sobre se encaixar num padrão. É sobre construir uma presença que seja sua. Em todos os lugares: na sua casa, no seu corpo, na sua carreira e nas suas relações.

Seja bem-vindo(a) ao espaço onde psicologia encontra tecnologia, e estilo encontra significado.

Você é o cargo que ocupa? identidade ou utilidade

"Se você é pau pra toda obra, pode se preparar: toda hora vai ter obra." 

A frase circula como piada, mas descreve com precisão uma dinâmica recorrente nas organizações contemporâneas.

Ambientes que se propõem inovadores, ágeis e orientados a desempenho frequentemente recompensam a hiperdisponibilidade com mais carga de trabalho. O profissional que se mostra capaz de resolver múltiplas demandas, que assume responsabilidades fora de escopo e mantém uma postura de prontidão contínua, rapidamente se torna o “recurso estratégico” — mas, paradoxalmente, também o mais vulnerável.

Essa lógica não se baseia em reconhecimento genuíno. Ela se ancora na utilidade. Em vez de sujeito, o trabalhador passa a ocupar o lugar de meio, de peça funcional que precisa operar com eficiência, sem falhas e sem pausa.

A psicologia organizacional há muito tempo aponta os riscos dessa configuração. Quando o valor profissional é medido exclusivamente por entregas, e não por vínculos, limites ou sustentabilidade emocional, o esgotamento se torna inevitável. O burnout, cada vez mais presente em setores de alta performance, é apenas a expressão mais visível de um sistema que recompensa o excesso — até que ele se torne disfuncional.

Mais do que uma falha de gestão, trata-se de uma lógica estrutural. A substituição rápida de colaboradores que deixam de “performar” não é acidental: é parte do funcionamento. Um ciclo contínuo de uso e descarte, que transforma competência em sobrecarga e lealdade em invisibilidade.

Curiosamente, os profissionais que melhor se adaptam a esse sistema nem sempre são os mais capacitados tecnicamente. Muitas vezes, são os que compreendem as dinâmicas de poder, que estabelecem alianças estratégicas, que sabem parecer ocupados sem se expor ao desgaste. Em outras palavras, sobrevivem não os que entregam mais, mas os que sabem navegar o jogo organizacional.

Essa realidade exige uma reflexão mais profunda sobre os modelos de valorização vigentes. O mérito, isolado da política interna, torna-se insuficiente. A entrega, sem proteção institucional, vira risco. E o engajamento sem limites, embora elogiado, muitas vezes serve apenas para perpetuar uma lógica de exploração sob a aparência de reconhecimento.

No campo clínico, observa-se o reflexo dessas dinâmicas. Profissionais adoecidos não apenas pelo excesso de trabalho, mas pela internalização de uma crença: a de que é preciso ser sempre útil para ter valor. Uma lógica aprendida desde cedo, reforçada por sistemas que premiam a performance e negligenciam o cuidado.

O desafio, portanto, não é apenas individual. É organizacional. Repensar as culturas que confundem produtividade com disponibilidade irrestrita é urgente. Não se trata de abrir mão da excelência, mas de construir ambientes onde o reconhecimento venha acompanhado de sustentação, e onde o sujeito não desapareça atrás do cargo que ocupa.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Você não é obsessiva.

Fiquei pensando no que você me disse ontem, engraçado porque é uma fala do senso comum, mas muito dita e pouco pensada. 

E então resolvi fazer um certo ajuste na sua fala, ainda mais, porque sendo da área, você não pode mais se dar ao luxo de confundir conceitos, ou validar o senso comum em detrimento da precisão conceitual.

Posso te afirmar que você não é obsessiva, não procrastina. Você é histérica. Clássica.

A neurose obsessiva e a histeria são caminhos distintos dentro da subjetividade humana. A obsessão se manifesta no excesso de controle, na tentativa incessante de ordenar o mundo interno e externo por meio de rituais, repetições e análises intermináveis. O obsessivo teme a perda de controle e, por isso, adia decisões, repassa infinitamente os mesmos pensamentos e se protege na paralisia da dúvida. Seu refúgio é a certeza, sua angústia nasce da possibilidade de errar.

Já o histérico, ao contrário, movimenta-se na incerteza. Ele não se protege da dúvida, mas a amplifica, encena, dramatiza. Enquanto o obsessivo busca uma resposta definitiva, o histérico coloca novas perguntas, seduz a escuta do outro, joga com as possibilidades. Sua dor não vem da inação, mas da constante necessidade de ser reconhecido, de se reinventar, de sustentar a falta que o habita sem jamais preenchê-la completamente.

Há algo curioso: muitos se identificam como obsessivos, pois há um certo prestígio na imagem de alguém meticuloso, disciplinado, atento aos detalhes. Poucos, no entanto, se reconhecem como histéricos. A histeria carrega um estigma – de exagero, de manipulação, de instabilidade. Mas a verdade é que o histérico não se limita a repetir padrões fixos como o obsessivo. Ele provoca rupturas, tensiona o que está posto, é o sujeito do desejo que se desloca, que não aceita a rigidez dos significados.

Se o obsessivo busca controlar o desejo, o histérico se alimenta dele. O obsessivo quer certezas, o obsessivo já sabe quem ele é, mas vai demandar que você o reconheça para preservar suas certezas. O histérico se lança ao vazio, pede uma confirmação de lugar para o outro, tira a minha dúvida de quem eu sou. O histérico está sempre insatisfeito, o obsessivo é da ordem do impossível, da impossibilidade. Nenhum dos dois encontra plena satisfação, mas cada um lida com a angústia de forma distinta.

O problema é que escolhas têm consequências dramáticas, e sustentá-las exige muito. A histeria exige. Converte para o corpo, prefere isso a ter que dar conta do seu desejo. O Obsessivo converte para o pensamento, prefere entrar em um loop infinito do que se a ver com seu desejo. Não há um caminho fácil, mas há, sempre, um caminho possível.

Histeria. A palavra pesa. Causa desconforto. Pouca gente a assume. Mas vamos pensar melhor: a histeria não é sobre indecisão pura e simples, nem sobre preguiça ou falta de controle. É sobre desejo e angústia. Sobre colocar o outro no centro da cena e, ao mesmo tempo, escapar do olhar dele. É a busca por um saber que nunca se completa, que sempre se desloca. A histérica pergunta e pergunta, mas, no fundo, não quer uma resposta definitiva – porque ela mesma é a pergunta.

Já a neurose obsessiva opera de outra forma. O obsessivo quer o controle absoluto. Ele calcula, antecipa, se prende a rituais e repetições. Não age porque quer garantir que tudo estará sob domínio. E enquanto isso, o tempo passa. O desejo fica em suspenso.

Na histeria, não. Há movimento. Há um jogo constante entre se mostrar e se esconder, entre provocar e recuar. A histérica age, mas depois se pergunta: "será que era isso mesmo que eu queria?" E recomeça o ciclo.

Então, volto a dizer: você não é obsessiva, você não procrastina. Você é histérica. E reconhecer isso não é um problema. Pelo contrário, é uma estrutura clinica, como as outras. 

Só precisa saber até que ponto você está no controle do jogo – e não sendo jogada por ele.

Uma escolha, uma sentença.

Minha querida amiga!

Você fez uma escolha ativa, não foi escolhida. 

O problema é que escolhas têm consequências dramáticas e sustentá-las exige muito.

Escolher é um ato de coragem. Muitas vezes, nos vemos em situações em que parece que a vida simplesmente nos empurra para determinados caminhos, mas, no fundo, há uma diferença crucial entre ser levado pelo fluxo e fazer uma escolha ativa. O problema com escolhas ativas é que elas trazem consigo um peso, uma responsabilidade que não pode ser terceirizada. Quando se escolhe, assume-se não apenas a decisão, mas tudo o que vem com ela.

Ser escolhido implica uma certa passividade. Quando se é escolhido, há um deslocamento da responsabilidade para o outro, para as circunstâncias, para a vida. Há uma facilidade em atribuir os desdobramentos da situação a algo externo. Mas quando se escolhe, tudo recai sobre si. Não há escapatória. E é aí que reside a grande dificuldade: sustentar a própria escolha exige força, comprometimento e disposição de lidar com suas consequências dramáticas.

Escolher significa abrir mão de outros caminhos. Todo sim carrega dentro de si incontáveis nãos. Cada escolha traça um destino e fecha portas para outros futuros possíveis. Pode ser angustiante. “E se eu tivesse feito diferente?”, “Será que escolhi certo?”, “O que eu perdi?”. Dúvidas que precisam ser compreendidas e trabalhadas.

Escolhas ativas exigem sustentação. E sustentar escolhas pode ser exaustivo. O mundo não oferece garantias. O caminho escolhido pode trazer desafios inesperados, pode ser mais difícil do que o imaginado, pode trazer momentos de solidão e incerteza. Não há como prever tudo, e essa imprevisibilidade gera medo. 

Mas, é justamente esse comprometimento com as próprias escolhas que se definem a autonomia e a autenticidade.

Sustentar escolhas significa também suportar o olhar do outro. Nem sempre as pessoas entenderão as razões por trás de uma decisão. Algumas vão criticar, outras vão duvidar. Muitas projetam seus próprios receios, inseguranças e crenças sobre quem escolhe. 

O julgamento externo pode ser um peso, mas a única pessoa que pode validar uma escolha é quem a fez. Isso não significa que não se pode reconsiderar, mudar de ideia ou corrigir rotas, mas é essencial não se deixar levar pelo medo da opinião alheia.

E há, ainda, um aspecto emocional importante: o luto pelas escolhas não feitas. Cada decisão tomada significa deixar para trás outras possibilidades. Em alguns casos, esse luto é leve, quase imperceptível. Em outros, profundo. A maturidade emocional está em aceitar que não se pode ter tudo, que a vida é feita de escolhas e que, mais do que tentar manter todas as portas abertas, o desafio é atravessar aquelas que fazem sentido.

Escolher é um ato de liberdade e um ato de responsabilidade. Quem escolhe deve estar preparado para sustentar sua decisão, para encarar as consequências e para encontrar sentido no caminho.

O peso de escolher é grande, mas a sensação de viver uma vida construída com autonomia, e não por inércia, é a maior recompensa que se pode ter.

Sessão

Dizem que o analista não pensa nos seus pacientes depois que a sessão termina.

Eu penso. E muito.

Penso nas palavras ditas e nas que ficaram suspensas no silêncio. No olhar que vacilou, no riso que escondeu a dor, na raiva contida que denuncia algo muito maior. Penso naquilo que se repete sem fim, na luta interna entre construir e destruir, no desejo de pertencimento que nunca encontra pouso.

Escrever me ajuda a organizar essas reflexões. Não para encontrar respostas – porque a análise não é sobre respostas  – mas para dar forma ao que insiste.

Eu me entrego muito ao paciente, sempre preciso de uma descompressão posterior, por isso escrevo. E nesse movimento vou caminhando entre os significantes, até que um significado possa se fazer presente, para mim. Porque é o paciente que chega nos seus próprios.

Segue um trecho: Aqui misturo pacientes, confundo, poetizo, porque o sigilo é algo inegociável

Mas, nesses "Frankenstein" que crio, vou navegando e, de alguma forma, me encontrando. 

Os pacientes leem meus textos, mas não se identificam com um caso específico e, ao mesmo tempo, se reconhecem em vários deles e em nenhum ao mesmo tempo. Então, estou embaralhando muito bem, rs.

=  =  =  =

E a sessão continuava. A analista, com sua calma firme, avisou logo de início: não lhe daria uma pauta. Observava sua irritabilidade transbordando por trás da educação impecável. Internamente, era evidente—uma fúria contida, disfarçada por gestos medidos.

Falou sobre os irmãos, distantes. Estranhos, sem laços reais. E a irmã? Péssima. O relacionamento com a mãe, sempre penoso, culminou em sua morte, que, longe de ser uma tragédia, foi um alívio. Acho que exagero aqui, mas havia um sofrimento aí, não nomeado.

O marido, homem bom, a tratava bem, mas tinha lá suas questões de dependência, às vezes, infantil. 

Na faculdade, era uma aluna excepcional, admirada pelos professores, elogiada com frequência. Mas e daí? Eles seguiam suas vidas, sem impacto real. No fundo, era incrível, mas ninguém parecia querê-la por perto. "Porque não querem sombra", disse a analista. "Por vaidade, pelo inconsciente deles. Isso é do outro."

E a analista continuou dizendo que se fosse outra tipo de pessoa, talvez visse sorte em trabalhar ao lado de alguém assim. Mas para os outros, era uma ameaça. E isso não era sobre ela. O que é do outro, escapa ao seu controle.

Saiu do emprego. Puxaram o tapete, jogaram sujo, e não se importaram. Mas não foi expulsa. Foi ela quem escolheu sair. Corajosa. Saiu de um lugar que a matava. Escolheu viver. Estava atravessando a fantasia. Foi decisão do sujeito (no simbólico), com uma ajudinha do sujeito do inconsciente (no real).

E aqueles que colocou num pedestal? Terra fofa. 

No caminho, adoeceu. Não se vitimizou. Nem por um minuto. "Pera lá", dizia a analista. "Paciência. Paciência histórica." Tudo isso tinha a ver com você, com quem você escolheu ser.

Um ciclo sem fim que se repetia incessantemente. Um roteiro de pertencimento negado. 

Mas o mundo não lhe devia nada. 

A pergunta constante: "Cadê o meu lugar?" E a frustração a posteriori sempre avassaladora.

Vinha de uma família onde era preciso ser "solucionática". Onde as coisas deviam acontecer rápido, serem solucionadas. Quando não aconteciam, críticas, muitas. Mas agora, estava em outra cultura, um novo espaço onde se reconstruía. Isso levava tempo. "É um momento trans", dizia a analista.

Estava em formação. Era um processo, uma travessia. E já fazia o que precisava ser feito. Calma, está tudo bem! Estamos atravessando. Mas não se permitia. Oscilava. Construía, construía… e então destruía tudo. Um ciclo de criação e ruína. Exaustivo. Uma injustiça contra si mesma.

A analista via progressos – muitos. A cada dia, ela se tornava mais forte, mais lúcida, mais dona de si. Mas, no discurso, por vezes, ainda havia aquela menina frágil, que não se reconhecia, que não entendia os reconhecimentos que recebia e as inúmeras sinalizações que a vida lhe dava. Para ela, tudo era normal, tudo era pouco, tudo era esperado mesmo. Tudo. Todo Mundo. Não se via protagonista, geradora do seu sucesso!

Garota excepcional. Dessas que a gente quer ser amiga, e não terapeuta. Dá vontade de estar perto. De conviver. De aprender com ela.

Desse modo, não havia terceirização possível. A resposta que buscava não estava na terapeuta. Porque não era uma terapia. Nunca foi. Era uma análise. Ela havia escolhido a análise. Era a sua análise.

E ... em algum momento ... quando estivesse pronta ... encontraria seu lugar. Melhor: daria a si mesma esse lugar de pertencimento.

Mas que me deu vontade de repetir a famosa frase: "Você não é Todo Mundo!". 

Ah isso deu...

Resiliência Não Se Publica

Resiliência. Uma palavra repetida à exaustão, desgastada pelo uso excessivo. Virou slogan motivacional, enfeite de legenda, uma promessa de superação que chama muita atenção nas redes. Mas a resiliência verdadeira não tem nada de glamourosa. Ela acontece nos silêncios. Nos momentos em que a vida rasga, arranca as certezas e obriga a continuar, sem nenhuma garantia de que algo vá melhorar.

Ela não é um troféu que se exibe, nem um estado de espírito elevado. Ela é um instinto. Acontece quando a vida arranca tudo e você, sem alternativas, continua. Não porque é forte, não porque escolheu ser resiliente, mas porque faz parte da espécie humana lutar pela sobrevivência. Você não conduz, você é levado. Muitos ficam pelo caminho!

A resiliência não é teatral. Não é sobre curtidas, não é acompanhada de trilha sonora inspiradora. Ela mora nos olhos inchados depois da noite mal dormida. No aperto, no desespero que bate antes de levantar da cama. Na coragem de seguir em frente quando nada mais faz sentido.

A resiliência não está na foto bem iluminada de quem superou uma fase difícil e agora ostenta felicidade plena. Ela está no caos, no escuro da madrugada, quando ninguém vê. No cansaço extremo de quem já perdeu demais, mas ainda se arrasta adiante.

O que ninguém diz é que a vida vai te derrubar. Muitas e muitas vezes.

Vai ser quando  você perder alguém sem aviso. Quando a injustiça for tão grande que te sufocar. Quando você perder algo que estruturava sua existência e perceber que ninguém vai te salvar. Vai ser quando o chão sumir, e você entender que o que chamavam de “recomeço” é, na verdade, um longo período de confusão, incerteza e medo.

E a vida vai te testar.

Nessas horas, não há frases motivacionais que deem conta. Só há o dia seguinte. E depois mais um. E outro.

Nessas horas, resiliência não é sobre se levantar com bravura, mas sobre seguir mesmo sem força. Não tem poesia, não tem estética, apenas uma sequência de dias em que você acorda e faz o que dá.

Porque a resiliência não é sobre vencer sempre. É sobre perder, quebrar, cair, duvidar de si mesmo – e, ainda assim, continuar.  

E, pouco a pouco, você muda.

As perdas reconfiguram tudo. O que antes parecia importante se dissolve. O medo de desapontar os outros perde relevância. A busca incessante por reconhecimento se esgota. O que sobra são os poucos e bons amigos - muito poucos, na verdade.

E então, um dia, você olha no espelho e percebe que não é mais o mesmo. Você não quer mais preencher vazios à força. Não quer mais se encaixar no que esperavam de você. Aprende que não há como escapar da falta – porque você é as suas faltas. Elas moldam seus desejos, suas escolhas, sua história.

O desejo nasce da falta, da ausência, e a sua história é feita do que faltou tanto quanto do que sobrou.

O sucesso deixa de ser uma linha de chegada e passa a ser simplesmente existir. Estar ali. Respirando. Sendo.

E no fim das contas, a maior vitória não é nunca ter caído. É ter continuado.

Sem precisar chamar isso de resiliência.

Sem precisar provar nada para ninguém.

Sem precisar publicar nada sobre isso.

Psicologia e Tecnologia

A PsiT.ech nasce da interseção entre dois mundos: a tecnologia e a escuta clínica. Criada por uma profissional com anos de experiência em grandes empresas do setor de tecnologia e formação sólida em Psicologia com abordagem psicanalítica, a clínica oferece um espaço de acolhimento para quem vive (ou sobrevive) no ambiente corporativo.

Aqui, entendemos as pressões, as regras não ditas, as dinâmicas de poder, os jogos emocionais e as violências sutis que, muitas vezes, marcam o cotidiano profissional. A PsiT.ech é um lugar de pausa, onde a escuta é respeitosa, o tempo tem outro ritmo e a subjetividade encontra espaço para se expressar.

Acolhemos especialmente adultos que enfrentam sofrimento emocional relacionado ao trabalho: esgotamento, angústia, sensação de inadequação, injustiças, assédio moral ou mesmo a dificuldade de encontrar sentido em meio a estruturas rígidas e competitivas.

Na PsiT.ech, oferecemos um cuidado que combina sensibilidade clínica, escuta ética e compreensão profunda das engrenagens do mundo corporativo. Porque cuidar da saúde mental é também aprender a se reposicionar diante daquilo que nos atravessa — e, às vezes, nos adoece.

Seja bem-vindo(a). Aqui, sua história tem espaço.

Seja bem-vindo(a) à PsiT.ech

 Boas-vindas da PsiT.ech

Olá!

Seja bem-vindo(a) à PsiT.ech — um espaço de escuta, pausa e cuidado.

Aqui, entendemos que o mundo corporativo nem sempre é leve. Pressões, cobranças, silêncios, injustiças e dinâmicas sutis muitas vezes atravessam a vida profissional e impactam diretamente o bem-estar emocional.

Na PsiT.ech, você será recebido com ética, empatia e discrição. Acreditamos que cada pessoa carrega uma história única — e que poder falar sobre o que sente, sem julgamento, é o primeiro passo para se reconectar consigo.

Se você chegou até aqui, saiba que já começou um movimento importante.

Conte comigo nessa caminhada.

Entre o que foi e o que ainda não se sabe ser!

Recomeçar é muitas vezes visto como um ato de coragem, uma escolha consciente de abandonar o que não faz mais sentido para buscar algo novo. No entanto, poucos falam sobre a parte em que tudo desmorona—o momento em que, depois de tanto esforço, o novo caminho parece estranho, desconectado, como se a identidade tivesse se perdido no meio da travessia.

Muitas pessoas passam anos batalhando por uma mudança significativa. Enfrentam desafios, dedicam-se ao aprendizado, reinventam-se para ocupar um novo espaço. Mas, ao chegarem perto da conclusão dessa jornada, percebem que algo não se encaixa. A dúvida se instala, e aquilo que deveria ser uma conquista começa a parecer um erro.

Essa sensação pode surgir de diversas formas: um trabalho que já não traz sentido, uma mudança de área que parecia promissora, um curso superior que, nos últimos semestres, já não reflete mais quem se é. O sentimento de deslocamento cresce e traz consigo a insegurança: e se todo esse esforço foi em vão? E se o recomeço foi apenas um desvio para um lugar que nunca deveria ter sido o destino?

A maior dificuldade não é apenas questionar a escolha feita, mas encarar a incerteza do que vem depois. Não há garantias, não há mapas que indiquem o próximo passo. O futuro, que antes parecia claro, agora é um campo nebuloso, onde qualquer decisão pode parecer errada.

Muitos acreditam que recomeçar significa encontrar uma nova versão de si mesmo, mas, talvez, seja apenas um espaço de transição—uma zona instável entre o que foi e o que ainda não se sabe ser. E, nesse processo, sentir-se perdido pode não ser um sinal de fracasso, mas um estágio inevitável do crescimento.

Aceitar essa incerteza pode ser o primeiro passo para, enfim, encontrar um caminho que faça sentido.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Feliz Aniversário !

Faz muitos anos que tirei a data do meu aniversário de todas as redes sociais. Lembro bem do dia em que decidi fazer isso. Na época, eu recebia muitas mensagens—dezenas, às vezes centenas—de "parabéns" surgindo no meu feed, nas notificações, nos stories. Mas havia algo estranho, uma sensação incômoda de que tudo era muito automático. Uma enxurrada de felicitações que se apagavam no dia seguinte. Sei lá, um dia intenso, impulsionado pela tecnologia, mas sem carregar verdadeiramente o significado de uma lembrança, do que um aniversário deveria ser.

Entendo que as pessoas são sociáveis e não teriam como guardar todas as datas de aniversário à sua volta. A tecnologia ajuda nisso—ela lembra por nós, evita esquecimentos. Mas acho que, na vida, esquecer faz parte também. E tudo bem. Quando a relação é verdadeira, não é a ausência de um “feliz aniversário” que define o quanto você significa para alguém ou o quanto alguém tem consideração por você.

Não me entendam mal, não acho que as pessoas que enviavam mensagens estavam sendo falsas ou mal-intencionadas. Mas o contexto me fazia sentir que tudo era mecânico, rápido, eficiente—como se alguém visse a notificação, escrevesse “feliz aniversário!” e seguisse o dia adiante. E aí vinha o meu dilema: se a pessoa se lembrou de mim e enviou uma mensagem, eu deveria retribuir no aniversário dela. Então eu precisava salvar a data, me lembrar no ano seguinte, corresponder à expectativa. Mas e se, no dia do aniversário dessa pessoa, eu estivesse atravessando um momento difícil? Ou simplesmente esquecesse?

Ok. Acho legal lembranças espontâneas, sem dia, sem hora, sem obrigação. Lembrar por lembrar, querer falar, sentir falta, querer compartilhar,  porque deu vontade de falar, porque uma memória surgiu, porque um sentimento veio à tona. Sei lá. Sempre senti que essa parte mais burocrática das redes sociais transformava aniversários em um ritual social padronizado, quase um reflexo condicionado do que é lembrar de alguém, do politicamente correto.

Claro que, depois que desapareci das redes, as notificações também foram sumindo. A cada ano, menos pessoas lembravam, menos notificações, menos mensagens. E tudo bem. Foi interessante até para mim mesma. Racionalmente, eu sabia que aquela enxurrada de mensagens me envaidecia—teve anos em que recebi mais de 200 notificações, e eu pensava: "Nossa, como sou lembrada, como sou querida!" Mas será que aquilo realmente significava alguma coisa? Sim e Não. Sei que ninguém era obrigado a me mandar mensagem, que cada um escolhia fazer isso, existe uma intenção ai. Mas sempre me perguntei: se não houvesse a notificação, quantos realmente se lembrariam? Quantas mensagens seriam enviadas?

E de certa forma, só porque está nas redes sociais, não significa obrigação, sei que as pessoas decidem mandar a mensagem, são lembradas pelas redes, mas poderiam escolher não enviar msg. Então elas "gostam de você". Então sei que tem uma escolha, mas sempre questionei, porque apesar de estar escolhendo mandar e me reconhecer, talvez a lembrança genuína não seria exatamente naquele dia e naquele horário e naquela plataforma e daquela forma. Nao sei se me faço clara o bastante ou parece arrogância e me achar "centro do mundo". Não é! Penso em só liberar as pessoas para lembrarem do que quiserem lembrar e está tudo bem.

Ao longo dos anos, fui me surpreendendo com as poucas pessoas que, mesmo sem lembretes ou notificações, faziam questão de lembrar. Ligavam. Mandavam mensagens longas. Vinham até mim. Pessoas que, no meio da correria da vida, guardavam essa pequena informação sobre mim (a data do meu aniversário) —e escolhiam demonstrar carinho sem depender de alertas, sem ser o politicamente correto a se fazer. Trocando o "eu preciso te mandar uma msg" para o "eu quero aproveitar e te mandar uma msg". Esse gesto sempre me tocou mais do que qualquer avalanche de notificações nas redes.

É uma construção, uma escolha. Prefiro assim. No mundo de hoje, ser diferente quase sempre significa ser visto como estranho. 'Ah, essa pessoa tem baixa autoestima', 'essa pessoa se exclui', 'essa pessoa é exigente demais'... Mas não é nada disso. É apenas um jeito diferente de enxergar as coisas, de liberar as pessoas da obrigação de ter que lembrar.

Curiosamente, ao mesmo tempo em que fui me afastando das felicitações superficiais, percebi algo interessante: as empresas nunca esquecem. O mercado se lembra do meu aniversário melhor do que muitas pessoas. Meu e-mail fica lotado de promoções especiais, cupons de desconto, mensagens genéricas de “feliz dia!” de marcas que sequer interagem comigo o resto do ano. Há uma certa ironia nisso. Num mundo onde as relações humanas são mediadas por algoritmos e lembretes automáticos, é o capitalismo que nunca falha em marcar presença. Transformando qualquer ocasião em "um momento especial" ... ops ... em "uma oportunidade comercial". Fico pensando se o mercado não é o melhor amigo de todos—porque está sempre lá, presente, rápido, preciso. E aquele amigo de carne e osso, cuja ligação você tanto espera? Esse, às vezes, esquece.

Essa percepção me fez querer resgatar o real significado do meu aniversário. Antes, tudo se misturava—os parabéns de quem realmente lembrava e os de quem apenas foi lembrado pela rede social. Eu quis separar as coisas. Quis voltar às raízes. Para mim, um aniversário não deveria ser sobre quantidade, mas sobre significado.

E mesmo que uma pessoa não se lembre—porque esqueceu, porque lembrou e não estava afim, porque lembrou e não teve tempo, porque estava perto demais e esqueceu, ou longe demais e esqueceu também—está tudo certo. Seguem sendo importantes para mim. Tem gente que divide o mundo entre os que lembram da sua data e os que não lembram. Mas, para mim, essa linha é outra. Me arrisco a dizer que algumas das pessoas mais preciosas da minha vida estão no grupo das que nunca lembram o dia certo—e que me fazem rir quando me mandam parabéns muito antes ou muito depois da data, boas risadas coleciono ai.

E, verdade seja dita, nunca fui alguém que fizesse do meu aniversário uma grande comemoração. Não porque eu ache que a vida não mereça ser celebrada, mas porque acredito que qualquer dia pode ser especial para lembrar de alguém e desejar coisas boas. Sempre me pareceu estranho que, para muitas pessoas, o único dia do ano em que demonstram carinho seja no aniversário. Para mim, felicitações não precisam ter data certa—elas deveriam acontecer no momento em que são sentidas.

Por isso, também não sou alguém que sai distribuindo "feliz aniversário" para todo mundo. Parabenizo um círculo pequeno—pessoas que realmente fazem parte da minha vida no dia a dia, que me tocam profundamente e que são aquelas pessoas as quais eu memorizei o aniversário ... com esforço. Muito esforço, diga-se de passagem, rs. Outras tantas que são igualmente importantes, mas, sinto muito, não consigo memorizar as datas dos seus aniversários. Eu me esforço também, mas sempre falho. 

E se um ano eu me lembrar e no outro não? Tudo bem. Lembro porque lembro, esqueço porque esqueço. Sem pressão, sem cobrança.

Porque, no fim das contas, mais do que lembrar uma data, o que importa é lembrar o afeto, a conexão e o que realmente significa compartilhar a vida com alguém. Tem gente com quem falo muito e não sinto conexão nenhuma. E tem gente com quem quase não falo, mas, quando interajo, sinto uma conexão imensa. Tem pessoas que vejo todo dia e fazem do meu aniversário uma data especial. E tem outras que vejo todo dia e nem sequer sabem quantos anos eu tenho. Tem pessoas e tem pessoas.

Então, se um dia você receber uma mensagem minha, saiba que ela não foi enviada por hábito, por uma notificação ou por uma obrigação social. Foi porque, naquele momento, eu pensei em você com carinho genuíno.

Estou envelhecendo e minha memória já não é a mesma. Se não receber minha mensagem no seu aniversário, entenda: não uso a tecnologia para isso. Pode ser que eu tenha me esquecido mesmo ou pode ser que eu não queira. E tudo bem. 

Tenho certeza de que as pessoas que eu amo e quero por perto não duvidam, sequer por um instante, do que representam para mim.

E, no fim das contas, não é isso que realmente importa?

E essa tal de Psicologia?

Estudar Psicologia é uma jornada que transcende o simples ato de adquirir conhecimento. Desde o primeiro contato com a área, percebemos que não estamos apenas aprendendo sobre teorias, conceitos e abordagens, mas que estamos, inevitavelmente, nos transformando no processo. Psicologia não é um campo que se estuda de fora para dentro. Pelo contrário, ela nos atravessa, nos implica e nos desafia a olhar para dentro de nós mesmos.

Cada ano da graduação traz novas descobertas e, com elas, novas inquietações. O objeto de estudo da Psicologia não é algo externo, distante, que podemos observar sem nos envolver. Estudamos o humano, e, sendo humanos, não há como evitar o impacto dessa imersão. As teorias que aprendemos nos ajudam a compreender os outros, mas também nos colocam frente a frente com nossos próprios medos, desejos e contradições. Assim, a Psicologia nos transforma, moldando nosso olhar sobre nós mesmos e sobre o mundo.

Além do impacto pessoal, estudar Psicologia desenvolve em nós um profundo senso de responsabilidade. Ao nos debruçarmos sobre o sofrimento humano, aprendemos que ele não pode ser reduzido a uma mera patologia ou a um diagnóstico. A saúde mental não é a simples ausência de transtornos, mas um estado dinâmico que envolve história de vida, relações interpessoais, contexto social e tantas outras variáveis. Dessa forma, passamos a enxergar o sofrimento sob outra perspectiva, sem reducionismos, mas com um olhar sensível, atento e, sobretudo, humanizado.

Ao longo da formação, aflora em nós um sentimento de gratidão – seja pelos professores que nos guiam, pelos autores que nos provocam reflexões, pelos pacientes que compartilham suas histórias, ou pela própria possibilidade de ter acesso a um conhecimento valioso. A Psicologia nos ensina a ter humildade diante da complexidade do humano e nos lembra constantemente de que, por mais que estudemos, não se tem todas as respostas.

Independentemente da abordagem teórica com a qual mais nos identificamos, todas compartilham um ponto em comum: lidam com a singularidade do sujeito. Algumas abordagens, como as comportamentais, propõem um olhar mais concreto e focado em recortes específicos do comportamento humano. Outras, como a psicanálise, mergulham nas profundezas do inconsciente e nos desafios da subjetividade. Há, ainda, as abordagens humanistas e existenciais, que nos confrontam com as grandes questões da existência. Embora distintas, todas essas vertentes são científicas e buscam compreender o ser humano em sua totalidade. E, ao estudarmos o outro, inevitavelmente nos deparamos conosco mesmos.

Estudar Psicologia não se trata de acumular conhecimento técnico. É uma experiência de constante transformação. É aprender a reconhecer que o outro é sempre único, que ninguém se reduz a um diagnóstico e que a complexidade do humano exige sensibilidade e escuta. É desenvolver um olhar empático para o sofrimento, compreendendo-o sem julgamentos. É perceber que, enquanto entendemos o outro, também nos descobrimos e nos reinventamos.

E essa jornada não termina com a graduação. Ao contrário, ela continua, a Psicologia não é um saber estático, mas um campo vivo, em constante construção – assim como nós. 

Porque, no fim das contas, estudar Psicologia é, antes de tudo, se permitir ser transformado por ela.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Perdi meu Instagram e, no final, acabei ganhando!

Há alguns meses, aconteceu algo que, a princípio, parecia ruim: perdi meu Instagram. Era uma conta com a qual eu tinha construído um vínculo de anos, algo que misturava histórias, interações e memórias que eu acreditava serem importantes. Aconteceu sem aviso. Eu havia colocado a conta em stand-by por um tempo, numa tentativa de me desconectar um pouco. Depois de algumas semanas, quando decidi reativá-la, ela simplesmente não estava mais lá. Desapareceu da plataforma.

No começo, fiquei chateada. É aquele sentimento de perda, não só do que parecia ser uma parte de mim, mas também de um registro da minha história, das pessoas que seguiam minha jornada e das interações que eu tinha guardado. Tentei recuperar a conta, segui tutoriais, preenchi formulários, mas nada funcionou. Era como se a plataforma tivesse simplesmente apagado minha existência ali.

Curiosamente, essa conta já não era a mesma há algum tempo. Antes, eu tinha cerca de 650 seguidores  e seguia um número equivalente. Mas, com o passar do tempo, principalmente depois que saí do meu trabalho, comecei a olhar para aquele perfil com outros olhos. Percebi que seguia muitas pessoas que não tinham absolutamente nada a ver comigo, pessoas com quem nunca tive uma conexão genuína. E me questionei: por que manter essa relação superficial?

Então, decidi mudar. Comecei a deixar de seguir essas pessoas, uma a uma. Busquei algo mais autêntico, mais alinhado com quem eu sou e com o que eu quero levar para a minha vida. O número de pessoas que eu seguia caiu para cerca de 200. E, como um reflexo natural, muitos também pararam de me seguir. Meu perfil, antes cheio de informações, fotos, comentários, ficou mais vazio. Mas, curiosamente, senti que ele estava mais leve.

E então veio o “sumiço” do Instagram. Um erro da plataforma, provavelmente, mas que me arrancou de vez daquela bolha. A princípio, fiquei incomodada. Era como se uma porta tivesse se fechado sem que eu estivesse pedido. Tentei recuperar, insisti um pouco mais, mas nada aconteceu. E, com o passar dos dias, eu comecei a sentir um certo alívio.

Sem aquele espaço para ocupar minha mente, sem a necessidade de checar notificações, likes ou comentários, senti como se uma parte do peso tivesse sido retirada dos meus ombros. Aos poucos, percebi que perder o Instagram não era o fim  — era o começo de algo novo.

Criei outro perfil. Um espaço novo, sem seguidores. Menos que 50 passaram a me seguir. Não quero mais interações superficiais. Essa volta para o Insta é algo que sirva apenas para que eu possa ser encontrada, caso necessário. Porque, sim, as redes sociais têm seu lado bom. Elas conectam, facilitam a comunicação, ajudam as pessoas a se acharem.

O que ficou disso tudo é que prefiro a autenticidade. Às vezes, a gente precisa perder algo para se encontrar.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Ausência Estratégica

Aprenda a fazer falta. Vivemos em uma sociedade onde estar disponível o tempo todo parece ser uma virtude. Respondemos mensagens instantaneamente, dizemos “sim” a compromissos sem fim e, muitas vezes, nos colocamos em segundo plano para atender às expectativas alheias. Mas, no meio desse ritmo acelerado, há algo poderoso em aprender a fazer falta.

Fazer falta não significa se ausentar por birra ou manipulação, mas sim entender o seu valor e reconhecer que a sua presença, o seu tempo e a sua energia têm um impacto genuíno na vida das pessoas. Não se trata de se afastar para chamar atenção, mas de construir uma relação onde sua ausência seja sentida porque você contribuiu com algo significativo. Quando você aprende a fazer falta, descobre o valor da sua própria essência e ensina os outros a valorizarem também.

Temos medo de nos afastar, acreditando que seremos esquecidos. Mas, na verdade, é justamente no espaço deixado pela sua ausência que o outro percebe a sua importância. Quando você está disponível demais, o que oferece pode ser tomado como garantido. Por outro lado, quando você equilibra presença e ausência, dá espaço para que os outros percebam o quanto você acrescenta à vida deles — seja com palavras, ações ou simplesmente com a sua energia.

Fazer falta é um exercício de autoconfiança. É dizer para si mesmo: "Eu não preciso estar o tempo todo para ser lembrado, apreciado ou amado." Isso significa que você não precisa se desgastar tentando agradar a todos ou estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Fazer falta é ter coragem de se preservar, de respeitar seus próprios limites e, ao mesmo tempo, de confiar que aquilo que você construiu com os outros não desaparece quando você não está.

Também é um exercício de respeito ao próximo. Quando você se ausenta no momento certo, dá às pessoas a oportunidade de refletirem sobre a importância que você tem. E, ao voltar, a conexão se fortalece. Fazer falta é, de certa forma, ensinar aos outros a diferença entre presença genuína e presença automática.

Aprender a fazer falta não significa se distanciar de tudo e de todos. É, na verdade, sobre qualidade. Sobre dar o seu melhor quando está presente e se retirar quando é necessário, sem culpa, sabendo que a sua ausência também pode ser uma forma de fortalecer laços.

Então, cuide da sua energia. Permita-se descansar, priorizar e escolher onde você deseja estar. A ausência estratégica não é egoísmo — é sabedoria. Porque quem realmente importa sempre sentirá sua falta, e quem não sentir talvez nunca tenha merecido sua presença.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Mais um sonho ... vc percebe o quanto mudou qdo volta a um lugar do passado!

Praticando a interpretação dos sonhos. Mais um caso da clínica ...

Projeções à parte, eu me envolvi muito com esse sonho e sua interpretação. Eu não queria falhar!!! 

Por isso que os analistas têm que estar com nossa análise em dia!!! 

Senão a projeção e a contratransferência os aniquilam. rs 

Foi por pouco !!! rs

===== relato da paciente 👇👇👇

Sonhei que estava de volta na empresa onde trabalhei por mais de 10 anos. Eu estava organizando minha mesa, arrumando minhas coisas e tentando me lembrar de como me encaixar naquele lugar, que, embora parecido, estava diferente. Foi quando alguém se aproximou e me informou que minha mesa não ficaria ali, naquele local, mas no segundo andar. Fui então até lá e, para minha surpresa, o segundo andar parecia um ambiente infantil, com monitores e crianças, como um jardim de infância. Fiquei apavorada e, imediatamente, desci de volta, dizendo que não queria trabalhar com crianças, não queria aquela mudança.

Foi quando um colega de trabalho, um superior que eu costumava admirar muito, me viu e me perguntou: "Você voltou? Que bom, vamos conversar." Fiquei ansiosa para falar, mas ele me disse que agora não poderia, pois precisava atender a uma pessoa que estava na minha frente. Ele me pediu para esperar, e eu, com a sensação de que algo estava prestes a acontecer, peguei uma caixa de papelão (alguém me deu) e comecei a colocar todas as minhas coisas nela, porque eu precisaria me mudar para o segundo andar. Enquanto aguardava, fiquei esperando por aquela conversa, mas ela nunca aconteceu. O tempo passou, e eu acordei.

Como o sonho é sempre do sonhador, ela concluiu o sonho dizendo que estava tudo muito nítido e que a mensagem estava clara. Que ela era invisível e infantil e detalhou:

Você é invisível (falo com você depois)

Você é infantil (aqui é para adultos, vá para o segundo andar)

= = = =

Interpretação do sonho:

É isso mesmo!

O sonho que você teve carrega consigo um simbolismo profundo, refletindo não apenas o seu vínculo com o passado, mas também questões relacionadas ao seu processo de adaptação, identidade e a relação com as mudanças que ocorrem na sua vida. Ao retornarem à empresa onde trabalhou por tantos anos, você parece estar revisitando aspectos de sua história, mas também se encontrando em um espaço que, embora familiar, está marcado por uma sensação de deslocamento.

A mesa e o ambiente familiar e ao mesmo tempo diferente: Ao tentar organizar sua mesa, você demonstra um esforço de reconectar-se com o ambiente e com a sua própria identidade profissional. A mesa, símbolo da sua posição e lugar no mundo do trabalho, representa também o local onde você se expressava, onde realizava suas atividades e onde se sentia inserida em uma estrutura. Contudo, ao perceber que as coisas estão "iguais, mas diferentes", você simboliza uma sensação de desajuste diante de uma realidade que, embora pareça ainda familiar, já não se encaixa mais com quem você é agora. A mudança é evidente: você já não se vê ali da mesma forma.

O segundo andar e o ambiente com crianças: A mudança de lugar para o segundo andar, onde há um ambiente infantil, é um ponto crucial do sonho. Ao se deparar com crianças e monitores, um espaço aparentemente distante do que você havia conhecido, surge o temor e o desconforto. Trabalhar com crianças pode simbolizar uma regressão ou um retorno a uma fase de vida que não faz mais parte do seu processo atual de amadurecimento ou de realização profissional. O sonho pode estar refletindo o medo da impotência ou da falta de controle diante de uma situação que não corresponde às suas capacidades ou desejos atuais. Além disso, a sensação de apavoramento diante dessa mudança sugere um certo receio em relação ao que está por vir, um conflito entre a necessidade de se adaptar às novas circunstâncias e a rejeição de se submeter a uma mudança que parece insignificante ou desvalorizadora.

O colega de trabalho e a espera: O superior que antes você admirava e que agora se recusa a conversar com você imediatamente, alegando ter outras prioridades, pode representar o distanciamento ou a desconexão com aspectos de seu passado profissional. A falta de resposta imediata a uma necessidade de diálogo e a espera que se alonga sem que nada aconteça parece refletir um sentimento de frustração ou de desvalorização, como se, após muito tempo investido e envolvido, você estivesse agora sendo deixada de lado. Esse momento também pode simbolizar um medo de que, apesar de suas tentativas de voltar ao jogo, as oportunidades ou o reconhecimento não virão mais da mesma forma.

A caixa de papelão e a mudança de espaço: A caixa que você recebe e onde começa a colocar suas coisas dentro, associada ao ato de mudar de local e de função, parece indicar o processo de despersonalização ou de deslocamento. A caixa é um símbolo de contenção e mudança, onde você tenta reunir e carregar consigo fragmentos de quem você foi, de seu trabalho anterior. Contudo, o fato de ainda estar "esperando" pela conversa, que nunca acontece, pode revelar uma sensação de impotência ou de estar preso em uma fase de transição, onde as respostas e o fechamento ainda não se concretizaram. Essa espera sem fim pode simbolizar a necessidade de ter clareza sobre a direção a seguir, mas também o temor de que essa clareza nunca chegue.

O sonho parece refletir um período de transição em sua vida, possivelmente relacionado ao seu trabalho, à forma como você se vê em relação ao passado e ao presente, e ao medo das mudanças ou da incapacidade de se adaptar a novas situações. O ambiente familiar, mas ao mesmo tempo transformado, as figuras que não mais se comportam como você esperava e o receio de novas funções podem indicar um desejo de retornar a um lugar de estabilidade e identidade, mas ao mesmo tempo, o reconhecimento de que essa estabilidade talvez já não exista mais da mesma forma. O sonho sugere que você ainda está buscando um novo papel, um novo espaço onde possa se encaixar de maneira confortável, mas, por enquanto, permanece no limbo da espera, sem respostas concretas ou fechamento para esse processo.

Esse sonho, portanto, pode ser visto como um reflexo de um momento de sua vida onde você busca reorganizar-se, encontrar novamente um propósito ou lugar que te dê sentido, mas ainda se sente em dúvida, sem a clareza de como fazer essa transição de forma satisfatória. A sensação de espera, a mudança de espaço e a impossibilidade de dialogar com o que te foi importante no passado refletem não só a necessidade de respostas, mas também o medo de que essas respostas possam não ser o que você esperava ou desejava.

Os 5 Deveres do Psicanalista

Os deveres de um psicanalista envolvem uma profunda responsabilidade ética, técnica e emocional com os pacientes e a prática da psicanálise. Aqui estão cinco deveres fundamentais:

1. Manter o Sigilo Profissional

O sigilo é um dos pilares da prática psicanalítica. O psicanalista tem o dever de garantir que tudo o que o paciente compartilha em sessão seja mantido em absoluta confidencialidade. Esse compromisso não apenas protege a privacidade do paciente, mas também cria um ambiente seguro para que ele possa se expressar livremente, sem medo de julgamento ou exposição.

2. Estabelecer uma Escuta Atenta e Livre de Julgamentos

A escuta psicanalítica requer atenção profunda e imparcialidade. O analista deve estar presente de maneira genuína, captando os conteúdos manifestos e latentes do discurso do paciente, sem impor suas opiniões, crenças ou preconceitos. Essa escuta é essencial para compreender os conflitos inconscientes que emergem na fala.

3. Zelar pela Ética da Relação Analítica

A relação analista-paciente é baseada em respeito e ética. O psicanalista deve evitar qualquer comportamento que possa prejudicar o paciente ou comprometer a neutralidade do processo terapêutico, como envolvimentos emocionais, financeiros ou sociais inadequados. Ele também deve reconhecer seus próprios limites e encaminhar o paciente para outro profissional, se necessário.

4. Buscar Formação e Supervisão Contínuas

A prática psicanalítica exige um compromisso constante com o estudo e o aperfeiçoamento. O psicanalista tem o dever de manter sua formação atualizada, participar de grupos de estudo, supervisões e intervisões, além de realizar sua própria análise, para evitar que questões pessoais interfiram no trabalho com o paciente.

5. Promover a Autonomia do Paciente

O objetivo da psicanálise é ajudar o paciente a compreender seus próprios desejos, conflitos e mecanismos psíquicos, promovendo a autonomia emocional e psíquica. O analista deve evitar a dependência emocional do paciente e atuar como facilitador do processo de descoberta e transformação do indivíduo, respeitando o tempo e o ritmo de cada pessoa.

Esses deveres refletem o compromisso do psicanalista com a ética, o cuidado humano e a profundidade do trabalho psicanalítico.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Depressão, construindo narrativas.

Outro dia, ouvi uma psicanalista dizer que a depressão não é uma desaceleração, mas, na verdade, uma aceleração da velocidade da vida. Essa afirmação ressoou profundamente em mim. Faz todo o sentido quando olhamos para o ritmo frenético que a sociedade moderna impõe. Vivemos correndo, tentando acompanhar prazos, expectativas, demandas e uma enxurrada de informações que chegam sem pausa. A todo instante, somos solicitados a fazer mais, ser mais, entregar mais — e, nesse movimento desenfreado, perdemos a conexão com o que realmente importa: nós mesmos.

A depressão, nesse contexto, não aparece como a ausência de movimento, mas como o resultado de uma vida que corre tão rápido que não nos permite parar e sentir, refletir ou construir significados. Tudo acontece em um ritmo tão intenso que mal conseguimos perceber o que estamos vivendo. Não há tempo para a pausa que transforma uma simples vivência em experiência, para aquilo que realmente dá sentido à vida.

Talvez seja por isso que a depressão, em muitos casos, seja descrita como uma sensação de vazio. Não é que não há nada acontecendo; é que tudo acontece ao mesmo tempo e com tanta pressa que não conseguimos digerir, compreender ou nos apropriar do vivido. É como se a vida fosse uma esteira rolante que nos leva, enquanto tentamos, em vão, alcançar algo que nunca está ao nosso alcance.

Essa reflexão me fez perceber o quanto a aceleração do mundo moderno nos afasta da nossa própria narrativa. Não há espaço para parar, olhar para trás, criar uma história sobre o que vivemos e nos reconhecermos nela. A depressão, então, não seria apenas o sintoma de uma vida sem pausas, mas também a consequência de uma desconexão com o tempo necessário para transformar o caos em ordem, o barulho em sentido.

Nesse ritmo acelerado, acabamos nos tornando espectadores de nós mesmos, como se fôssemos uma história que passa sem protagonista, sem autoria. Por isso, ouvir que a depressão é, muitas vezes, um reflexo dessa aceleração desenfreada mudou minha perspectiva. Mais do que nunca, sinto que precisamos resgatar o tempo da pausa, do silêncio, do sentir — o tempo de simplesmente ser.

Ela dizia que a vivência e experiência são conceitos distintos, embora frequentemente confundidos. Vivenciar algo significa estar presente em um acontecimento, participar de uma situação. Já a experiência transcende a vivência: é quando o vivido ganha significação, torna-se algo que pode ser contado, compartilhado, refletido. É a narrativa que transforma a vivência em experiência, conferindo-lhe um sentido e permitindo que ela se integre à nossa história de vida. Essa diferença é fundamental para compreendermos os impactos do ritmo acelerado da vida contemporânea, particularmente em sua relação com a depressão.

A depressão, diferentemente do senso comum, não é apenas uma redução do ritmo de vida. Pelo contrário, ela surge muitas vezes em um contexto de aceleração extrema. Vivemos em uma época em que o capitalismo nos oferece coisas em uma velocidade vertiginosa, impondo um ritmo frenético de consumo, produtividade e multitarefa. Esse ritmo desumanizador fragmenta nosso tempo e nossas ações, deixando-nos sem espaço para consolidar o que vivemos, sem oportunidade de construir narrativas. Sem narrativa, a vivência torna-se vazia. E é nesse vazio que a depressão encontra terreno fértil.

A narrativa, aqui, deve ser entendida como um dispositivo antidepressivo. É ela que organiza o caos da vivência, que nos permite ancorar o vivido em uma experiência significativa. Contar a própria história — para os outros ou para si mesmo — é um ato que dá consistência à vida, que preenche o vazio existencial com sentido. Quando a narrativa está ausente, a pessoa se perde em um fazer incessante, mecânico, que não reflete quem ela é nem o que ela deseja ser. Tornamo-nos, então, meros executores de tarefas, sem colocar nada de nós mesmos no que fazemos. Nada de nós se reproduz, e o vazio se instala.

Mesmo quem opta por não consumir, quem tenta se desvincular das exigências do mercado, não está imune. Vivemos em uma sociedade de consumo, onde somos bombardeados por propagandas, comparações e padrões inatingíveis. A velocidade não se limita ao ato de consumir; ela marca nossa relação com o tempo, nossas expectativas e a maneira como vivemos o cotidiano. É um movimento que atropela a nossa capacidade de narrar e, consequentemente, de experienciar.

O paradoxo dessa visão em relação à psicanálise é interessante e digno de reflexão. Tradicionalmente, a psicanálise busca esvaziar as fantasias, na medida em que elas alimentam neuroses e criam barreiras para o contato com a realidade. No entanto, no caso da depressão, a fantasia, a imaginação e a capacidade de criar narrativas podem ser um antídoto poderoso. É a fantasia que nos permite ressignificar o vivido, dar cor ao que parece cinza, construir pontes entre o presente e o passado, e projetar futuros possíveis.

A ausência de narrativa na depressão não é apenas uma característica: é uma de suas causas e também de seus sintomas. Sem narrativa, o sujeito não consegue se reconhecer em sua própria vida. É como se ele não fosse o autor, mas apenas um personagem passivo, sem agência, sem voz. A análise, nesse caso, precisa estimular o indivíduo a fantasiar, a imaginar, a construir histórias sobre si mesmo. Trazer à tona as vivências e transformá-las em experiências. Não se trata de negar a realidade, mas de interpretá-la, de dar-lhe significados que permitam ao sujeito se ancorar e se compreender.

É importante lembrar que ninguém nasce depressivo. A depressão é fruto de um contexto, de uma construção que reflete a forma como nos relacionamos com o tempo, com os outros e, sobretudo, conosco mesmos. E, da mesma forma, ninguém nasce com uma narrativa pronta. Construir uma narrativa sobre si é um trabalho constante, um processo de recontar, reinterpretar e dar novo sentido às vivências. É um exercício de subjetivação que nos ajuda a preencher os vazios que a velocidade do mundo contemporâneo insiste em criar.

Nesse sentido, a narrativa não é apenas uma forma de expressão, mas uma forma de resistência. Resistência ao vazio, à aceleração, à desconexão. Narrar-se é tomar posse da própria vida, é se reconhecer como sujeito da própria história. É um ato de coragem e de criação, que nos permite transformar o fazer incessante em ser, e o vazio em sentido.

O Teatro da Vida Moderna

Vivemos em um palco, onde as cortinas nunca se fecham e os personagens raramente abandonam suas máscaras. Este mundo teatral, onde o "parecer" vale mais que o "ser", transformou a autenticidade em uma moeda rara, quase extinta. Somos espectadores e atores, desempenhando papéis que nem sempre escolhemos, enquanto os bastidores da realidade se tornam cada vez mais distantes.

O jogo das aparências ganhou força, e nele, a bajulação virou a moeda de troca mais valiosa. Não importa o que você sabe ou quem você é — importa quem você agrada e o quanto você é capaz de dobrar a própria essência para caber no molde que esperam de você. Muitos se anulam para manter as luzes do palco acesas, diminuem seus valores e se tornam sombras de si mesmos, tudo em nome de uma aceitação efêmera.

Nas redes sociais, o espetáculo é ainda mais cruel. Likes, comentários e seguidores se tornaram a nova métrica de valor humano. É um jogo dos desesperados, onde cada post é uma jogada, cada story é uma peça nesse tabuleiro. As pessoas competem para mostrar vidas perfeitas, momentos felizes e conquistas grandiosas, enquanto por trás das câmeras, o vazio grita. A comparação constante e a necessidade de validação corroem a autoestima e transformam todos em prisioneiros de um jogo que nunca termina.

A tragédia é que, nesse cenário, as conexões reais se perdem. A empatia dá lugar à inveja má (não a que te impulsiona, mas a que te evoca desejo de destruição), e a autenticidade é esmagada pela busca por aprovação. Poucos são os que se despem das máscaras e têm coragem de mostrar suas fraquezas, suas falhas, sua humanidade. A verdade foi substituída pela performance, e o palco da vida real se tornou um terreno escorregadio, onde só os que jogam o jogo conseguem permanecer de pé.

Há uma saída? Há sempre a opção de abandonar o papel imposto, de dizer "não" à farsa e buscar uma vida fora dos holofotes. É possível ser autêntico, mesmo que o preço seja a solidão inicial. Porque, no final, as conexões que realmente importam não são aquelas baseadas no que aparentamos ser, mas no que realmente somos. E esse é o maior ato de coragem: tirar a máscara, recusar o roteiro e escrever sua própria história, sem aplausos obrigatórios.

Propósito

Acordar não para trabalhar e sim para manifestar seu propósito. Este é o objetivo da vida, saber quem você é e a partir daí expressar seu eu verdadeiro, compartilhando seus dons sem esforço e sofrimento e sim com alegria e amor. Não é o lugar que determina isso e sim a sua consciência.

Postagem em Destaque

Você passou de fase! Parabéns! 💔 Bem vindo ao Próximo Nível.

Olá Querida , ouvi sua mensagem. Na verdade, ouvi sua mensagem algumas vezes, até estar aqui e responder. Sua mensagem é bonita, é carinhosa...

Um presente

Você é mais do que um irmão, é um amigo, um presente e me acompanha nos momentos alegres e nas aflições. Me dá sempre os melhores conselhos.
Compartilhamos a paixão pelo futebol.💙 Irmã de menino é assim mesmo, junto com as bonecas, a gente vira goleiro, aprende a lavar carros, instalar chuveiro, chef de cozinha. Rs. Trocamos afilhados. E as muitas viagens, nem se fala, as que deram certo e as “roubadas” que nos metemos.
Compartilhamos a mesma casa e a mesma educação, crescemos juntos, vivemos juntos e ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos, por isso, quero que saiba que te amo de todo coração, e que, se precisar de algo, estarei bem aqui para te ajudar, para te dar minha força.
Admiro você, sua família, sua empresa ... sua alma, sua jornada nessa vida!!!!
Você sabe que pode sempre contar e confiar em mim. Estamos unidos para o que der e vier, somos cúmplices, não importa o que aconteça.
Quero lhe desejar tudo de bom neste dia, você merece o melhor! Obrigada pela sua amizade, você é a minha certeza e torço bastante por você. Que estejamos cada vez mais unidos.
Seja muito Feliz! Te admiro muito. Tenha um Feliz Aniversário! 🎁

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