Entendendo a angustia como um exercício constante.
Conviver com o que não pode ser colocado em palavras.
Lidando com o senso de injustiça, com a forma como a sociedade está organizada.
Com o que é valorizado hoje em detrimento do que realmente tem valor ou deveria ter.
Sabendo que esse resto que angustia é impossível de ser nominado, que nos acompanha sempre, que dá uma sensação de falta constante.
Aliado à sensação de fracasso mediante a escolha feita.
Tudo bem embasado em uma história de idas e vindas, cheia de furos, de buracos, de quem deveria ter cuidado e não o fez.
Essa confirmação de que é com você mesma, de que é você quem tem que seguir adiante e cuidar de você mesma.
Uma sensação de que tudo que se está fazendo é ainda muito pouco.
De não saber mais para onde olhar, o que acreditar e para onde ir.
Sua sanidade mental que está muito próxima de se perder e você fica o tempo todo contingenciando para não ultrapassar o limite e a faixa de segurança.
Porque, no fundo, você sabe que após ultrapassá-la, não tem mais volta.
Você tem uma energia básica para realizar as coisas óbvias do dia a dia, mas você sente que seu estoque de energia é bem baixo, muito aquém do que sempre foi. Aí você busca economizar de alguma forma, porque sabe que está rodando na reserva faz um bom tempo.
Além de tudo, há um olhar sem esperança para o todo, uma falta de brilho na vida, nessa vida.
Parece que tudo não tem muita razão de ser e não tem muita utilidade.
Você se vê bem só, isolada, você se acha muito diferente de todos, você pensa exatamente o oposto da maioria. O que encanta a todos, não te chama mais nenhuma atenção.
O único que você fica tentando encontrar é algum lugar para estar, mesmo que mínimo, para se sentir pertencente a algo.
Mas é sempre essa sensação de incompletude e aqui estamos de volta para a angústia.
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