A eficiência é, sem dúvida, uma virtude. Em um mundo que exige tanto de nós, ser eficiente é algo que nos coloca em movimento, que nos dá resultados, que nos faz sentir capazes. Mas, como toda virtude, ela também pode se tornar uma armadilha. Quando somos muito eficientes, nos tornamos máquinas de resolver, de fazer, de executar. E, sem perceber, a eficiência começa a preencher todos os espaços — até aqueles que deveriam ficar vazios para que algo novo pudesse surgir.
E é aí que entra a necessidade do furo.
Fazer um furo significa interromper o fluxo incessante da produtividade. Significa criar um vazio, um intervalo, um espaço onde a eficiência não seja protagonista. Um furo no tecido perfeito das obrigações, das metas, dos prazos. Um furo no controle excessivo que você exerce sobre si mesmo e sobre tudo ao redor. Não para que você se torne menos capaz, mas para que possa respirar e perguntar: o que realmente importa aqui?
A eficiência, muitas vezes, nos coloca em um ritmo que não permite questionamento. Estamos sempre resolvendo o que aparece, apagando os incêndios, entregando o que nos pedem. Mas será que sempre sabemos por que estamos fazendo o que fazemos? Será que, nessa eficiência implacável, não estamos deixando de lado a oportunidade de criar algo que vá além do imediato? Fazer um furo é permitir que a luz passe, que algo inesperado entre, que o incômodo surja. É deixar de apenas funcionar e começar a se perguntar se você está, de fato, vivendo.
O furo é incômodo porque ele quebra o ritmo. Ele expõe fragilidades que a eficiência costuma mascarar: cansaço, insatisfação, a sensação de que algo está sempre faltando, mesmo quando tudo parece em ordem. É no vazio do furo que essas questões aparecem, e é exatamente por isso que ele é tão necessário. Ele nos obriga a parar e encarar aquilo que a eficiência não consegue resolver.
Fazer um furo não é negligência, não é preguiça, não é desistência. É um ato de coragem. É olhar para além da produtividade, além do sucesso mensurável, e se conectar com o que realmente importa para você. Porque, no fim das contas, eficiência sem propósito é como correr em círculos: você pode até se sentir ocupado, mas não está indo a lugar algum.
Faça um furo. Interrompa o automático. Permita que o silêncio, o espaço vazio, a incerteza, se tornem parte do processo. Porque é nesses furos que a criatividade nasce, que o verdadeiro sentido aparece. A eficiência é importante, mas não define tudo o que você é. Às vezes, é no vazio que você encontra a sua maior riqueza.
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