Temos que fingir que somos menos o tempo todo. Quantas vezes você já sentiu que precisava se encolher para caber em um espaço que claramente não foi feito para você? Fingir que sabe menos, quer menos, sente menos — tudo para não incomodar. É como se o mundo nos dissesse, com aquele tom passivo-agressivo: "Ei, não seja tanto assim, vai assustar as pessoas."
É cansativo, né? Fingir que está tudo bem quando você quer gritar. Fingir que não sabe tanto para que os outros não se sintam inseguros. Fingir que não sonha tão alto para não ser chamado de ingênuo ou arrogante. A sociedade parece ter um manual secreto que nos ensina a viver em modo "reduzido", onde ser mais — mais feliz, mais inteligente, mais ambicioso — é quase uma afronta.
E olha que curioso: essa regra não é aplicada para todo mundo. Alguns podem ser mais o tempo todo e ainda recebem aplausos. Mas, para muitos de nós, ser "demais" é quase um crime. Parece que nosso brilho só é permitido se for no tom certo, no lugar certo e, de preferência, sem ofuscar ninguém.
A ironia? Quanto mais nos diminuímos, mais percebemos que o problema não está em ser "demais", mas em um sistema que não sabe lidar com pessoas inteiras. O mundo ama dizer "seja você mesmo", mas na prática, o recado é outro: "Seja você mesmo, desde que isso não incomode ninguém."
Chega. Fingir que somos menos não é humildade, é um autoabandono disfarçado. Não se diminua para caber. Se o espaço não é grande o suficiente para você, talvez o problema esteja no espaço — não em você. Seja "mais". Mais intenso, mais curioso, mais feliz, mais você. Quem achar isso um problema talvez esteja precisando aprender que a vida é maior do que as caixinhas em que tentam nos colocar.
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